Exames laboratoriais ou clínicos? – Marlene de Andrade*
“Há um mal terrível que observei debaixo do sol: riquezas que o dono avarento acumula para a sua própria desgraça!” (Eclesiastes 5:13).
Embora aprendamos na faculdade de medicina que o exame clínico é soberano, hoje, esse modelo ideal vem sendo substituído pelo da medicina baseada em exames laboratoriais. É verdade, que os exames laboratoriais são de suma importância, mas ele não pode substituir o médico.
Essa mudança de paradigma tem a ver com lucro. Nos anos 1970 e 1980 não havia a possibilidade de se fazer exames sofisticados, pois eles nem existiam e quase sempre acertávamos o diagnóstico somente fazendo a anamnese e o exame físico, porém volto a repetir, os exames laboratoriais são importantes sim, mas nem sempre precisamos deles.
Quando eu era socorrista, pedreiro trabalhava em construção de prédios, ali no Rio de Janeiro, e a gente não ouvia falar que um pedreiro ou que seu auxiliar havia caído de um andaime, pois isso era muito raro.
Nesse viés, quero fazer a seguinte referência: atendo uma empresa famosa de beneficiamento de arroz há 18 anos, aqui em Roraima, e até hoje não vi um caso de queda de dentro ou de fora de um silo ou alguém entrar nele, o qual é considerado espaço confinado, e ter um mal súbito. Nesse raciocínio, passo a expor o seguinte: entenderam que nós, médicos, temos que solicitar EEG, ECG, glicemia, acuidade visual e hemograma para quem trabalha em alturas ou em ambientes confinados. Ocorre que no exame médico o profissional é quem vai avaliar essas necessidades, porém hoje virou uma “lei” termos que solicitar do empregador esses exames acima citados e mais alguns outros. Nesse tom, fico pensando: será que medicina agora é comércio?
Infelizmente, hoje a realidade enfrentada pelos médicos, na maioria dos casos, os obriga a deixar de lado os elementos colhidos no exame médico, para fundamentar seus diagnósticos em pareceres de exames que deveriam ser apenas complementares, assim, a soberania do exame clínico abriu espaço para a medicina baseada em exames laboratoriais e não na anamnese e no exame físico. Nós, médicos, teremos que nos declinar a esta nova realidade e sabe por quê? Infelizmente, isso virou mesmo uma espécie de “lei”. Mas vejamos o que nos diz o médico Dr. Celmo Celeno Porto a este respeito: Não se podem confundir laudos de exames complementares com decisão diagnóstica. Nessa frase, esse doutor disse tudo.
*Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT – CRM-RR 339 RQE 431
Assembleia dos homens – Walber Aguiar*
“Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.”
Houve um tempo em que a piedade se apossava com mais facilidade da alma humana. Homens e mulheres buscavam uma resposta para os mistérios que não compreendiam, fenômenos naturais e angústias pessoais e particulares. Tempo de absoluta internalização daquilo que poderia preencher as vagas e brechas do existir humano, na expectativa de tornar a vida algo mais suportável.
A partir dessa busca pelo sagrado, variadas vertentes surgiriam nesse chão da fenomenologia e da historicidade. Não apenas a vaziez existencial para preencher, mas a mensurabilidade, a concreção histórica, o desejo de construir a fé sistematizada, sobre colunas e pilares. Aí começou a Constantinização do evangelho, fazendo com que os cristão saíssem das cavernas para os templos.
Na esteira da historicidade, surgiram as estruturas eclesiásticas. Daí para as denominações e suas placas foi um processo extremamente rápido e efetivo. Assim vieram calvinistas e arminianistas, os primeiros com a exacerbação da soberania divina transformaram o homem num boneco nas mãos de Deus; os últimos, seguiriam na afirmação de que o homem tinha poder pra querer, deixando Deus praticamente fora do processo.
Ora, daí vieram congregacionais, presbiterianos, luteranos, adventistas, batistas e assembleianos. Estes últimos representados historicamente por Daniel Berg e Gunnar Vingren. Assim, o pentecostalismo surgiu, no afã de “aquecer” o “esfriamento” das chamadas denominações históricas. No entanto, trouxe com ele vícios doutrinários, legalismo, exacerbação de doutrinas, fixidez comportamental, como “não toques nisso”, “não pegues naquilo”, coisas que valor nenhum tem diante da sadia espiritualidade.
Como se não bastasse o legalismo e exacerbamento doutrinário, que ensina preceitos de homens e inventa agenda pra Deus, explodiu dentro da igreja uma enorme vontade de fazer política. Na verdade, politicalha, pois, sem ética e sem evangélicos políticos, o que restou foi a quantidade no lugar da qualidade, como moeda de troca, ou seja, o rebanho vendido de porteira fechada, e a sede do poder pelo poder, bem como a comercialização da fé e a mercadejação do sagrado.
Nesse viés, o que era pra ser Assembleia de Deus, tornou-se algo bizarro, caricaturesco, pois foi hipertrofiada a graça e o rosto de um Deus cheio de vida e grandeza. Daí a igreja que era de Deus, passou a ser Assembleia dos homens, visto que foi sangrada pelo grande capital, na perspectiva de Max Weber e sua teoria weberiana.
Pastores que se estereotipam como caudilhos dos regimes vigentes, lobos que “lideram” a alcateia alienada e sem rumo; muitos fascinados pela poder e pela facilidade em conseguir terrenos para templos, aparelhagem de som, material de construção, cargos comissionados e tantas outras benesses.
Por causa de um ou de alguns que se apropriam indebitamente dos bens da igreja, esta é dividida, rachada, perdendo aos poucos sua santidade, sua influência como sal da terra e luz do mundo. Gente atrelada ao poder que o cargo oferece, ávida por negociar os votos do rebanho. Mas, ainda há muitos que não se dobraram a Mamon e a Baal. São os de coração sincero que buscam viver a palavra e as velhinhas de cocó que levam a igreja nas costas com suas orações e lágrimas. O que passar disso é apenas loucura de pseudopastores que desprezam a Deus e se atrelam aos homens, cheios de mercenarismo e possuídos pela síndrome de Balaão, usando Deus apenas como referencial para seus discursos vazios, sem poder e sem graça.
*Poeta, professor de filosofia, historiador, membro do Conselho de Cultura, advogado e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected]
Moçambique além do ciclone – Oscar D’Ambrosio*
Em março, um ciclone devastador atingiu Moçambique. Trata-se de uma trágica maneira de colocar na imprensa mundial um país que tem, por exemplo, um escritor do gabarito de Mia Couto e um filme com a pujança de Virgem Margarida, de Licinio Azevedo, brasileiro que mora no país africano desde 1978, quando ali chegou levado para atuar no cinema local pelo diretor Ruy Guerra, moçambicano radicado no Brasil desde 1958.
A obra se passa em 1975, quando o país africano se torna independente de Portugal e, dentro do clima revolucionário, existe a decisão de tirar as prostitutas das ruas e encaminhá-las para campos de reeducação no meio da selva, com um discurso de transformar aquelas mulheres em “novas”, dentro dos ideais do novo regime.
A dramaticidade
do filme está em mostrar como funcionavam esses campos de concentração, com punições e desrespeito aos direitos humanos, e no drama de Margarida, uma jovem virgem lá aprisionada por engano. A narrativa foca justamente a união das companheiras para que ela obtenha a liberdade.
O filme mostra o funcionamento de uma sociedade machista na esfera militar e destaca a personalidade de Rosa, uma prostituta que se torna líder do campo em seus embates com a comandante militar Maria João. Ao final, as diferenças acabam sendo reduzidas por questões de gênero e pela personalidade forte de ambas.
*Jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Crie seu futuro – Afonso Rodrigues e Oliveira*
“Não há nada como um sonho para criar um futuro.” (Victor Hugo)
Fica muito difícil você equilibrar seus sonhos, envolvido em grupos negativos. E você pode ser um autêntico imitador dos que não sabem dirigir suas próprias vidas. Reflita um pouco sobre o nível de vida que você está vivendo, e se ele é realmente o nível desejado. Quando se identificar, olhe-se no seu espelho interior. Veja se você está vivendo sua própria vida, ou se está vivendo a vida indicada pelo grupo. Simples pra dedéu. É só você analisar seus sonhos e ver com que você realmente sonha. Sua força está nos seus pensamentos. Se eles forem positivos, seus resultados sempre serão positivos; se forem negativos, os resultados serão sempre negativos.
Cuidado com seu modo de falar, de se expressar. É no seu falar que você expressa seus pensamentos, mesmo que estes não estejam tão claros. E muitas vezes isso nem é percebido por grupos que não são o seu grupo. Um exemplo muito simples disso é sobejamente conhecido por todos os que atuam com o público. Fico preocupado quando vejo alguém ilustrado falar ao público, pela televisão, por exemplo, e numa resposta a uma pergunta, responder: “Sem dúvida nenhuma…” Pouca gente percebe ou se atenta para a importância da resposta. O cidadão usou três palavras extremamente negativas. Isso demonstra como os pensamentos dele estão no baú do negativismo, mesmo que ele seja uma pessoa aparentemente bem-sucedida. Sua imagem se refletiria mais positivamente, na mente dos que o escutam, se ele simplesmente respondesse: “Com certeza.” Ele teria usado duas palavras positivas. O que refletiria sua imagem positiva e não negativa.
Nunca permita que pensamentos negativos dominem sua mente. É através dos seus pensamentos que você manda sua mensagem para o seu subconsciente, mesmo você não tendo consciência disso. Seu subconsciente não está interessado em saber se o que você quer é bom ou mau pra você. O que interessa pra ele é o que você está pensando. Por isso nunca lhe diga o que você não quer, mas sempre o que você quer. Se você continuar saindo de casa se benzendo para não ser assaltado, ou assaltada, um dia você será assaltado, ou assaltada. Porque assalto é a mensagem que você está passando para o seu subconsciente. É muito simples e indica o poder que você tem, e que todos nós temos e não sabemos usar, porque não sabemos que temos. Pare de ficar falando em assuntos negativos e pensando em coisas negativas. O que passou de ruim no passado é passado. Vamos viver a vida mirando no horizonte do futuro, o futuro que nós queremos para os nossos descendentes. Pense nisso.
*Articulista [email protected] 99121-1460