Somos todos Maju? – Dolane Patrícia*“Tire o seu racismo do caminho, que eu quero passar com a minha cor…”
É o que diz uma conhecida frase sobre racismo. Bob Marley também se manifestou de várias formas contra essa prática, em uma delas chegou a mencionar que “enquanto a cor da pele fosse mais importante que o brilho dos olhos, sempre haveria guerra…”
A jornalista Maria Júlia Coutinho, conhecida como Maju, a nova garota do tempo do Jornal Nacional, foi alvo de comentários racistas na página do Jornal Nacional no Facebook. Após esse fato, milhares de pessoas em todo País manifestaram apoio e solidariedade. A expressão “SomosTodosMaju” ganhou todas as redes sociais.
De acordo com o G1, isso também acabou provocando a reação das autoridades. “No Estado do Rio, o Ministério Público pediu à Promotoria de Investigação Penal que acompanhe o caso, com rigor, na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática. E, em São Paulo, o promotor criminal Cristiano Jorge dos Santos instaurou inquérito para apurar os crimes de racismo e injúria qualificada”.
O título do artigo levará muitos a pensar que se trata de uma defesa ao racismo, entretanto, o que se pretende demonstrar, é que essa prática deve ser punida, independente de quem seja a vítima. Na verdade, a prática foi criminosa e a apresentadora ofendida com frases do tipo: “preta imunda”, “macaca”, dentre outras.
O site Cartacapital.com.br, publicou o seguinte comentário: “Brasil: onde racistas só se surpreendem com o racismo dos outros. Não dá pra ter indignação seletiva, revoltar-se com o que aconteceu com a jornalista, mas calar-se quando é com o porteiro, com o menino da periferia”. O site trata da questão ainda do fato por outro ângulo: Quando Maju foi alvo de comentários racistas nas redes sociais, rapidamente criaram-se campanhas de apoio a ela, pessoas manifestaram-se contra o episódio e a hashtag Somos todas Maju liderou o trend topics do Twitter.”
É disso que estamos falando. O que se pretende é trazer a reflexão ao fato de que Maju não é a única brasileira a sofrer racismo no País. Esse crime é cometido contra pessoas que não trabalham na Rede Globo de Televisão e nenhuma manifestação é vista.
“Vocês todos que são Maju, sejam também Maria, Ana, Jessica, Wesley, Samantha, Jenifer…” – Extraonline.com
Professores negros são vítimas de racismo diariamente, servidores públicos, cozinheiras, domésticas, advogados, médicos, sendo também uma prática comum nas escolas entre alunos que muitas vezes sofrem calados.
A colunista Carolina Pavanelli, no site Desaltonaareia.com, destaca de forma inteligente o seguinte: “A última manifestação de intolerância que chamou atenção nas redes na última semana foi o racismo. Ele mesmo, que se disfarça em piadinhas e tratamentos pejorativos, que insiste em se esconder na tal mistura de raças que gostamos de dizer que vivemos no Brasil. Sim, o racismo, aquele que deveria ter sido abolido junto com a escravidão em 1888, mas que persiste como uma doença em nossa sociedade, como uma praga ou como o pior dos tumores: aquele que surge e permanece silencioso, até que se manifesta com toda sua devastadora força. Ué, mas existe racismo no Brasil?”
Parece que apenas agora houve tal descoberta! O racismo é inadmissível contra qualquer brasileiro. Isso necessita reflexão: Somos todos iguais perante a Lei?
Segundo Guilherme de Sousa Nucci, “constitui poder-dever do Judiciário fazer valer os comandos constitucionais vigentes, em particular os que se referem aos direitos e garantias humanas fundamentais. Uma das preocupações do legislador-constituinte baseou-se no combate ao racismo, em busca de uma sociedade igualitária, pluralista e, realmente, democrática. Desse modo, estabelece-se no art. 5º, XLII, da CF, que “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”
O internauta Fábio Luíz postou um poema intitulado: “vocês não são todos Maju”: “Quando a propaganda sugere que a garota negra precisou ser adotada para ter acesso à educação e refrigerante, vocês não são todos Maju.
Quando, na minha própria agência bancária, demoro 10 minutos pra ser liberado na porta giratória, vocês não são todos Maju. Quando eu tento pegar táxi num ponto onde não me conhecem, vocês não são todos Maju. Quando a família de negros que a TV apresenta, numa obra de ficção bem torta, é formada por bicheiros, beberrões, advogados corruptos e mulheres promíscuas, e vocês acham que esse é o toque de realidade da obra, vocês não são todos Maju. Quando insistem com as piadas de macaco, ‘preto’ só é bom sambando e jogando bola, vocês não são todos Maju…”
Isso me lembra o fato de que algum tempo atrás foram distribuídos cartazes com referências a pessoas que já foram detentos de presídios e que deveriam ter uma nova chance, no entanto, foi postada uma foto com o antes e depois do crime. A parte da foto do antes do crime estava a pessoa com parte da face negra e a foto depois do crime foi postada com a outra face branca, como se apenas pessoas da raça negra cometessem crimes.
Entretanto, uma colocação é importante fazer: Existem pessoas que se sentem melhor a partir do momento que falam mal das outras. Ao ver Maju na televisão, em pleno horário nobre, na TV de maior audiência do País, muitos não conseguem admitir que ela é uma pessoa que venceu na vida, que apesar do preconceito a mesma avançava em sua carreira, desbancando a muitos.
Existem pessoas que não conseguem suportar a felicidade alheia e a única forma de demonstrar isso é com a prática de ofensas e injúrias raciais. Enquanto muitos a chamavam de “macaca”, a audiência do Jornal Nacional aumentava porque todos queriam saber quem era Maju!
Pessoas que falam de pessoas geralmente são aquelas que não conseguiram muito sucesso na vida e demonstram sua frustração tecendo comentários medíocres contra aqueles que eles apenas invejam e que nunca chegarão nem perto da sua sombra e isso incomoda! Esses poderiam estudar para passar em um concurso público ou se especializar em sua formação profissional, para que não tivessem tempo de cometer injúrias raciais ou qualquer outro tipo de ofensa.
Em sua resposta em rede nacional, Maju resume isso ao declarar: “A minha militância é fazer o meu trabalho bem feito, com carinho e competência. Os preconceituosos ladram, mas a caravana passa!”
*Advogada, Juíza Arbitral, Personalidade Brasileira @DolanePatricia_————————————Fala muito e diz pouco – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Muitas palavras não indicam muita sabedoria”. (Tales de Mileto)Nunca aconteceu de você estar numa reunião onde todo mundo fala e você só ouve? Porque é diferente; muitas vezes você escuta, mas não ouve. Porém, é nas reuniões você pode estar ouvindo até mesmo sem procurar escutar. Falar, ou não, é questão de comportamento. Quando você sabe que não vai conseguir falar sem provocar discussões tolas, você prefere ficar calado. A análise do que foi dito e discutido é questão sua. Mas não haverá responsabilidade sua se você se omitir de dar sua opinião, só para evitar discussões. Como vê, não é tarefa fácil. E é precisamente por isso que você não deve ficar apático.
Nas pré-conferências de cultura, em em Brasília, acho que foi em 2010, vivi essa experiência. À noite, no hotel, meu parceiro de quarto me chamou a atenção, me dizendo que estranhava eu não discutir durante as reuniões. Foi simples pra dedéu eu lhe explicar por que eu não discutia. Logo que eu recebia a planilha com o programa, eu sublinhava todos os assuntos com os quais eu não concordava. No nosso eixo havia vinte e poucas pessoas, entra as quais sete mulheres cultas e altamente preparadas. Os “bate-bocas” começavam. Legal pra dedéu. Quando as discussões terminavam todos os assuntos sublinhados por mim tinham sido ressolvidos. É claro que eu entraria na discussão se algum deles tivesse ficado de fora. Simples pra dedéu. Mesmo porque discutir com uma mulher já é uma tolice; discutir com sete mulheres intelectuais é mais do que uma burrice. É ou não é?
Você discute com sua mulher? Acorda, cara. A sabedoria está em você se deixar levar. E se alguém o criticar por isso, cite-lhe o Jaime Costa: “Não há bobo mais bobo do que o bobo que pensa que eu sou bobo”. Quando alguém achar que você é bobo porque não fala muito, fique na sua. Lembre-se de que alguém também disse que “Os inteligentes aprendem mais com os tolos do que os tolos com os inteligentes”. E o mais importante é que estejamos aprendendo mais a cada momento. E sua inteligência está mais no que você ouve do que no que você escuta. O que ouvimos nem sempre é o que escutamos, quando sabemos ouvir. Peneire o que você escuta para apurar o que você ouve. E fim de papo. Sua capacidade em aprender está na sua capacidade de ouvir, peneirando o que escuta. E fica mais puro usar a peneira em vez da urupema. A escolha é sua. E a escola é o seu dia a dia. E sua vivência deve estar mais concentrada no seu modo de viver seu ambiente. “Você é tão pobre ou tão rico quanto o seu vizinho; senão não seria vizinho dele”. Pense nisso.
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ESPAÇO DO LEITOR DESABASTECIMENTO A leitora Simone Alcântara enviou o seguinte comentário: “Enquanto não resolvem a situação da greve dos servidores da Suframa, já começamos a notar a falta de alguns produtos nas prateleiras dos supermercados. Sem contar outros itens, como peças para veículos e produtos veterinários. Se ainda fosse possível o abastecimento de produtos da Venezuela, não estaríamos nesse sufoco, ainda mais quando começam a faltar itens essenciais. Já merecia uma intervenção de algum outro órgão federal para garantir à população a oferta destes produtos”.ÁGUA O leitor Raimundo Dias, de Rorainópolis, relatou que a população está há dois dias sem abastecimento de água potável no município, afetando crianças e as pessoas idosas que não têm como coletar água sequer para fazer sua alimentação. “Antes era o problema da forte estiagem que comprometia o fornecimento de água. E agora? Qual será a desculpa? Se fosse uma vez apenas… mas a continuidade desse desabastecimento já merece uma intervenção de algum órgão para garantir à população este direito”, protestou.ENERGIA A internauta Carmem Pinho enviou o seguinte e-mail: “Não sei nos outros bairros, mas os moradores dos bairros São Francisco, Canarinho, Centro e São Pedro estão sofrendo constantes oscilações na energia fornecida pela Eletrobras. Na manhã de ontem, foram mais de dez interrupções seguidas, o que ocasionou prejuízos em eletrodomésticos. Sem falar na falta de água, que durou mais de duas horas”.REMÉDIOSobre a matéria “População tem direito a remédio gratuito”, o leitor Jhonson Santos comentou que, na prática, não ocorre da forma relatada. “A dificuldade começa desde a hora de conseguir-se uma consulta, que leva, em média, 20 dias para um agendamento com o especialista. Em seguida, começa o martírio do remédio que nem sempre existe na rede pública. E quando vamos em busca destes medicamentos gratuitos, nem sempre estão disponíveis ou o estoque acabou. Na prática, a realidade é outra”.