A incoerência do absurdo – Tom Zé Albuquerque*
A Venezuela passa por uma catástrofe humanitária, e isso não é novidade nem para um alienado. A desnutrição infantil naquele país atinge 1/4 das crianças até 5 anos de idade. A segunda maior taxa de homicídios no mundo é venezuelana. E para cada 100 assassinatos, menos de 10% dos bandidos são presos.
Alie-se a esta brutal realidade o fato de a inflação no país do bigodudo demente beirar os 3.000%, fazendo com que a economia fique assolada. Das parcas imagens disponíveis das ruas venezuelanas, são vistas pessoas catando lixo, mendigando por alimento. Faltam medicamentos, atendimento médico, estrutura… e centenas de milhares de pessoas diuturnamente migram para outros países, especialmente o Brasil. O legado do populismo ditatorial é macabro: fome, miséria, desespero, morte.
O que tem exasperado à parte da população brasileira é o Partido dos Trabalhadores – PT ter formalmente se manifestado mais de uma vez a favor do regime e métodos tiranos do chavismo, em prol do tresloucado Nicolás Maduro. Esse mesmo partido tem saído em defesa de outros mentecaptos tais como Daniel Ortega, da Nicarágua, e o boliviano Evo Morales. Os petistas também adoram Cuba, mas só a parte rica, paradisíaca, cara e requintada. Configura-se com isso a ideia cruciante de uma pseudo-esquerda latina em busca do despotismo, da concentração de poder (e capital), da oligarquia, do nepotismo e da usurpação do patrimônio público em prol dos desejos particulares de uma confraria de levianos.
Aliás, ser esquerdistas no Brasil é uma comédia: eles possuem iphone; frequentam os shoppings e seus fast-foods, símbolos do capitalismo; curtem carros importados; moram em casas com conforto singular; e adoram o Mickey, enquanto a classe inferior agoniza sem amparo do que é básico. Aí penso… Como se sente um socialista, por exemplo, ao se deparar com um venezuelano em território brasileiro pedindo comida nos semáforos? Qual a sensação dos hipócritas lulistas brasileiros, falsos socialistas, em assistirem aos inúmeros profissionais venezuelanos, graduados com amplo conhecimento científico, capinando quintais? São engenheiros lavadores de parabrisas, médicas costureiras, e magistrado musicando nas praças. São pessoas que passaram anos nos bancos universitários e hoje vitimados do chavismo atroz.
Por isso que digo, todo metido a socialista, no Brasil, tem o dever moral de acolher em sua residência as famílias oriundas do despotismo venezuelano. Isso se chama coerência: discurso e prática. Seria nobre ser honesto, pelo menos essa vez.
*Administrador
QUEM MUDA? – Vera Sábio*
É mais fácil esperar do outro, colocar a culpa no outro, deixar para o outro; do que assumir a direção dos atos e palavras, enfim ser o protagonista da própria história.
Sabemos que dependemos de um sistema, de uma legislação, de outras pessoas; porém os outros também dependem da gente e todos somos importantes e responsáveis pelas mudanças existentes.
Somente quando tivermos consciência do nosso valor saberemos que tudo depende de quem muda.
Ouvi esta metáfora que muito me fez refletir.
“Uma pessoa segurava uma xícara de café e alguém esbarrou em seu braço, fazendo com que derramasse café por todo lado. Alguém pergunta:
-Por que você derrubou o café?
E você responde que foi porque bateram em seu braço… mentira. Foi porque havia café na xícara, se houvesse chá teria derramado chá ou qualquer outro líquido que tivesse na xícara.”
Assim quem é o culpado?
O culpado do que sai de você, é somente você mesmo que foi capaz de se encher daquilo.
Estamos presos em nossas convicções de que o país não tem jeito; porém, dependem de nosso voto as pessoas que governam o país e as que irão governar. Portanto, enquanto não assumirmos nosso papel e mudarmos realmente, valorizarmos as prioridades ao invés das ilusões. Tudo continuará de mal a pior.
Não tem como fazer omelete sem quebrar os ovos. A bagunça foi grande demais, enquanto o gigante dorme iludido com as novelas, com as olimpíadas, com a copa do mundo e agora com o Roque Rio.
Só cada um é capaz de mudar e somente derramar o que possui no íntimo. Por isso, se encha de coragem, de honestidade, de discernimento, de verdade e assim transborde; limpando tanta sujeira que existe e construindo um futuro melhor.
*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e [email protected]
Depende do olhar – Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Mantenha a cabeça erguida. Olhe a outra pessoa nos olhos. Caminhe como se tivesse uma meta e estivesse decido a alcançá-la.” (Les Giblan)
Quando aprendemos a olhar nos olhos da outra pessoa sabemos, imediatamente, com quem estamos falando. E isso, independentemente de conhecê-la ou não. É difícil entender como fazer isso, por exemplo, com um médico desconhecido, com quem você vai se consultar pela primeira vez. É perigoso pra dedéu, mas treine bem e divirta-se na consulta. Vai valer a pena. É aí que surge a confiança que você deve ter no médico e o respeito que ele terá por você, desde que você saiba se respeitar, respeitando-o.
Tenho três casos que sempre me serviram de exemplo. O primeiro foi aqui, no Hospital Coronel Mota, e faz alguns anos. Pratiquei uma travessura aqui no quintal, que tinha aprendido a evitar, fazia décadas. O que significou burrice. Com uma dor muito forte, nas costas, fui ao médico. Era um médico ainda jovem e simpático. Quando ele me olhou, olhei nos olhos dele e senti confiança. Ele me perguntou:
– E então, seu Afonso… Qual o seu problema?
Sem pestanejar, respondi:
– Burrice.
O médico deu uma risada e constatou que eu tinha razão, no motivo da dor. O segundo caso foi mais recente, no Centro de Saúde na Sé, em São Paulo. A médica que me atendeu era praticamente uma garota. Jovem, bonita e simpática. Inspirou-me toda a confiança de que necessito para brincar com o médico desconhecido. Terminando de preencher minha ficha, ela me perguntou:
– Tem alguma alergia, seu Afonso?
E novamente, sem pestanejar, respondi:
– Tenho uma só e que me tortura muito.
A médica, parecendo assustada, olhou-me com os olhos bem abertos e perguntou:
– Qual é, seu Afonso?
E novamente sem pestanejar, respondi:
– A pobreza!
A médica jovem quase não parou de rir. E quando parou, falou:
– Eu também, seu Afonso. Tenho verdadeiro pavor.
Para o terceiro caso, não tenho mais espaço pra ele. Fica pra depois, se eu me lembrar. Porque esquecimento, e não sei por que, está se tornando um hábito pra mim. Ontem, pela manhã, fui comprar o pão, no supermercado. Paguei, no caixa e saí. Já no meio da rua ouvi uma espécie de grito:
– Senhor!!! Ei, senhor…
Virei e era a moça do supermercado, mostrou-me uma sacola:
– O senhor esqueceu o pão no balcão!
– Oi filha… Você nem imagina o bem que acaba de me fazer. Imagine o que aconteceria se eu chegasse a casa sem esse pão.
Ela arregalou os olhinhos e respondeu:
– Eu imagino!
Rimos, ela voltou ao trabalho e eu saí sorrindo tranquilo, e pensando o que ela iria contar para os colegas de trabalho. Pense nisso.