O homem e o tempo – Flamarion Portela*
Recebi por esses dias, via WhatsApp, um vídeo do palestrante Rossandro Klinjey, que traz uma bela reflexão sobre o envelhecimento, o qual transcrevo aqui para reflexão do amigo leitor.
“Há entre o homem e o tempo contradições bem fatais. O homem diz, mas não faz, o tempo não diz, mas faz. O homem não traz nem leva, mas o tempo leva e traz.
Quando a gente pensa sobre isso a gente pensa: qual seria a função do envelhecimento?
Você já parou pra pensar um minuto se você tivesse um corpo de 18 anos durante 100 anos? Provavelmente, você iria se comportar durante 100 anos como uma pessoa de 18 anos.
É preciso realmente que a vida nos apresente novas possibilidades e que o envelhecimento venha para que a gente possa pensar sobre algo mais do que ficar o tempo inteiro fixado no corpo perfeito.
O envelhecimento também traz uma lição que nós não devemos deixar de aprender. A vida faz com que a gente crie novos valores, tanto que os estudos mais recentes da psicologia, de um modo geral, têm dito que é a partir dos 50 anos que as pessoas começam a ficar felizes.
Sabe por quê? Porque elas deixam de dar importância ao que os outros estão pensando, se você está bem, se está com um relógio legal, se está com um telefone da moda, porque aos 50 anos, para quem amadureceu – porque tem quem não amadureça – você começa a se preocupar com o que você pensa da vida. Você se preocupa com o que é essencial. A velhice nunca foi um problema, nós transformamos num problema. A velhice é uma etapa da vida como toda outra, que tem dificuldades, aprendizados e muita coisa boa para se vivenciar.
Eu lembro que antes dos 30, por exemplo, eu cantava uma música que era a música da vítima. Era uma música que cantava a ideia de alguém que se sentia incapaz, que se sentia vitimado pelas circunstâncias.
Eu não vou cantá-la, porque ela é muito bonita e eu respeito muito o autor da música. Mas, vou cantar a música que hoje eu canto depois dos 40. Não se pergunte quanto tempo faz que eu passei dos 40, porque eu não vou dizer.
Mas essa música define, hoje, uma vida que é pautada muito mais por uma sensação de leveza e que diz: ‘Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso, porque já chorei demais. Hoje, me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe. Eu só levo a certeza, de que muito pouco eu sei. Eu nada sei’.
E nessa música tem uma frase que diz tudo: ‘Cada um de nós compõe a sua história e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz’. E, pra isso acontecer, eu tenho que envelhecer.
A maior lição que podemos tirar desse texto é que não devemos queimar etapas em nossa vida. É preciso que vivamos cada fase intensamente, para que ao envelhecermos possamos ter essa carga de experiência tão crucial para uma vida plena e feliz.
*Ex-governador de Roraima
O GERENCIALISMO E A INDÚSTRIA DE MULTAS EM BOA VISTA – Luis Cláudio de Jesus Silva*
No fim do chuvoso mês de julho, a prefeitura de Boa Vista promoveu um verdadeiro alvoroço na sociedade, ao anunciar o início da aferição da produtividade dos Agentes Municipais de Trânsito a partir dos pontos obtidos com a aplicação de multas por infração de trânsito. Pelo polêmico Decreto Municipal, os agentes de trânsito, para progredirem na carreira, serem promovidos, participarem de cursos e treinamentos ou serem agraciados com o reconhecimento por meio de certificado de honra ao mérito, teriam que aplicar 200 multas, mensalmente. Todos somos conscientes que o problema do caótico trânsito em nossa cidade deriva da questão cultural e da falta de educação e formação da maioria dos condutores, fatos que não se resolverão estimulando o aumento de sanções e multas. Felizmente, o decreto foi revogado. Porém, de onde surgiu essa ideia e onde está o erro estratégico dos gestores municipais?
As políticas de valorização do mérito, associadas à gestão por produtividade no setor público são algumas das variáveis da Gestão Pública Gerencialista, voltada para a promoção da motivação dos servidores públicos em favor da sociedade. A filosofia do gerencialismo público, ancorada na aplicação das boas práticas de gestão empresarial na gestão pública, surgiu no final da década de 1970 na Europa e logo se estendeu para os Estados Unidos e posteriormente para o resto do mundo, atestando os acertos e o sucesso de valores como eficiência pública orientada para o cidadão. Muito do que temos na legislação brasileira decorre das influências desta filosofia, cito como exemplos a Lei de Responsabilidade Fiscal, o planejamento estratégico, o sistema orçamentário, entre outros. Entre os Poderes da República, o que mais tem avançado na aplicação desta filosofia é o Judiciário, registrando muitos avanços no controle e melhoria da gestão. Com o Gerencialismo Público, quem ganha é a sociedade.
Quando gestores públicos adotam o gerencialismo como política de gestão, a sociedade deve aplaudir, incentivar e contribuir para que dê certo. No caso do município de Boa Vista, o que se observa é a falta de conhecimento e experiência dos gestores para implantação da nova filosofia, problema que pode ser resolvido buscando auxílio, por exemplo, nas instituições de ensino superior, onde existem docentes/pesquisadores qualificados e capacitados em Gestão Pública Gerencial. De forma objetiva, “premiar” agentes de trânsito pelo número de multas aplicadas é um erro crasso. Seria o mesmo que aferir a produtividade da polícia pela redução do número de ocorrências – assim, para ser premiado, só teriam que fazer vista grossa para os crimes. Ou, ao contrário, se a produtividade fosse apurada pelo aumento do número de ocorrências e prisões, nesse caso, todo e qualquer desentendimento seria levado às delegacias e presídios. No caso da saúde, imaginem apurar a produtividade pela redução do número de leitos hospitalares ocupados – logo, a regra seria os pacientes serem mandados para casa e lá se tratarem. Em todos esses exemplos, quem sofre as consequências é a população. Não estamos em momento algum dizendo que os servidores públicos não são dignos de confiança e agiriam movidos por interesses escusos, muito pelo contrário. Servidores devem sim ser motivados e premiados, no entanto as ferramentas motivacionais precisam ser trabalhadas em conjunto e de forma profissional. Felizmente, a prefeita da nossa capital, recuou e revogou o tal decreto, demonstrando, nesse caso concreto, que não tem compromisso com o erro. Agora, só falta buscar ajuda e aprimorar a implantação da Gestão Pública Gerencial em Boa Vista. A sociedade boa-vistense merece e agradece.
*Professor universitário, Doutor em Administração. [email protected]
Viva sem reviver – Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Meu pai sempre me dizia: Meu filho, tome cuidado; quando penso no futuro, não esqueço meu assado.” (Paulino da Viola)
É com o que aprendemos no passado que nos preparamos para o futuro. Porque amanhã passa a ser hoje, o que indica que ninguém pode viver no futuro, mas no presente. Então vamos nos preparar para o hoje de amanhã. E a melhor maneira é viver do passado só as lembranças boas. Chorar o passado é prejudici
al ao crescimento racional. E nunca se esqueça de que você é, como todos nós, um animal de origem racional. E por que não respeitarmos nossa origem racional? Simples pra dedéu.
Procure viver o dia de hoje como o hoje de sua vida. Porque o futuro é amanhã, e amanhã já será o hoje do futuro. Ninguém pode viver o ontem nem o amanhã, mas o hoje. Vamos desenrolar o carretel. Procure viver a felicidade, hoje. Porque assim você será feliz amanhã. E você já sabe que ninguém, além de você, pode fazer isso por você. Então não fique esperando que alguém lhe traga a felicidade. Ela está dentro de você, nos seus pensamentos. Então cuide deles. São seus pensamentos que lhe trazem felicidade ou infelicidade. Tudo vai depender do que você pensa.
Não é fácil nem simples esquecer o passado. Mas é possível. Porque mesmo que você não consiga esquecê-lo, pode muito bem não lhe dar importância. Afinal de contas, ele é passado. E como tal, embora possa, não deve pertencer ao presente. O passado não deve ser mais poderoso do que você. Ele não tem a força que você tem nos seus pensamentos. Então saiba usá-la. Converse com seu subconsciente. É muito simples. É só você não falar. Seu subconsciente é a maior força que você tem, e ele não gosta nem admite blá-blá-blás. Fale com ele em silêncio. Mas tenha muito cuidado no seu “falar”. Nunca diga ao seu subconsciente o que você não quer, mas apenas o que você quer. E pensamentos negativos só geram mensagens negativas.
Procure a felicidade em você mesmo, ou mesma. Você tem o poder de que necessita para ser feliz, independentemente dos males que possam estar afetando sua mente. Pense no que mais lhe interessa, se o mal ou o bem, se o bom ou o mau. Você tem o poder da escolha. É só você saber o que realmente lhe interessa. Não há nada dentro do racional que justifique a tristeza. Tudo que afeta sua mente é reflexo da sua incapacidade de pensar positivo. Porque tudo que acontece na vida faz parte da vida. E ela é pra ser vivida e não sofrida. Ou você se sente e se sabe superior ou vai deixar que a inferioridade tome conta de você. A escolha é só sua, e de mais ninguém. Vá em frente, porque você pode e deve. Pense nisso.
*Articulista [email protected] 99121-1460