Você já se viu como realmente está?
Flavio Melo Ribeiro*
Já é de muito tempo o conhecimento, por parte dos psicólogos, da importância da técnica do espelho, quando o paciente consegue se ver através de uma cena protagonizada pelos outros. Dessa forma ele consegue avaliar a si mesmo, utilizando a crítica que usualmente faz aos outros. Assim consegue enxergar com tal clareza que fica difícil continuar se enganando. Quando essa técnica é utilizada em relacionamentos amorosos, ela adquire uma importância bastante significativa; visto que, em geral, o casal tem o desejo de continuar o relacionamento por muito tempo e, diante de tal técnica, algumas pessoas não teriam sequer começado o relacionamento se conseguissem prever o futuro. Claro que esse procedimento técnico não é utilizado com intuito de separar o casal, mas sim para apontar o que eles estão construindo no presente e no futuro.
Numa determinada utilização da técnica do espelho eu, como psicólogo, protagonizei o problema relatado por um casal. Ela reclamava que o marido lhe era grosseiro e a pressionava por meio de uma postura severa. Ela, por sua vez, relatava que diante dessas situações utilizava a birra para se defender, chegando a ficar três dias sem falar com ele, e o ignorava o máximo possível para que ele se sentisse mal. Diante dessas informações eu os dramatizei fazendo um pedido de casamento:
– Você aceita casar comigo? Prometo que serei grosseiro e agressivo quando você não fizer o que eu quero, fazendo você se sentir pressionada a agir como desejo – falou o marido.
– Sim, aceito. É meu sonho viver todos os dias de casada convivendo com alguém grosseiro e ríspido comigo, fazendo eu me sentir culpada quando não agir como esperado. E você aceita casar comigo? Prometo que serei birrenta, e farei você se sentir mal ao te ignorar por três dias seguidos, sempre que eu não aceitar uma situação imposta por você – Respondeu a esposa.
– Sim, aceito. É o que mais desejo, ser ignorado e, se possível, humilhado até que a morte nos separe – respondeu o marido.
Então perguntei para eles se aceitariam um pedido de casamento nesses termos, ambos foram honestos em responder que não.
Diante dessa situação foi possível trabalhar o que eles estavam construindo e o que eles esperavam viver nos próximos anos. Mas essas reflexões só têm efeito terapêutico se eles conseguirem se reconhecer diante de um sofrimento e o quanto eles próprios são responsáveis pelo que estão oferecendo ao outro e, consequentemente, a si próprio. Dessa forma, a técnica do espelho se mostra muito eficiente, pois rapidamente se explicita um problema muitas vezes vivido, no entanto, não conversado e, por conseguinte, não resolvido. As técnicas psicológicas têm a função de servir de catalizador, quer dizer, tem o objetivo de apressar o processo de superação dos problemas. Seja ela por meio de uma investigação, explicitação de um problema, ou mesmo para apontar soluções.
*Psicólogo – CRP12/00449
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Confissões do poeta
Walber Aguiar*
“Sempre precisei de um pouco de atenção, acho que nem sei quem sou, só sei do que não gosto.” (Renato Russo)
Era o dia 2 de dezembro. Dia de andar por aí sem fazer nada, tentando encontrar alguma coisa que ficou perdida no tempo. Dia de entender o ininteligível e desentender o cartesiano. Tempo de perceber o lado cinza do azul e o lado azul do cinza. Momento de enxergar com os olhos fechados.
Minha vida sempre foi marcada pela simplicidade e pela força do desapego, usando as coisas e amando as pessoas; nunca fiz questão de amealhar o distante, nunca quis possuir o impossível. Tendo aprendido a ler aos quatro anos, entendi que andar pelo labirinto das letras me faria bem. Nunca fui afeito a números, mas persegui a composição, o jogo de palavras, a superposição vocabular. Longe de tudo e de todos, perdido entre a imensidão do Negro e o mistério do Solimões, aprendi que a vida exige mais que páginas frias de um livro. Ela nos lança no caos urbano e no melancólico mundo racional.
Daí ter afirmado Salomão que quem aumenta ciência, aumenta tristeza. Isso porque, quanto mais sei mais sofro, mais entendo que as coisas poderiam ter tomado um rumo diferente. Aprendi com José Barbosa júnior que o conhecimento tem que servir para alguma coisa, não pode ser apenas elucubração filosófica ou cosmético de intelectual. Carece de dinamicidade pra se transformar em felicidade e experiência.
Em Boa Vista conheci a “caverna de Platão”, em Manaus percebi a sombra que se espreguiçava sobre ela. Descobri que a multidão delira, podendo ser transformada em qualquer coisa moldável, envolvida por esquemas de manipulação política e econômica. Por isso sou um ser a caminho, uma espécie de inteiro metade, de grande pequeno, de alguém que tenta se descobrir sem pressa e sem atropelos. Hoje, depois de muita porrada, aprendi com os caimbés a recomeçar sempre.
Seu Genésio me ensinou a ler, dona Maria me deu lições de vida. Drummond e outros me ensinaram a fazer a leitura poética do mundo. Dorval Magalhães me mostrou a importância do ouvir e os pastores Josué e Caio Fábio me iniciaram nas sagradas letras, na singularidade do evangelho de Jesus. Aí veio pastor Raimundo, com toda sua ternura filosófica e preencheu a lacuna que faltava.
E era 2 de dezembro. Dia de acenar para todos os portos da vida, na expectativa de que a felicidade esteja a caminho, não no destino final. Dia de celebrar a vida e esquecer a morte. Dia de chutar o balde e colher as flores vermelhas da poesia. Até que o dinheiro ou o esquecimento nos separe…
*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras
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Falaram bem: é melhor JÁ IR se acostumando
Marlene de Andrade*
“Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, aproveitando o tempo; porquanto os dias são maus. Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.” (Efésios 5: 15, 16 e 17).
Interessante é que o Lula sequer estudou em faculdade e a Dilma que se diz Mestre em economia, mal sabe conversar e ninguém da esquerda comenta nada a esse respeito e agora ficam desprestigiando o Bolsonaro porque não entende de economia e porque não sabe falar inglês. E o Lula sabe? Temer domina o inglês e a área de economia? No entanto, a esquerda vem questionando isso aos quatro cantos do Brasil acerca do Bolsonaro.
O que a esquerda deveria estar fazendo agora era enxergar a realidade e perceber seus erros e o que fez com seu governo desgovernado, o qual deixou 14 milhões de brasileiros desempregados, instituiu o Kit Gay, criou o “mensalão”, o “petrolão” e outras desgraças, fazendo-nos crer que a corrupção é algo “normal”. Sendo assim, o que o PT e seus aliados devem fazer neste momento histórico
e ficar bem quietinhos, pois eles não possuem moral para questionar Bolsonaro.
Paulo Guedes, o futuro Ministro da Fazenda, uma das pessoas que mais se notabilizou nessa área neste país, talvez até mesmo no mundo, vem aí para arrumar o setor econômico, independentemente de Bolsonaro entender de economia, ou não.
Moro, por sua vez, na Justiça vai exterminar com a corrupção e acabá-la de vez. Sendo assim, os esquerdistas corruptos terão que ir para a cadeia e desse jeito verão que presidente da República não precisa ser um grande erudito e sim uma pessoa honesta e com vontade de fazer o melhor pelo nosso país à moda do Prefeito de Colatina, no Espírito Santo.
Evidentemente, que presidente da República não é uma figura decorativa, mas não é obrigado entender de tudo, até porque isso não existe, pois ninguém consegue dominar todos os assuntos.
No entanto, Dilma ter querido nomear o Lula para a Casa Civil a fim de protegê-lo de cair nas mãos do Moro, isso nem um esquerdopata, à época comentou, por que será? E o Toffoli que não passou em concurso para ser juiz e foi protegido pelo Lula e elevado ao cargo de juiz do STF, isso eles não falam nada a esse respeito. É muita contradição e impossível compreender tanto absurdo e objeção por parte da esquerda brasileira.
*Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT – CRM 339 RQE 341
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De mãos dadas
Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Você pode dizer que sou um sonhador, mas não estou sozinho nisso. Espero que um dia você se junte a nós, e o mundo será como se fosse um só”. (John Lennon)
Uma das coisas que mais me aborrecem é as campanhas da igualdade. Imagino que quando você luta pela igualdade é porque se sente inferior. Quando nos sentimos superiores somos superiores. E não precisamos ficar exibindo o que somos no que apenas pensamos que somos. Lutar para ser admirado é uma tremenda tolice. Nossa superioridade está exatamente em saber o que realmente somos. Porque quando temos essa consciência sabemos e reconhecemos nossas limitações. Porque o que realmente temos de sobra, são limitações. Não fosse assim, o mundo não progrediria. Quando caímos na ilusão de pensar que chegamos ao topo, morremos caindo no mundo dos mortos-vivos. Quando sonhamos sabemos que as realizações são, nada mais, nada menos, do que etapas vencidas. E é isso que faz com que os horizontes sejam inatingíveis. E é por saber disso que não devemos deixar de lutar para atingi-los.
Correr na direção do horizonte em busca do sucesso é uma das lutas mais agradáveis e fortalecedoras, para quem realmente sonha. Entre nesse time. Mas não caia na esparrela de lutar no campo da competição. Os realmente competentes não competem. Eles fazem o que têm que fazer como deve ser feito, e vencem. Os vencedores sabem que o valor da vitória está condicionado ao valor do adversário. Vá à luta, mas sem o espírito de competição. E se quiser um exemplo notável de como se faz isso, lembre-se de Garrincha. Com certeza ele não sabia disso. Mas fazia isso. Ele não jogava para disputar, mas para mostrar o que ele era capaz de fazer melhor do que qualquer outro jogador de futebol. E era isso que ele fazia melhor do que qualquer um. Pena que os times de futebol até hoje não tenham se atentado para essa verdade. Ainda não desconfiaram que tão importante quanto preparar o jogador para o futebol é prepará-lo para o jogo.
Não importa qual seja sua atividade profissional. O que importa é que você esteja preparado para a execução. E nem todos os profissionais estão. Observamos isso todos os dias no modernismo do nosso comércio. As empresas estão exigindo pessoas preparadas para o serviço, mas ninguém está preparando. Ninguém está dando as mãos para o conjunto em círculo. Ainda há um resquício dos tempos das disputas, na competição. O tempo está, este sim, exigindo pessoas bem preparadas para o desenvolvimento da humanidade. E nós fazemos parte dela. Temos compromisso com ela. Vamos cumpri-los. Pense nisso.
*Articulista
9121-1460