Opinião

Opiniao 09 10 2018 7047

O novo e o velho nos resultados das eleições de 2018 em Roraima Elói Martins Senhoras*

A renovação política é um fenômeno político sempre muito relativizado nas eleições brasileiras e em Roraima não seria diferente, inclusive nas eleições 2018, justamente por apresentar alguns poucos resultados considerados novos frente a uma majoritária tendência estrutural de continuísmos e tradicionalismos na dinâmica política estadual.

Por um lado, as novidades estão relacionadas ao surgimento de novos atores tradicionalmente não ligados à política ou que justamente combatem a velha política, como se pode observar com o desempenho, tanto, do empresário Antonio Denarium (PSL), que vai bem consolidado para o 2º turno como candidato ao governo do estado, quanto da líder indígena eleita deputada federal, Joênia Wapichana (REDE) ou do deputado federal eleito, Nicoletti (PSL), impulsionado pelo efeito Bolsonaro em Roraima.

Entre as poucas novidades estão não apenas identificados o surgimento de novos players políticos, mas também a falência de oligarquias políticas consolidadas como no caso da Família Campos e um destacado fim da era Jucá (MDB) que já vinha desgastada desde as eleições de 2014 e em 2018, repercutiu no insucesso da reeleição do principal cacique e de uma série de candidatos de seu apoio.

Por outro lado, os tradicionalismos políticos continuam frente a uma baixa capacidade de renovação política do Legislativo, com a prevalência de figuras políticas ou famílias políticas previamente já estabelecidas, em um contexto de aumento da fragmentação partidária pré-existente, onde os partidos nanicos adquirem crescente destaque devido ao peso do voto proporcional para deputado estadual e federal.

A continuidade da velha política é representada pela manutenção de um perfil ideológico de eleitores conservadores para diferentes cargos, inclusive presidente, bem como de políticos locais conservadores eleitos, onde aparecem velhas figuras políticas, tanto, os senadores eleitos, Chico Rodrigues (DEM) e Mecias de Jesus (PRB), quanto, os deputados federais e estaduais, onde os indicadores de renovação seguem tendências de eleições anteriores, respectivamente com taxas de 50% e 42%.

Conclui-se com base nos resultados de primeiro turno das eleições de 2018 que Roraima mantém predominantemente a lógica estruturante de uma política fundamentada em uma velha política, a qual é fundamentada em oligarquias políticas previamente consolidadas, embora suscetível a uma oxigenação das elites políticas, ainda que baixa, justamente em um contexto em que a máquina pública tem menor poder de arrasto eleitoral e com maior abertura a outsiders devido à maior complexidade social e às próprias mudanças políticas no país.

*Economista e cientista político, professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR).  E-mail de contato: [email protected]. Outros trabalhos podem ser encontrados em www.eloisenhoras.com.

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Sua vida vale um cigarro? Walber Aguiar*

“Nesses dias tão estranhos, fica a poeira se escondendo pelos cantos.” (Renato Russo)

Madrugada. Inverno. O mundo sombrio estava cada vez mais carregado de sombras. Sombras de ódio, marcas de dor, fragmentos de indiferença. A morte rondava os homens, com suas carrancas de medo e ilusão. Um cigarro, uma caixa de fósforos, uma facada. Mais um a engrossar as estatísticas de uma cidade sem educação e segurança.

Depois de desvalorizada a vida e banalizada a morte, não há como deixar em branco um acontecimento desses. Não podemos fingir que não vimos ou ouvimos nada. A não ser que estejamos cegos, surdos, loucos ou extremamente insensíveis.

Quanto vale a sua vida? Uma dose de cachaça, um cigarro de maconha, uma roupa de marca ou um relógio de ouro? Quanto você paga para existir num mundo desajustado e complexo? Estaremos pagando pelo erro de outros ou pelos nossos próprios? Seremos bonecos iludidos pelo livre-arbítrio ou cobaias de um Deus apático e sem graça?

Ora, a teodicéia (Deus é culpado pelo mal) tem várias vertentes. Uma delas é que para valorizarmos o bem temos que experimentar o mal, para conhecermos o alívio precisamos considerar a dor, para entendermos a graça temos que passar pelo sofrimento. Que a cura vem depois da doença. Que se Deus é todo bom ele não pode ser todo poderoso e se ele é todo poderoso ele não pode ser todo bom.

Leibniz, filósofo alemão, num de seus ensaios, diz que a presença do mal no mundo não entra em conflito com a bondade de Deus. Que o livre arbítrio não é um brinquedo posto em nossas mãos; que atraímos sobre nós mesmos o bem ou o mal conforme nossa particular maneira de ver ou de agir.

O que nos assusta, um feto na lixeira, a violência gratuita de quem mata por um cigarro? Quanto vale a sua vida? Será que vale um cargo oferecido por um candidato em ano eleitoral? Se sua vida vale mais que um cigarro ou um pão amanhecido, então sua autoestima também tem que valer algo. O que não se admite é que as pessoas se anulem diante do poder que corrompe ou por ele sejam diminuídas…

A vida pode valer muito ou pouco. Depende daquilo que fizermos com o que fizeram de nós. Era madrugada. A chuva caía sobre o sangue na calçada. Ali nascia uma profunda reflexão. No canto empoeirado do boteco estavam Deus, um copo de cachaça e uma bagana de cigarro.

*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras. E-mail: [email protected].

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Vivendo de aparências  Marlene de Andrade*

Um dia desses me disseram que eu usava roupas muito “barrelas” e que, como médica, deveria me vestir melhor. Pelo fato de sermos profissionais liberais nada nos faz mais valorosos do que qualquer pessoa deste planeta. Ter 3º grau ou ser PhD não nos transforma em super stars. Todos vamos virar pó e não é um curso superior que nos faz diferentes de um gari, o qual é tão importante para a sociedade, quanto qualquer ser humano mais “estiloso”, graduado, ou muito douto.

É verdade que cada ocasião exige indumentárias diferentes e não há o que se discutir a esse respeito. Não podemos ir a um casamento calçando sandálias Havaianas, ou um juiz realizar uma audiência de bermuda só porque residimos em um país tropical. Também é inconcebível alguém entrar em um órgão público em trajes de praia.

Andar de salto alto, engravatado ou usar grife nada tem de errado, contudo o uso de roupas de marcas desconhecidas também são muitas vezes elegantes e podem vestir muito bem as pessoas e elas em nada depreciam quem quer que seja.

Devemos colocar na cabeça que somos todos iguais, pois hoje alguém, por exemplo, que exerça a função de deputado, amanhã pode se tornar tão somente um cidadão comum. Nesse caso o que mudou nele não foi a sua essência e sim a sua referida função dentro da sociedade.

Não devemos julgar as pessoas apenas pela sua aparência, porém é evidente que não podemos andar de qualquer jeito, ou seja, maltrapilhos ou extravagantemente vestidos à moda esfarrapada, sujos e mal cheirosos. Usar roupas e acessórios de bom gosto faz parte das nossas vidas e é de bom tom, mas não é preciso usar grifes famosas para sermos reconhecidos na Sociedade.

Dentro desse foco de discussão, é interessante perceber que grande parte das pessoas, principalmente as das classes sociais mais baixas, gostam de imitar pessoas de maior representação socia
l. Geralmente, as sociedades humanas criam padrões, que tendem a ser seguidos pelas pessoas, contudo muitas vezes esses padrões não passam de consumismo supérfluo.

É comum algumas pessoas escolherem um corte de cabelo, ou roupas imitando artistas famosos e por si só, nada disso é errado. O que não podemos é criar paradigmas em cima desses estereótipos que de nada valem na nossa vida tão passageira. Sendo assim e depois desta reflexão, pergunto a mim mesma: o que é usar roupas “barrelas”? É não estar usando marcas internacionais?

“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas somente a que for boa para promover edificação.” (Efésios 4:29).

*Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT

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Prepare-se para as mudanças Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Grandes espíritos sempre encontram violenta oposição por parte de mentes medíocres.” (Einstein)

Os espíritos grandiosos estão sempre em evolução. E quando evoluímos estamos aprendendo todos os dias e a cada minuto. E é por isso que devemos ter cuidado com os que não evoluem, pensando que estão evoluindo. Não sei se há, por aqui, alguma empresa cuidando da preparação dos seus funcionários, em relações humanas. E se tiver, tem que ter muito cuidado, porque as coisas mudaram e não temos como alcançar as mudanças. Porque elas estão na formação mental para o desenvolvimento social. As pessoas estão evoluindo na euforia do desenvolvimento tecnológico, mas sem se aprimorarem no mental. E sem o desenvolvimento mental não há como se desenvolver cultural, nem socialmente.

A euforia a que estamos assistindo no pseudocombate à discriminação, está confundindo a sociedade. Já nos primeiros cursos de relações humanas aprendemos que não devemos deixar de elogiar sempre, alguma coisa em alguém. Lamentavelmente estamos perdendo esse hábito educado. E isso, com receio de o elogio ser confundido com um assédio sexual. E como preparo as relações humanas ensinam como elogiar com elegância e respeito. Mas é preciso que a pessoa elogiada seja preparada para o elogio. E está difícil encontrar alguém preparado. A falta de educação está freando o mundo.

Adoro elogiar as pessoas. Mas estou cauteloso. Ontem cheguei ao caixa do supermercado e encontrei uma jovem sendo atendida. Olhei para ela e vi dois olhos encantadores. A cor não sei, porque sou daltônico. Mas os olhos eram lindos, e tinham uma cor encantadora. Sorri e preparei-me para elogiar os olhos dela. Mas quando olhei pra ela, ela franziu o canto da boca. Continuei sorrindo, mas sem disposição para o elogio. Ela saiu e eu comentei com a moça do caixa, sobre a beleza dos olhos da garota. A moça sorriu e comentou que também tinha reparado.

Está ficando difícil um relacionamento social e de respeito, que pode surgir em qualquer lugar onde estejamos. É uma questão de educação e preparo social. Mesmo que o elogio não seja de forma tão educada, não nos afetará se formos preparados para recebê-lo. Vamos nos educar, pessoal? E comecemos parando com essas briguinhas comadrescas, que não justificam o tempo que perdemos nas mídias com assuntos corriqueiros. Somos um país em desenvolvimento. E seu desenvolvimento depende do valor que nos damos. E este depende da educação. E esta depende da nossa atitude para conosco mesmo. Faça sua parte para o mundo melhor. E isso é possível quando nos conhecemos em nós mesmos. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460 

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