Enxugando gelo político- Adilson Roberto Gonçalves*
A corrida eleitoral presidencial vai tomando alguma forma, ainda que pairem muitas nuvens e incertezas de prognósticos nos cenários previstos, estudados e colocados a testes em pesquisas de intenção de voto. Articulistas e personalidades exaram suas opiniões na mídia impressa e podemos tirar algumas conclusões dessa ponta de iceberg democrático, ainda que o gelo derreta e se remodele rapidamente.
A morte física ou política traz benefícios para os herdeiros. Marina Silva somente teve um protagonismo nas eleições de 2014, vendendo seu apoio ao ilibado Aécio Neves no segundo turno, porque Eduardo Campos morrera. Esse é o medo por trás da análise de Leandro Colon, quando questiona se “políticos anti-Lula blefam ou de fato querem enfrentá-lo nas urnas?” (Folha de S. Paulo, 22/1). Não é à toa que outros possíveis candidatos petistas passam a ser alvo de investigações inusitadas.
A avaliação de Hélio Schwartsman é clara, ainda que tendenciosa, também ao se perguntar se “Lula foi condenado sem provas?” (23/1). Apresentar provas e provar algo são questões distintas que o articulista toma como idênticas. Mas foi apropriada a comparação com o árbitro de futebol, uma vez que, nesse esporte, a principal causa de dúvidas é o impedimento, que depende – literalmente – de dois pontos de vista: de onde partiu a bola e onde estava o jogador que a recebeu. A base da decisão colegiada vai por aí, superando o julgamento monocrático, caso fosse totalmente isenta, o que não parece ser, haja vista a declaração antecipada do presidente do órgão julgador e as manifestações de juízes e assessores nas redes sociais. Há algo de muito errado quando o julgamento se dá entre um juiz e um réu, não entre provas e crimes ou entre um eventual criminoso e a sociedade, como deveria ser o comportamento de um órgão que fala em nome do povo. A exposição midiática de desembargadores com discurso político não é saudável para a Justiça, ferindo de morte o conceito basilar de que o juiz fala nos autos apenas. Mas não é o Brasil que queremos e, sim, o que temos. Façamos o melhor, enquanto permitirem.
É também o jornalismo que deverá criar e praticar os instrumentos para coibir as fakenews, outro ingrediente imponderável nas eleições deste ano, lembrando que boa parte dessas anti-notícias tem origem nos próprios veículos de informação. A ciência tem introduzido as boas práticas de conduta e muitos artigos têm sido retirados, despublicados, em função de fraudes. Causa mal-estar e alvoroço, mas é melhor cortar na própria carne do que ter suas vísceras abertas por terceiros.
Assim, mesmo com todo o estardalhaço envolvendo candidatos e moralizações tendenciosas, parece que nossas feridas sociais continuam abertas e somente a gélida lambida do voto não será suficiente para aplacar a infecção.
*Pesquisador no IPBEN – Unesp de Rio Claro, membro da Academia Campineira de Letras e Artes e da Academia de Letras de Lorena
Dias estranhos – Walber Aguiar*
“No meio da normalidade um vento gelado no rosto uma cor que jamais foi vista algo entre o rosa e o amarelo entre o azul e a imensidão no meio da rotina um traço um desenho estranho um abraço do desconhecido um sorriso de menino uma flor no coração…”
Pinguins no deserto e camelos no Ártico. Foi completamente estranho o que aconteceu naquele dia. Naquele mês em que o óbvio ululava, em que a vida seguia seu curso normal, em que as contas tinham que ser pagas a qualquer custo, embora a palhaçada oficial brincasse de esconde-esconde com o dinheiro dos servi/dores e suas dores cotidianas.
Uma borboleta azul cruzou o céu do meu quarto enquanto o sol dava uma trégua, contribuindo para que a estranheza fosse ainda mais completa. Os cachorros pararam de latir, os pombos pararam de arrulhar, a buzina dos carros cessou por um momento. Até as crianças deixaram de lado o choro e a birra. Sei que o silêncio tomou conta daquela tarde esquisita, daquelas nuvens escuras paradas no firmamento.
Uma mensagem de celular, um número jamais visto, algarismos espalhados pela confusão de meus pensamentos. Até ali nada acontecera de novo; o inusitado não se fez presente, os carros passavam, a poeira se escondia nos cantos, as máquinas e homens cavavam o chão das ruas e deixavam de presente a buraqueira para os carros e motos. Muitos passavam de ônibus, como que a contemplar o velho percurso, a antiga rotina, o mesmo fastio cotidiano de sempre.
Meu coração de poeta passeou pelas partículas da estranheza, pelo espaço do fascínio, pelas rosas sem espinho, pelas cobras sem veneno, pelos dias lentos, pelos quintais e suas frutas maduras. Voltei aos dias em que comíamos manga verde com sal na velha rua Coronel Mota , em que pintávamos os pés com o vermelho do barro que servia de tapete aos olhos do romantismo e da ludicidade.
Era um número como outro qualquer. No entanto, por trás daquele número conheci uma pessoa doce, culta e cheia de sensibilidade. Ah! Foi tudo um engano; mas um engano bom, um equívoco acertado, uma flecha que errou o alvo, mas penetrou profundamente na imensidão da rotina, da monotonia, do cotidiano sem aventura. Uma lâmpada foi esfregada e de lá saiu uma fumacinha branca disposta a atender os desejos do novo e do inusitado.
Para completar aqueles dias de estranheza, a morte invadiu o espaço da alegria, o luto cobriu de tristeza a vibração gostosa daquele dia. Depois daquela cota de dor e perda, a vida seguiu seu curso, os postes e as ruas continuaram no mesmo lugar. Felizmente, a partir daquele dia, os dias insossos ganhariam mais doce e mais sal. Teriam mais sabor e graça.
E pensar que tudo começou com uma borboleta que sobrevoou o céu do meu quarto. E com um simples engano…
*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected]
Karl Marx era beberrão e ateu – Marlene de Andrade*
“Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos, pois comerá do trabalho das suas mãos e será feliz e próspero.” (Salmos 128:1e2).
Não consigo entender a lógica do comunismo, pois eles querem a abolição da propriedade privada, dos meios de produção, a distribuição igualitária dos bens produzidos pela sociedade e a organização da riqueza social pela própria comunidade de produtores. Eles também propõem a extinção do Estado, o autogoverno da coletividade e o fim das classes sociais.
Aí pergunto: a abolição da propriedade privada dos meios de produção significa o quê? Quer dizer que minha empresa é de todo mundo e a empresa de todo mundo é minha também? É isso? A fábrica X pertence ao fulano, mas se for implantado o comunismo ela passa ser minha e de minha família e de todos em geral? Mas como isso daria certo na prática? Ninguém manda em mais nada e também não mais existiria líderes, pois tudo é de todos? Então não mais haverá lideres e os mais rasos intelectualmente estarão no mesmo patamar de igualdade dos mais intelectualizados? Nesse caso estamos diante de uma anarquia? Os comunas dizem que não, então isso é o quê? Eles falam de uma distribuição igualitária dos bens produzidos pela sociedade.
Sendo assim, eu vou
à luta, trabalho sem parar, acordo 4h da manhã e tenho que distribuir com aqueles que só gostam de dormir de forma igualitária? É isso mesmo? E não me venham com a conversa de que o verdadeiro comunismo ainda não foi implantado em nenhum país e que a Revolução Russa em 1917 não implantou o comunismo e sim uma ditadura. Vá lá que Stálin, como Maduro, fosse um ditador, mas e o Trótski, era também ditador?
Bem, mas o que quero saber mesmo é se tenho que ir à luta e dividir o que eu consegui com meu suor, com os que não querem trabalhar, é isso? Também não vale dizer que no verdadeiro comunismo todos vão trabalhar porque essa não cola para mim, visto que o “paizão” do comunismo, Karl Marx, não suportava trabalhar e ainda vivia à custa do pai que, quando faleceu, deixou-lhe uma polpuda herança, a qual ele acabou com a mesma, rapidamente. Esse “paizão” do comunismo era tão comunista que depois ficou vivendo à custa da mãe e do “amigão” Hegel. E de quebra adorava uma arruaça. Ter filhos? Era com ele mesmo, só que deixou quatro filhos morrerem de inanição. Não bastasse ainda teve um filho com a empregada e o mandou às favas e, de quebra, criou todo um ambiente propício para que suas duas filhas se suicidassem. É isso que é comunismo?
*Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT; CRM/RR 339 RQE341
Faz parte da vida – Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Eu sei que não é muito bonito, mas eu espero sempre o pior da humanidade.” (Agatha Christie)
Não fique se apoquentando com os acontecimentos do dia a dia. Isso sempre fez parte da vida do ser humano. O importante é que você faça sua parte, para melhorar. E comece conscientizando-se de que você tem o poder de que necessita para fazê-la como ela deve ser feita. É só você se valorizar. E comece por não se sentir nem se julgar inferior a ninguém. Evite a empáfia e vá em frente. É só saber que somos todos iguais nas diferenças. Não são seu porte nem sua beleza física que vão fazer de você o que você quer mostrar. Você não tem que mostrar, mas ser. Sua postura e seu sorriso franco e sincero são seu cartão de visitas.
Sua postura depende e está no seu comportamento, onde você estiver. Seu falar, seu timbre de voz educado têm muita importância na sua presença. Seus gestos e sua maneira de respeitar pensamentos e opiniões do interlocutor, dizem quem você realmente é. E não há quem não respeite isso. O importante é que você seja, comedido ou comedida, no seu comportamento. Nunca discuta. Ninguém vence uma discussão. O que indica que só os menos avisados discutem. Quando você estiver iludido, pensando que venceu uma discussão, procure ver se seu opositor não saiu da discussão para que você pensasse ter vencido. Isso é mais comum do que você imagina.
Nunca baixe sua cabeça para os que pensam ser superior a você. Sua superioridade está em você entender a inferioridade no comportamento dos enganados. Transmita sempre o que você tem de melhor em você, para os que convivem com você. É na convivência harmoniosa que mostramos nosso real valor. A liderança é fundamental para o crescimento racional. E sem este nunca iremos nos livrar dos desastres terrestres, tanto da natureza quanto no comportamento humano. Tudo que acontece atualmente sobre a Terra, não é mais do que repetição do que aconteceu eternidades atrás.
Os ensinamentos que tentam nos passar, atualmente, não são mais do que ilusões fantasiosas, resultado de uma geração que ainda está numa faze inicial de evolução. E não vamos evoluir enquanto ficarmos preocupados, em vez de tentar entender o que se passa sobre nosso mundo ainda em evolução. E esta evolução vai depender da nossa capacidade de entender a nós, e ao mundo em que vivemos. Tudo que acontece na vida faz parte da vida. Então vamos viver a vida como ela deve ser vivida. E não é negligenciando diante dos maus acontecimentos, nem participando deles, que iremos progredir. O importante é que cada um de nós faça sua arte como ela deve ser feita. Pense nisso.
*Articulista [email protected] 99121-1460