Trabalho em equipe: 5 desafios a superar – Dyonata Laitener Ramos*Não são somente as finanças, as estratégias e nem a tecnologia que garantem sozinhas o sucesso de uma empresa. O investimento em recursos para a formação e capacitação de equipes de alto desempenho é o principal meio para gerar maior vantagem competitiva. Ao colocar profissionais com elevada competência e comprometimento trabalhando focados em objetivos estratégicos é possível dominar qualquer empresa, em qualquer mercado, contra quaisquer competidores, em qualquer época.
Embora a teoria sobre equipes de alto desempenho seja facilmente assimilada por gestores e diretores, quando o assunto é tratado na prática, as organizações muitas vezes não conseguem obter o resultado desejado, porque, sem perceber, acabam enfrentando cinco situações que afetam o desempenho das equipes.
1. Falta de confiança: O medo de se mostrar vulnerável, de sofrer represálias e punições, muitas vezes impossibilita a criação de uma base de confiança entre a equipe. Para todos os membros do time deve ficar clara a mensagem de que todos têm boas intenções e de que não há motivos para não ser transparente uns com os outros.
2. Medo de conflitos: A incapacidade de criar confiança afeta e prejudica diretamente a gestão de conflitos e as políticas interpessoais. Algumas vezes, o conflito é visto como um grande problema nas organizações e, quanto maior os níveis hierárquicos, mais tempo se gasta tentando evitar esses debates passionais.
3. Falta de comprometimento: Se os membros da equipe não expressam suas opiniões por meio de debates abertos, raramente é obtido o comprometimento com as decisões tomadas, mesmo que concordem ou finjam concordar. O consenso remete a buscar a adesão da equipe mesmo quando a unanimidade é impossível e isso é considerado extremamente frágil.
4. Fugir das cobranças: A falta de comprometimento e a discordância sobre as escolhas feitas levam a mais uma situação crítica para as equipes de alto desempenho: a não identificação das responsabilidades de cada um. Como não há compromisso com a decisão tomada, até os membros mais engajados e motivados hesitam em fazer cobranças aos seus colegas em relação ao comportamento e a atitudes contraproducentes para o sucesso da equipe.
5. Falta de atenção aos resultados: A última situação ocorre quando os membros da equipe colocam suas necessidades individuais (ego, sucesso na carreira ou reconhecimento) acima dos objetivos da equipe. Por mais clara que seja a necessidade de que essa situação não ocorra, muitas equipes têm dificuldade em focar nos resultados do grupo. *Coordenador de projetos do Instituto das Cidades Inteligentes (ICI)
Menos mais-valia – Jaime Brasil*Enquanto equipamentos, há até pouco tempo inimagináveis, são criados para diminuir, relativizar ou substituir o trabalho humano, cada vez mais o trabalhador é explorado para se tornar mais barato do que o custo das mercadorias produzidas pelas máquinas.
Por que será que computadores, robôs e agricultura mecanizada resultam em sobrecarga de trabalho humano, terceirização, subtração de direitos trabalhistas, desemprego e extinção da previdência?
Se o que transforma a natureza é o trabalho, e se hoje possuímos instrumentos maravilhosos para gerar conforto e dignidade para todos, por que, com tanta tecnologia, não nos sobra mais tempo e condições materiais para uma vida mais tranquila e plena? E por que acontece exatamente o contrário?
Por que o consumo de bens e serviços se tornou, na prática, o principal parâmetro de realização da existência humana? Por que o amor, o conhecimento, a contemplação, a comunhão, a criação livre e espontânea da arte e da cultura não são valores superiores aos da aquisição de bens e serviços?
Por que, nos dias de hoje, as escolas são estruturadas apenas para que nossos filhos se tornem produtores de mercadorias e serviços, além de consumidores, e se esquecem de estimular a formação de seres humanos plenos e integrais?
E, se a capacidade de consumir mercadorias é parâmetro para a aferição de felicidade e fonte de satisfação, por que os antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos e afins são, hoje em dia, o sustentáculo psíquico das sociedades que mais consomem? Por que na sociedade da mercadoria e de consumo extremo temos tantas, e, cada vez mais, pessoas infelizes e doentes?
Se é preciso entregar às corporações o patrimônio público para que o Estado se torne mais “enxuto” e ágil, por que a saúde, educação, infraestrutura e segurança se tornam cada vez piores, mesmo com o Estado diminuindo a cada dia?
E se a iniciativa privada é mais competente do que o poder público, por que ela vive em estado permanente de corrupção com agentes públicos, e por que tanto necessita de financiamentos públicos e de leis específicas que a beneficie de forma privilegiada? E, mesmo assim, por que tantas empresas de grande porte vivem à beira da falência, sem falar nos péssimos serviços e produtos de baixa qualidade ofertados?
Se podemos fabricar bens com maior durabilidade do que os ora disponíveis, por que a indústria se esforça para inventar produtos cada vez mais descartáveis? Imagine a quantidade de energia, de matérias-primas e a redução na poluição que dos produtos mais duráveis resultariam.
Se as grandes monoculturas como soja e arroz geram riquezas, por que a grande maioria das populações dos países produtores de commodities não enriquece junto também?
Se o barril de petróleo está com seu valor muito inferior ao praticado em 2008, por que o preço dos combustíveis ao consumidor continua em patamares tão elevados?
Se a energia elétrica doméstica nunca teve o preço tão alto, por qual motivo ocorrem quedas constantes de energia?
Por que a consciência ambiental, tão disseminada no Brasil e no mundo desde os anos 1980, não foi capaz de frear a destruição, a poluição e o envenenamento do meio-ambiente?
Tais perguntas poderiam levar à simples conclusão de que o mundo não faz sentido, de que as contradições não podem ser explicadas. Mas não é assim.
A explicação para todos esses paradoxos – e há muitos mais – reside no fato de que o capital não é racional e não é sustentável sob nenhuma perspectiva.
O capitalismo é predatório por natureza, e o “desenvolvimento sustentável” é simplesmente contrário à forma de existir do capitalismo.
O capitalismo é concentrador, e a distribuição de riquezas vai na contramão da acumulação inerente ao sistema.
O capitalismo é irracional, pois parte da ideia do crescimento infinito em um planeta com recursos finitos.
O capitalismo é antiético, pois cria e dissemina a ideia de que é aceitável e normal que alguns poucos possam explorar a vida de milhões ou bilhões de seres humanos.
O capitalismo é predatório, na medida em que os mais fortes sempre destroem os mais fracos na luta pelo acúmulo de capital.
O capitalismo é genocida, eis que não se furta em matar populações inteiras, incluindo crianças e velhos, sob falsas alegações que, ao fim, resultarão apenas na busca por mais riquezas materiais.
O capitalismo é excludente, pois ele não se constrange em desprezar milhões de pessoas que simplesmente não são mais necessárias ao funcionamento do sistema.
O capitalismo é beligerante, já que para se controlar as maiores fontes de energia e matérias-primas é preciso invadir países e matar pessoas, e para se invadir países os exércitos precisam de energia e controlar as fontes de matérias primas para mover e construir as máquinas de guerra.
O capitalismo é intrinsecamente autoritário por não aceitar nada que não sirva ao sistema. É uma forma de eugenia tácita.
O capitalismo é suicida por que brutaliza a alma humana, destrói as estruturas gregárias das sociedades, força povos a se digladiarem e a se exterminarem, e, por fim, trata a biosfera como apenas um insumo para a produção de bens e riquezas e como lixeira e esgoto do descarte dos produtos.
Para que as perguntas sejam outras, para que as ações humanas tenham sentido, para que a humanidade e o nosso planeta não sejam destruídos, necessitamos entender como funciona o modo de produção capitalista. E superá-lo.“Centopeias desfilam pelo tronco úmido, onde há alguns dias cigarras sibilavam.
A chuva fez apodrecer as cascas outrora secas, e agora as orelhas-de-pau e os musgos modelam a arquitetura das árvores.
Regurgito um grito grotesco que imagino ser das góticas gárgulas de Gothan City.
Mas, na minha cidade não há salvadores das leis, nenhum super-herói. Apenas detratores de flores, escarros de carrascos nas calçadas, sangue de inocentes nas pias dos hospitais, pobres viciados enjaulados e esgoto governamental nos rios.
O tempo, quando não mumifica, calcina. A vida vacina e vaticina. A morte é a garantia.
Mas, antes disso, quero distância dos seguidores de regras, dos protetores de pregas, dos chupadores de pregos.
Quero abundância de melancia, mais Sancho Pança e menos mais-valia”.*Defensor Público
Cientista desconhecido – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Galileu ficaria encantado se visse sua teoria confirmada pelos três anos de estudo dos efeitos da ionização, terminados em Filadélfia em 1961”. (Joseph Goodavage)Ele ficaria atônito se soubesse o que eu descobri ontem à tarde. A história e a ciência engavetaram isso. Não sabemos como o mundo seria maravilhoso se não nos escondessem as coisas mais simples da ciência.
Não sei se você se lembra do episódio que lhe contei tempo desses. O carro da vizinha empacou e eu resolvi ajudá-la. Empurrei o carro pelo asfalto, um tempão. O carro pegou e voltei pra casa. Entrei em casa ofegante. Quase não conseguia respirar. Expliquei por que, e a dona Salete retrucou:
– Viu? É falta de malhação! Tá faltando malhação. Você tá ficando paradão.
Não dei atenção porque achei que era tolice dela. Mas, logo ela saiu, e fiquei sozinho em casa. E, estranhamente, liguei o televisor. E, coincidentemente, estava iniciando a novela Malhação. Deitei-me no sofá e assisti a todo o capítulo. A novela terminou e levantei-me do sofá, saradão. Senti-me nos meus dezoito anos. Pulei dentro de casa, ri muito e até dancei.
Ontem eu me sentia exatamente como naquele dia. Paradão, morrinhento, arrastando os pés pela casa. A dona Salete, olhou bem pra mim e perguntou?
– Que é que tá havendo? Anda muito molengo. Não tô gostando nada disso.
Eu também não estava gostando nada daquele marasmo, tarde morna e um cansaço que não me deixava em paz. E logo mais ela saiu, com a vizinha, e eu fiquei novamente sozinho em casa. Dei um pulo, abri os braços e resolvi: peguei a vassoura e comecei a varrer a área da frente da casa, arrumei os vasos desarrumados e fiz uma limpeza geral. Varri vinte metros de área até o portão, botei comida pros cachorros, eles me agradeceram mordendo meus calcanhares. Legal.
Terminei a tarefa, mas não estava satisfeito. Entrei em casa e fui até a cozinha. Lavei um montão de louça, fiz o café e arrumei a mesa para o café da tarde. O sol já começava a se deitar e o horizonte estava encantador. E quando o vejo assim fico encantado, e começo a viajar pelo universo da imaginação. E aí vou longe pra dedéu. Pela janela, fiquei olhando o céu encantador e pensei o quanto a ciência está fazendo para que possamos viver esses momentos, no futuro. Lembrei-me de grandes cientistas. Pensei em como eles devem ter se sentido, olhando para o céu, assim como eu estava me deleitando. Aí pensei quem teria sido o mais extraordinário cientista do mundo. O que ele inventou para a felicidade do ser humano? Aí concluí: o maior cientista do mundo foi o cara que inventou a vassoura. Pense nisso.*[email protected]