Opinião

Opiniao 09 11 2018 7208

Presentes de final de ano: um alerta às regras de compliance nas empresas

Antonio Carlos Hencsey*

A troca de presentes e entretenimento pode fortalecer as relações comerciais, mas por outro lado o envio de regalos e divertimentos, como jantares e idas a shows ou peças teatrais, podem criar, ou aparentar, influências inadequadas no ambiente de trabalho. Todo cuidado é pouco ao receber mimos do parceiro ou fornecedor, uma prática muito comum que ocorre agora, principalmente, durante as festas de fim de ano. Tudo porque, o recebimento de gratificações tem grades chances de ser visto como propinas, capazes de manchar a reputação e destoar as disposições do código de normas e condutas éticas da companhia.

É importante ressaltar que itens promocionais de baixo valor, tais como canetas, calendários, blocos de anotações ou outros brindes menores, que normalmente possuem a logomarca da empresa, não se encaixam na categoria de gratificação indevida. Aqui é falado de presentes de alto valor, que superam as cifras de 150 reais e que podem influenciar a objetividade do presenteado quando for tomar uma decisão comercial.

Alguns cuidados podem (e devem) ser tomados para que as empresas sigam suas regras de ética e compliance sem apresentar grosseria no momento do recebimento do presente em face ao período de festividades.

1) Reforce com todos os colaboradores as políticas de oferta e recebimento de gratificações estabelecidas pela sua empresa. Delimite um preço para os presentes a serem recebidos. Por exemplo, itens acima de R$ 100 já são considerados fora do padrão de item promocional de baixo valor;

2) Proponha conversas sobre o porquê da oferta de presentes. Faça reflexões com a equipe a fim de identificar qual a motivação de quem presenteia. Interesse comercial ou apenas um ato de agradecimento por mais um ano de parceria?

3) Deixe claro que mesmo que o profissional acredite ser isento ou não influenciável pelo recebimento de alguma gratificação, somos seres humanos. Não existe neutralidade total nas relações interpessoais. Sempre algum viés ou vínculo é estabelecido com esta ação;

4) Sabemos que a alta direção, em alguns casos, recebe presentes como forma de reforçar vínculos estratégicos para a organização, mas estes também devem seguir as políticas estabelecidas. Lembre-se: o exemplo vem de cima. Ao receberem os presentes é preciso, de forma explicita, que seja cumprido os procedimentos padrão, deixando clara a importância que esta prática tem para a empresa;

5) Valorize os profissionais que agirem da forma certa. As pessoas podem sentir que estão perdendo algo ao negarem um presente ou entregarem o item para a área responsável. Demonstre ao colaborador a importância de cumprir as normas éticas da organização e fortaleça a conduta do funcionário para as outras pessoas da empresa.

*Líder de prática de Ética & Compliance da Protiviti, consultoria global especializada em finanças, tecnologia, operações, governança, risco e auditoria interna.

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Thomas Hobbes, o Pregador Cristão e a Política Brasileira

Daniel Severino Chaves*

Thomas Hobbes, um cristão autêntico, foi acusado de ateu por desnudar a natureza do homem, ele entendia que o homem era mau por natureza e somente pelo medo e pela coerção ele se sujeitaria ao pacto social, cedendo ao poder sua liberdade, o pacto da submissão, trocando voluntariamente sua liberdade pela segurança do Estado Leviatã. Foi considerado um contratualista absolutista ao confirmar: “o homem é lobo do próprio homem”, frase inspirada na máxima de Titus Plautus – Plauto (254 a 184 a.C) – lúpus est homo homini, nomhomu, quomqualissit non novit – o homem é lobo para outro homem, mas não o homem que não souber como o outro é.

Seu discurso sobre a origem contratual do Estado exerceu profunda influência no pensamento de Rousseau e Kant, contribuindo assim para preparar, no plano ideológico, o advento da revolução francesa. A enciclopédia britânica descreve que em sua obra: “Leviatã, ou a matéria, a forma e o poder de um estado eclesiástico e civil”, ele demonstra que a primeira lei natural do homem é a autopreservação, que o induz a impor-se sobre os demais.

Polemizando com a tradicional tese aristotélica, sustenta que no gênero humano não existe sociabilidade instintiva, precisamente porque o contrato de fundação de toda sociedade humana tem caráter artificial, e somente pela força externa, do Estado, os homens se sujeitam. Ele foi o teórico do absolutismo político considerando o Estado uma entidade digna de veneração, um Deus mortal pouco abaixo do Deus imortal, um Leviatã, o invencível monstro descrito no livro de Jó.

O Leviatã descrito no livro de Jó demonstra a incapacidade do homem dominá-lo, Isaias e Apocalipse acrescentam: “Naquele dia o Senhor castigará com a sua dura espada, grande e forte, o leviatã, serpente veloz, e o leviatã, a serpente tortuosa, e matará o dragão, que está no mar”. “E vi subir do mar uma besta, era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio. E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela?”.

Devido suas convicções políticas que despertava no povo uma nova realidade, foi perseguido pelo governo do calvinista Oliver Cromwell. Fugiu para Paris onde escreveu sobre a relação da Igreja com o Estado na formação de um mesmo corpo e ela sobre este, quer no poder religioso, quer no civil o que contrariava o princípio cristão do Estado laico “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Miqueias afirma: “Tornará a apiedar-se de nós; sujeitará as nossas iniquidades, e tu lançarás todos os seus pecados nas profundezas do mar”.

A laicização do Estado é um dos principais fundamentos do cristianismo autêntico, principalmente porque no modelo capitalista que vivemos a propriedade, ou seja, a riqueza é a coisa mais importante em matéria de cidadania. O aposto Paulo, que fora membro da Suprema Corte; o Sinédrio, em sua carta endereçada a Timóteo alerta: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”. Infelizmente os intelectuais das academias não conseguem enxergar o espírito do cristianismo, criticando o que não sabem. O eleitor brasileiro mantém vivo a ideia hobbesiana, numa nova versão: “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”.

*Sociologia Prospectiva

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Pare a roda

Vera Sábio*

Qualquer um sabe fazer rodar a roda de um veículo; porém, nem todos conseguem conduzi-lo. Isto é muito fácil de perceber, ao verificarmos como este Estado de Roraima se encontra, totalmente desgovernado. É preciso urgentemente parar a roda, a roda que gira de qualquer maneira, qu
e girou sem responsabilidade, sem ética e sem compromisso com o povo. A roda de uma carroça vazia que produzia barulho, fazia discursos e contribuiu por ilusões de dias melhores. Mas ao observarmos direito, era vazia e só rangia, devido à falta de carga sólida, honesta e produtiva.

É possível um governador não ter conhecimento de várias áreas, todavia ele precisa colocar pessoas que consigam ajudar a conduzir com maestria o Estado. E pelo visto isto não aconteceu. Muitos foram os colaboradores, no entanto poucos foram eficazes para não deixar que o povo sofresse, sem segurança, sem educação, sem saúde e agora há meses sem salário.

Assim é preciso parar a roda, é preciso corrigir os eixos e não deixar que estes desvios corram a solto. Não é fácil, mas a casa precisa ser arrumada e até isto ocorrer, todos sofrerão. A esperança está centrada no próximo governante, o qual terá muito trabalho, até adquirir melhores resultados; afinal rodas que levam a quaisquer direções, até serem ajustadas, leva tempo, e mudanças de peças, de estruturas, de carroça se for o caso.

A roda só conseguirá rodar em novas mãos, com conhecimento de liderança, com pulso forte e integridade para não se afundar na lama da corrupção e ter condições de sair dela sem destruir o veículo que diriges. Nosso Estado de Roraima, precisa de respeito, tem que tratar seus servidores com a dignidade que eles merecem. Por isso, que Deus capacite o escolhido.

*Psicóloga, palestrante, escritora, servidora pública, esposa, mãe e cega com grande visão interna.

Adquira meu livro “Enxergando o Sucesso com as Mãos”.

Cel. (95) 991687731

Blog: enxergandocomosdedos.blogspot.com.br

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Varre, varre, vassourinha

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Meus adversários devem alegrar-se por não me ouvirem dizer todos os dias a mesma coisa, uma vez que eu, por vezes, sinto-me cansado de ouvi-los repetirem sempre as mesmas afirmações.” (Bismarck)

Quem já me conhece sabe que não estou aqui me arrolando de intelectual, sei lá o quê? Longe disso. Nunca fui nem pretendo ser. Estou apenas externando meus pensamentos sobre um assunto que sempre me cativou, desde minha adolescência: a política. E o despreparo dos nossos políticos está preocupante. Mas ainda resta uma esperança: “Como a vovó querida foi comida ainda há pouco, talvez ainda tenha vida.” Ainda podemos tirar a vovó da barriga do lobo. Mas vai depender da nossa competência. E não iremos colaborar, com desarmonia.

Durante a campanha eleitoral, confesso, não tive estômago para assistir a todos os debates e entrevistas. E tudo por conta do despreparo dos entrevistadores e dos entrevistados. Sempre as mesmas perguntas, os mesmos questionamentos primários, e respostas inadequadas. Estávamos mesmo precisando de uma varredura. Lembrei-me da campanha política do Jânio Quadros, em Sampa, no início dos cinquentas. Ele usou a seguinte musiquinha de campanha: “Varre, varre, vassourinha. Varre, varre a bandalheira. Que o povo já está cansado de sofrer dessa maneira.” E o que acabamos de ver foi mais ou menos isso. Uma varredura, ainda que não tão forte, o quanto necessitamos. Mas foi uma varredura.

Agora cabe a cada um de nós fazer sua própria varredura na sua mente política. Vamos cuidar do nosso País. E para isso precisamos cuidar da nossa educação. Olhar com olhar crítico para dentro de nós mesmos, e ver o que realmente está faltando para que possamos ser um País desenvolvido. E temos tudo para isso. Só nos falta uma Educação com o A maiúsculo. Com mais respeito ao que somos como brasileiros. E não podemos seguir a trilha dos que não são capazes nem mesmos de cuidarem de si mesmos. Não precisamos seguir nada nem ninguém. Somos competentes. O que não somos é educados sobre nós mesmos. Anda vivemos a ignorância de um povo de um país subdesenvolvido. Ainda seguimos o exemplo de que: “Reconhece-se um país subdesenvolvido pelo fato de nele ser a política a maior fonte de enriquecimento.” Vamos sair desse círculo de elefante de circo. Vamos nos respeitar e fazer o que devemos fazer de melhor, para que sejamos vistos e respeitados como cidadãos brasileiros.

Vamos nos educar e nos prepararmos para que tenhamos, mereçamos e respeitemos o voto livre, dentro do nosso respeito como cidadãos. Vamos deixar de lado, a velha e abominável política da submissão. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460