AO PÓ VOLTARÁ – Vera Sábio*“Escutem bem este segredo: nem todos vão morrer, mas todos nós vamos ser transformados, num instante”. (1Coríntios cap. 15)Neste mundo de corrupções incalculáveis, nossa única esperança consiste nesta transformação relatada nas escrituras. Onde com poder, com dinheiro, com regalias, ou com fome, com miséria, e dor; enfim todos nós morreremos e isto não tardará. No entanto, nem todos serão transformados em algo melhor.Não tem como não ter fé, não tem como resistir sem uma confiança no Altíssimo, visto que as pessoas desumanas só pensam em ajuntar e terem um poder que lhes levarão com certeza a destruição; sendo apenas uma questão de tempo. E esta é a verdade que nos deixa iguais, a certeza da morte, fim para o mal e transformação para os bons.Na minha ignorância tem várias coisas que não compreendo. Uma delas é a idolatria aos políticos e partidos corruptos que eleitores cegos e iludidos, teimam, frente todas as evidências em acreditar; e outra é na teima ilusória dos grandalhões pelo poder, matando pelo poder, juntando muito mais do que gastam e não acreditando que rapidamente não serão só os assassinos dos que morreram por falta de saúde, educação, segurança e tantas outras coisas que os fizeram desviar verbas públicas. Mas, eles também voltarão ao pó e da justiça divina, ninguém escapará.Pode até parecer loucura eu me segurar nesta esperança de algo que não se vê. Porem é necessário conscientizar, divulgar, tentar convencer e mudar principalmente as próprias atitudes para se tornar exemplo às novas gerações que ainda não estão contaminadas por tamanha ganância. Mais do que isto, é só pedir a Deus que o bem aconteça, a transformação surja e a justiça divina haja.É muito triste verificar o quanto o desemprego aumentou, enquanto que aposentadorias indignas de senadores e outros políticos sujos acontecem sem importar se a lei e a moral não estão juntas.No fantástico de ontem, mostrou o quanto de riquezas continuam nas mansões de indivíduos que devolverão migalhas do que roubaram e com isto respondem em prisões domiciliares que são verdadeiros palacetes.Enfim, a desordem é total e a desigualdade não tem tamanho; mas tudo que se planta se colhe e a fé na colheita continua mantendo o povo firme rumo ao futuro de ruínas que o Brasil viverá até ser reconstituído.*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e [email protected](95) 991687731
Brasil Sociedade Anônima – Tom Zé Albuquerque*O Brasil quebrou! Qualquer leigo inteligente é capaz de detectar isso. Também é fato que o erguimento da nação só será possível de ocorrer se, inicialmente, houver limpezas generalizadas no legislativo e no executivo nacional. A sanha de se gastar é inesgotável do poder político, e aí o Patrimônio Público é desmedidamente usurpado.Nada obstante o controle inflacionário no País ter ocorrido em meados da década de 1990, o derramamento de dinheiro perdurou, especialmente com a repartição das riquezas públicas a políticos e grupos empresariais que até hoje sustentam suas facções políticas. A partir do início da década de 2000, o Partido dos Trabalhadores – PT emergiu e passou, a partir daí, a construir a maior rede de corrupção da história da América Latina, devastando de vez o capital (tangível e intangível) e haveres da nação, numa tara invulgar em se apropriar da coisa pública em benefício de uma corriola dum círculo vicioso macabro.Quem mergulha em estudo sobre as contas públicas brasileiras se assombra com a vazão de recursos desviados ao privado, em detrimento, pois, ao interesse coletivo. O país do BBB, do futebol e do carnaval tem atualmente feição de terra devastada, pós-guerra. Em nenhuma hipótese é exagero comparar o Brasil atual com o estado crítico que passou a Itália até a década de 1980 (a partir da operação mãos limpas, de eficácia parcial), ou o colapso da Colômbia com o domínio dos cartéis do tráfico de drogas, do final da década de 1980 até meados da década seguinte. Nestes, ambos os casos, existiam governos e parlamentares contaminados, vendidos e trabalhando contra a nação, voltado para si no enriquecimento ilícito e na perpetuação do poder.O poder público brasileiro agoniza sem autonomia e sem eixo. A fragilidade da alça pública dominada pelo privado, através do público, transcende o escopo das organizações – pública e privada – e fere brutalmente a vida individual das pessoas, em sociedade, numa crise moral sem precedentes. Muitas vezes, o apoderamento estatal é revestido de legalidade, mas orbita e se fixa no perímetro da ilegalidade. As soluções pretendidas são sempre as mesmas: arrochos e apropriação de recursos e direitos da população, sobretudo as classes mais baixas.A política fiscal brasileira chega a ser risível. Ora se lastra no aumento desvairado da carga tributária; ora aponta para a não eliminação de gastos, especialmente aqueles que afetem as benesses dos grupos políticos beneficiados (uma vez que muito se negocia) ou no status quo da “nobreza” brasileira, que assenhora-se do privado, mesmo que esse saque destrua essa camada social. Como remédio, os governos usam a mídia – boa parte dela chapa branca ou empalidada – para apregoar saídas mirabolantes, de alternativas providenciais, mas, que mais aniquilam que mesmo erguem. Uma vergonha!O problema do País está enraizado em razão da falta de gestão pública. Há um desdém mais que irresponsável por parte da cúpula que comanda a nação no trato das contas públicas, no Patrimônio, no controle orçamentário, na eficiência da arrecadação e na ausência do zelo e rigidez da aplicação das despesas. A seara política brasileira tem historicamente sobreposto à Administração. E isso é trágico. *Administrador
O poder da oportunidade – Rubens Marchioni* Na terra em que se planeja ato de terrorismo, sem nenhuma tradição nem vocação, espaço de lazer é fechado pelo prefeito. A empresária municipal procura justificar a decisão apelando para a necessidade de ampliar salas na Educação Infantil. Tudo pela educação. Só que não. Enquanto isso, um morador de rua, Samir Aliahmadsati, sofre violência pelas mãos truculentas da Guarda Civil de São Paulo. O ato é deplorável, isso ninguém discute. O espírito crítico da população sabe pouco a respeito de deixar tudo pra lá. O gestor já garantiu que isso não fica assim. A vítima será indenizada com um emprego. Isso dá mídia e, de quebra, o qualificaria para a presidência. Para equilibrar, no cinema, um negro mostra que, tendo oportunidade, tudo é possível. Inclusive fazer sucesso. Foi o que aconteceu com Jordan Peele, diretor iniciante, em “Corra!”. Com você, leitor, também é assim. No Planalto, a dificuldade de passar a Reforma da Previdência mexe com o mercado e o comportamento do dólar, que apresenta alta. O que interfere em nosso poder aquisitivo que, de resto, não pertence nem à direita, nem à esquerda, do neoliberto e novo morador de Brasília, José Dirceu. Com sensibilidade apurada, nosso bolso apenas preocupa-se com detalhes como a possibilidade de levar uma vida digna. Com educação, segurança, espaço de realização e a certeza de uma velhice feliz. *Palestrante, publicitário, jornalista e escritor. Autor de Criatividade e redação e A conquista.
Uma manhã excepcionalmente produtiva – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Meu novo mundo é um reflexo do meu novo modo de pensar”. (Louise Hay)Sente-se aí e fique frio, senão você vai se cansar. Você já sabe que só ando a pé. Caminho o dia todo. Ontem acordei, espreguicei-me e me assustei. Lembrei-me que tinha que fazer um raio-x. E tinha que ser lá no SAS. Corri pra dedéu e cheguei lá exatamente às nove horas e quinze minutos. A porta estava fechada e nela, um aviso: “Hoje só atenderemos até às nove horas”. Fiquei calmo, girei cobre o calcanhar e voltei. Entrei pela Avenida, rumo ao centro. Você já caminhou por aquela calçada de paralelepípedos? Haja paciência. Enquanto caminhava pela calçada do suplício, eu ia traçando novos rumo e destino, para aproveitar a manhã. Resolvi ir fazer um depósito de dez reais, no Banco ali na Ville Roy. Peguei a senha prioritária. Foi a maior burrice da manhã. Meia hora depois, minha ficha era de número 3026, e ainda estavam chamando a 3016. O celular tocou. Era a dona Salete me perguntando onde eu estava. Já passava das onze horas. Ela falou ordenando:
– Quando sair daí passe no supermercado e traga arroz para o almoço.
Preocupei-me pensando nos netos que iam almoçar conosco. A fila no caixa não andava. Resolvi desistir do depósito. Saí quase correndo, deixando o depósito para outro dia. Caminhei até o supermercado mais próximo d’ali. Foi uma caminhada exaustiva. Entrei quase correndo, peguei a cestinha, e corri para a prateleira. Pequei dois pacotes, de um quilo cada. Coloquei-os na cesta e corri para o caixa. Coloquei os pacotes sobre o balcão. Mas quando a moça quis pegar um deles, eu quase gritei:
– Não… Por favor! Tem algo errado, era pra pegar arroz e eu peguei açúcar!
A moça franziu a resta e eu corri para a prateleira. Voltei e rimos à beça, eu e a moça. Entrei em casa, suado pra dedéu, e a dona Salete comentou:
– Puxa vida… Eu pensei que não viesse mais. Eu já ia sair pra comprar o arroz.
Fingi não ouvir e corri para o banheiro, lavei o rosto, respirei e voltei pra cozinha. Nem cheguei e ela mandou:
– Pegue aí, na geladeira, o pacotinho de carne.
– Qual?
– Ora qual? Qual é o outro se só tem um? Para de conversa que eu estou cansada.
Aí percebi que tinha um montão de coisas pra eu fazer. E pra não perder tempo nem criar desânimo, comecei por secar a louça. Mas o melhor foi que almoçamos na hora das crianças saírem para a escola, ela tirar um cochilo no sofá, eu varrer e tirar as folhas caídas do jambeiro. Depois descansei um pouco, claro. E enquanto descansava assistia ao telejornal que só nos traz aborrecimentos, decepções e irritação. Pense nisso.*[email protected]