Opinião

Opiniao 09 05 2017 4006

Ratos de Brasília – Walber Aguiar*Era noite. Hora de descansar. Momento de sair à procura de alguma coisa que alguém esqueceu num canto qualquer. Descanso para uns, trabalho para outros. Barriga cheia e estômago vazio disputavam restos de comida e de decisões a serem tomadas.Estava escuro quando os bichinhos saíram da toca. O Juscelinus candango procurou resíduo e farelos pelo chão. Ficou escondido durante o dia pelo medo da luz, pelo pavor de ser descoberto e exposto à multidão. O rato candango adorava pegar o que sobrava. Mesmo sem usar gravata os roedores se alimentavam do suor alheio, daqueles que “matam um leão” para sobreviver, que jogam as migalhas displicentemente.  Quando as trevas se abateram sobre o concreto frio dos edifícios, eles se reuniram nos porões de suas assembléias e deliberaram sobre quem iria pegar o pedaço maior e comer a maior fatia e quem se deliciaria com o menor fragmento. Os mais jovens contentaram-se com os fragmentos menores, mais fáceis de pagar. Já os veteranos, em decisão diária (muitos faltam) teciam planos maiores e mais bem elaborados. Também na cúpula das estruturas subterrâneas os ratos traçavam estratégias maquiavélicas, no caso de serem apanhados com a “boca na botija”. Quem vai sair primeiro, que vai liderar o movimento, quem vai usar de maior esperteza. Nada de muita luz, tudo tinha que ser perfeitamente camuflado, escuso, dissimulado. Afinal de contas, nenhum dos ratos queria ser esmagado pelo peso do clarão e da responsabilidade.Os ratos de Brasília ficaram famosos. Apareceram até no fantástico. Eles só não podem ir para muito longe do buraco, sob pena de serem descobertos e destruídos. Ficam ali na esplanada dos ministérios e são mestres na arte de se esconder repentinamente.Os ratos mais velhos, mais experientes, sempre arranjavam um roedor mais novo para ser o “rato expiatório”, aquele que se sacrificaria para que os outros pudessem sobreviver. No entanto, depois de repartido o bolo, todos se saciaram e caíram na farra. Foi pedaço de pizza pra todo lado. Com direito a banho de “cachoeira”.Era noite. Alguns ratos permaneciam limpos enquanto outros se chafurdavam entre o poder do lixo e o lixo do poder…*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras [email protected]

Um filho a cada falha – Pedro Cardoso da Costa*Existem alguns problemas que são de difícil solução. Destes, alguns têm explicações plausíveis, outros, só a complexidade humana é capaz de explicar. Um desses eternos problemas é o nascimento de filhos de forma desordenada. Sejam de solteiros, amasiados ou casados.

Existem microrregiões em que alguns homens se tornam reconhecidos pela quantidade de filhos que despejam no mundo. Verdadeiros reprodutores, como se autodenominam, entregando esses bebês para serem criados geralmente pelas avós maternas. Muitos desses reprodutores são admirados e imitados. Nessa situação em particular, o problema seria bastante minimizado se o Ministério Público, pelos promotores, tomasse consciência do seu papel e processasse a todos, por maus-tratos ou abandono de incapazes, nos casos mais graves, e aos demais para pagamento de pensão alimentícia.

Muitos pais não dão formação social aos filhos suficiente para fazerem a opção de ter filhos planejados. Seja do ponto de vista de renda suficiente para alimentá-los, seja para adquirirem moradia confortável ou obterem formação educacional.

São diversos argumentos a justificar o número de filhos acima das possibilidades mínimas de cuidados, independente de ser um, serem dois ou mais. Toda vez que se pratica um ato sexual capaz de engravidar, deve-se ter a noção exata que a falta de prevenção trará uma gravidez naturalmente.

Todas as igrejas, os sindicatos, as ONGs, os governos e familiares deveriam enfatizar, com clareza absoluta, sobre os riscos da gravidez, e cobrar responsabilidade total dos seus pupilos, de forma incisiva, quando arrumassem filhos. Nada de passar a mão na cabeça; nada de dar moleza; nada de assumir o lugar de quem os fez. O adágio “quem pariu Mateus, balance”, tem que ser levado ao pé da letra. Ministério Público e Justiça têm que atuarem em defesa do bem-estar das crianças e penalizar os pais que as abandonassem ou não cuidassem devidamente, para respaldar o princípio básico de toda pena, que é servir de exemplo.

Todos os pontos aqui abordados destinam-se às mulheres e aos homens. Jamais se deve diminuir a responsabilidade deles ou referendar o machismo pela quantidade de filhos. Essa posição vai além da tolice, pois traz conseqüências sociais graves para todos. Enquanto os pais irresponsáveis não forem para cadeia por deixar filhos abandonados pelo mundo, infelizmente, a sociedade ainda vai presenciar pessoas fazendo filhos por divertimento ou por afirmação sexual.

Facilitar o acesso à cultura, à prática de esporte, ao artesanato, à música, mostra um lado bom da vida que não substitui a necessidade de procriar. Mas a consciência sobre a necessidade de cuidar dos filhos é o vetor preponderante para acabar de vez com a fabricação de filho como se fosse produção numa indústria. Colocar filho no mundo deveria ser encarado com maior seriedade por todos.*Bacharel em Direito – Interlagos/SP

Plugado onde? – Marlene de Andrade*Não vos enganeis, as más conversações corrompem os bons costumes. (1ª Coríntios 15:33)Há crianças e adolescentes  conectadas às mídias em qualquer horário. Elas devem ser orientadas sobre as programações que podem ou não assistir. Porém,  nem todos os pais estão preparados para educar seus filhos de maneira eficaz, deixando de lhes oferecer uma correta orientação necessária à sua formação. Dessa forma até ficam ”tranquilos” quando os filhos estão plugados.

Mas o interessante é que alguns pais se esquecem que seus filhos possuem o direito de ter acesso a uma educação de qualidade, saúde eficiente, moradia e, entre outros, cursos extracurriculares. Mas como se esses pais estão também alienados pelas redes sociais?

Ficar “morrendo de rir” de coisas vulgares, fazendo de conta que tudo está bem, mesmo quando se está vivendo numa sociedade comandada em grande parte por pessoas de mau caráter que sabotam a moralidade. Isto não é digno e acaba muitas vezes destruindo famílias inteiras devido à permissividade das programações pornográficas e dos escândalos que se vê no dia a dia. E o pior é que os filhos vão indo à reboque. Neste contexto, há de se sinalizar que a sociedade não pode viver somente de circo. Programações imorais vão deturpando o senso crítico das crianças e dos adolescentes que já vão crescendo totalmente alienados e idiotizados. Por isso, os pais devem monitorar melhor os seus filhos quando estão conectados às redes sociais, muitas vezes deturpadoras do senso crítico, da moral e dos bons costumes.

Crianças e adolescentes devem ser orientados para estudar e crescer moralmente como pessoas de bem. Pornografia? Nem pensar, pois não acrescenta nada e ainda fere os princípios de Deus.

Não dá para entender o por que de se perder tanto tempo precioso assistindo “besterol” nas redes sociais. Esses hábitos destroem a emoção saudável das pessoas e na maioria das vezes não acrescentam nada de importante.

Sendo assim, as várias mídias têm sido veículos de comunicação úteis, entretanto vêm funcionando como um instrumento bastante alienante e não têm contribuído efetivamente para a formação positiva dos bons costumes  da sociedade como um todo, levando-a à insensibilidade e a  incapacidade de discernir o bem e o mal.

É verdade, que as mídias podem funcionar como um veículo abençoador, mas ao mesmo tempo, infelizmente, elas têm amaldiçoado muitas vidas humanas e por isso devem ser usadas com cuidado e responsabilidade. *Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT(95) 36243445

No que evoluímos? – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Milhões de pessoas ainda compõem a massa humana impensante: escravas das opiniões dos outros, não pensam por si mesmas”. (Waldo Vieira)Ainda não somos capazes de entender o poder da mente que ainda julgamos humana. A maioria dos seres humanos ainda não aprendeu a pensar. Ainda vive presa aos pensamentos dos outros. Orientadas num mundo sem orientação. Ainda pensam que fomos feitos de barro. Continuam escravas dos pensamentos dos que ainda não sabem pensar. Ainda vivemos num mundo em evolução. Somos frutos da nossa ignorância racional. Ainda vivemos na ilusão de sermos um povo evoluído com competência para dirigir nossas próprias vidas. Mas não somos. Ainda não concluímos que somos o que pensamos. E por isso ainda não aprendemos a pensar.

Ontem fiquei imaginando como seria a vida em outro planeta, a milhões de anos luz da Terra. Será que há habitantes por lá? Por que não? Somos, como terrestres, habitantes de um sistema conhecido como Solar. E ficamos boquiabertos quando os cientistas descobrem “novos” planetas a milhões de anos luz de nossa Terra que consideramos velha. Quando na verdade ela ainda está num processo de evolução que não sabemos até onde vai. E nada vai evoluir enquanto não evoluirmos como seres, tidos como humanos.

A Cultura Racional nos diz que: “O ser humano é o parasita mais monstruoso que existe sobre a Terra, em razão dos crimes hediondos que pratica contra as leis naturais”. O ser humano ainda não aprendeu a conviver com a Natureza. O que seria o mais natural para sua evolução. Ainda não aprendemos que nossos pensamentos são a única coisa sobre a qual temos total controle. E porque ainda ignoramos isso, preferimos viver sob a orientação dos outros. Fazendo o que os outros dizem para fazermos. Acreditando em deuses que, na verdade não são deuses.

A vida é um tabuleiro de xadrez. E nosso adversário é o tempo. Ou aprendemos a viver o tempo ou continuaremos marionetes de nós mesmos. Se o tempo é nosso adversário, devemos vê-lo como adversário. E só vencemos nossos adversários quando os conhecemos de verdade. E nunca vamos conhecer os outros se não conhecermos a nós mesmos. Controle seus pensamentos. Use-os apenas naquilo que for útil para o seu desenvolvimento racional. Nosso desenvolvimento depende única e exclusivamente de cada um de nós. Devemos considerar que somos o que pensamos. Se pensarmos que somos inferiores não há como sermos superiores. E nessa canoa furada continuamos reféns dos que dirigem nossas vidas.

Não permita que nada, nem ninguém, façam de você um títere. Seja o dono do seu destino. Você pode, pense nisso.*[email protected]