Opinião

Opiniao 10 08 2017 4558

Perpetuar a espécie, maior missão do homem – Flamarion Portela*Não há desafio maior para o ser humano do que criar seus filhos. Nascemos, crescemos, reproduzimos morremos (voltamos ao pó), mas deixamos para a prosperidade nossos filhos, com nossa carga genética, nosso DNA. Em suma, a maior e mais sublime missão do homem no plano terrestre é perpetuar a espécie.

E, feliz de quem perpetua bem, entregando para a sociedade um cidadão bem formado, alicerçado na responsabilidade, no respeito aos outros, em todos os níveis, pautado pela ética, pelo respeito à coisa pública, que é de todos, portanto tem dono – somos todos nós. Obediente ao conjunto de normas e leis que nos regem no dia a dia, respeitando as tradições e a cultura que nos rodeiam.

Para alcançarmos esse grandioso objetivo, precisamos de um elemento primordial: a educação. Ela é construída no âmago da família com a fecunda participação da escola. Portanto, a integração família-escola/escola-família é indissociável e indispensável na construção dessa sublime missão.

Sempre quis escrever algo sobre esse tema, mas, ao ler as Páginas Amarelas da revista Veja, da semana passada, me senti mais estimulado para tal. A psicóloga Rosely Sayão, especializada em família, concedeu uma entrevista que deve ser lida por todos: “Eu trabalhava fora, deixava os meus dois filhos com a empregada e nunca sentia a menor culpa por isso, como se tornou comum, atualmente”, respondeu ela, ao ser indagada por algumas mães que também trabalham fora, durante uma palestra. No mundo de hoje, isso é uma cena comum.

Em outro momento, foi questionada pelos pais sobre como dizer “não” aos filhos. Olha a resposta dela: “Vou ensinar, gente, atenção: você olha nos olhos e diz: nãããão!”. E acrescentou: “Os pais, hoje, têm esse receio enorme de desagradar, com medo de perder o amor dos filhos.

Sempre foi o oposto. Era o temor dos pequenos de perder o afeto dos mais velhos que permitia, muitas vezes que fossem educados, deixando de fazer várias besteiras. Registro essas passagens da entrevista, para mostrar o quanto é comum acontecer em todas as famílias.

Num mundo cada vez mais tomado pelas tecnologias, onde crianças e jovens têm acesso com um clique a uma imensidão de informações – muitas vezes sem nenhum filtro ou controle, vemos também cada vez mais pais permissivos demais, seja pela falta de tempo de acompanhar o dia a dia dos filhos, seja pelo simples fato de não querer desagradar. Isso pode desencadear em adultos sem controle, sem boas referências.

Na nossa sublime missão de perpetuar a espécie, temos a responsabilidade maior de sermos referência para nossos filhos, porque eles sempre vão nos ver como espelhos para seus atos. Portanto, é preciso que saibamos ser o melhor reflexo para que eles possam ser pessoas íntegras e de bem.*Deputado estadual e ex-governador de Roraima

GIRAR O QUÊ? – Ranior Almeida Viana*Uma prática chegou com força e vem ocorrendo nas últimas semanas nas redes sociais e nas relações interpessoais, que muito provavelmente você foi convidado a participar é o tal “Giro Solidário”.

O que vem a ser o isso? Nada mais é que um jogo que necessariamente precisa de gente com ambição em aplicar pouco dinheiro e ganhar muito em pouco tempo com o esforço de convidar e angariar pessoas dispostas a fazer o mesmo.

“Giro Solidário” funciona no modelo de “mandala” via grupos de Whatsapp. Tendo em mente que o convite a participar é muito tentador, pois o ingressante investe R$ 125,00 e tem como retorno R$ 875,00. Fica um indivíduo no círculo principal que tem o papel de receber e motivar o pessoal, mais duas pessoas no segundo círculo que ensina e espera sua vez de ir para o centro, quatro pessoas ficam no terceiro círculo com a função de convidar duas pessoas e no círculo externo ficam as pessoas que acabaram de ingressar no “Giro” e repassam seus R$ 125,00 a pessoa que está no centro.

É uma conta que não fecha, pois pra atender a todos, praticamente todo mundo teria que ingressar. Pois bem, essa prática é crime configurado em pelo menos dois tipos. O de crime de pirâmide, que afeta a economia popular, que é tipificado no inciso IX do art. 2°, da Lei 1.521/51 “Obter ou tentar obter ganho ilícitos em detrimento do povo ou de um número indeterminado de pessoas mediante o especulações ou processo fraudulentos […]”. A outra tipificação é de estelionato, pois é caracterizado pelos quatro requisitos que o configuram e está no art.171 do Código Penal: “1° obtenção de vantagem, 2° Causar prejuízo a outra pessoa; 3° Artimanha; 4° enganar alguém ou a levá-la ao erro […]”.

É bem visível a fartura de convites explícitos nas redes sociais mesmo com a ampla divulgação da prática do “Giro Solidário” como crime. Dessa forma muitos elos de amizades estão sendo desfeitos ou afetados graças a esta prática. Ontem mesmo um amigo relatava a respeito da experiência de ter participado deste golpe: “Parecia ser tão seguro e divertido, mas a esperança em ter o retorno previsto fez com que entrasse nessa, agora me sinto um trouxa enganado”.

Neste caso acima, devido conhecer as duas pessoas envolvidas convenci um a devolver o dinheiro para outro, com o argumento da amizade e o convívio profissional ameno.

Portanto, quem nunca foi trapaceado? Serve de aprendizado para os que caíram no golpe. E é interessante que exemplos como este sirvam para revermos os nossos hábitos e costumes. *Licenciado em Sociologia – UERR, Bacharelando em Ciências Sociais – UFRR

Criar com responsabilidade – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Pensar melhor na responsabilidade sobre a formação da responsabilidade de seus filhos”.Em 1964, em São Paulo, eu fiz um curso, no SESI, sobre Relações Humanas no Trabalho e na Família. E mexendo no meu baú, ontem à tarde, encontrei essa frase, aí em cima, que foi usada naquela época, no capítulo sobre as relações na família. Fiquei refletindo sobre o que melhorou ou piorou no que o SESI já tentava mudar e melhorar. E infelizmente não vi nada de mudança. Continuamos os mesmos, caminhando por veredas escuras. Famílias cresceram, evoluíram em diversas atividades, mas continuam em queda acelerada para o descontrole nas relações humanas.

É raro encontrar um bom exemplo de equilíbrio na educação dos filhos, hoje. Ainda não conseguimos distinguir o que é educar. Ainda continuamos confundindo liberdade com libertinagem. As leis continuam fora da lei educacional. Você não pode bater, porque não deve, no seu filho, mas não há dada que lhe impeça de maltratá-lo com palavrões e gritos histéricos. Vamos mudar. A educação começa no berço. Já estamos sendo repetitivos nesse falar. Mas o racional nos diz que o ser humano só aprende com repetições.

Cuidado com os limites que você impõe aos seus filhos, mas cuidado também com os mimos exagerados. Não nos esqueçamos que a criança que nunca cai, nunca vai aprender a se levantar. É preciso que tenhamos toda a educação que nossos filhos merecem para poder lhes dar. E nunca teremos filhos educados se não tivermos a educação necessária para lhe passar. Tenho observado comportamentos desastrosos de crianças diante dos pais, que nunca seriam admitidos diante de pais bem educados. Atentemo-nos para a responsabilidade que temos como pais para formar a responsabilidade nos nossos filhos.

Recentemente assisti a um episódio de rua que nos deu o exemplo do risco que estamos correndo se não soubermos nos guardar. Um grupo de seis adolescentes venezuelanos passava em frente a um hospital, na orla, no centro da cidade. Pelo que percebi, eles vinham de alguma escola. Faziam uma algazarra infernal, inclusive com frases de baixo calão. Pularam as muretas baixas e caminharam sobre elas, numa demonstração de habilidade. Pode até parecer tolice minha ficar observando tais acontecimentos fúteis. Mas não é. Estamos correndo o risco de termos que encarar uma sociedade desequilibrada.

Vamos cuidar da educação dos nossos filhos pra que eles possam cuidar da educação dos filhos deles. E este é um capítulo das relações humanas na família. Ou nos humanizamos civilizadamente ou voltaremos aos velhos tempos das palmatórias. Pense nisso *[email protected]