Opinião

Opiniao 10 02 2015 609

A mangueira mágica – Walber Aguiar* Juro, eu tentei ser feliz…              Dorval Magalhães Naqueles nublados dias de fevereiro, o tempo se arrastava pelas terças-feiras cinzentas e se agigantava diante da nossa total impotência e nostalgia. Impotência, porque não podíamos reverter o processo histórico, o já vivido, palpável, concreto, mensurável. Nostalgia, pela lembrança constante do passado, pelo banzo que se instalara em nossas almas. Nesse contexto, inevitavelmente surgiria a lembrança da figura humana de Dorval Magalhães. De feições amáveis  e rosto resignado,  guardava um leão dentro daquele peito, quando se tratava de defender o ético e o familiar, o sagrado e o patriótico. Ora, não vamos divisar precisamente a alma dorvaliana. Até porque não conseguimos ser ao menos psicólogos do próprio espigão da nossa alma. Sabemos gostos, preferências, aptidões, mas ficamos completamente ilhados diante da vastidão oceânica da essência e das especificidades de nós mesmos. Uma das maiores ausências que pude experimentar foi a sua. Até porque, no entender de Caio Vinicius, a vida continuaria para sempre debaixo daquela mangueira mágica, daquela comunhão existencial, das palavras proferidas, da devocionalidade que aquele quintal proporcionava, do suco gelado que dona Eunice preparava. Com isso, o menino quis dizer que a vida pode recomeçar sempre. Que a última notícia não era a morte, mas a vida. A mesma lição que o Jesus histórico dera aos dois de Emaús, aos discípulos que caminhavam ao lado dele e não percebiam a doce presença da divindade. Naquele mês de fevereiro Dorval experimentaria o começo e o fim. Nascimento e morte, berço e sepultura. Amigo da literatura, dedicou parte de sua vida à Academia Roraimense de Letras,  que ajudou a criar e organizar, como presidente da mesma.  O neto do fundador de Boa Vista,  capitão Inácio Lopes de Magalhães, não era apenas o gênio das letras, o profeta dos sonetos, o “acendedor de lampiões” das trevas urbanas, mas um homem extremamente religioso. Afora os cargos políticos, Dorval sempre falava de coisas do outro mundo, de gente que supostamente o visitava, como que a deixar algum recado ou aviso. Aquela inesquecível figura humana, mencionava sempre o místico, o sagrado, o desejo de conhecer o Eterno e servir o indivíduo feito à sua imagem e semelhança. Naqueles nublados dias de fevereiro, a sua presença era mais forte. Pela lembrança de quem fora o homem, pela nostalgia de quem era o mito. Naqueles dias escuros, ele, de novo, nos conduziu ao sentido do existir e aos nossos mais quentes afetos. Ele nos encontrou debaixo da mangueira mágica… *Advogado, poeta, historiador, professor de filosofia e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected] —————————————— Cada animal no seu quadrado – Marlene de Andrade* Animais errantes, largados à própria sorte, podem ser capturados pelo Centro de Controle de Zoonose (CCZ), o qual funciona como uma unidade de saúde pública. Sua atribuição fundamental é prevenir e controlar as zoonoses que são  doenças e infecções transmitidas ao homem através de animais. Esse centro, inclusive, está autorizado, por lei, colocá-los à disposição da população que queiram porventura adotá-los. Se esses animais forem portadores de doenças incuráveis eles serão, infelizmente, sacrificados. Tal fato é muito lamentável, mas essa é a triste realidade que os aguarda em caso de doenças graves e sem cura. Sendo assim, o CCZ recebe da população, os seus animais com doenças incuráveis como, por exemplo, calazar, uma complicação da leshimaniose, ou ainda os portadores de raiva e a toxoplasmose transmitida por felinos, principalmente pelos gatos, a qual é uma doença muito grave. Se os donos dos animais, os quais vivem soltos pelas ruas não têm condições de cuidar dos mesmos, por que os pegam para “criar”? Nas ruas e avenidas abandonados, à própria sorte, eles se alimentam de imundícies e  bebem água muitas vezes contaminada, ficando por isso, vulneráveis a inúmeras doenças na maioria das vezes gravíssimas. O que essas pessoas deveriam fazer é doá-los para quem quisessem criá-los e não deixá-los soltos prejudicando a comunidade e sendo também prejudicados. Além do mais, cachorros e gatos que vivem nas ruas podem ocasionar inúmeros outros problemas à sociedade. Como médica do trabalho atendo vários trabalhadores que sofrem acidentes de trânsito e/ou de trajeto devido terem se chocado, principalmente com cães, os quais vivem soltos atropelando inúmeras motos e consequentemente  também sendo atropelados. Existe um veículo próprio para capturar esses animais errantes, conhecido como carrocinha, porém eu nunca vi uma sequer aqui em Boa Vista, devido ao fato, não sei se esse serviço está ativo. Tudo isso é muito lamentável! Inclusive há casos desses animais até atacarem os transeuntes de forma violenta. E o pior é que na maioria das vezes a gente nem sabe quem são os donos desses animais. Nesse caso, existe uma falha muito grande por parte do Poder Público que não toma nenhuma providência a esse respeito. Penso que o Ministério Público poderia tomar à frente desse problema, a fim de inibir uma tão grande demanda de cães e gatos espalhados pela nossa cidade e que tanto têm ocasionado acidentes de moto, com gravíssimas repercussões à população em geral. “O justo importa-se com o seu animal doméstico, mas as misericórdias dos iníquos são cruéis.” (Provérbios 12:10) * Especialista em Medicina do Trabalho  ——————————————— Hangares de Parnamirim – Afonso Rodrigues de Oliveira* “São os caminhos invisíveis do amor que libertam o homem”. (Exupery) Você se considera uma pessoa livre? Sua liberdade está em você ser o dono dos seus próprios sentimentos. E estes dependem dos seus pensamentos. São os maus pensamentos que nos prendem, nos dominam e fazem de nós um treco. São os bons momentos que vivemos que nos fazem feliz no vivido. Você já leu várias vezes, aqui, neste espaço, o pensamento do Laudo Natel: “Saudade é a presença da ausência”. E só quando somos felizes vivemos a felicidade como a presença da ausência, que levou nossos dias bons. Se você pensa que é cafonice vez por outra você parar um pouco, ficar olhando para um horizonte que você não vê, vendo momentos felizes do seu passado, é nada, cara. E esses momentos podem ser os mais simples que você nem os percebeu, quando os viveu. Posso fazer um parêntese aqui? Recentemente citei o Laudo Natel e usei a palavra felicidade, em vez de saudade. Fica minha desculpa. Vamos em frente. Minhas segundas-feiras geralmente são corridas pra dedéu. Ontem levei a dona Salete para a acupuntura. Deixei-a lá, saí pra pegar o jornal. Isso significa uma volta imensa, e tudo a pé. Alguém já tinha pegado o jornal e voltei para casa. E foi aí que a saudade controlada chegou. Um dos meus filhos estava não sei por que, ouvindo pelo celular, o hino da Marinha: “Cisne Branco”. Sorri, lembrando-me do grande amigo, Quintella. Sorri mais e fui empurrado para uns velhos tempos que me fizeram, muito feliz. E paradoxalmente, foi durante a segunda Guerra Mundial. Eu era um garotão, pequenininho, e não via aquele movimento como produto de uma guerra mundial, mas um ambiente de muito movimento, e novidades mil. E isso era o que me encantava, e me plantou saudades. Corri muito por dentro daquela Base, estudei três anos na Escola de Base, e cantei muito, todos esses hinos. Ainda bem recentemente, cantei todo o “Vamos filhos altivos dos ares, nosso voo ousado alçar. Sobre campos cidades e mares, vamos nuvens e céus, enfrentar”. Você viveu momento assim? Ótimo. Então procure revivê-los. Faz parte da evolução. Não ficar preso ao passado não significa esquecer os bons momentos do passado. Vivi intensamente naqueles hangares e fui “preso” três vezes, pela MP norte-americana.  Os motivos das “prisões”, acho que já falei deles por aqui. Coisas de um garoto levado, cheio de vida e felicidade. E que não tem nenhuma intenção de enterrar os momentos vividos na Base Aérea em Parnamirim. Atravessando a pista, irresponsavelmente, para pegar frutinhas de cujo nome nem me lembro mais. Nem os MP. Pense nisso. *Articulista [email protected]     99121-1460 ——————————————– ESPAÇO DO LEITOR OUSADIA A leitora Verônica Chaves escreveu: “A que ponto chegamos, de bandidos adotarem um comando organizado para planejar atentado contra policiais e agentes penitenciários, arquitetado dentro dos presididos em parceria com o comando da venda de drogas na cidade. É uma ousadia a qual foi contida a tempo, antes que algo acontecesse contra os servidores que atuam no combate e repressão ao crime organizado. A ação de repressão foi um sucesso e conseguiu em tempo hábil desestabilizar esta quadrilha”. QUEIMADAS Moradores que residem em Rorainópolis enviaram comentários sobre as queimadas descontroladas que atingem parte da área central daquele município no Sul do Estado. “Como se não bastasse a fumaça que vem das vicinais próximas à cidade, ainda temos que suportar as pessoas que queimam lixo doméstico e, com isso, as crianças e os idosos são os mais prejudicados. Não tem um órgão que realize no município esta fiscalização, e os problemas de saúde só se agravam pela incompreensão dos moradores”, relatou um servidor público que pediu anonimato. TELEFONIA João Mendes comentou: “Pelo que percebemos, as reclamações que lideram nos órgãos de proteção ao consumidor continuam sendo ligadas à telefonia fixa e móvel. Como é de conhecimento de todos que tudo neste país vira pizza, há dois anos existiu uma grande mobilização em todos os estados sobre a CPI da Telefonia, inclusive em Roraima. Mas, como sempre, nada foi resolvido e continuamos com os mesmos problemas sem as devidas resoluções”. FEIRA A leitora Cleonizia Matos escreveu que, no final de semana passado, estava difícil conseguir um estacionamento na parte interna da Feira do Produtor, por conta da desorganização da direção do local que liberou que frutas ficassem expostas no local. “Apesar de existirem os galpões destinados ao armazenamento de bananas, melancias e abacaxis, o estacionamento foi tomado pela exposição indevida dos produtos. Faltou organização da administração e novamente tenho percebido a ausência de coletores de lixo na parte externa, o que tem gerado uma grande quantidade de lixo”, afirmou.