Uma geração sem alma – Antonio de Souza Matos*
Esse processo de desconstrução da família a que assistimos, fruto da massificação de ideologias anticristãs, está levando a sociedade ao fundo do poço. A falência dos vínculos familiares e a negação do cristianismo têm produzido uma geração desumana, confirmando, na íntegra, a predição de II Timóteo 3:1-5.
As pessoas, em número cada vez mais alarmante, estão dominadas pelo egoísmo. O que importa não é o bem-estar do outro, mas a autossatisfação. Em busca da própria “felicidade”, vale tudo. Invertem os valores. Fazem do certo errado e do errado certo. Para satisfazer o eu, correm atrás de mais e mais dinheiro, que lhes dá a sensação de poder e independência. Por causa da avareza, dão mais valor ao ter do que ao ser.
Também a presunção (convicção ilusória de estar no caminho certo) governa a vida de muitos. Desprezamos conselhos dos mais velhos, considerando-os retrógrados e ultrapassados. Em razão da soberba, traçam planos para garantir a supremacia e manter sob os pés os “mais fracos”. Zombam de Deus. Negam a fé. Ridicularizam as coisas sagradas.
Nunca se viu tanto desprezo aos pais. A obediência e a honra de vidas a eles são jogadas no lixo. Em consequência disso, mortes prematuras, entre outros infortúnios, sepultam sonhos, causando dor e sofrimento. Não há gratidão aos genitores. Eles se sacrificam para criar e formar os filhos, mas estes, depois de conquistarem a independência financeira, viram-lhes as costas.
Há falta de afeto natural. Milhares estão insensíveis às necessidades alheias. Existe pouca disposição para perdoar. Mas não falta motivação para difamar o próximo. Notícias falsas e más notícias rapidamente são compartilhadas nas redes sociais. Como um carro sem freio numa ladeira e animais no cio, muitos se entregam a toda sorte de paixões, sem avaliar as consequências. Outros praticam atos de crueldade dantescos, provocando pânico. Falta amor para com o próximo.
Os adjetivos caracterizadores das pessoas deste século não se esgotam. Conforme Paulo, os homens são “traidores, obstinados, orgulhosos”. Mas a principal característica da presente geração é, sem dúvida, o hedonismo – viver em função do prazer efêmero.
A busca desenfreada pelo prazer tem enriquecido a indústria do entretenimento. A 19ª edição da Pesquisa Global de Entretenimento e Mídia 2018-2022, estudo feito pela PwC, prevê crescimento global anual médio de 4,4% no setor de mídia e entretenimento entre 2018 e 2022. O levantamento analisou 15 segmentos do setor em 53 países e apontou que a receita global deve alcançar US$ 2,4 trilhões em 2022, acima dos US$ 1,9 trilhão registrado em 2017, aumento de 26% na comparação total entre os períodos.
Só existe uma solução para esta geração sem alma: oretorno e/ou a rendição ao cristianismo bíblico. É pura sandice rejeitar o legado de Deus. As consequências são catastróficas e podem se tornar piores.
*Professor e revisor de textos. E-mail: [email protected]
A Justiça Eleitoral e as Fakes News – Parte 2
J. R. Rodrigues*
Dessa forma, o grande desafio dos políticos e da Justiça Eleitoral é encontrar uma forma de barrar não apenas as notícias mentirosas, mas punir quem gera o conteúdo para o WhatsApp. Isso não é difícil, mas certamente é bastante complexo. Para acessar o WhatsApp é necessário uma linha telefônica, então se você tem como saber em nome de quem está registrado a linha, você tem como saber quem é o criminoso. Em tese é isso mesmo, com uma ressalva: Infelizmente, devido a flexibilidade da legislação no tocante as regras das telecomunicações, por força do sigilo da informação, do direito à informação, etc., há mais regras para proteger quem produz as fakes news para o WhatsApp do que para combater esse crime. Assim temos duas possibilidades uma é estar lidando com uma pessoa real, com CPF com endereço e devidamente identificado, que faça a distribuição de um fake news. Se essa pessoa age como um propagador de Notícias falsas, então vamos encontrar essa pessoa e tomar as providências legais. A outra possibilidade é quando uma pessoa real usa dados falsos (CPF falso) para habilitar e fazer uso de uma linha telefônica para acessar o WhatsApp e espalhar fake news.
Nos dois casos não é tão difícilchegar ao autor da veiculação da informação (autor do fake news), mas para cada um vai ser um tratamento diferente. A pessoa real que se apresenta como dono do telefone real, que fez aquela postagem vai ser responsabilizada criminalmente por aquele ato, mas o “fake” que usou um dado falso, que habilitou uma linha telefônica para fazer o mesmo serviço, não sendo encontrado, simplesmente vai lá e cancela essa linha o CPF já que existe um série de crimes. Mas esse efetivo combate as fakes news no WhatsApp não funcionará sem a participação das operadoras, afinal são elas que fornecem as “armas” para os crimes serem cometidos, ou seja, um acordo entre o WhatsApp e a Justiça Eleitoral é inócuo.
Nos últimos dias, atendendo a uma determinação do TSE, o TRE-RR vem promovendo uma série de debates sobre o tema. Primeiro foi com dirigentes do Facebook e na próxima sexta-feira com o WhatsApp. O desafio é quanto a maneira como isso vai ser feito e quanto a efetividade das Ações Judiciais que chegarem ao TRE-RR. Já é consenso que da forma como se desenha esse “combate”, não passará do que popularmente chamamos de “enxugar gelo”.
Um terceiro fator, que é primordial nessa guerra, é simplesmente identificar e responsabilizar judicialmente os administradores do grupo de WhatsApp, onde essas informações são veiculadas. Temos de concordar que é perfeitamente plausível que essa pessoa, esse administrador, tenha noção do que ocorre nos grupos por eles administrados. Se os contatos do WhatsApp que estão naquele determinado grupo são verdadeiros ou falsos, neste ponto pouco importa, de qualquer maneira esse “adm” deverá ser responsabilizada.
Então a questão é muito simples, é saber se a Justiça Eleitoral, se os partidos, a Polícia Federal, Ministério Público e todos que têm interesse na lisura do pleito, vão ter a disposição de encarar essa situação, de buscar a solução, de identificar, punir e coibir os abusos. Não precisa de lei nova para fazer isso, basta ter vontade de fazer. Se for mesmo verdade que uma eleição ganha com fake news, pode ser anulada (palavras do Ministro Dias Toffoli), resta saber se não foram apenas palavras jogadas no ar, se são palavras a serem colocadas em prática, numa junção de forças, com a união de todos os envolvidos para combater as fakes news.
Fato é que não se combate à fake news retirando notícias, textos e áudios e vídeos do ar, como o WhatsApp propõe através de um canal direto com a Justiça Eleitoral, mas sim punindo os seus autores, numa ação conjunta, envolvendo operadoras, justiça eleitoral, polícia federal, ministério público, sociedade e a imprensa.
O problema é que em Roraima a quase totalidade dos políticos e seus grupos apostam na produção e na veiculação de fakes news como peças importantes de suas campanhas. Em alguns casos os investimentos em fakes news são superiores aos da comunicação normal. Um candidato ao senado, por exemplo, terá 16 programa
s com propaganda eleitoral nas emissoras de TV, mas esse mesmo candidato já produziu na pré-campanha centenas de vídeos injuriosos, caluniosos e difamante contra seus adversários e até o dia 7 de outubro outras dezenas estarão no ar, através de perfis falsos no Facebook ou no WhatsApp com linhas de telefones celulares cadastrados em nomes de cabos eleitorais ou de CPFs aleatórios. Essa história envolve volumosas somas de recursos (boa parte do fundo eleitoral e partidário) e um exército de profissionais (boa parte servidores públicos).
O “fake” que ataca os adversários de um senador tem a sua linha telefônica registrada em nome de uma mulher com endereço em Santarém-PA, o “fake” que ataca este senador tem a sua linha telefônica registrada em um endereço de São Paulo. Outro fake que ataca os potenciais adversários de um ex-governador candidato ao senado usa um telefone registrado em nome de uma funcionária do partido, etc. Cada “fake” tem 5, 10 ou 20 linhas telefônicas a sua disposição, o que torna a missão mais árdua. Nesse universo, onde com três cliques é possível obter a identidade (verdadeira ou não) destes perfis “fakes”, caberá à Justiça Eleitoral admitir que pode funcionar ou não como a guardiã da lisura do próximo pleito. Ou arregaça as mangas e parte para a guerra ou admite de antemão que perdeu a guerra para as fakes news.
* Advogado, Jornalista e Especialista em Poder Legislativo pela PUCMG
Possível e impossível – Afonso Rodrigues de Oliveira*
“O único meio de se descobrir os limites do possível é ir além dele, descobrindo o impossível.” (Arthur Clarke)
Se isso lhe parecer filosofia de botiquim, cuide-se. Você já sabe que as coisas nem sempre são como as vemos, mas são como elas realmente são. Há um punhado de pessoas que me chamam de mentiroso, pelos causos que lhes conto. Mas nem percebem, nem sentem, que eles, os causos, estão entre o possível e o impossível. Por exemplo: se você fosse o revisor, iria corrigir a palavra causo, para caso. Deu pra sacar? Então, vamos ao assunto do papo.
Tenho um amigo, muito íntimo. E íntimo mesmo. O que temos de causos desse cara não tá no gibi. E o melhor é que descobri que os procedimentos vão passando de pai pra filho. Recentemente rimos pra dedéu, com um acontecimento, sequência de velhos acontecimentos. Meu amicíssimo, mora num bairro afastado do centro da cidade de Boa Vista. Certo dia, a filha dele, que estudava na UFRR, ligou para ele ir pegá-la na universidade. Meu amigo foi de moto. Só que, quando ele chegou deu o capacete para a filha, e ela tocou com as mãos, limpando a sela da moto. Quando ela tocou na sela, meu amigo acelerou a moto e se mandou. A garota ficou em pé, sem saber o que estava acontecendo.
Não sei quantos minutos a garota ficou ali, em pé. E quando meu amigo chegou a casa, a esposa perguntou:
– Cadê a Helena?
Ele olhou para traz e se assustou. Ele voltou para a universidade, e quando chegou perguntou para a filha:
– Que é que você tá fazendo aí?
Um filho do meu amigo, sempre que sai do trabalho, à tarde, passa por aqui, toma o café da tarde, conosco, e vai para casa. Dia desses, ele estava à mesa, tomando o café quando um dos meus filhos, não vendo o carro dele, lhe perguntou:
– Seu carro tá na oficina?
O filho do meu amigo quase pulou da cadeira e exclamou:
– Ai meu Deus… Esqueci meu carro no trabalho!
Primeiro rimos muito. Depois ficamos tentando acreditar que o cara saiu a pé, do trabalho, à tarde, e só quando já no café, em casa, se tocou que tinha se esquecido o carro no trabalho. Isso é possível ou impossível? Depende de como você está aceitando essa história. E o mais importante é que o filho do meu amigo tem apenas dezenove anos deidade. Imagina o que acontecerá quando ele tiver a idade do meu amigo, atualmente. Que não é tão longa assim. A filhinha do filho do meu amigo, que se cuide, quando estiver fazendo a faculdade e precisar do pai para transportá-la. Coisas da hereditariedade. Temos um zilhão de casos com características de causos. Você não acreditaria se eu lhe contasse os meus causos. Pense nisso. *Articulista [email protected] 99121-1460