Opinião

Opiniao 07 02 2015 599

Água: vida e saúde – Jaime Brasil Filho* A falta de água que assusta o Sudeste do país é proporcional à ignorância, à incompetência e à ganância desmesuradas dos agentes públicos e privados diretamente envolvidos. Ignorância quando são negligenciados os conhecimentos científicos mais modernos sobre o funcionamento da biosfera do planeta. Tudo o que há no mundo está interligado, não há nada que aconteça em um determinado lugar no ambiente que não repercuta em outros lugares do mundo. O Cerrado do Centro-Oeste brasileiro, enquanto bioma, está praticamente extinto. Ele foi responsável, durante milênios, pela distribuição de água para quase todas as bacias hidrográficas do Brasil. Não é à toa que o Cerrado se encontra em um planalto que é central, é dizer, está em uma imensa mesa geológica que derrama água para todos os lados, assim como uma jarra de água derramada sobre uma mesa de bar. Pois bem, os alertas sobre as consequências que o desmatamento do Cerrado traria não foram consideradas. Milhares de nascentes desapareceram devido à retirada da cobertura vegetal original e ao assoreamento dos cursos d’água. Mas, porque isso aconteceu? Porque o pessoal do grande agronegócio, das monoculturas extensivas de grãos se apropriaram das terras, desmatando-as, contaminando-as. Infelizmente a velha ideia do Brasil colônia, de que o ambiente existe para ser explorado a todo custo, e que o nosso destino é servir de “celeiro do mundo”, isto é, de eternos fornecedores de matérias-primas, ainda serve de horizonte para os cegos por poder e dinheiro. Há vários estudos que apontam para essa certeza: grande parte da crise hídrica do sudeste acontece devido à aniquilação do Cerrado. A Amazônia também influencia na quantidade de água que há no chuveiro dos paulistas e fluminenses. Há mais água nos céus da selva amazônica do que nos seus rios. São trilhões de toneladas anuais de vapor de água que segue o sentido inverso ao do fluxo da água da bacia amazônica, ou seja, esse verdadeiro rio de vapor corre de leste para oeste, até chegar à cordilheira dos Andes. Esse rio de vapor é essencial para o equilíbrio climático do continente inteiro, inclusive leva muitas chuvas ao sudeste quando as zonas de convergências se estabelecem entre essas regiões, levando parte desse rio flutuante para os céus do sudeste. Ocorre que para que esse rio de vapor possa existir é necessário que haja árvores, bilhões delas. São as árvores que lançam de volta ao ar o vapor de água proveniente das chuvas e da umidade do solo. Assim, não é difícil entender que com o desmatamento progressivo da Amazônia as chuvas no centro-sul do Brasil diminuem. E por que esse desmatamento ocorre? Pelo mesmo motivo que o desmatamento do Cerrado ocorreu: ganância. Não bastasse ser o agronegócio responsável, direta ou indiretamente, pelos desmatamentos da Amazônia e do Cerrado, pelo assoreamento dos rios e igarapés, ele ainda é o maior usuário de agua doce. O uso doméstico de água doce não ultrapassa 10%, a indústria se apropria entre 20% e 30%, entanto a agricultura e pecuária gasta entre 60% e 70% de toda a água disponível. Mas, alguém poderia falar: – É água pra produzir alimentos. Não é. Produzem commodities, ou seja grãos que são tratados como mercadoria especulativa nas bolsas de mercado futuro e que acabam servindo, quando muito, para baratear o custo de produção dos alimentos processados, industrializados, daqueles que já tem condições de adquirir comida. Ou seja, a soja, o milho, o arroz não vão parar no prato do pobre, vão apenas diminuir o custo de produção dos alimentos produzidos em laboratório. E o agronegócio não serve nem pra baratear esse tipo de alimento, porque o que diminui, como eu disse é o custo de produção, não o preço final ao consumidor, ou seja, aumenta apenas o lucro do dono da fábrica. Quer ver? Alguém já viu alimento industrializado baixar de preço no supermercado? Por que o arroz de Roraima tem o mesmo preço, ou muitas vezes é mais caro que o arroz que vem de outros estados para cá? Mas, não é só isso. Quando há mais ou menos 20 anos o PSDB paulista, e sua lógica plutocrática, resolveu transformar a SABESP em sociedade anônima e colocar suas ações na bolsa de valores de Nova Iorque, pronto. Foi o começo da incapacidade de reinvestimento dos lucros que a empresa auferia, isso porque os principais acionistas preferiram embolsar os dividendos do que reinvestir no planejamento, captação e distribuição de água potável. Aqui, em Roraima, apesar dos efeitos do El Niño, que estão nos atingindo desde abril de 2014, ainda não estamos em estado crítico, mas por muitas vezes a péssima relação com o meio-ambiente e o mal gerenciamento dos nossos recursos hídricos nos deixaram em situação muito ruim. Em 1998 o El Niño foi terrível, mas o que fez o fogo adentrar nas selvas de Roraima foi o desmatamento periférico às matas, em áreas de assentamento rural, já que na época o governo FHC queria melhorar as estatísticas da Reforma Agrária assentando agricultores nas chamadas “terras devolutas”, já que ele não queria contrariar os grandes latifundiários do centro sul do Brasil, assentando agricultores por lá. As ameaças aos nossos recursos hídricos continuam. Em Roraima a água é mal tratada, contaminada e desperdiçada. A nossa sorte é que as maiores áreas de terras indígenas ficam onde estão o maior número de nascentes e igarapés. Das áreas Yanomami, São Marcos e Raposa-Serra do Sol desce quase toda a água que chega em Boa Vista. E ainda tem gente querendo aprovar leis que permitiriam a mineração nessas áreas. Seria uma catástrofe ambiental se isso acontecesse. E ainda tem gente querendo matar todo o sistema hídrico da nossa única artéria: o Rio Branco. Construir uma hidrelétrica como alguns pretendem seria a extinção de todos os ciclos naturais que compõem o Vale do Rio Branco. O nosso vale. E isso para produzir uma quantidade de energia insignificante diante dos danos potenciais. Ainda temos chance de mantermo-nos relativamente fora da escassez hídrica que ameaça o planeta. Basta pensar primeiro na vida e na saúde, e não no dinheiro e no poder. *Defensor Público —————————————– Como disciplinar educando – Afonso Rodrigues de Oliveira* “Não se obtém a disciplina, cimento dos exércitos e garantia do seu valor, pelos meios violentos, mas pela educação do soldado e pelo desenvolvimento de relações afetuosas entre ele e a oficialidade”. (Rui Barbosa) As relações afetuosas fazem parte do desenvolvimento social. E este faz parte da nossa evolução, como seres de origem racional. E não podemos evoluir sem educação. E só quando nos educamos sabemos conviver. Afinal de contas somos uma sociedade cosmopolita e não um grupo troglodita. E até estes tiveram seu grau de evolução. As relações humanas têm nos ensinado que o respeito só é obtido com respeito. E quando nos conscientizamos disso respeitamos o próximo, independentemente de sua posição social, profissional ou lá seja o que for. Não devemos nos comportar como se comportavam os chefes e superiores de épocas já passadas. Quando sabemos respeitar, sabemos diferenciar entre a cortesia e a familiaridade. Isso indica que para que sejamos respeitados pelos que consideramos inferiores a nós, não precisamos tratá-los como se eles fossem inferiores. Somos todos iguais nas diferenças. Já sabemos isso de sobejo. Mas ainda não aprendemos que, se somos iguais merecemos o respeito recíproco. E quando somos tratados nos limites da educação, sabemos nos comportar educadamente. Logo, não há como sair da linha. E se sairmos, cabe ao superior ou líder, nos educar, mas sem arrufos. Já se foi a época em que “educávamos” na base do grito e da palmatória. É realmente preocupante verificar, todos os dias, as dificuldades que muitos pais ainda têm, na educação dos filhos. Ainda não conseguiram separar o joio do trigo. Quando sabemos educar não precisamos de leis que nos digam que não podemos bater nos filhos. Todos os que souberam educar não bateram. No início das aulas, todos os anos, verificamos as dificuldades que os pais têm para deixar os filhos nas escolas, como se estas fossem prisões isoladas. As coisas mais simples na educação estão no dia a dia e no comportamento mais simples na convivência. As famílias hoje não têm mais as características das do século passado. As mudanças foram radicais, e por isso mesmo precisam ser observadas com maturidade. Observadas e seguidas. E o mais importante é que não nos esqueçamos de que o exemplo é a melhor didática. E não podemos educar nossos filhos com palavrões, nem jogando pontas de cigarro no chão. Simples pra dedéu, mas muito importante. Quem lidera educa. E não se educa sem educação. E o educado sabe que sua superioridade está no que ele é, e não no que ele quer mostrar que é. Pense nisso. *Articulista [email protected]     99121-1460 ——————————————- ESPAÇO DO LEITOR ILUMINAÇÃO O leitor Sérgio comentou sobre a dificuldade em trafegar no trecho urbano da BR-174, que vai do Posto Trevo até próximo ao aterro sanitário. “A via se encontra há vários meses totalmente às escuras. Inúmeros acidentes já aconteceram no local por conta dos ciclistas e pedestres que se ariscam em cruzar a rodovia no horário noturno. Falta sensibilidade até do próprio Dnit, que instalou uma fiscalização eletrônica para punir quem se excede na velocidade, mas esqueceu de priorizar a iluminação no local”, criticou.  AUDIÊNCIA A moradora de Pacaraima Nilza Guimarães considerou produtiva a realização da audiência pública para discutir o desmembramento da sede daquele município da Terra Indígena São Marcos, promovida pela Justiça Federal com o apoio de vários órgãos. “Pelo menos as autoridades tiveram a sensibilidade de ouvir a população que habita o município há décadas. De forma pacífica, foram confrontadas as opiniões e, com certeza, todos tiveram um entendimento único de que a população indígena não concorda com este separatismo”, afirmou. DEPREDAÇÃO O internauta Francisco comentou sobre pichações na Serra do Tepequém: “É com muita tristeza que presenciamos atos de vandalismo com nossos pontos turísticos. Em outubro estive lá e observei muita pichação. Falta coerência de quem aproveita deste espaço e, por ignorância, depreda este local público, sem contar na sujeira que deixam por toda parte. O uso racional não está sendo respeitado e, se persistir da forma como estão fazendo, nossa geração futura não terá o que apreciar”.  ANIMAIS  A leitora Naiva Oliveira afirmou ser importante a ação realizada pela Ong Arca no recolhimento de animais nas ruas da Capital. “É um trabalho que requer a parceria com outras entidades em um momento importante que se debate a questão da violência contra os animais. Ações como essa sensibilizam e motivam as pessoas a serem voluntárias, oferecendo um lar aos animais abandonados pelos seus donos”, opinou.