Opinião

Opiniao 06 04 2017 3877

A qualidade dos nossos professores: o problema que deixamos para depois – Victoria Angelo Bacon*Assustadoramente, os cursos de licenciatura que formam a massa de professores para atuar na educação básica e tecnológica tiveram os piores resultados desde o início do ENADE quando ainda recebia o nome de Provão do MEC no final dos anos 90. Preocupante, pois além dos cursos estarem fracos e com altíssima evasão, os cursos de licenciaturas estão se esvaziando no tempo e no espaço em relação aos cursos de bacharelados e tecnológicos. Com a proliferação dos cursos EAD em todas as regiões do Brasil, mesmo as mais distantes dos grandes centros urbanos, aqueles que ingressam para obter o tão sonhado “canudo” de nível superior, preferencialmente optarão por cursos que não sejam ligados ao universo acadêmicos das licenciaturas. Nos cursos gratuitos das instituições públicas de ensino superior, a demanda é baixa bem como as notas de corte do Exame Nacional do Ensino Médio e dos vestibulares tradicionais, pois algumas instituições federais e estaduais adotam ainda o vestibular tradicional e qualidade dos alunos que serão os futuros professores também aquém do esperado.

As próximas gerações tendem a ter uma educação precária, o que pode reproduzir a pobreza por causa da menor qualidade dos novos professores.

“Os alunos que teriam vocação para o magistério muitas vezes são desestimulados pela própria família pelas condições precárias da profissão, baixos salários e descaso do poder público”, lamenta Dora Megid, diretora da Faculdade de Educação da PUC-Campinas. “Acredito no potencial dos alunos de baixa renda, que conquistam resultados brilhantes em faculdades bastante exigentes, mas se não houver algum incremento nas condições de trabalho, esses mesmos estudantes acabam deixando de lecionar”, alerta.

O estudo aponta também que em nenhuma região do país existe uma política para atrair melhores estudantes para o magistério.

Uma combinação perversa solapa o futuro de milhares de brasileiros e do próprio país: a falta de incentivos para a carreira docente e a péssima formação oferecida por cursos de baixíssima qualidade, em especial os ofertados por escolas privadas que têm como único objetivo o lucro e não a rigorosa formação do aluno. Para eles, rigor pode significar a evasão e evasão significa menos dinheiro no caixa. Esta é a lógica, infelizmente. Com baixo salário em relação a outras carreiras de nível superior, estresse, depressão e falta de incentivo à carreira serão os motes que a cada ano afastarão possíveis talentos para a carreira da educação. Enquanto isto, o país continua jogando fora seu futuro em desenvolvimento científico e tecnológico. *Secretária Executiva da Universidade Federal de Rondônia

A arte de representar – Vera Sábio*Na vida, cada pessoa dança de acordo com o ritmo que a vitrola da vida toca.

Somos acostumados a representar o tempo todo que Sócrates já dizia a grande frase que sempre repetimos: “quem sou eu”…

O mundo gira como um grande relógio, em que ninguém sabe o que acontecerá nos próximos segundos e uns se esforçam para que as próximas horas sejam programadas com suavidade; enquanto outros pouco se importam quem será a próxima vítima a ser devorada por este mundo que tanto morre como nasce a cada segundo…

No palco da vida, os que representam os melhores papéis, com toda dedicação e vontade de serem as estrelas do momento, têm maior possibilidade de lá chegarem, tanto com respeito e dignidade, como por estradas sombrias, cortando vários períodos de aperfeiçoamento que os permitem se tornarem melhores e mais lapidados.

Invertem-se os valores e a vontade da chegada é maior do que a da caminhada. Sem perceber que o melhor é persistir, conquistar, lutar, desbravar, e tantos verbos que dá o verdadeiro sabor que a vida tem.

A chegada só acontece realmente quando todos os ritmos já foram dançados e está na hora de apagar a chama da vida, ou seja, o espetáculo já acabou…

Portanto, lapide seu tesouro, valorize seu poder de persuadir, ensaie a melhor cena e entenda: “ninguém é vítima dos outros e sim, só de si mesmo…”

Em cada apresentação, “em cada sol nascente”; temos a nova oportunidade de representarmos diferente…

Em cada novo capítulo, “em cada sol poente”, temos a oportunidade de descansarmos, refletirmos e prepararmos para os novos espetáculos, com muito mais entusiasmo e com bem mais perfeição…

Quem não aproveita estas chances, perde a vez e outros melhores preparados ocupam o papel principal; e o culpado por isto, não é outra pessoa; e sim cada um que deixou o relógio girar sem o passo necessário para acompanhá-lo.

Deixe o passado como quadros na parede onde enfeitem nossa existência e nos dê a chance de ao observá-lo, percebamos que agora podemos fazer melhor. O passado nunca é o amuleto, o espelho para refletir o futuro, e sim, no máximo um retrovisor para observar o ontem, sem deixar de olhar para frente…

Segure-se na vida, dê a mão à paciência; lenta em seu caminhar, mas sempre adiante. Abrace a fé, plante a esperança e regue o perdão.

Aproveite a cada instante como se fosse o último, mas com forças suficientes para que seja o primeiro…*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e [email protected](95) 991687731

Escravidão moderna – Ranior Almeida Viana*Conforme havia falado semana passada aqui neste mesmo espaço a respeito do projeto de lei que regulamenta a terceirização realizando atividade-fim, foi sancionado e tornou-se a Lei n° 13.429/17 pelo Presidente da República e publicada em edição extra do Diário Oficial da União de 31/03/2017.

Com a regra o empregador poderá ter um trabalhador por até 9 meses e substitui-lo com o fim do prazo, ótimo para as empresas terceirizadas. E para o trabalhador e trabalhadora? Esses ficam sem segurança nenhuma, constantemente trocados como se fossem mercadoria descartável, afinal o que não faltará é demanda e submissão a estes trabalhos mesmo sendo oferecidas em condições prejudiciais a esses em um país que há uma grande massa de desempregados.

A “escravidão moderna” imposta por essa lei será evidenciada na labuta diária a classe trabalhadora ficará sem nenhum vínculo empregatício e também sem a garantia dos direitos consagrados pela Consolidação das Leis do Trabalho. As reformas e mudanças que o Governo Federal vem implantando, tirando muitos direitos de trabalhadores, leva a crer que este é o Brasil que eles veem, é o País que interessa a eles mesmos.

Analisando agora o espectro local, existem empresas que prestam serviços terceirizados ao poder público, que têm maltratado bastante seus funcionários. Só para ilustrar vejamos o título de uma matéria publicado no jornal folha de Boa Vista em 17/11/2016: “Servidores de terceirizadas denunciam atraso salarial” neste caso especificamente esses servidores estavam há quatro meses sem receber seus salários. Essa conduta desrespeitosa não foi a primeira e nem será a última que acontece.

O mais intrigante é que na maioria destes casos há contradição nas falas da empresa e do governo, um afirmando que não foi repassado o recurso e outro dizendo que foi feito repasse. Com relação aos encargos trabalhistas, o Supremo Tribunal Federal decidiu no último dia 30/03/17 que é de total responsabilidade das empresas e não da administração pública.

Por fim, que estas empresas não sirvam apenas como cartéis eleitorais (comum ver empregados terceirizados fazendo campanha) para que posteriormente tenham certas facilidades em licitações/contratos. E que saibam tratar com dignidade seus empregados, sem deixar faltar a remuneração, pois como diz no cartaz de uma trabalhadora, “Não trabalhamos fiado” e que o governo fiscalize a relação de trabalho da empresa contratada com os empregados.      *Licenciado em Sociologia – UERR, Bacharelando em Ciências Sociais – [email protected]   

A cara é sua – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Finalmente ria das coisas à sua volta, ria dos seus problemas, de seus erros, ria da vida. A gente começa a ser feliz quando é capaz de rir da gente mesmo”. (Aristóteles Onassis)Nada é mais aborrecido do que uma cara carrancuda. Quando não somos felizes transmitimos nossa infelicidade através da cara amarrada. É claro que a cara é sua e você pode mostrá-la da maneira que lhe convier.

Mas isso tem um preço. E geralmente o preço é muito alto, embora não pareça. E isso faz parte das Relações Humanas no Trabalho e na Família. Sua cara amarrada, no trabalho, pode estar indicando seu mau relacionamento familiar. E quando não nos relacionamos bem na família, não há como nos relacionarmos, bem no trabalho. E isso traz prejuízo, tanto para você quando para seus colegas de trabalho, e a empresa.

As grandes empresas vêm desenvolvendo métodos de aprimoramento nos seus quadros de funcionários. Infelizmente a marcha ainda está muito lenta. Em todas as atividades profissionais há a necessidadedo Controle de Qualidade, o famoso CQ. E não há controle de qualidade sem relações humanas. E não pode haver bom desenvolvimento, na empresa que não levar isso em consideração. É na recepção da empresa que encontramos seu “cartão de visitas”, no atendimento da recepcionista. Nada mais decepcionante do que um mau atendimento na recepção.

Já houve uma época em que empresas despreparadas cometiam esse erro: quando a funcionária não se enquadrava em nenhuma atividade na empresa, ela era mandada para a recepção. Porque, segundo o chefe, na recepção ela não tinha o que fazer. Há exatamente cinquenta anos, a indústria paulista iniciou um movimento notável, na procura do aprimoramento no trabalho, através do relacionamento humano. Mas há um entrave no caminho do desenvolvimento. Não há bom relacionamento humano sem uma boa educação. Este é o ponto de partida.

Adoro falar sobre relações humanas no trabalho. E o mais cativante na relação é sua simplicidade. O que implica dificuldade em se levar o conhecimento a empresas que ainda funcionam na regra da chefia. Ainda não estamos preparados para substituir o chefe pelo líder. E não há liderança sem motivação e relações familiares. E mesmo que isso lhe pareça estranho, só quando entendermos isso entenderemos o que Eisenhower quis dizer, quando disse: “Motivação é a arte de levar pessoas a fazerem o que você quer que elas façam por vontade delas”. E não nos esqueçamos que isso vale para todos os patamares do profissionalismo; do mais simples ao mais elevado. Afinal, as relações são humanas e racionais, estejamos onde estivermos. Pense nisso. *[email protected]