Opinião

Opiniao 02 10 2014 103

Ensino superior: o que está acontecendo? – Ronaldo Mota* O Inep divulgou recentemente o Censo do Ensino Superior relativo a 2013. A surpresa inicial do levantamento deveu-se ao fato de que, pela primeira vez, o número de formandos foi inferior ao ano anterior (em torno de 991 mil em 2013 comparado com 1 milhão e 50 mil em 2012). Sobre o decréscimo de formandos, a explicação oficial preliminar foi na direção do corte de vagas, feito anteriormente, em função de procura por melhoria de qualidade. Há razão parcial nesta explicação, dado que após um período de grande crescimento contínuo (com pico de 13,1% em 2003), houve, em torno de 2008 – quando eu era o titular na Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação –, um conjunto de ações induzindo a uma relativa diminuição do crescimento da oferta de vagas. E que surtiu efeito: 2009 acusou o menor crescimento de matrículas da década – em torno de 2,5%. Assim, considerando que, em média, os alunos levem de 4 a 5 para se formar, razoável supor que em 2013 isso tivesse algum reflexo no número de formandos. Porém, isso está longe de explicar completamente o que está acontecendo, ocultando, de forma simples, algo bem mais grave e complexo. Embora sem o mesmo destaque, tão ou mais sintomático que a diminuição dos formandos, é o fato de que em 2013, pela primeira vez, também o número de ingressantes diminuiu (de 2 milhões e 747 mil em 2012 para 2 milhões e 742 mil em 2013). Importante observar que no setor privado houve crescimento, sendo a diminuição circunscrita ao setor público (547,8 mil em 2012 e 531,8 mil em 2013). Porém, creio que o principal, ainda que não único, argumento para entender o decréscimo de formandos em 2013 ainda não foi até aqui abordado: trata-se da mudança do perfil dos alunos em decorrência do aumento do percentual de matrículas na modalidade a distância. Observar que um terço do crescimento de 3,3 milhões matrículas no ensino superior de 2003 a 2013 foi registrado nos cursos de educação a distância. Assim, o acréscimo nas matrículas tem sido sustentado principalmente pelo aumento substancial da modalidade a distância, que chega em 2013 a impressionantes 16% das matrículas. O novo perfil – em termos de evasão (mais alta que a presencial) e de tempo de conclusão (maior do que a presencial) – faz com que, ao longo desta última década, um ajuste entre ingressantes, matrículas e concluintes tenha que ser feito, em prejuízo dos concluintes, dado que o novo perfil demanda, em média, mais tempo e uma taxa de evasão maior. Em suma, há explicações para o varejo, não sei se convincentes. Mas para o atacado é inaceitável estarmos na contramão. Explicar ou tentar explicar é uma coisa; a essência é outra. Fato é que um país que pretenda ser competitivo no mundo globalizado e tem um projeto de desenvolvimento econômico, social e ambiental sustentável não pode, em nenhuma hipótese, conviver passivamente com tão poucos profissionais com título superior. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico-OCDE, o Brasil é um destaque negativo no ensino superior, sendo um dos países que menos avançou entre gerações no ensino superior. São 10% de sua população mais velha (55 a 64 anos) e somente 14% dos mais jovens (25 a 34 anos) com título universitário. Talvez seja injusto nos comparar com a Coréia do Sul, que, embora em patamar semelhante entre os mais velhos (14%), dispara entre os mais jovens (66%). Mas é injustificável ficarmos bem atrás do México, que apresenta um patamar similar (13%) entre os mais velhos e se distancia de nós entre os mais jovens, com 24%. Em suma, precisamos crescer com rapidez, e precisamos fazê-lo com qualidade. Muito tem sido feito, mas evidentemente ainda é insuficiente. Precisamos ampliar, quantidade e qualidade, tanto no setor público como no privado. Haveremos que, coletivamente, entender o que está acontecendo, aprender de vez a conjugar escala e qualidade, ofertando ensino superior de padrão aceitável e para muitos. Não há nenhuma outra hipótese para um crescimento sustentável da nação. *Reitor da Universidade Estácio de Sá, diretor de Pesquisa do Grupo Estácio e professor aposentado da Universidade Federal de Santa Maria —————————————————— Eleições e o controle de acesso – Marco Antônio Barbosa* Com a chegada das eleições de 2014, a segurança, transparência e confiabilidade do pleito tornam-se assunto principal na sociedade. Garantir estes quesitos é obrigação do Supremo Tribunal de Justiça e suas comarcas espalhadas pelas cidades. E entre os vários pontos que estão debaixo das competências do TSE está o controle do acesso das pessoas aos locais de votação. Atualmente, o controle é realizado apenas no momento da votação, no qual os documentos pessoais da pessoa que vai votar são examinados, de forma a comprovar que a pessoa é quem diz ser. Após isso, o voto acontece na cabine de votação. Entretanto, ainda assim encontramos problemas e deslizes em toda eleição. É sabido, por exemplo, que o uso de dispositivos eletrônicos é proibido durante a votação. Mas constantemente vemos fotos das urnas e do voto das pessoas em redes sociais. Outras pessoas acabam tirando a foto para comprovar o voto em determinado candidato para receber algum benefício. Além deste exemplo, também temos a entrada de pessoas que fazem boca de urna dentro dos locais de votação, algo que é proibido por lei. Para se ter uma ideia, de acordo com o TSE, mais de duas mil pessoas foram presas por este motivo nas eleições de 2012. Mas como evitar este tipo de situação? Uma solução envolvendo apenas pessoas seria treinar um grupo de colaboradores e voluntários para fiscalizar a boca de urna. Outra seria reter equipamentos eletrônicos junto com o documento no momento da votação. Pensando em estrutura, seria possível aumentar o controle de acesso por meio de detectores de metais, identificação biométrica e por catracas móveis, com identificação eletrônica por meio do título de eleitor com chip, permitindo a entrada no local apenas da pessoa que vai votar. Existem várias maneiras de realizar este controle para garantir a segurança e fidedignidade do processo eleitoral e com o avanço da tecnologia, podemos imaginar um dia em que as pessoas poderão votar por meio de aplicativos sem sair de casa. Em tempos nos quais a população clama por mais transparência e o fim da corrupção, não devemos medir esforços para contribuir com este objetivo. *Especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil, possui mestrado em administração de empresas, MBA em finanças e diversas pós-graduações nas áreas de marketing e negócios ——————————————————– Faça o melhor – Afonso Rodrigues de Oliveira* “Não se mede o valor de um homem pela tarefa que ele executa, mas pela maneira de ele executá-la”. (Swami Vivecananda) Já não lembro mais do título do livro do Vivecananda. Mas li esta frase no seu livro, no inicio da década dos sessentas. Foi, talvez, a fase mais rica de minha vida, no aprendizado da vida.  Época em que eu começava a desenvolver minha paixão e conhecimento no desenvolvimento e no estudo das Relações Humanas no Trabalho e na Família. Desde então vivo com essa quase obsessão pelo Controle de Qualidade. Princípio que envolve, não só o trabalho nos ambientes profissionais como também na vida social. O aperfeiçoamento no controle da qualidade no que fazemos, é uma forma de educar. Não temos como aprimorar a qualidade sem educação. Talvez esteja aí a dificuldade de se entender a importância da qualidade em nossas vidas. Mas mais difícil é entender o que é qualidade. Entender que ela não está no que fazemos, mas como fazemos o que fazemos. Nossa importância não está no cargo que ocupamos, mas no que fazemos de melhor para valorizar o desempenho no cargo. E não podemos valorizar o que fazemos se não estivermos concentrados no valor dos que vão dar ao nosso desempenho, o valor que ele realmente tem. Não trabalhamos para nós, mas para as outras pessoas. Elas são os receptores do resultado do nosso desempenho no nosso trabalho. E não seremos capazes de entender isso se não formos devidamente educados para isso. Você assistiu ao debate político dos nossos candidatos locais, pela televisão? Sentiu-se capaz de fazer uma análise eficiente para sua escolha? Ou você ainda está naquela de “rouba, mas faz”? Você assistiu ao programa para a escolha da Miss Brasil, exibido por uma televisão local? Não há como misturar uma coisa com a outra, claro; mas as duas nos mostraram quanto ainda temos que nos prepararmos para a evolução de que necessitamos para nosso futuro. O debate político nos mostrou o quanto somos responsáveis pelo amadurecimento da nossa política. O programa da Miss nos mostrou o quanto estamos degringolando para a futilidade. Reflita sobre o pensamento do Swami. Neste fim de semana você estará decidindo o futuro do nosso Estado. Seja o melhor você que você puder ser na sua escolha. Lembre-se de que o resultado, seja bom ou mau, será seu. Seu, meu e de todos nós que deveremos estar conscientes de nossa responsabilidade. Mas, se algo der errado, assuma a responsabilidade. E se você vendeu seu voto, cara, fique na sua que você não tem nenhum direito de reclamar coisa nenhuma. A irresponsabilidade foi sua e fim de papo. Pense nisso. *Articulista [email protected]     9121-1460 ——————————————————- ESPAÇO DO LEITOR SEM MANUTENÇÃO Uma leitora, que pediu para não ser identificada, denunciou a falta de servidores de manutenção em diversas unidades de saúde de Boa Vista. Ela citou como exemplos os postos dos bairros Raiar do Sol, Cidade Satélite e Santa Teresa. “Há mais de dois meses, a manutenção dos postos está sendo feita pelos demais profissionais, como enfermeiros, assistentes sociais e atendentes porque a Prefeitura de Boa Vista não renovou o contrato com a empresa terceirizada que prestava serviço para manutenção”, relatou ao complementar que o Hospital da Criança Santo Antônio teve o número de funcionários para manutenção reduzido, fazendo com que técnicos de enfermagem façam os serviços de reparo. MOTORISTAS Uma estudante da Universidade Estadual de Roraima, que pediu para não ser identificada, reclamou da falta de consciência dos motoristas. “Eles não respeitam os pedestres. Ontem, esperei muito tempo para conseguir atravessar a faixa de pedestres na Avenida Ville Roy, próximo ao Estádio Canarinho. Dei o sinal de vida e os motoristas fingiram não ver. Quero pedir à prefeita de Boa Vista que tome a devida providência, como a instalação de semáforos, pois quase fui atropelada”, relatou. ENERGIA A leitora Adriana Lima denunciou a instabilidade da energia elétrica no Distrito Equador, no Município de Rorainópolis, Sul do Estado. “Há um ano que resido naquele lugar e ainda não me acostumei com o descaso com a população que reside ali. Muitos aparelhos elétricos e eletrodomésticos são queimados constantemente. E de quem é a culpa? Nessa hora não aparece quem vai pagar o prejuízo de cada morador que tem seus aparelhos queimados. A energia oscila muito. É fraca. As fiações são péssimas e velhas. Aonde vamos parar? Trabalhar incansavelmente para ter o que temos e perder tudo por conta da negligência?”, questionou. SEGURANÇAS “Enquanto tem gente apelando por seguranças, outros se sentem intimidados, amedrontados com a presença da polícia”, comentou Eliesio Almeida Silva sobre a acusação do deputado Joaquim Ruiz de que um carro da Polícia Civil estaria monitorando o motorista, assessores e amigos do parlamentar.