Opinião

Opiniao 09 01 2015 483

Vencendo o medo do desconhecido – Antonio de Souza Matos* Vim participar de um curso na área de revisão textual aqui em Brasília. Pensar em sair da comodidade da minha terra-natal, Boa Vista, e dirigir-me a uma cidade totalmente desconhecida assustava-me. Mas, a exemplo de Haw, uma das personagens da história “Quem mexeu no meu queijo?”, venci o medo e aventurei-me, vislumbrando a possibilidade de ampliar meus conhecimentos linguísticos. Desembarquei na capital do País na manhã do dia 18 de agosto, quando os termômetros do aeroporto Juscelino Kubishek marcavam 15 graus. Cansado da viagem, instalei-me num cubículo de uma pousada localizada na região central da cidade, na Asa Sul, onde havia reservado, por telefone, uma suíte. A princípio, a solidão quis me apavorar, mas orei, e Deus tranquilizou meu coração e me fez repousar em segurança em meio à quietude daquele lugar sombrio. Dois dias depois, mudei-me para outra pensão mais espaçosa, mais alegre e mais aconchegante. No primeiro dia de curso, antes de a aula começar, a coordenadora cumprimentou-me de modo cordial, ratificando a impressão que me causara por telefone. Deu-me boas vindas e orientou-me em relação aos cuidados que eu deveria tomar no trajeto do hotel até o Ceteb (Centro de Educação Tecnológica de Brasília) – uma instituição que atua há mais de quarenta anos na área de ensino técnico nas modalidades presencial e a distância. Na sala de aula, a professora Maria Teresa Caballero Brügger, a Tetê, logo se apresentou e, de cara, conquistou os cursistas com seu jeito simples, espirituoso e gentil. Em seguida, a professora Ana Paula, sua auxiliar, fez o mesmo. Com sua jovialidade, voz pausada e meiguice, ganhou também a simpatia de todos. Depois, cada um de nós, alunos, teve de dizer seu nome e dar uma característica pessoal. Para minha surpresa, todos tínhamos algo em comum: o perfeccionismo. Não podia ser diferente, já que revisor é um sujeito que vive procurando erro para corrigir, claro, erro linguístico, textual. De repente, eu me vi em cada um dos meus colegas: na sua ansiedade, na sua busca frenética pelo texto perfeito, na sua frustração, na sua perseverança. Não era mais o único ser esquizofrênico no universo. Não era mais um indivíduo enclausurado no seu próprio mundo. Era uma parte de um todo – de um todo complexo, mas altamente estimulante. Cá estava um simples servidor público de Roraima, talvez o menos populoso e o menos importante estado da federação, no meio de pessoas inteligentes e perspicazes de uma das mais relevantes metrópoles brasileiras, Brasília, a sede do governo da República Federativa do Brasil – uma cidade planejada por um dos mais renomados arquitetos de todos os tempos: Oscar Niemeyer. Receei dizer algo tolo quando chegasse a minha vez de falar. Mas rasguei o véu, isso mesmo; não o verbo, como se expressam os que desconhecem os meandros da gramática normativa e dos manuais de redação e de estilo; como dizia eu antes do curso. Fui logo afirmando que tinha vindo de longe: de Roraima. Não mencionei minha timidez nem meu temor. Quiçá alguém tenha percebido. Tetê, a nossa mestra, a partir daquele dia, foi nos conduzindo pelos labirintos do papel do revisor, das normas técnicas, da regência, da concordância, da semântica, da estilística, da ortografia, da pontuação, do registro dos numerais. Como os ratinhos da fábula citada no início, fomos saboreando os nossos pedaços de queijo, esperando que o estoque não se esgotasse. Mas sempre as pilhas estavam ali. Quando pensávamos que havia escassez, ou quando já estávamos enjoando o cardápio, lá vinha a Tetê e nos oferecia um novo banquete: um tipo de queijo ainda mais saboroso. Aprendi, durante as nossas ininterruptas jornadas atrás do nosso quinhão, a admirar e a amar aqueles que caminhavam comigo, desde o mais simples até o de paladar mais exigente. Nessa busca coletiva, nessa troca de experiência, nesse mútuo estimular, reconheci, à medida que o tempo passava, que tinha valido a pena deixar o meu cantinho escondido e aparentemente seguro, e arriscar-me. Percebi que o desconhecido não precisa nos causar temor e nos paralisar. Vi que não sou diferente, embora não seja exatamente igual aos outros. Descobri um mundo encantado onde ninguém é senhor de tudo; onde uns dependem dos outros e se completam. Conheci a bondade em cada olhar, a compaixão em cada gesto, a ternura em cada sorriso, a gentileza em cada palavra. Nunca imaginei que isso pudesse acontecer com um estrangeiro numa terra tão longínqua! Aquele homem tímido e medroso que aqui desembarcou há duas semanas já não existe mais. Ele desapareceu junto com a neblina fria daquela manhã. E, daqui a algumas horas, quando ele embarcar rumo à sua cidade-natal, levará em sua bagagem um pouquinho de cada um daqueles que teve o privilégio de conhecer; daqueles cuja lida principal é “lutar com palavras”. *Professor e revisor de textos. E-mail: [email protected] ———————————— No trem da mudança – Afonso Rodrigues de Oliveira* “Há momentos na vida que para você ser o mesmo tem que mudar”. (Leonardo Boff) As mudanças são necessárias para que sejamos o mesmo. Quando não mudamos continuamos no balaio de gatos. E acabamos nos envolvendo no pantanal da unanimidade. É quando perdemos nossa capacidade de pensar. E se não sabemos pensar, não sabemos agir. E quem não sabe agir vive pendurado nos galhos da incompetência. Cuidado quando se sentir tentado a fazer parte da unanimidade. Se nós somos o que pensamos, devemos cuidar bem dos nossos pensamentos. E quando sabemos pensar, mudamos a cada momento; mesmo quando nem percebemos que estamos mudando. E não se iluda, porque você faz parte do grupo. E é neste barco que navegamos em busca do crescimento. E só crescemos quando mudamos. Caminhei pelas ruas de Boa Vista, nos últimos dias. Muita coisa mudou, mas nem tanto. Somos uma cidade capital de um Estado, nascida de uma transformação. Surgida num momento de tremendas mudanças políticas. Mas não estávamos, nem estamos, preparados para mudar. Ainda continuamos no carrossel da imitação e da cópia. E o pior é que copiamos o que há de pior nas políticas dos outros Estados. Ainda não aprendemos a ser nós mesmos. Inda não nos preparamos para acompanhar o crescimento nacional, que também caminha a galope de jegue. Não imagino quando será que seremos respeitados pelos responsáveis pelo nosso desenvolvimento, para que nos desenvolvamos. Coisa que não conseguiremos sozinhos. As justificativas que ouvimos de autoridades responsáveis pelo nosso desenvolvimento, sobre os desmandos políticos atuais, nos deixam boquiabertos. Mas ainda não mudamos para enxergar, entender e corrigir os disparates. E o pior é que nem mesmo nos conscientizamos de que a responsabilidade pelo que acontece é nossa, enquanto cidadãos, e de mais ninguém. E enquanto não mudarmos nossa maneira de pensar no que somos, seremos sempre o que somos: marionetes e títeres dos que não querem nossas mudanças. E não querem porque não lhes interessa. Assim como os políticos dos velhos tempos nunca se interessaram pela solução para as secas do Nordeste. Naquela de, o que fazemos, fazemos para o povão; e se é para o povão, quanto pior melhor. Vamos mudar? Por que não fazer por nós mesmos o que os que deveriam fazer não fazem? Por que devemos continuar fazendo parte da unanimidade? Por que não aprendemos a pensar com nossos pensamentos? Por que temos que fazer parte do circo dos coitados, mesmo não parecendo coitados? Você conhece a origem do termo “coitado”. É o que somos, já que não sabemos ser outra coisa. Pense nisso. *Articulista [email protected]     99121-1460      ———————————– ESPAÇO DO LEITOR OBRAS 1 O leitor Altair observou ser válida a iniciativa da nova gestão estadual em realizar visitas aos prédios públicos que estão servindo apenas de depósitos de bens avaliados como inservíveis pelo antigo governo. Mas lembrou ser necessário o acompanhamento dos recursos que foram liberados para construção e ampliação de diversas obras na Capital e no interior do Estado, que se encontram paralisadas há bastante tempo. Citou como exemplo a construção do 1º e 4º distritos de polícia. OBRAS 2 O mesmo leitor afirmou que a indicação do ex-deputado estadual Flamarion Portela (PTC) foi válida, pois como integrante do bloco de oposição na Assembleia Legislativa de Roraima, trouxe inúmeras denúncias sobre o abandono dos prédios públicos. “Agora é realizar na prática o discurso que foi massificado no Legislativo. E apurar com responsabilidade algo que tenha ocorrido de anormal na execução dos recursos. A população precisa ter conhecimento do que realmente foi feito dos recursos que seriam destinados às obras que tiveram início na gestão anterior e não foram concluídas. É fato que o governo anterior não executou obras de relevância, e as que foram iniciadas sequer tiveram término”, destacou. MOEDAS     A dona de casa Mírian Oliveira comentou que não são apenas os taxistas de lotação e cobradores de ônibus que estão deixando de passar o troco á população. Segundo ela, costumeiramente, em todos os supermercados da capital, já houve ocasião em que a caixa deixou de repassar R$ 0,50 de troco. “Não sei se é uma estratégia, mas a primeira coisa que oferecem é um bombom como troco. Inclusive, teve uma ocasião em que questionei a caixa e indaguei se fosse o contrário, ao passar minhas compras e faltasse pouco menos de R$1,00, se eu poderia complementar com os bombons que recebi anteriormente”. AMAJARI Alberto Teles fez a seguinte observação sobre a matéria “Fogo destrói gerador de energia e piora serviço prestado à população”. “O incidente em Amajari expõe a fragilidade e o sucateamento dos equipamentos e instalações precárias dos prédios públicos que há anos não recebem nenhuma manutenção, colocando em risco a segurança dos trabalhadores. O prédio que abriga os geradores no município não oferece condições mínimas de segurança. É um absurdo. Aproveitando o início desta nova gestão governamental, gostaríamos de solicitar uma visita da nova direção da CERR no município”, comentou.