Opinião

Opiniao 08 12 2018 7355

O desgoverno de uma mulher de desonra

Luciana Pinheiro*

O “Governo” de Suely Campos termina em 31 de dezembro, deixando um rastro de destruição no Estado. Seu mandato acaba da forma deprimente: filhos e assessores do primeiro escalão presos, sob acusação de envolvimento com corrupção e desvio de dinheiro, servidores sem salários há dois meses, fornecedores falidos porque não conseguem receber faturas, escolas fechadas, não há transporte escolar, não tem merenda, vicinais abandonadas, dívidas bilionárias, impostos não recolhidos, sem investimento algum, por fim, um Estado em estado absoluto de insolvência.

Em operações da PF, descobre-se os desvios milionários da merenda escolar, alimentação dos presidiários, etc. e no vácuo do que começou, outras ações certamente virão expondo às vísceras de um governo perdulário e irresponsável.

O pior é que esses casos de corrupção, apontados pela Polícia Federal se achavam incrustados dentro da casa dela [Suely], onde o marido, Neudo Campos, já cumpre prisão “domiciliar” por chefiar o “Escândalo dos Gafanhotos”.

Há, ainda, várias Caixas de Pandora a serem abertas na Saúde, na Educação (transporte escolar), na Setrabes, na Infraestrutura e na própria Sefaz onde foram feitos os pagamentos, a maioria de forma irregular.

Há dias pipocam protestos em Boa Vista e agora no interior, de servidores atarantados porque não têm dinheiro para o básico, porque Suely não foi capaz de cuidar nem do dever de casa e no fim do Governo descobriu-se que não há dinheiro nem para pagar salários de servidores.

O gesto simboliza o desfalecimento de quem já se encontra em estado agonizante, sem condições de sequer colocar o pão na boca dos filhos.

Tudo poderia ter sido evitado se medidas políticas tivessem sido aplicadas há pelo menos dois anos quando surgiram os primeiros indícios de que a gestão de Suely estava carregada de vícios e tendente ao fracasso, porque os sinais de corrupção e desvio de dinheiro já eram evidentes.

Não poderia ser mais desonroso o fim de uma gestão que se destacou por não fazer nada, produziu muito factoide institucional e apegou-se às ingênuas desculpas, como responsabilizar o governo anterior, por exemplo, para justificar defeitos na governança. Mas o que vai fichar mesmo a gestão de Suely para sempre, sem dúvida, é a mancha da corrupção e do roubo do dinheiro público.

*Dona de casa

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O MENINO QUE LIA ESTRELAS

Luiz Maito Jr.*

“Alguém se lembra do menino que lia as estrelas?”, a frase vazada de uma conversa próxima me prendeu a atenção. Como assim um menino que lia as estrelas? Mas foi isso que ouvi naquele fim de tarde próximo do final de ano. Passei a tentar ouvir a conversa, me inteirar da história que se desenrolava apenas alguns metros de mim, mas pouca coisa a mais consegui saber.

Restou-me imaginar este menino, quem seria? Como leria as estrelas? Quem lhe acompanharia nestas leituras? Mantive-me assim imaginando, criando em meus sonhos a figura desse menino que lia as estrelas, e assim foi por aquele fim de ano, por meses seguidos tentando visualizar a figura ou o personagem inicialmente descrito de uma conversa de pessoas mais velhas em uma praça pública.

Não havia entardecer por ali sem a companhia daquele garoto. As ruas empoeiradas, ainda sem os calçamentos, minimamente iluminadas, criavam o clima perfeito. No portão da casa de Pedrinho já se juntavam crianças e adolescentes. Todos à espera do anoitecer e da companhia do garoto que olhando as estrelas parecia lê-las. Já com seus doze anos Pedrinho parecia enfeitiçar as pessoas, todos queriam estar por perto.

Quando descia pela escadinha da porta da sua casa, em três ou quatro passos chegava ao portãozinho enferrujado, que ao abrir rangia o som dos portões enferrujados, quase um lamento prolongado, um canto triste, mas que anunciava a chegada do querido amigo de cada um daqueles quinze ou vinte meninos e meninas que o tinham como um irmão, alguém muito sábio apesar de tão pouca idade.

E então começava. Todos, a sua volta, um banco de praça e a via láctea toda no céu da pequena cidade. Ele mostrava e ensinava cada uma daquelas estrelas, ali, apontava, é Vênus, aquelas cinco estrelas ali, o Cruzeiro do Sul, Sirius, Saturno. Ele ia mostrando e ensinando aqueles garotos sobre um pouco de astronomia. Mas era quando “lia” as estrelas é que, todos, a sua volta se calavam, mantinham sua atenção e vibravam com cada uma de suas palavras.

Um dia “leu” nas estrelas que num certo lugar havia coisas muito erradas acontecendo, que havia brigas, ódio, separação e desesperança. As crianças ficaram entristecidas e quiseram saber por que este lugarestava assim. O garoto seguiu e falou pra eles que o grande problema era a intolerância. Alguém ainda tentou perguntar como assim intolerância?

E ele “leu” ainda… Toda vez que alguém se coloca como superior ao outro, toda vez que emite uma opinião depreciativa sobre o outro, toda vez que acha que algo em seu corpo ou em sua mente é superior ao do outro, este recria e eterniza a intolerância, naturaliza isso, toda vez que se diz que só o seu conceito ou o de sua “turma” é valido. Naturaliza essa intolerância.

E Exemplificou com seus amigos: Célia! Quantas vezes você ouviu que seu cabelo é ruim? E o que é cabelo ruim Célia? Qual o conceito de ruim? Qual é o bom cabelo? A intolerância é o mal deste lugar, ela que gera todas as outras maldades e tristeza deste lugar. E todos foram para casa naquela noite descobrindo o que era a intolerância e de como ela fazia parte de suas vidas mesmo que eles ainda não tivessem percebido.

*Pós Graduando em História da Amazônia 

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Direitos humanos – de que se trata, o que é isto

João Baptista Herkenhoff*

Por direitos humanos ou direitos do homem são entendidos aqueles direitos fundamentais que o homem possui pelo fato de ser homem, por sua própria natureza humana, pela dignidade que a ela é inerente. São direitos que não resultam de uma concessão da sociedade política. Pelo contrário, são direitos que a sociedade política tem o dever de consagrar e garantir.

Prefiro a designação “direitos humanos”. É, a meu ver, mais própria que “direitos do homem”. Quando falamos “Direitos Humanos”, deixamos claro que os destinatários dos direitos são os seres humanos em geral. Já a denominação “Direitos do Homem” estabelece a preferência pelo gênero masculino. É certo que na expressão “direitos do homem” está implícito que se trata de “direitos do homem e da mulher”. Mas, de qualquer forma, por que “direitos do homem” para abranger os dois gêneros?

A ideia de direitos humanos não é absolutamente unânime nas diversas culturas. Contudo, no seu núcleo central, alcança uma real universalidade no m
undo contemporâneo.

O conceito de “Direitos Humanos” resultou de uma evolução do pensamento filosófico, jurídico e político da Humanidade.

A leitura da Declaração Universal dos Direitos Humanos permite-nos verificar que um conjunto de valores ético-jurídicos perpassa o documento.

Poderemos retirar da Declaração a substância que ela contém identificando os valores subjacentes ao texto.

Atrás da enunciação técnico–jurídica moderna, podemos identificar, no conjunto do texto, valores milenares que dão alma à Declaração.

Justamente esses valores tiveram sua gestação na longa travessia da História. Profetas, sábios, espíritos luminosos, gente anônima do povo, culturas esplendorosas e culturas esquecidas, civilizações menosprezadas e oprimidas contribuíram para a construção universal desse código ético.

A meu ver, são valores ético–jurídicos fundamentais da Declaração Universal dos Direitos Humanos os seguintes:

O valor “paz e solidariedade universal”;

O valor “igualdade e fraternidade”;

O valor “liberdade”;

O valor “dignidade da pessoa humana”;

O valor “proteção legal dos direitos”;

O valor “Justiça”;

O valor “democracia”;

O valor “dignificação do trabalho”.

*Magistrado aposentado (ES), professor aposentado (UFES) e escritor. 

E-mail: [email protected]

Site: www.palestrantededireito.com.br

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Quem impede o quê?

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Não é função do nosso governo, impedir que o cidadão caia em erro; é função do cidadão, impedir que o governo caia em erro.” (Robert H. Jackson)

A liberdade permite que cada um de nós cometa erros. E não há como ficar culpando os governos pelos nossos erros. Mesmo porque somos nós, isso sim, responsáveis pelos erros dos governos. Porque isso faz parte da democracia. Como cidadãos, somos responsáveis pelos governos que temos. Se ele, o governo, é bom ou ruim, a escolha foi nossa. O que indica que nada justifica os barulhos que fazemos quando os governos não sabem governar. Ainda não somos politicamente educados para saber que o que devemos fazer, em vez de ficar esperneando, é na próxima eleição, saber escolher e eleger, um candidato competente. O que é muito difícil entre nós.

Napoleão Bonaparte já disse que: “devemos construir mais escolas para não termos que construir mais presídios.” Tanto tempo depois, nem construímos escolas nem presídios, o suficiente. E os poucos, velhos e ridículos presídios que temos estão lotados de políticos que deveriam ter construído escolas. E sem escolas continuamos elegendo políticos corruptos e incompetentes. E nem nos tocamos que somos nós os responsáveis pela bagunça que estamos construindo. Nós estamos destruindo nosso País, elegendo destruidores da política.

Vamos acordar? Você já imaginou quanta gente está querendo a liberdade de políticos presos, alegando que eles não cometeram crime? Já imaginou que se tais corruptos fossem soltos, seriam, ou serão, eleitos nas próximas eleições? Com certeza. E o que é que nos falta para acabarmos com esse vendaval? De incompetência, desonestidade, e malandragem. Puro desrespeito com os que eles deveriam educar, para saberem analisar os erros dos governos.

Vamos parar de gritar. Vamos fazer o que todo cidadão deve fazer: respeitar o seu dever de cidadão, para que possa ser respeitado como tal. Porque enquanto não nos respeitarmos vamos ser vistos sob a mira dos políticos desonestos: “Todo povo é uma besta presa pelo cabresto.” Porque é assim que os maus políticos nos veem. E o Ministro Joaquim Barbosa já disse: “Somos o único caso de democracia que os condenados por corrupção legislam contra os juízes que os condenaram.” Estou apostando como você conhece algum condenado por corrupção, legislando. Fale sério, conhece ou não? Mas vamos jogar esse lixo para a lixeira do passado, e viver o presente, aprendendo a lição para a próxima prova. E esta será nas próximas eleições. O tempo é curto, mas suficiente para fazermos nossa lição de casa. Só precisamos nos educar. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460