Boa Vista, melhor que amanhã, pior que antes? – Erasmo Sabino de Oliveira*Nestes anos todos tenho me batido pela permanente atualização das leis e normas específicas que regulam o mercado imobiliário de Roraima. Claro que com ênfase especial em Boa Vista, onde se concentram quase 70% dos habitantes do Estado. Por essas condições e dado o ritmo acelerado de crescimento, não resta dúvida que ela se aproxima da condição de metrópole. Mesmo porque já exerce influência funcional, econômica, política e social sobre todo o interior, concentrando as mais importantes instituições, quer por suas atividades financeiras, de gestão e de informação e que, por isso, alcançam uma esfera de influência capaz de afetar o restante da população.
A realidade requer que os setores organizados da sociedade – Legislativo, Executivo e Judiciário, além do Ministério Público e entidades representativas de classes – atentem para o fato de que Boa Vista já não pode mais ter sua expansão urbana estrangulada. Sua população aumenta dia a dia e, como é natural, necessita de espaços para a construção de unidades habitacionais. Horizontais, como ocorre hoje, ou verticais, solução que inevitavelmente será adotada num futuro mais distante quando não houver para onde ela se expandir.
Vejo esse panorama se descortinando mais e mais claramente, pois a vivência de décadas no mercado imobiliário me trouxe experiência tanta que me dá condições de discutir esse tema com alguma cátedra. Entendo que é hora de se aglomeraram as melhores cabeças com entendimento sobre o assunto para que o hoje não seja melhor que o amanhã e nem pior que antes. Essa é uma necessidade premente, pois o estudo sistematizado e interdisciplinar da cidade e da questão urbana inclui um conjunto de medidas técnicas, administrativas, econômicas e sociais necessárias ao desenvolvimento racional e humano de Boa Vista.
Diante dessa realidade, já é hora de se promover um seminário ou qualquer outro evento nesse sentido, reunindo gente que possa contribuir para tais objetivos. Profissionais do ramo imobiliário, da construção civil, da arquitetura e urbanismo, técnicos dos órgãos governamentais, como Prefeitura, Estado, Assembleia e Tribunal de Justiça são os indicados para, com o apoio dos entes universitários e os órgãos reguladores, projetar a Boa Vista que devemos e queremos ter no futuro.
Isso não é apenas uma sugestão que faço, é uma necessidade premente, pois se não cuidarmos de estabelecer os caminhos para que a cidade possa pavimentar seu destino, que futuro ela e sua gente terão? Como disse acima, não melhor que antes.—————————————-O fogo-fátuo dos fatos – Jaime Brasil Filho*A manchete diz: Dilma bloqueia 10 bilhões de reais do Orçamento. É pura abstração. Quem do povo entende os complexos mecanismos dos orçamentos públicos? Quem consegue mensurar o que seriam 10 bilhões de reais?
A mídia esconde a verdade noticiando fatos, com palavras que mimetizam absurdos, ignomínias e abjeções como se fossem algo natural, ainda que incompreensível para a maioria. E, às vezes, as agências de notícias transformam fatos em fogo-fátuo, que assusta aqueles que não conhecem a conformação das assombrações nossas de cada dia. A base da ignorância e do medo que paralisa o povo é a própria informação, povoando todas as telas de celulares, computadores e televisores.
Foram 10 bilhões, realmente. Dez bilhões de gotas de suor do povo, e que o governo guardou em uma grande cofre chamado Tesouro. É o nosso dinheiro bloqueado. Mas, bloqueado em relação a quê? A tudo. É o nosso suor que não servirá para educar os nossos filhos, que não se prestará a comprar remédios para os doentes e que não tampará os buracos das rodovias. São dez bilhões que deixarão de ir para os serviços públicos. Outra pergunta: foi bloqueado para quê? Aí vem o pior… Bloqueado para saldar juros dos especuladores e banqueiros. O mesmo banqueiro Esteves que está na cadeia deverá se beneficiar com esse bloqueio.
Sim. Porque no mundo em que vivemos, no mundo inteiro, ressalte-se, pode faltar dinheiro para tudo e para todos, menos para os banqueiros. Essa é a lógica perversa e absurda que ninguém quer atacar. Pode faltar comida para os pobres e remédios para aplacar as enfermidades, mas o capitalismo não deixa faltar dinheiro para os bancos e banqueiros. Se alguém se atrever a dizer que quer sair dessa lógica, será imediatamente expulso do comércio internacional, e se isolará tecnologicamente. Será, como se diz, um país “atrasado” e falido.
A Grécia pensou: purgatório capitalista ou o inferno já? Preferiu o purgatório. E os banqueiros se riem. Sugarão um povo, uma nação, durante décadas. Saquearão de acordo com as leis gregas os bolsos dos gregos. No Brasil se passa o mesmo. No mundo todo. Os banqueiros criaram um labirinto onde eles são Minotauros e não há Teseu para nos salvar.
Por outro lado, ao permanecermos dentro desse jogo econômico, mantemos a sangria que nos acompanha há mais de 500 anos, e que foi conduzida, desde a proclamação da República, por todos os tipos de governo, desde as ditaduras militares, passando por falsos sociais-democratas e falsas esquerdas. No atual espectro político dominante a direita, o PSDB, o PMDB e o PT (e aliados) cumpriram e cumprem o mesmo papel, saciar a fome infinita dos banqueiros capitalistas.
O curioso é que a mesma imprensa que publica a manchete de bloqueio de 10 bilhões de reais, insinuando criticar o governo, é a mesma que seria implacável em acusar o governo de incompetente e desastrado caso os banqueiros não tivessem esse aceno de que pagaremos os seus juros imorais. Se Dilma não bloqueasse, a imprensa iria criticar ainda mais.
Se o bloqueio de 10 bilhões é parte do atual capítulo em que vivemos, o tal “equilíbrio fiscal” é o nome do filme. Mas, não tem equilíbrio nenhum, nunca teve, nem antes da proclamação da independência do Brasil, e nem depois.
Estamos sempre devendo sem poder pagar. Mas, devendo o quê? O dinheiro que meia dúzia larápios de gravata tomou emprestado em nosso nome? Devemos o quê, depois de vermos o patrimônio público, construído com o nosso suor, ser entregue nas mãos das grandes corporações e bancos em privatizações criminosas capitaneadas pelo PSDB, como é o caso da Vale e, que agora, com a Samarco, fez o que fez no vale do Rio Doce? Devemos o quê, depois de entregar ouro, prata, diamante e esmeralda para a metrópole colonial, depois de termos transferido o patrimônio público, com riquezas do subsolo e tudo, para as corporações e o dinheiro dos impostos para os banqueiros?
Não devemos nada! Toda essa dívida e essa lógica econômica fazem parte de um pesadelo imposto pela indústria cultural, pelos governos e pela mídia, como se fosse única possibilidade de mundo.
No mundo temos tecnologia de sobra, produção de sobra e energia de sobra. Se não tivéssemos obsolescência programada dos produtos fabricados e desperdício e concentração de alimentos nas mãos especulativas, o mundo estaria bastando para todos, e até sobrando. Mas, a lógica do capitalismo é a escassez, e não a abundância. Ao capitalismo só interessa a sua insatisfação eterna, a sua infelicidade cotidiana, que poderá ser momentaneamente suprimida com algum novo produto desnecessário.
Somos construídos pelo sistema para sermos consumidos por ele, criamos nossos filhos para alimentar esse mesmo sistema que, ao final, funciona exclusivamente para aumentar a apropriação privada e concentrada de todos os bem naturais e de todos os recursos produzidos pelo trabalho humano.
As escolas de economia são grandes falseadoras da realidade. Ensinam apenas a como pensar o mundo a partir de uma única lógica econômica, esta mesma que nos destrói. É como se a economia não fosse uma ciência humana e não fosse também uma construção de subjetividades, de apreensões e invenções que podem, e devem, ser entendidas e transformadas em função das reais necessidades da humanidade, e não de meia-dúzia de gananciosos insanos.
Repetindo uma expressão que li em algum lugar: “o Brasil é apenas um vagão de commodities atrelado ao trem do capitalismo mundial”. Capitalismo esse que está nos levando ao abismo, à destruição da biosfera e à aniquilação de povos e culturas.
Dentro dos paradigmas atuais não há saída para a humanidade e para a vida no planeta.
O grande debate do nosso tempo vai muito além das escolhas diante dos marcos econômicos e políticos que nos cercam. Precisamos romper o cerco e criar um outro mundo.
*Defensor Público———————————————-Os célebres – Afonso Rodrigues de Oliveira*“De nada vale a celebridade, quando os grandes crimes também a conseguem”. (Marquês de Maricá)Francamente, eu gostaria de falar de coisas mais amenas, neste fim de semana. Sabe de uma coisa? A felicidade e a infelicidade estão dentro de cada um de nós. Você sabe disso. Então não vamos dixar que a infelicidade faça parte do nosso dia a dia. Vamos ver o desagradável como natural. Mas sem acomodá-lo; a naturalidade está em não deixar que ele invada nossos sentimentos. Mas fica difícil pra dedéu a gente não se aborrecer com as notícias vindas pela televisão, sobre o lamaçal na política brasileira. Ele é infinitamente superior, em volume, ao que destruiu a cidade de Mariana. Você se lembra dos “Caras pintadas”? Eles estão de volta, só que se esquecendo de pintar as caras. O que indica que tudo é cíclico. Só que os caras não-pintadas estão mostrando um pouco mais de racionalidade nas ações. Tomara.
Tirar a Dilma do poder seria a coisa mais razoável no momento, desde que tivéssemos quem a substituisse. Mas, pelo que vemos, vamos apenas trocar seis por meia dúzia. Então vamos deixar como está e nos prepararmos, em nós mesmos, para substituir a Dilma com um voto inteligente, democrático e sustentáculo para uma democracia de fato e de direito. Afinal de contas a Dilma não foi nomeada para o cargo que ocupa, mas leita por uma maioria de eleitores despreparados. Então, cabe, a cada eleitor que votou na Dilma, expiar-se pelo seu erro. E a melhor maneira de se aprender com os erros é não voltar a praticá-los. Diz o dito popular: “Errar é humano, mas insistir no erro é estupidez”.
Vamos prestar mais atenção aos movimentos de rua mais civilizados. Eles devem existir, claro. Mas dentro de um padrão de civilidade que nos indique a encruzilhada que demos tomar, já que estamos caminhando, de olhos vendados, por uma democracia que ainda não se descobriu. E o “cidadão” atual ainda não aprendeu nem compreendeu, que ele nunca será um cidadão de fato e de direito, enquanto for obrigado a votar, e votar em candidatos que não merecem seu voto. E já que não nos educam nem nos ensinam a ser cidadãos, vamos aprender dentro de casa. Prestar mais atenção às diferenças que existem entre votar por obrigação, e votar por dever de cidadão.
Mas isso exige muito autoestima e autoconhecimento. Comece a pensar nisso e fazer de você um cidadão, ou cidadã, não importa; o que importa é que sejamos livres. E cada um de nós tem o poder de se livrar das algemas que nos são impostas por incompetentes, desonestos e até bandidos, que elegemos com nossa ignorância política. Pense nisso.
*[email protected] 99121-1460 ————————————————ESPAÇO DO LEITORCORREIOS“Desde o início desta semana os Correios estão oferecendo um péssimo atendimento aos clientes, com falhas direto no sistema. Para piorar, na sexta-feira parou de vez de funcionar, ocasionando problemas para quem necessitava colocar correspondências via Sedex. Acho um absurdo, pois além de ser um serviço que possui um custo elevado e pela procura constante pelo serviço, a direção já deveria ter providenciado a contratação de um sistema confiável de atendimento ao consumidor”, relatou Antonia Conceição Maia.AUMENTO 1O leitor Agenor Magalhães comentou: “Nem nos recuperamos do aumento de mais de 2% da gasolina, chega a informação que o próximo vilão que irá impactar o orçamento do roraimense será desta vez o gás de cozinha. O interessante é que, com isso, por consequência, deve aumentar o valor das refeições, dificultando ainda mais para quem realizar suas refeições em restaurantes e feiras. É um absurdo, estamos fechando o mês de dezembro no vermelho”.AUMENTO 2 “Não faz muito tempo que a justificativa para o valor no preço da gasolina praticado aqui, em Roraima, era por conta no valor do frete. Agora se fala em reajuste quinzenalmente por conta do reajuste repassado pela Petrobras. Com isso, os consumidores locais continuam pagando um valor absurdo no preço do combustível. Neste último aumento concedido há dois dias, na maioria dos postos existe um valor único de R$ 3,90 por litro”, escreveu o leitor Halan Deny.POLICIAMENTOO internauta Emerson Lima Albuquerque enviou o seguinte comentário: “Acho louvável a intenção do novo comando da Polícia Militar de buscar a implantação da Polícia Comunitária, mas antes é necessário que o comando percorra algumas unidades do interior e verifique a situação em que se encontram os postos de policiamento que atendem a comunidade. Além de estarem em péssimas condições estruturais, existe outro problema, que é o aparelhamento da tropa com novas viaturas, já que o programa Ronda no Bairro sofreu uma redução significativa do número de veículos”.