Opinião

Opiniao 02 03 2020 9852

Tá chegando a hora 

Se tem uma coisa certa nessa vida é que quando estamos unidos somos capazes de muito mais. A força da gente que mora em Boa Vista é que faz a cidade fantástica. A Consultoria lá de longe pode até mostrar tendências e muitos acertos, mas quem vive aqui sabe que com ajustes e outras prioridades tudo poderia ser melhor.

Nossa cidade está mais arrumada? Tá, mas depende do ponto de vista, né. Nossas conquistas estão fazendo a diferença na vida das pessoas? Sim, mas tem gente esperando na fila faz é tempo lá no Satélite, Senador, Operário, Nova Cidade, Estados, Aparecida, Paraviana… Em todo canto tem papel de vereador fiscal feito, mas decidem recapear onde o drone passa e asfalto já existe. Eita amor que não entendo.

Dá orgulho danado ver essa terra, senhora de quase 130 anos, indo mais longe. Desafios sempre vão existir e temos que ter coragem para enfrentá-los. Mas quem disse que nos acanhamos com obstáculos? A gente gosta mesmo é de superar, fazer da dificuldade oportunidade. Sou dos que em terra dependente da liminar do FPM, transferências federais, emendas, proporia o diálogo em vez de seguir a criticar nas ondas do rádio quem poderia ajudar hoje.

A situação fiscal é boa, nunca disse o contrário. Só que dinheiro na mão é vendaval. Na república, o cidadão deve ser estimulado a escolher as prioridades de investimento público. Quem critica minhas 107 tentativas de ajuste no Orçamento como se fossem eleitoreiras ou populistas não fez uma sequer para reduzir suicídios, não trata com ciência para evitar mortes no trânsito, violências, depredação de bens públicos, ou age por mais cultura por toda parte. 

Não fico no arzinho do gabinete. Sou eu quem ouve e vê cuidadores nas escolas sem equipamentos de proteção individual para exercer sua função. Sou eu quem luta para tirar das costas dos guardas municipais o peso da farda e da alimentação no bolso; luto por mais concursos na saúde com remuneração atraente ao meu país Boa Vista, para desafogar e dar vida ao SUS de fato. Isso é a cara de quem faz mandato de vereador em outro patamar, por acreditar na cidadania ativa ouvindo nossa gente.

Estamos prontos para ir em frente, sem medos. O caminho é longo e num relacionamento verdadeiro, além de amor, tem que ter respeito, transparência, parceria e diálogo. Trabalhar para que Boa Vista seja uma cidade de luz, onde não pairem dúvidas sobre seus contratos de iluminação. Se tem um sol para cada um, que ele ilumine nossos caminhos por um sistema tributário municipal sustentável. 

Isto é ISS justo; IPTU verde e Lixo separado, ambos com cobrança melhor dimensionada; Iluminação Pública com revisão do Código e suas fórmulas; multas cristalinas; prefeitura e governo estadual unidos; atração de investimentos e política para gerar oportunidades de emprego e renda… Coisa de prefeitura, sim! Claro que sem perder o conquistado, pois pra frente é que se anda. Ora, equilíbrio fiscal que gera bem-estar social para todos é bem mais gostoso que rankings e disputas com outras cidades só para virar notícia.

Ei, a história é para ser contada por todos, numa cidade feita para todos. Todo ciclo se encerra. No que se aproxima, duvide de falsos profetas e de quem nega mudança de rota por estar há tanto tempo na direção. Sejamos donos do nosso próprio destino, e a melhor hora é sempre agora. A gente que lute. Linoberg Almeida

O NÃO HUMANO COMO SUJEITO ÉTICO E O NOVO HOLOCAUSTO MUNDIAL

Leonardo Costa*

Durante a II Guerra Mundial, em 1943, na Bielorrússia (atual República da Belarus), militares do 118º Schutzmannschaft e da 36ª Divisão Waffen Grenadier, da SS, entraram na vila de Khatyn e retiraram todos os moradores de suas casas e os colocaram num grande galpão que foi trancado, coberto com palha e incendiado. Os que tentaram escapar foram fuzilados pelos soldados. Ao todo 140 pessoas, incluindo 75 crianças, foram assassinadas. Khatyn tornou-se um símbolo do genocídio da população civil. 

O Massacre de Khatyn é um desses episódios que expõe o máximo da bestialidade humana. Após a guerra, os autores do massacre foram identificados e julgados. Em 1969 ele foi nomeado como memorial de guerra nacional da então República Socialista Soviética da Bielorrússia.

O extermínio de inocentes desarmados causa revolta e indignação. Entretanto, o ser humano somente fica revoltado com o assassinato de populações humanas. A invasão de um território com o extermínio das pessoas que nele vivem é uma atrocidade, um crime que nem as Leis da guerra podem tolerar, mas aqui convidamos a uma reflexão: Toda vida não deveria ser protegida do extermínio?

A tacanha visão ética da humanidade é ainda muito pouco evoluída. Consideramos apenas o valor da vida humana, ou seja, de seres com os quais podemos nos identificar. Ignoramos completamente o valor de diversas formas de vida, as quais não somos capazes de ver como seres detentores do direito fundamental de continuar a existir.

O verdadeiro julgamento ético não pode ser limitado à ideia de que é errado eliminar apenas uma vida humana. Valorar apenas a existência humana enquanto considera todas as demais formas de vida “coisas” das quais se pode dispor é totalmente absurdo. No entanto, é o que fazemos todos os dias enquanto espécie.

Apenas em 2018, uma população de mais 6.657.000 indivíduos foi exterminada no território da Amazônia brasileira, segundo dados oficiais do Ministério do Meio Ambiente. Este massacre, no entanto, não gerou comoção e revolta, nem motivou a realização de um tribunal de guerra pelo simples fato de as vítimas não serem seres humanos. As mais de 6,5 milhões de árvores assassinadas na Amazônia em 2018 – um dos menores índices de desmatamento já registrado naquela região, diga-se de passagem – não foram capazes de despertar nos humanos qualquer sentimento de culpa, compaixão, empatia e nem a mínima reflexão moral sobre o ato.

Invadir uma floresta é como invadir um território estrangeiro e derrubar árvores é o mesmo que trucidar pessoas, mas por que só nos importamos com a vida quando é a de nosso semelhante da mesma espécie? As árvores e todas as demais formas de vida que dependem delas para existir são inocentes desarmados e são atacados e exterminados todos os dias sem que nos importemos. A elas não são construídos memoriais nem dedicados dias.

Um ser vivo que não se move, não se comunica por sons nem tem um sistema nervoso não é considerado, em nosso sistema de valores, como algo vivo, pelo contrário, é tratado como coisa. A árvore viva, plantada no solo, é por nós considerada exatamente igual ao pedaço de madeira que compõe o tampo de nossas mesas. 

Matar árvores para reduzir seus corpos a pedaços de madeira a ser utilizado na confecção de nossos móveis é natural, assim como é natural criar animais submetendo-os a contínuo sofrimento e abusos, apenas para comer a carne de seus corpos. Nossas necessidades põem em marcha nossas ações, e nesse curso de ação, tudo que satisfaz nossos interesses é usado sem que reflitamos sobre o impacto do que fazemos e nem sobre o valor das vidas que subtraímos.

Há dois séculos, também, era algo totalmente natural colocar correntes em outro ser humano sequestrado no continente africa
no e escravizá-lo, comercializá-lo como mercadoria, subtrair-lhes os filhos e fazer deles também mero objeto de mercancia. Essa ideia de algo natural impedia que mesmo os homens e mulheres considerados bondosos, piedosos e fortemente imbuídos de fé religiosa se detivessem para refletir sobre a monstruosidade da escravidão. 

Não fazemos reflexões morais sobre o que é natural. E por isso, não nos preocupamos em julgar o valor ético da forma como tratamos os animais nascidos e criados para nos servir, aparentemente.

A contínua destruição de florestas e outros biomas pelo desmatamento para extração de madeira, abertura de pastos e ocupação humana está na raiz do acelerado processo de extinção de milhares de espécies em todo o planeta. 

Em maio de 2019, os cientistas da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES, na sigla em inglês) apresentaram um dado alarmante: as taxas de extinção de espécies animais e vegetais estão aumentando em uma escala sem precedentes, como resultado direto da atividade humana, e isso constitui uma grave ameaça ao bem-estar de nossa própria espécie em todas as regiões do mundo. Mais de 40% das espécies de anfíbios, um terço dos corais e mais de um terço de todos os mamíferos da terra estão ameaçados. Vivemos um novo “Holocausto”.

Precisamos urgentemente de mudança de atitude em relação aos demais entes naturais que coexistem neste planeta, e essa tem de vir precedida pela inevitável mudança em nosso sistema de crenças e valores. Cremos que somos diferentes e apartados dos demais seres vivos deste planeta e que podemos usá-los para nossos interesses e dispor das vidas deles como se fossem inferiores e sem importância, e isso é o mesmo sistema de crenças que sustentou as maiores atrocidades conhecidas na história humana.

*Professor especialista em planejamento estratégico e análise de ambientes e negócios digitais. E-mail: [email protected]

Seja superior

Afonso Rodrigues*

O homem superior faz o que é adequado à posição que ocupa; ele não deseja ir além disso.” (Confúcio)

Permita-me citar mais uma vez o Swami Vivecananda: “Não se mede o valor de um homem pela tarefa que ele executa, e sim pela maneira de ele executá-la.” É na satisfação que sentimos quando fazemos o melhor que damos o passo importante à frente. E é por isso que devemos estar conscientes de que nunca fizemos o melhor no melhor que fizemos. Você sempre pode fazer melhor no melhor que fez. Então faça o melhor no que faz, com a mente aprimorada. Mesmo que seja algo muito simples, faça-o da melhor maneira que puder fazer. 

Repetir não faz mal quando sabemos que o ser humano só aprende nas repetições. É o que nos diz a Cultura Racional. Então vamos repetir o Miguel Ângelo: “Nas artes, as insignificâncias causam a perfeição. E perfeição não é uma insignificância.” Ainda ficamos estonteados diante das obras de arte de séculos passados. Quando sabemos que a vida é uma obra de arte, sabemos viver. E é aí que nos valorizamos. A empáfia é um mal que nos causa males vida afora. 

Valorize a simplicidade em você. Não tente mostrar o que você pensa que é. Apenas seja, e todos perceberão em você, o marco do valor humano. É isso aí. Nunca se sinta inferior, tentando mostrar-se superior. São os outros que veem em você o que você realmente é. Então cuidado com sua postura. E esta está no seu comportamento, onde quer que você esteja. Até mesmo nos modos mais simples na sua postura numa simples fila de Banco, você pode estar mostrando o que você é. E se nunca pensou nisso, comece a pensar. Você está caminhando para o último dia de mais um mês da sua vida. Analise os seus passos nessa caminhada do dia a dia. 

Não sei como vai ser o seu dia, hoje. Mas tudo vai depender de você. O dia pode lhe ser inesquecível; tanto para sua felicidade quanto para a infelicidade. Faça a escolha. Se quiser viver feliz, sinta-se feliz. Ame a vida, ao próximo e, sobretudo, você mesmo, ou mesma. Quando nos amamos, não nos deixamos influenciar pelo negativo. Valorize-se no que você é e você será sempre melhor. Construa-se na argamassa do amor. Mas sem derramamento de sentimentalismo. O amor é coisa séria. E não pode, nem deve, ser confundido nem misturado com paixão nem ciúme.

Viva com simplicidade para viver feliz. Independentemente da função que você ocupa, faça nela, sempre, o que você puder fazer melhor. Na vida, todos nós buscamos o horizonte do sucesso. E este está na nossa capacidade de fazer sempre o melhor, para nosso crescimento racional. O Universo Racional é nossa origem. E é pra lá que nós iremos voltar. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460