O mercado de imóveis está em suas mãos – Erasmo Sabino*
Existe uma bolha imobiliária no Brasil? Além dos argumentos técnicos e empresariais que entremeiam o mercado imobiliário, que aprendi a respeitar em mais de 35 anos de experiência, essa é uma questão que em Roraima carece de alguns outros argumentos que tenham necessariamente cores regionais para ser respondida.
A começar pela incipiência desse mercado, que ainda é frágil, embora esteja em franca expansão, travado muitas vezes por uma legislação insuficiente e incompleta que não permite a livre iniciativa dos empreendedores. O que, convenhamos, impede o suprimento das necessidades geradas pelo crescimento aritmético da população de Boa Vista, fator que, portanto, leva à necessidade de uma ampliação geográfica da sua área urbana.
Quando cheguei a Roraima, no final dos anos 70, a cidade tinha o quê, 60 mil habitantes? Talvez um pouco mais um pouco menos. Sua área urbana se resumia a um concentrado que ia do lavrado do Caçari ao lavrado do Pricumã. Onde, aliás, surgiriam depois dois conjuntos habitacionais que por algum tempo acomodariam todos os novos moradores que foram chegando a fim atender ao serviço público, quase todo então nas mãos dos que vinham para cá comandar o território federal.
De couro curtido pelo sol nordestino, trouxe na alma o sentimento de bravura indômita dos filhos de Equador, minha saudosa cidadezinha natal fincada no sertão potiguar. Como eles fui capaz de explorar o mundo sem medo ou covardia e vislumbrei na imensidão de Roraima um mercado imobiliário sem fronteiras. Depois de ajudar Boa Vista a se tornar a cidade maravilhosa que encanta a todos, me dou por feliz e orgulhoso de ter sido não apenas um visionários, mas uma espécie de profeta do mercado imobiliário das terras Macuxi.
Esse mesmo mercado me deu muitas alegrias e alguma tristeza ao longo destes anos todos, por conta dos acertos e desacertos normais que apanham os seres humanos no seu dia-a-dia. Mas ele sempre foi generoso e segue garantindo, e isso posso dizer de cátedra, que um lote de terra é ainda o melhor investimento para quem tem consciência da necessidade de garantir seu futuro e o das próximas gerações. Como diz o ditado, quem investe em terra não se enterra, pois esse é um ativo muito melhor que qualquer outro. É mais seguro que a poupança, pois terra nunca se desvaloriza e não depende da inflação para valer mais ou menos. Imóveis sempre tiveram e terão sempre uma taxa de valorização muito acima da média. Por isso, esse é um futuro que está nas suas mãos, caro leitor.
*Empresário
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O Bloco do Mujica – Jaime Brasil Filho*
Carnaval é alegria. É festa. Nós que também somos herdeiros do modo de viver indígena, sabemos que a lógica pequeno-burguesa da eterna austeridade é a negação da própria condição humana. Via de regra, as comunidades indígenas fazem festa quando há excedente de comida. Não vão estocar indefinidamente, planejando o uso do alimento para que nunca falte.
Diferentemente da tradição do europeu médio, nós queremos abundância para viver e não apenas viver para que a vida nos passe toda previsível e sob controle, simplesmente porque isso não é possível. A vida neste quadrante no universo é exceção, e ela se renova rapidamente sob o ciclo do nascimento e da morte. Quem está vivo e busca ter consciência tem que oferecer conteúdo à existência.
Quem vive apenas para a austeridade, no fundo, apesar de aparentemente não lhe faltar recursos, nunca os possui. Todos os centavos que são contados também são descontados de nossas vidas de alguma maneira.
Os nossos irmãos indígenas sabem que festa é algo sagrado, que é o momento em que deixamos de viver subjugados pelas vicissitudes do ambiente e da vida. É quando deixamos para trás o trabalho árduo necessário e submetemos a vida à dança, ao canto, à gregariedade, à transcendência, ao amor.
Portanto, festejar não é desperdiçar, é doar, mesmo que seja pouco, àquilo que é mais importante: à vida. Festejar é humanizar. É ser gente. Festejar é ser feliz com o que se tem, e com o que se é, junto com quem se ama.
Como bem diz uma música que ouvi na voz de Milton Nascimento: “amigo é o melhor lugar”.
O carnaval é uma festa popular, apropriada historicamente pelos brasileiros. Antigamente em cada cidade, cada lugar, as pessoas saíam espontaneamente às ruas a festejar. Mas a indústria cultural e o mercado trataram de tentar destruí-lo criando um “mainstream” onde o carnaval se tornou uma mercadoria em que somente os que podem pagar podem usufruir.
Mas, não, felizmente o carnaval resistiu. Não precisamos viajar para Salvador ou Rio de Janeiro para que exista carnaval. O seu carnaval deve estar em você, junto com quem você gosta. Nesse sentido o carnaval também é uma forma de resistência popular.
Para um racionalista qualquer, este carnaval que estamos hoje a vivenciar não faz sentido, pois vivemos uma crise econômica nacional e, aqui em Roraima, não estamos em melhor situação.
Para piorar, amargamos um El Niño desde abril de 2014 que já deixou o Rio Branco, já tão ameaçado pelos governos e seus projetos mirabolantes e inúteis, com o menor volume d’água da história. Dá vontade de chorar quando vejo o Rio Branco naquela situação.
Dona Dilma segue como no ano passado, retoma junto ao congresso a sua pauta neoliberal de governo. Acena com a entrega do Pré-sal para as multinacionais e tenta aprovar uma reforma previdenciária que apenas fará o povo trabalhar mais, sofrer mais, para, ao fim, ter um pouco mais de dinheiro para ela entregar aos multibilionários banqueiros e especuladores.
Diante desse quadro, perguntaríamos a nós mesmos: carnaval, por quê?
Porque a vida tem que ser vivida da melhor forma. Porque justamente nos momentos de dificuldades é que devemos nos unir àqueles que gostamos, buscando ultrapassar, ainda que momentaneamente, as conjunturas materiais da vida.
Temos que lutar e combater esses cínicos e facínoras que roubam o suor do povo, mas temos que festejar a vida ao lado desse mesmo povo que amamos e do qual fazemos parte.
O Bloco do Mujica homenageia exatamente um homem que sempre foi um exemplo de luta e resistência. Pepe Mujica. Um homem que viveu anos em uma cela solitária e não enlouqueceu. Alguém que manteve seus ideais de liberdade, de solidariedade e de amor à humanidade. Um bravo militante político de esquerda que sempre esteve ao lado do seu povo e que foi presidente do seu país, e que não enriqueceu.
Mujica é autor de frases memoráveis como esta: “A vida escapa e se vai minuto a minuto e vocês não podem ir ao supermercado comprar a vida. Então lutem para vivê-la, para dar conteúdo a ela”. Ou esta: “Tive que aguentar 14 anos em cana (…) Nas noites que me davam um colchão eu me sentia confortável. Aprendi que se você não pode ser feliz com poucas coisas, você não vai ser feliz com muitas coisas. A solidão da prisão me fez valorizar muitas coisas.” E ainda: “O que é que chama a atenção mundial? Que vivo com pouco, em uma casa simples, que ando em um carrinho velho, essas são as notícias? Então este mundo está louco, porque o normal surpreende.”
E é neste clima que vamos, jovens, velhos e crianças, na próxima terça-feira de carnaval, entrar na avenida para mostrarmos que amamos a vida e a alegria, que sabemos festejar e amar, mas que não deixamos para trás a nossa visão crítica e de luta por um mundo melhor.
O Bloco do Mujica não exige abadá, não tem cordas, e não tem preconceito. Justamente foram as leis aprovadas no Uruguai sob a batuta de Mujica, leis estas que vão na contramão do fascismo, do conservadorismo moralista e de direita, leis e que primaram pela liberdade do uso do corpo de cada um, que nos estimularam a nos reunirmos e a dizer que queremos ser livres e felizes.
Todos aqueles que não deixam a vida passar em branco e que lutam por sua terra e por sua gente, e, que, ao mesmo tempo, sabem e sentem que somos todos irmãos e irmãs neste tão belo e maltratado planeta, todos, repito, estão convidados a festejar conosco.
Viva o carnaval. Viva Mujica.
*Defensor Público
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No cadinho da evolução – Afonso Rodrigues de Oliveira*
“A condição mais substancial do voto é a sua liberdade. Sem liberdade não há voto”. (Rui Barbosa)
Na verdade nunca tivemos liberdade no voto. E o pior é que ainda são poucas as pessoas que percebem isso. Ainda não nos ensinaram, nem nas escolas nem nos lares, que não temos nenhuma liberdade na escolha dos nossos representantes na política. Ainda não nos ensinaram que não há como viver civilizadamente sem política. E não teremos uma política civilizada enquanto não formos um povo civilizado. O que ainda não somos. Ainda somos obrigados a votar quando deveríamos votar por dever e não por obrigação. Mas os políticos ainda não têm coragem de lutar pelo nosso voto facultativo, porque sabem que ainda não saberemos usá-lo. Mas o problema não está aí. Está em ninguém estar nem aí para nos civilizar a ponto de sabermos que devemos votar por dever e não por obrigação. E como votar por dever, se ainda não somos capazes de saber quais os nossos deveres de cidadãos?
Faça uma reflexão sobre sua condição no palco da cidadania. Estamos nos “preparando” para as próximas eleições. Que preparação você está fazendo? Que critério você está adotando para a escolha do seu candidato? Por que ele é bonito, simpático, por que fala mais do que a boca, ou porque é um político preparado politicamente? Ou você ainda vai votar no cara, porque ele rouba, mas faz? Como você encara o dever no voto? Ou ainda não percebeu que todo o poder de cidadania de que você necessita está na sua responsabilidade na escolha do seu representante nos poderes? Tudo bem. Vou moderar no papo. Mas estive dando uma voltinha pelo centrão de São Paulo, ontem pela manhã e percebi bem, quanto ainda somos incompetentes nas nossas escolhas. Ainda não sabemos que somos os donos. Que tudo que desejamos dos políticos é que eles cumpram com os compromissos, conosco, assumidos nas campanhas eleitorais. E ainda não somos capazes de perceber isso.
Todo o desmando na política nacional é culpa da nossa ignorância política. E isso não quer dizer que não temos bons políticos no Brasil. Mas eles, infelizmente, são exceções, e que por isso não conseguem cumprir com suas obrigações. Os maus são os mais. São a maioria apoiada por nós mesmos. Ontem ouvi um cidadão comentando que não deveríamos nos preocupar tanto, porque a corrupção é internacional. Todos nós sabemos disso. Mas não sabemos que não devemos seguir nossa linha apoiados nos maus exemplos internacionais. Afinal de contas somos responsáveis pelo nosso futuro. E o que estamos colhendo é fruto do que vimos plantando através dos tempos. Pense nisso.
*[email protected] 99121-1460
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ESPAÇO DO LEITOR
SEM DINHEIROO leitor Marco Antonio do Nascimento ([email protected]) enviou a seguinte reclamação: “A agência do Banco do Brasil em São João da Baliza está um caos no que diz respeito ao atendimento aos clientes. Pasmem, mas a agência 3783-4, que atende os municípios de São Luiz, São João da Baliza e Caroebe, chega a ficar até três dias sem dinheiro nos caixas de autoatendimento. Sem contar que, quando os clientes precisam dos serviços internos, alguns chegam a esperar quatro horas ou mais para serem atendidos. Isso é uma total falta de respeito com os correntistas desta agência”.
FISCALIZAÇÃO“Neste período de feriado prolongado aumenta a demanda pela venda de passagens interestadual e intermunicipal. Aproveitando-se deste período, muitos idosos se deslocam ao interior do Estado ou até mesmo a Manaus. Gostaria de reforçar o pedido para que seja intensificada a fiscalização nos ônibus que realizam estas rotas para garantir o cumprimento da lei de gratuidade aos idosos acima de 60 anos, já que é de responsabilidade do Conselho Rodoviário Estadual (CRE) a realização desta vistoria. Algumas empresas alegam não existir mais disponibilidade de assento, como ocorreu esta semana com minha mãe”, relatou Miriam Araújo Castro.
POSTOSO internauta Mário Jorge Colares Farias comentou: “Só pra gente não esquecer: a promessa que os postos de saúde iriam funcionar 24 horas foi feita na eleição passada pela prefeita Teresa. Faltando nove meses para a próxima eleição, nem uma foi implantada. Mas o que importa isso? O povo gosta mesmo é de belas praças e flores.”
TRÁFICOLeandro Veras enviou e-mail comentando a respeito do tráfico de animais na fronteira com a Venezuela: “Só vão tomar atitudes efetivas quando a situação piorar. Vão querer fazer igual ao mosquito da dengue. Enquanto só passava a dengue, tudo bem. Agora, com o zika vírus e a questão da microcefalia, começaram a agir. Quando começarem a entrar, no país, animais contaminados pela raiva aí, sim, tomarão alguma atitude. Enquanto isso, nada vai acontecer.