Opinião

Opiniao 04 04 2016 2228

DOMITILA – Valdir Fachini* A Domitila morreu, mas esse acontecimento não é recente não, já faz muito tempo, vixe! Faz quase meio século, eu era molecote, andava com a molecada no meio do mato caçando rolinha com estilingue e eu era o tal com essa arma que não errava uma pedrada.

Foi numa dessas caçadas que eu trombei numa caixa de marimbondos, fui ferroado da cabeça aos pés, nem o pingulim foi poupado, então a mãe me proibiu de sair de casa, fiquei de molho, ela disse que era resguardo e eu achava que isso era só quando tinha nenê.

E foi numa tarde, não me lembro o dia, o mês, se era primavera ou verão eu não sei, mas isso não vem ao caso, era de tarde, isso eu sei, ela passou em frente de casa, com seus passos tranquilos, pensamentos absortos como se estivesse caminhando no paraíso, me deu uma olhada que foi o suficiente pra balançar meu coração pré-adolescente carente de carinho.

Ai eu fiquei te acompanhando com o olhar até sumir lá no alto do morro. Na outra tarde passou de novo, na mesma malemolência, então eu fui atrás dela, fui puxando conversa, na minha simplicidade de garoto contei toda minha vida, se bem que com minha tenra idade não tinha muito que contar. Ela não me disse seu nome, então a chamei de Domitila. A professora tinha me ensinado que essa mulher foi amante de D. Pedro e marquesa de Santos, eu nem imaginava o que seria marquesa, mas sempre achei esse nome bonito, então eu passei a chamá-la assim.

Então eu comecei a gostar muito dela, sentia saudade se ficasse um dia sem vê-la, ficava triste por que ela nunca ia na igreja comigo nos domingos. Ela também gostava muito de mim, eu via nos seus olhos a alegria de me ver. Quando eu sentava na relva, ela se deitava e punha a cabeça no meu colo e eu ficava acariciando por muito tempo, sentia o tum-tum compassado do seu coração e eu contando minhas aventuras, inventava histórias porque meu repertório já tinha acabado.

Mas um dia, que triste dia, ela estava passeando no jardim do outro lado da rodovia e eu na minha inocência ou emoção não sei, gritei ……Domitiiiiiiila!…ela escutou e veio correndo, mas na sua inocência ou emoção não sei, tentou atravessar a pista sem prestar atenção, veio um carro a toda(naquele tempo, carro já corria) e catapimba, jogou ela longe, eu corri ao seu socorro mas não adiantava mais e ali naquele asfalto quente e negro, tão negro quanto a morte eu escutei sua última palavra, antes do derradeiro suspiro ela me disse ….béééé.

*Escritor—————————–DOADOR DE VIDA – Vera Sábio*Só entende a necessidade de receber sangue, aquele que está perdendo a vida ou seus familiares que enfrentam esta perda, visto que o vitimizado não tem vida se quer para dar um grito de socorro.

Existem muitas datas comemorativas em nosso calendário, no entanto, nenhuma delas teria importância se em um leito de hospital há desespero pela sobrevivência de alguém pálido, desenganado e carente de uma doação vital.

Divulga-se pouco e por muitos fica esquecido a necessidade de haver constantemente doadores de sangue, para que a vida seja restabelecida. Há também religiões que defendem a não doação de sangue; algo difícil de compreender, visto que Jesus pregou que fizessem como ele, e ele foi capaz de doar sua vida sem quaisquer restrições.

O que é para nós, pobres mortais, os quais voltaremos ao pó, doar algo que rapidamente o organismo repõe e que tem uma função tão indispensável em diversos casos, nos quais somente o “sangue” pode restabelecer a saúde?

Ninguém sabe do dia de amanhã, o que verificamos é que o trânsito vitimiza mais e mais pessoas a cada dia. E muitas delas, as quais a vida poderia ser poupada, estão em enormes filas de espera por um doador, podendo morrer a qualquer momento.

Portanto é uma questão de empatia, de solidariedade e mesmo de sentirmos humanos e dependentes uns dos outros que a doação de sangue acontece e é indispensável, proporcionando ao nosso semelhante, o direito de continuar vivo.

É melhor prevenir do que remediar, tendo uma conscientização maior no trânsito e perdendo minutos na vida, ao invés de perder a vida em um minuto.

Todavia, sabemos que independente de qual foi o motivo, iremos uma hora adoecer, e o que fizermos de boa vontade hoje, colheremos bons frutos amanhã.

Pense nisto e aproveite sua saúde boa para dar a oportunidade de outros recuperá-la.*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e [email protected]. (95) 991687731————————————-O rudimentar e propositado modo tosco de gerir – Tom Zé Albuquerque* O Brasil, como república federativa, é formado por 26 Estados, a União, o Distrito Federal e os Municípios, cujos entes são dotados de autonomia financeira, política e administrativa, sob a égide dos princípios constitucionais. Na prática, porém, essa formatação tem sido corroída, seus pilares ainda não foram suficientemente fortificados, a fragilidade reina.

Essa divisão tem nascedouro ainda no período colonial, através dos modelos de repartição outrora adotados às capitanias hereditárias, acarretando na estruturação político-administrativa vigente. O paternalismo, o desqualificado gerenciamento do patrimônio e o destrambelhado modo de gerir a coisa pública nasceram, pois, desse tempo, o que tem trazido seríssimas e nocivas consequências à Administração Pública no Brasil. Esta, ainda resguarda raízes profundas do patrimonialismo parido da coroa portuguesa, e bambeia num modelo burocrático, instável e falido por ter sido implantado carregado de excessos.

Deparei-me, recentemente, com exemplos (dentre tantos) um tanto quanto bizarros, sobre a trágica má aplicação dos recursos públicos. Imagine, caro leitor, a construção de um terminal marítimo no país, especialmente para um torneio de futebol realizado no ano de 2014 aqui no Brasil, cuja ideia era que cruzeiros com turistas/torcedores vindos do México e dos Estados Unidos atracassem para assistirem os jogos no Estado. Ocorre que o projeto não previu a existência de uma ponte no meio do trajeto, construída em 2007. Sim, isso mesmo, a ponte Newton Navarro na cidade de Natal, no Estado do Rio Grande do Norte, impede que navios de grande porte por lá naveguem. Resultado dessa brincadeira: R$ 72,5 milhões jogados no ralo… ou ao mar.

Agora atente para a construção do metrô da cidade de Salvador, no Estado da Bahia – possivelmente para torcedores de futebol -, projetado para ter 12 quilômetros de extensão, mas que, inexplicavelmente (ou não…) encolheu pela metade; isso mesmo, o metrô terá apenas 6 quilômetros. Em compensação, o preço dessa inacreditável obra quase dobrou, num acréscimo de 76% acima do valor previamente definido a ser pago. O pior é que a Prefeitura não vê anormalidade nesse tragicômico fato, não obstante o Tribunal de Contas da União tenha descoberto o superfaturamento de mais de R$ 100 milhões na esbagaçada obra, daquilo que já foi anteriormente pago. Ainda assim, o TCU solicitou formalmente que todos os itens do contrato fossem recalculados, mas servidores da Prefeitura alegaram ser impossível construir essa informação, pois não fazia ideia nem dos preços nem da quantidade de materiais utilizados.

O Brasil político-administrativo vive uma crise cultural, falida de moral e desprendida de ética. Sempre quando podem, muitos brasileiros resgatam suas raízes pelo saque, pelas invasões, pelos desmandos, no nepotismo, na corrupção em todos os graus e níveis. Pouco se evoluiu após mais de 500 anos. Triste realidade! *Administrador———————————— Vamos votar – Afonso Rodrigues de Oliveira* “A condição mais substancial do voto é a sua liberdade. Sem liberdade não há voto”. (Rui Barbosa) Nunca mais vou prometer a você que não falarei mais em política. Voltarei a falar dela sempre que os despreparados a usarem indevidamente. Puxa… o Rui Barbosa bateu muito firme nesse assunto. O que nos indica que nosso descontrole político vem de longas datas. E uma das coisas mais decepcionantes na política brasileira ainda é a obrigatoriedade do voto. O poder público ainda não foi capaz de iniciar uma educação que nos esclareça que sem liberdade não há voto. Quando somos obrigados a votar estamos votando por obrigação, quando deveríamos votar por dever. E só nosso dever para com nossa cidadania faz de nós verdadeiros cidadãos. E entristece sabermos que a maioria dos grandes políticos sabe disso. Mas não conseguem fazer nada, porque os maus políticos não lhes permitem.

É deplorável saber que são os maus políticos que nos obrigam a permanecer no analfabetismo político. E, enquanto isso, não seremos capazes de votar com a consciência de cidadão. E continuaremos mantendo desonestos e incompetentes fabricando leis que só nos enrolam. O Senador Jarbas Passarinho disse certa vez: “No Brasil ainda temos bons políticos, mas não temos mais estadistas”. Concordo plenamente com ele. Sei que ainda temos bons políticos. E não é deles que falo quando falo sobre o desmando na política brasileira. Temos muito a mudar para sairmos do Brasil calamitoso. A imagem que expomos no exterior, da nossa política, é vergonhosa. E os maus políticos não querem que nós, “cidadãos”, sintamos isso.

Mas não vamos continuar encurralados no círculo de elefantes de circo. Vamos fazer nossa parte sem a necessidade de ir espernear nas ruas como verdadeiros títeres dos palhaços fabricantes de leis ilegais. Vamos reclamar mais pela nossa Educação. Enquanto não tivermos uma Educação digna não seremos cidadãos dignos. Prestemos mais atenção à fala do Miguel Couto: “No Brasil só há um problema nacional: a educação do povo”. E não podemos educar o Brasil em poucas décadas. Mas necessitaremos de eternidades se não começarmos hoje, e agora.

Vamos sair da carreata das marionetes, e vamos fazer nossa parte, fazendo o que devemos fazer como deve ser feito. O Brasil tem tudo para ser um país líder do nosso continente. Só nos falta a consciência de cidadãos.

E só nós podemos fazer isso por nós mesmos. Mas é preciso que aprendamos a nos respeitar para poder sermos respeitados. E nunca seremos respeitados enquanto formos obrigados a fazer por obrigação o que deveríamos fazer por dever. Pense nisso. *[email protected]———————————–

ESPAÇO DO LEITOR

ESTIAGEM 1O internauta identificado como “Falei” comentou a situação pela qual o Estado passa nesse período de forte estiagem. “Só queria dizer que algumas ações para controlar o fogo foram bem-sucedidas, mas outras nem tanto devido à falta de água nos locais e principalmente por falta de equipamentos. Graças a Deus que a chuva chegou para melhorar a vida dos pequenos produtores que vivem abandonados na região do Roxinho – vicinal 14”, disse.ESTIAGEM 2“Por falar nos produtores da região do Roxinho, até hoje eles não receberam um quilo de arroz e nem ajuda de ninguém. Conheço a região. Estive lá no final da semana passada. Gado solto pelas estradas procurando o que comer, não entram máquinas para fazer as cacimbas. É preciso andar um pouco mais pelas vicinais do interior do Estado e não ficar somente na sede dos municípios. Todos merecem cuidados, principalmente os mais afastados. Repito: A vicinal 14 do Roxinho está abandonada. Pontes queimadas e povo isolado”, relatou.ITERAIMAUm leitor, que pediu anonimato, denunciou a situação pela qual passam os servidores que trabalham no prédio do Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima). “Pedimos que o Governo do Estado arrume o telhado do prédio, pois, quando chove, molha tudo, correndo o risco de molhar os funcionários e arquivos existentes naquele órgão. Se possível, apareçam lá num dia útil de trabalho que esteja chovendo, subam até o último piso na sala da Comissão Técnica. Depois, verifiquem as demais repartições e vejam se têm o mesmo problema”, pediu.MADEIREIROSSobre a prisão de madeireiros em Nova Colina, no município de Rorainópolis, um leitor anônimo disse que é notório que aqueles madeireiros faziam algo ilegal. “Continuo a dizer e tenho documentos que comprovam o que digo que dentro do Iteraima e da Femarh [Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos] há pessoas coniventes com o desmatamento de forma ilegal e emitindo documentos falsos”, revelou.