Opinião

Opiniao 02 05 2019 8113

AS ESQUISITICES DO AMOR E OUTRAS TRAGÉDIAS Nº 2 – Hudson Romério

Então vamos falar de amor!

(Até o último sopro de um deus, ele vai estar lá!)

Nem que seja disfarçado de paixão… nas loucas viagens idílicas… quando o coração pulsa, a alma grita, o corpo sufoca e a mente mente… se o olho brilha! A alma reluz… de que adianta tudo isso, se tudo é nada – o amor é nada! 

Das poucas vezes que amei, me dei mal! Até hoje carrego as sequelas desse meu ato insensato – não falo nem das noites mal dormidas, dos loucos porres tentando arrancar da cabeça aquilo ou “aquela” que pensei que fosse por toda vida. Isso tudo quase me destruiu (hoje sou a sobra do que restou), mas alguma coisa dentro de mim ainda insiste em lembrar daquilo tudo… se fosse só lembrar, talvez valeria a pena sofrer mais uma vez, até porque não conheço sofrimento sem amor e nem amor sem sofrer; posso até querer me enganar, achando que é amor, mas não é amor, na verdade, nunca saberei o que é…

Vamos falar de amor?

Não sei se falar de amor ainda vale a pena. Não sei se clamo, não sei se respiro, não sei nem o que pensar… de todas as desventuras que tive, minhas maiores tribulações e minhas poucas alegrias ao longo dessa modesta vida, o amor foi a pior coisa que senti… todos os nomes, em todas as línguas, nenhum faz sentido… o amor é assim (em os sentidos físicos que podemos percebê-lo), eles se reverberam em todas as direções, no tempo-espaço, no pretérito-presente-futuro-imperfeito ou mais do que perfeito em todos os idiomas – tudo isso chega em mim com uma força brutal… me esmurra cada vez que eu ouço: são palavras, palavrinhas, palavrões… nomes, sobrenomes, pronomes… até que um dia eu achei o meu próprio neologismo – aquilo que era minha cara (ou melhor, meu coração)! Isso que eu sou de verdade – despido de mim mesmo! Então, sou apenas eu, desprovido disso que chamam de amor. 

Por quase um segundo eu tive a maior sorte do mundo, mas nesse mesmo átimo eu a perdi… perdi como se perde a fé… a fé que nunca tive – mas  se nem fé eu nunca tive, como posso falar e querer essa mesma fé que nunca tive e não acredito, isso é amor? Até tentei buscá-la um dia, mas sem a crença de que, se não tem fé, não se tem amor – a fé, assim como o amor, não servem para nada.

Foi por um breve segundo… sabe lá o que é ter tudo num fugaz instante? E perder tudo nesse quântico e transitório sonho! Foi isso que me aconteceu (e que tem me acontecido). Me transformo a cada momento num novo eu perdido no mesmo ápice daquele que eu sou (não!) era mais eu. E a cada ciclo sou eu novamente nesta eterna metamorfose da busca do que eu sou, do que pertence a mim (e em mim!)… me afastando a todo instante desta catarse singular plural chamada(o), amor. 

Então, me tornei resiliente, trilho pela vida evitando as pedras do amor pelo caminho…

*Escritor e Cronista Tel: (95) 99138.1484 [email protected]

O NAZARENO E O CIRENEU – Aldair Ribeiro dos Santos

“Ao saírem, encontraram um cireneu, chamado Simão, a quem obrigaram a carregar-lhe a cruz.” (Mateus 27.32)

Era o sexto dia da semana. A cruz fedia. Havia sangue. Os guardas romanos exigiram, sob ameaça, que eu ajudasse a levar a cruz do Nazareno tumultuador. A cruz era pesada, doía nas costas, feria a pele. O peso era do condenado, mas eu é que carregava e eu não tinha nada a ver com isso. Vinha do campo, depois de um dia cheio de trabalho e ia para o sossego de minha casa, quando encontrei a multidão.

Eu achava que nada tinha a ver com o Nazareno tumultuador, mas na distância até o Calvário, Ele me ensinou coisas sem dizer palavras, emanava amor sem me dar um abraço.

Seu rosto era sereno. Sofrido, mas sereno. Acho que vi algo que a multidão não via. Uma multidão de imagens me invade. O sangue escorrendo da sua face fez-me lembrar da ovelha muda enviada ao sacrifício, o qual perdoaria os pecados do povo, conforme está escrito na Lei de Moisés. Fiz esse sacrifício da ovelha muitas vezes. Embora natural de Cirene, uma colônia grega, assumi o judaísmo de corpo, alma e família, como minha nova religião. Ao sacrificar a ovelha, sentia o alívio mental da culpa do pecado (embora não sentisse a plenitude do perdão do Deus Altíssimo). O Nazareno parecia com essa ovelha a caminho do sacrifício…

Apesar de caminhar para a morte, Ele olhava para todos com ternura e amor, inclusive para mim. Parece que seus olhos me diziam: “Obrigado Simão!… Essa cruz é muito pesada, pois leva os pecados de toda a humanidade e também os teus pecados! Logo encontrarás o alívio que buscas…”.

De súbito, uma luz brilhou em meu entendimento, como se meus olhos abrissem para as Escrituras que tanto lia. Percebi claramente tudo o que estava escrito na Lei de Moises, nos Profetas e nos Salmos acerca do Messias prometido para o povo de Israel. As palavras do profeta Isaías vieram-me à mente: “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca.”

Não era um Rei militar e guerreiro que seria enviado, era um Rei manso e humilde, com um reinado espiritual, nascido em estrebaria, portador de uma nova mensagem, semeador de milagres, perdoador de pecados, ensinador de palavras sábias, confrontador de poderosos, convidando a todos para aprenderem dEle, oferecendo-lhes a vida eterna e a promessa de fazerem aliança de paz com o Deus Altíssimo. Tudo se encaixava perfeitamente nas palavras, nas obras e na morte iminente, daquele que eu chamava de Nazareno tumultuador, pois eu ouvi falar o que ele fez nos últimos três anos. Era necessário o Messias sofrer tudo o que estava escrito nos rolos do profeta Isaías e nos Salmos, que viesse humilde, que sofresse e morresse como ovelha muda, e que levasse no seu corpo todos os nossos pecados, nos conduzindo para a vida eterna!

Meu coração se derramou em lágrimas, triste por meu pecado, feliz por encontrar o Messias Salvador de um modo tão inusitado. Disse baixinho, com a alma quebrantada: “Meu Salvador e Deus meu!”. Ele levantou seu rosto ferido e seu olhar terno encontrou-se com o meu. Com a profundidade do infinito, seu olhar me disse tudo. Nada precisou ser falado. Sua compreensão, seu perdão e sua paz, invadiram a minha alma. Entendi, agora, que eu tinha tudo a ver com Ele. O Pessach, celebrado daqui a dois dias, terá significado ainda mais glorioso.

A cruz não era mais pesada, não fedia mais. Minhas costas não doíam mais. O caminho até o Calvário não era mais penoso, pois vislumbrei que o sacrifício do Servo Sofredor logo traria a aurora da ressurreição, lançando a luz da salvação eterna para todo aquele que nEle crer.

“Ele verá o fruto do penoso tr
abalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si.” (Isaías 53.11) 

*Colaborador [email protected]

Por que não? – Afonso Rodrigues de Oliveira

“Alguns homens veem as coisas como elas são e dizem: por quê? Eu sonho com coisas que nunca foram e digo: por que não?” (Bernard Shaw)

Quem pergunta muito é porque tem preguiça de pensar. As coisas são como são. E cada um de nós as vê de acordo com seu grau de evolução. Porque as coisas acontecem, não temos como saber. O importante é que saibamos ver as coisas. Nunca realizaremos nossos sonhos se ficarmos nos perguntando o que fazer. Os sonhos existem para serem realizados. E só realiza seus sonhos quem é capaz de sonhar. Senão os sonhos cairão no cesto da ilusão. Vamos começar não confundindo isso com filosofia de botequim. Vamos nos acalmar e levar a vida nos nossos sonhos para as realizações. “Quem não tem sonhos vive agarrado ao presente”. O presente é agora. E nosso futuro está no futuro. E o futuro é amanhã. Então vamos nos preparar hoje, para que possamos nos preparar para o futuro. 

O tempo está passando e nem percebemos que ele está nos levando. E o prejuízo pode estar no descaso que temos com os momentos da vida. Cada segundo de sua vida é tão importante quanto a sua vida. Então procure vivê-lo como ele deve ser vivido. Não desperdice o dia de hoje, porque ele, amanhã já será passado. E você só levou dele o que produziu como elemento para sua evolução racional. Ame cada minuto de sua vida. Só assim você será capaz de distribuir amor. E o amor é o construtor da paz. Mas você precisa se preparar para a vida. Uma tarefa diária e interminável. Mesmo porque você tem que levar em consideração que sua vida é um eterno ir e vir. E seu futuro vai depender das sementes que você plantou no passado. 

Construa seu mundo. Você vive, e vai viver, no mundo que você construiu. Ninguém pode fazer isso por você. Então faça isso: construa o mundo em que você viverá no futuro. Comece a construção do seu mundo com a educação dos seus filhos. Porque educando- os, você estará construindo o mundo que você quer e deseja para eles. Por que não? E só com amor construiremos o mundo do futuro. E, querendo ou não, é nele que você vai viver sua nova vida. Liberte seus pensamentos. E quem pensa não pergunta porquê. Só quando sabemos e conhecemos o poder dos nossos pensamentos, somos capazes. E só quando somos capazes de fazer o que devemos fazer para sermos o que queremos ser. E o que você quer ser? Seja o que sonha ser, educando seus filhos para o futuro deles, porque também será seu futuro, mesmo sem a sua consciência disso. Não desperdice um minuto sequer, do seu dia, hoje. Mantenha seus pensamentos em linha reta para o horizonte da vida. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460