Opinião

Opiniao 03 11 2015 1647

Olhando para trás – Walber Aguiar*De repente, a gente vê que perdeuou está perdendo alguma coisamorna e ingênua que vai ficando no caminho                                                        CazuzaEra noite. O quarto escuro denunciava qualquer coisa assim inusitada. Vontade de fugir, de ir comprar algo na esquina e desaparecer no meio da multidão. De atiçar lembranças e revirar memórias. De esvaziar o baú de quinquilharias existenciais e arrumar tudo que valia a pena colecionar.

Ali, na geografia do silêncio forçado e da solidão quase patológica, mergulhamos na estrada, percebemos o vácuo, entendemos a ausência de nós mesmos.

A noite, regida pelos ponteiros da angústia, revelou tudo que se passava entre muros, paredes, janelas, corredores e avenidas. Diante dos olhos perdidos a mutilação psicológica. Os pedaços significativos que fomos perdendo durante a caminhada.

As estrelas viraram lágrimas, ainda que companheiras da insônia. O vento trouxe os detalhes que estavam armazenados no coração. O medo, amigo de todas as horas, trouxe flores amarelas e medrosas.

A inocência era palpável na escuridão, ainda que estivesse distante. Pensamos no tempo de criança, na ingenuidade perdida, no coração humano e solidário. Entretanto, já não havia espaço para oferecer flores ao desconhecido, para  ajuntar os “samaritanos” vitimados pelo trágico. Não podíamos “falar com os estranhos”, pois a estrutura social maligna nos prendia numa bolha individual e utilitarista.

Debruçados na janela da inquietação, tentamos ajuntar os pedaços, os cacos coloridos que ficaram para trás. Perdemos a mãe, a ternura, a capacidade de indignar-se diante da injustiça e de todas as formas de perversidade. Ao perder o sono, achamos a dor da incompletude, do despedaçamento psicológico. Para trás ficou a água limpa da honestidade, a pureza do ético, o fogo da compaixão, o senso de coletividade.

Ali, entre o céu da virtude, a movediça realidade e o “pântano enganoso das bocas”, sentimos falta da amizade incondicional, do amor desinteressado, dos mais quentes afetos. Entretanto, ainda podíamos resistir a nós mesmos e àquilo que na vida nos vence. Tentar recuperar os fragmentos, a coisa morna e ingênua que ficou no caminho.

Era noite. Uma longa noite. Tempo de lançar fora todos os “rebotalhos” e trapos de autorrespeito e ajuntar o que sobrou da vida.

*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras [email protected] ————————————————Que tipo de crentes somos nós? – Marlene de Andrade*Segundo o pastor Alfredo de Souza, da 1ª igreja Presbiteriana do Brasil, em Boa Vista, Mestre e Doutor em História Social pela UFRJ e professor na UFRR de Teoria da História e História da Religiosidade, a Igreja, nos dias atuais, está vivendo um Evangelho egoísta, lutando por ferro, palha e madeira que logo, logo desaparecerão. Ele afirma, ainda, que os ímpios afrontam ao Senhor lutando pelos bens materiais que ao primeiro sopro se dissipam com os ventos. Ele deixa claro que não é errado ser rico, ou ter boa casa e carro do ano, o  que não se pode é focar os bens materiais em detrimento das coisas de Deus.

Nesse contexto, ele também disse que a nossa luta deve ser para estabelecer a Glória de Deus aqui na Terra e que por isso não adianta acumular tesouros neste mundo, pois diante do Reto Juiz tudo vai ser queimado. Esse será o famoso batismo com fogo, ou seja, o juízo final. Já pensou naquele palacete que alguém construiu com tanto amor e aquele seu carrão do ano e a sua polpuda conta bancária? Pois é, vai ser tudo queimado durante esse batismo. Não vai ficar nada aqui na terra, porém lá no céu Jesus está, desde já, preparando mansões celestiais para àqueles que verdadeiramente a Ele se converteu. E mesmo antes que venha o juízo final, morremos e tudo aqui deixamos. Sendo assim, será que vale a pena trocar uma vida terrena e tão  passageira por uma eternidade junto com Deus?

O mundo está carente de crentes que cumpram a Palavra de Deus, pois no Brasil hoje tem perto de 40% de pessoas que se dizem evangélicas, mas que não produzem, infelizmente, diferença alguma no meio da sociedade. São os famosos “crentes” nominais, ou seja, só de “fachada”.

Desgraçadamente, os evangélicos têm sido atingidos por ventos de doutrinas que descaracterizam a importância da Igreja de Jesus aqui na Terra. O que se vê hoje em algumas denominações é um absurdo. É gente caindo na “unção”, outras imitando vozes de animais, gritando palavras desconexas, ou então tentando barganhar com Deus a prosperidade financeira. E o mais grave é que estão tirando Deus do centro e nele colocando “homens cheio do poder”.

Esse mesmo pastor ainda assevera que precisamos impactar a nossa sociedade vivendo com nosso testemunho cristão uma vida reta, buscando, cada vez mais, o aperfeiçoamento espiritual. Sendo assim, em meio a tanta confusão, pergunto a mim mesma: que impacto tenho causado no meio da sociedade como cristã? Será que vou à Igreja apenas para me tornar uma pessoa bem-sucedida financeiramente, ou o meu alvo é ver, de fato, estabelecida a Glória de Deus aqui na Terra?

“…Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo.” (Romanos 14:10).

*Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMThttps://www.facebook.com/marlene.de.andrade47 ————————————————-

Você crê na justiça? – Afonso Rodrigues de Oliveira*“A justiça cega para um dos dois lados não é justiça. Cumpre que enxergue por igual à direita e à esquerda”. (Rui Barbosa)É impressionante a número de pessoas que reclamam da justiça. Todos se sentem injustiçados pela justiça. E ela vai perdendo o crédito que sempre mereceu e continuará merecendo; embora não recebendo. É simples pra dedéu. A justiça é infalível, incomensurável, inatingível e por aí afora. O problema das injustiças praticadas na justiça está no judiciário e não na justiça. Está nos que lidam com a justiça e não nela. Nem sempre os justiceiros veem a justiça pelos dois lados: o da direita e o da esquerda. E novamente a conta do prejuízo cai na conta precária do injustiçado. Aí, inocentemente, ele começa a esbravejar contra a justiça acomodando o justiceiro injusto.

Vamos falar sério? E estou falando sério. Nosso falar, nosso expressar, tudo depende do nosso modo de pensar. E porque ainda não estamos preparados para pensar equilibradamente, continuamos a pôr a cupa em quem não tem culpa. Aí nos misturamos com os maus. E, sem perceber, vamos alimentando os erros para seus praticantes. Deu pra sacar? É simple, mesmo sendo difícil. Mas não aprenderemos a viver se não aprendermos a encarar as dificuldades.

Você nem imagina o quanto você vai se valorizar a partir do dia em que começar a entender e compreender o tamanho do poder que você tem para resolver todos os problemas. Comece por não se sentir inferior a eles. O desmando que estamos vivendo na nossa política é problema nosso. Ninguém, além de nós mesmos, tem o poder de resolver o angu fedorento em que se tornou nossa política. E você faz parte desse gruco chamado de “nós”. Quando nós somos responsáveis pelos culpados, você está no grupo. Reconheça isso e procure fazer sua parte para melhorar, mas com racionalidade, maturidade e conhecimento.

Enquanto ficarmos pondo a culpa na justiça pelos erros do judiciário, não teremos justiça. Os cometedores dos erros continuarão acomodados na nossa ignorância; então vamos sair dela. E a vereda mais curta é aceitar que somos, nós, os responsáveis pelo nosso destino. Ou nos valorizamos ou vamos, vida afora, sofrer os desmandos governamentais cometidos por governantes eleitos por nós. E se a culpa é nossa, não vamos ficar pondo-a na justiça. Faça sua parte amadurecendo. A política não existiria se nós não existíssemos. E a justiça, no judiciário, não existiria sem nosso voto na política. Pense nisso e veja o valor que seu voto tem. Então não o desperdice com irresponsabilidade. Comece a lutar pelo seu voto facultativo. Pense nisso.

*[email protected]    99121-1460      ————————————————–ESPAÇO DO LEITOR

ESTACIONAMENTO“As mudanças no estacionamento em frente ao Cemitério Nossa Senhora da Conceição este ano não agradaram em nada. Sem poder estacionar os veículos no local, tivemos que rodar por várias horas até conseguir uma vaga.  Nem mesmo os idosos estavam tendo prioridade. Todos os anos levo minha avô, que tem 83 anos, e tivemos que nos deslocar a pé por duas quadras. É uma falta de bom senso destes guardas do Smtran. Faço este registro indignado com a atitude destes agentes que não respeitam sequer o direito dos idosos”, comentou o servidor Agenor Ramos Souza.DÍVIDAS     Sobre a matéria “Clientes podem oferecer bens para quitar dívidas com a Caer”, a leitora Iolanda Amaral Neves comentou: “Agora a Caer, além de fornecer água, vai montar um bazar de produtos usados? É cada situação inusitada neste governo que nem dá para acreditar. Se já está difícil negociar a dívida atual junto à empresa, agora querem que os clientes possam entregar seus bens a um preço irrisório para quitar a inadimplência. O que devem fazer é parcelar esta dívida em suaves prestações conforme a situação financeira de cada devedor”.MANIFESTAÇÃO“Até que enfim a justiça se manifestou e obrigou os indígenas a liberarem o tráfego na BR-174. Espero que com a mesma agilidade possam colher um manifesto em relação ao descontentamento da tarifa de reajuste aplicada aos consumidores do Estado de Roraima e aos comércios. Se nada for feito, será inevitável mais um reajuste ao consumidor, pois não teremos como bancar este aumento abusivo”, comentou a internauta Camila Soares.SAMAÚMAMoradores de Samaúma, no Município de Mucajaí, enviaram a seguinte reclamação: “Gostaríamos de solicitar policiamento para a região que está sem nenhuma equipe para prestar auxílio aos moradores. Quando necessitamos de algum emprego da força policial, temos que acionar o comando de Mucajaí, que sempre tem prestado auxílio. Até o posto policial que existia foi desativado”, relatou um morador.