O bom paraibano – Walber Aguiar*Alguém é tanto mais santo quanto mais humano seja. Caio Fábio Três horas da tarde. O primeiro passou de largo, o segundo afastou-se, o terceiro estendeu a mão e tocou as chagas do ferido. Os homens da religião, sacerdote e levita, estavam apressados demais para se aproximar do que fora vitimado pelos ladrões de estrada. Os homens públicos também.
Aqui também eram três horas da tarde. Homens caídos à margem. Gente vitimada pelos ladrões de gravata, pelos bandidos de colarinho branco; aqueles que fazem grandes saques que desviam o dinheiro público, que compram votos, que agem com cinismo e tripudiam sobre os miseráveis; que engordam seus corações em dias de matança.
Ora, sacerdotes e levitas modernos fazem parte da religião institucionalizada. Vivem do legalismo, inventam doutrinas, louvam a estupidez numérica, as grandes massas humanas manipuladas em nome do sagrado. Preocupam-se apenas com o grande guarda chuva denominacional. Assim, para não chegarem atrasados, desprezam os desgraçados desse mundo.
Da mesma forma, outras instituições passam de largo. O legislativo não vota assuntos de interesse dos “párias”, do povo que vota e se mantém encurralado por quatro anos. O executivo abandona a patuléia quando elabora esquemas de lavagem de dinheiro, licitações viciadas, concursos de fachada e não cuida da segurança, da saúde, da educação e da cultura.
No entanto, ainda existem bons samaritanos e bons paraibanos. Gente que deixa seus afazeres, que ainda consegue parar e pensar no humano que carrega no peito. Sem toga, capa ou manto religioso, eles “perdem” tempo com os caídos e marginalizados, com aqueles que o sistema esqueceu e a vida empurrou para um canto.
Nos dias de Jesus temos o bom samaritano, nos dias atuais o bom paraibano. Rocelito Vito Joca, defensor público, usou o remédio jurídico que conhecia para tocar as feridas do detento, do desprezado, do homem esquecido pelo braço institucional. Parou seu incansável percurso jurídico e resolveu que, antes de se importar com o papel frio e sem vida, se importaria com o indivíduo estigmatizado pela dor e pela injustiça.
Quanto mais santo mais humano, “quanto mais cabra mais cabrito”, como diz o Rocelito…*Poeta, advogado, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected]. HTTP://confissoesdopoeta.blogspot.com
Não é pecado ser rico – Marlene de Andrade* “Não temas, porque Eu sou contigo…”. (Is.41.10 a).A maior parte dos seres humanos está querendo se tornar, semideuses. Infelizmente, muitos “crentes” também agem desse mesmo jeito, pois em vez de ir à igreja adorar a Deus vão ali atrás de sucesso e tal fato não acontece por acaso e sim porque tem pastores e agora até padres, manipulando os fiéis nesse sentido. No entanto, Martinho Lutero deixou muito claro que somente vale as Santas Escrituras.
Além das igrejas, não todas, tentarem manipular a fé cristã, elas têm se tornado uma instituição política e isso tem a ver com os mandados de Deus que não estão sendo cumpridos. Esses mandados são culturais, sociais e espirituais. Ademais, só somos avivados quando enchemos os nossos corações de temor e obediência a Deus, por isso, devemos, a começar por mim, viver com toda responsabilidade e diariamente deveríamos nos perguntar onde está a nossa fonte de satisfação, nos bens materiais e sociais ou em Deus?
Em lugar nenhum da Bíblia Deus fala que devemos viver para correr atrás dos bens materiais, mas muito pelo contrário Ele deixa claro, que no mundo teremos aflições, porém Ele é o nosso refúgio e fortaleza.
A igreja começou no Jardim do Édem e dali surgiu o povo israelita criado para ser o Corpo de Cristo dessa grande Instituição Divina. Foi por isso que João Batista chamou o povo que fingia servir a Deus de raça de víboras.
O mundo hoje, ou seja, as pessoas em geral, agem por sua livre agência e devido a todos esses fatos alguns “cristãos” tem caminhado a largos passos por esse caminho, o qual é extremamente materialista e perigoso. Dessa forma o mundo está se tornando um caos cada vez maior. Ora, é fácil entender isso já que nascemos para conhecer, adorar, louvar e servir a Deus.
Além disso, a igreja não é uma franquia para trazer enriquecimento aos fiéis e para alguns pastores espertalhões, mas o que vemos hoje? Um quadro de decadência e corrupção que vem se tornando irreversível, tanto em algumas igrejas como em muitas instituições, principalmente governamentais. Já pensou o que é um Presidente da República achar ótimo um empresário corrupto ter dois juízes e um procurador em suas mãos?
A fascinação pelas riquezas sufoca o homem e o faz se afastar de Deus e para obter sucesso nos seus planos, ele passa a cometer atrocidades. Que bom que soubessem que o melhor da vida é Cristo e não a acumulação de tesouros aqui na terra. As pessoas envolvidas na Lava-Jato e que já estão até presas, que o digam. *Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT
De que povo fazemos parte? – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Todo povo é uma besta que se deixa levar pelo cabresto” (Henrique IV)O Rei Henrique falou isso há cinco séculos, lá na França. E o que mudou de lá para cá, em relação ao comportamento político do nosso povo? Ou será que ainda continuamos presos pelo cabresto da ignorância? Politicamente falando, continuamos os mesmos do Henrique. Ainda não sabemos qual o nosso dever de cidadania. Ainda nos sentimos inferiores aos moralmente inferiores. E isso significa estar preso ao cabresto.
Estamos nos aproximando das eleições. E ao que estamos assistindo é o espetáculo costumeiro do engodo na administração pública. Sem estar, estradas estão sendo construídas, ruas asfaltadas e escolas reformadas. Todos os problemas que nos torturam através dos anos, estão sendo resolvidos. E o único problema que não se resolve é o do povo que não percebe que está sendo ludibriado com os blá-blá-blás cada vez mais fúteis. Explicações que não explicam; justificativas que não justificam e por aí afora.
Vamos acordar brasileiros? Vamos nos atentar que temos uma das piores educações do mundo. Que nunca seremos um país considerado rico e desenvolvido enquanto não formos um povo civilizado, educado e politicamente esclarecido. Quando será que vão ensinar aos nossos filhos e netos, que o voto é fundamental na política, e que ele só nos tornará cidadãos de fato, quando for facultativo. Mas para isso, é necessário que sejamos educados e civilizados para merecê-lo. E quem na política atual está interessado nisso? Quando as escolas estarão preparadas para educarem nossos descendentes? Já pensou nisso? Então pense. Não são tantos os brasileiros que sabem que dentro da democracia o voto deve ser um dever, e não uma obrigação. E nunca saberemos qual será nosso dever, enquanto ficarmos presos ao cabresto da ignorância. Porque, queiramos ou não, é assim que vivemos politicamente.
Comecemos por valorizar mais a política. Sem ela não seremos nada, nem ninguém. Seremos sempre títeres e marionetes de aventureiros que nos enrolam, nos traem e nos engodam com falatórios que só iludem os despreparados. E isso faz me lembrar daquele delegado paulistano que certa vez me disse, referindo-se aos vigaristas: “Não existiria vigaristas se não existissem os otários”. E se a nossa política está dominada por vigaristas, é bom que procuremos ver quem são os otários que os elegem. Vamos nos educar politicamente para que não continuemos fantoches de vigaristas que não merecem nosso respeito. “Se há um idiota no poder é porque os que o elegeram estão bem representados”. (Barão de Itararé). Pense nisso.