Opinião

OPINIAO 10 03 2015 714

Caboco das águas II
Walber Aguiar*
Conheci um homem submerso
Que fez da água seu verso
Que fez do verso seu lar…
Sonhei que estava debaixo das ingaranas. Que estava com o caboco das águas. Uma história meio Lula, em que assombrações surgem do meio da mata e crianças choram em galhos de árvore. Que índios aparecem boiando de repente, depois de atravessar o rio de um só fôlego. Assim sonhei que estava com o caboco Dagmar, conversando sobre o futuro, sobre a vida e a morte, sobre as águas que corriam sob nossos pés.
Ele falava num grande reservatório de água. Não, não era o da Caer, onde aparece aquela gota caindo. Não era o Rio Branco, uma reserva natural. Também não podia ser a minha caixa d’água ou a sua. Era algo lendário, coisa de Lula mesmo.
Contava o caboco que, em sonho lhe fora revelado o lugar das grandes águas. Assim tipo o Reino das Águas Claras, de Monteiro Lobato. Uma revelação feita somente aos defensores da natureza, àqueles que amavam a fauna, a flora, os igarapés e buritizais. Por isso fora confiado ao caboco aquele sonho, aquela revelação.
Durante o sonho, um anjo, desses que vivem deitados à sombra, apontou para uma grande serra, um lugar encantado e misterioso. Ali estava o depósito de água mais rico e denso do mundo, e que o caboco das águas seria o encarregado de guardar esse segredo até o dia em que as águas começassem a escassear sobre a terra.
Depois falamos sobre a preciosidade que ali existia. Pedras preciosas, ouro, diamantes e o maior bem de todos: a água. Por isso o caboco vivia preocupado com a economia, com o desperdício, com o fato de muitos não terem consciência na hora de tomar um banho ou escovar os dentes com a torneira aberta. Daí o caboco e suas campanhas no decorrer de vinte anos em que trabalhou na Companhia de Águas e Esgotos de Roraima.
Ali estávamos nós. Eu, Dagmar e as ingaranas. De repente, assim do nada, seus olhos foram ficando marejados. E o volume de lágrimas foi aumentando, aumentando, até virar um enorme igarapé. O caboco das águas sumira de repente do meu sonho. A mensagem última foi o amor às águas, o desejo de mergulhar, de economizar, de viver submerso.
*Advogado, poeta, historiador, professor de filosofia e membro da Academia Roraimense de Letras.  [email protected]   tel. 99144-9150
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‘Guerra nos céus’
Marlene de Andrade*
Antes de dormir sempre olho as câmeras para verificar se os portões da minha residência estão devidamente fechados. Certa noite dessas, olhei através delas e percebi que havia, em alguns pontos da mesma, algo como se fossem serpentinas brancas presas na referida cerca de um lado a outro do quintal. Essas supostas serpentinas balançavam ao sabor do vento sem cessar. 
Com receio de ir ao quintal, esperei o dia amanhecer. Quando a senhora que trabalha na minha residência chegou de manhã, foi logo me avisando que tinha uma linha de pipa presa na minha cerca elétrica, a qual por pouco não a cortou. Essa linha, como já mencionei, estava presa de um lado ao outro da cerca elétrica do meu quintal e se encontrava muito baixa e as pontas dela pareciam tiras de papel branco. Foi um verdadeiro milagre essa senhora não ter se cortado, pois era uma linha de cerol muito grosso.
É um absurdo que as autoridades não tenham ainda proibido esse “entretenimento” tão perigoso. A prática de soltar pipas é tão arriscada que as motos profissionais são obrigadas, todos nós já sabemos disso, possuir como equipamento de proteção, a antena corta-pipas, a qual evita, mas não protege totalmente, principalmente os caronas das motos,  sofrerem acidentes graves.
A criançada e até mesmo os adultos, colocam cerol na linha das pipas feito, como sabemos, com caco de vidro bem socado e cola. Essa mistura eles passam na linha das referidas pipas para cortar a linha das outras pipas. É como se fosse mesmo uma guerra nos espaços aéreos.
Muitos motociclistas têm se acidentado cortando o pescoço, outros locais do corpo e até mesmo perdido a própria vida por causa do cerol. Além dos motoboys, motociclistas, pedestres, ciclistas, skatistas paraquedistas e aves também podem se tornar vítimas dessa “brincadeira” tão perigosa. E o interessante, é que é comum a gente ver até adultos soltando pipa pelo meio das ruas que de fato são públicas, mas diga-se de passagem,  não são áreas de lazer, inclusive também para a prática do futebol, ou de vôlei.
Quantas pessoas, por esse Brasil afora, já não morreram devido aos acidentes causados por pipas? É inadmissível que uma pessoa seja acidentada por uma dessas linhas com cerol ou mesmo sem cerol. 
Os parlamentares têm obrigação de se posicionar e criar uma lei que proíba essa “guerra nos céus” de nosso país. Que seja criado um SOS-pipas, para que a as pessoas do bairro acione o serviço da Ronda a fim de que ela chegue até ao local onde haja pessoas desocupadas “brincando” dessa forma, pondo em risco a vida do seu próximo.
“…o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal. (Eclesiastes 8:11).
*Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT
https://www.facebook.com/marlene.de.andrade47
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A cultura do já teve
Afonso Rodrigues de Oliveira*
“O homem é um sucesso se ele acorda de manhã e vai para a cama à noite e entre as duas coisas ele faz o que gosta de fazer”. (Bob Marley)
Acho que foi a primeira vez que fiz uma matéria homenageando a mulher pelo seu dia internacional. E, talvez por isso, o pessoal do jornal publicou a matéria um dia depois da comemoração. E pegou. Você já sabe que andei me enclausurando. Estou preso dentro de casa. E não me pergunte por que, porque não vou saber responder. À vezes fico me perguntando o que me levou à tamanha tolice. Estou pagando caro pela burrice. Afastado dos movimentos culturais estou fora de foco. E, na última sexta-feira, o Edgar Borges me convidou para o evento “Mulheres em Forma”, uma realização do grupo “O COLETIVO URUCUM”. Um grupo formado por acadêmicos da UFRR. Cara, foi o maior sufoco. Só aí verifiquei o quanto estou afastado do pessoal. Acredite, mas só quatro pessoas presentes me conheciam.
O evento realizou-se, segundo a programação, na Casa da Cultura. Comecei a discordar por aí. A Casa da Cultura não existe mais. Ela está no rol dos do já-teve. O que temos ali é um prédio histórico, abandonado e depredado. O evento aconteceu dentro do que fora um jardim, na época da Casa da Cultura. Acreditem, mas o pessoal da Faculdade passou a manhã toda limpando o terreno, na tentativa de deixá-lo, pelo menos, na mínima condição para a realização. A grosso modo, conseguiram. Mas pelo que eu soube, foi o maior sufoco. A Casa da Cultura está não só abandonada, mas usada como depósito de mercadorias, sei lá de quem, e verdadeira lixeira, também não sei de quem. Mas o poder público deveria saber e evitar.
Cheguei atrasado ao evento. O que não é de meu costume. Mas houve motivos. Mas o que importa mesmo é o que vi, no deveria ver. Um esforço desmedido, de pessoas interessadas em tirar Roraima do círculo do Já-teve. Já é uma cultura local a destruição de patrimônios culturais do Estado e do Município. E sabemos nós o quanto já batalhamos para tirar o Estado dessa indolência cultural. Lamentei não ter tido a oportunidade de maior contato pessoal para criar novas amizades que, quem sabe, me tirariam do ostracismo. Vou batalhar. Que o Coletivo Urucum não desista de sua luta, e consiga reativar os movimentos culturais que já foram importantes para nosso crescimento e desenvolvimento.
Mas ainda temos muito a fazer. E o importante é que o façamos. Inclusive, com o repertório da Alcione. Que tal? Falando sério, vamos levar isso a sério e procurar tirar o poder público da sonolência cultural em que nos mantém. Vamos nos dar as mãos. Pense nisso. 
*Articulista
99121-1460 ——————————————–
ESPAÇO DO LEITOR
COSME E SILVA
Leitores enviaram reclamação à Folha sobre a situação da policlínica no bairro Pintolândia: “Nesta segunda-feira, quem necessitou ir até a Policlínica Cosme e Silva passou por um verdadeiro teste de paciência, em razão de a unidade contar com apenas um médico para atender dezenas de pessoas. Houve casos, como o meu, em que esperei mais de uma hora e meia para ser atendido, isso sem contar que a maioria das pessoas teve que aguardar em pé, já que nem cadeiras para o paciente esperar existe em número suficiente. Outro absurdo foi constatar que nem o sistema de prioridade estava sendo respeitado”, relatou o leitor Sandro Lima.
HGR
Sobre o mesmo tema, o leitor José Filho relatou: “Estou com um irmão há mais de 20 dias internado em razão de um problema de saúde e, após ser solicitado um exame específico, a unidade hospitalar está com a máquina que realiza o cateterismo quebrada há mais de dois meses. Para piorar a situação, o exame não é feito em clinicas particulares. Como a situação requer urgência estou apelando para que algo seja feito não só pelo meu irmão, mas pelos outros pacientes que aguardam a manifestação do Estado”.
PROCON
O internauta Ernane Melo enviou o seguinte e-mail: “Apesar de os veículos de imprensa divulgarem inúmeras matérias em relação ao desrespeito dos donos de supermercados da Capital com os clientes, não existe nenhuma fiscalização efetiva e punitiva por parte dos inúmeros órgãos de proteção ao consumidor. Um fato curioso que ocorre rotineiramente é que o preço que está divulgado na prateleira nem sempre é o registrado nos caixas. É necessário atenção redobrada pelos consumidores, já que não temos a quem recorrer”.
FAXINA
O leitor Edmilson Alves, de Mucajaí, comentou que não foram apenas os moradores de Amajari e os pais de alunos da Escola Ovídio Dias de Souza que realizam a limpeza na unidade escolar, em razão das péssimas condições de higiene. “Em Mucajaí também realizamos uma faxina na Escola Estadual Francisco Pereira Lima. A ação foi coordenada pela gestora da unidade em conjunto com os pais de alunos e a própria comunidade, que não fez nenhuma objeção em colaborar com a limpeza do local”, afirmou.