Usina de Belo Monte, que de belo não tem nada – Rodrigo Berté*A maioria dos brasileiros fica com o sentimento de impotência, ou melhor angústia, com as divulgações sobre a Usina de Belo Monte. O que mais impressiona é a ausência do poder público e uma espécie de “passa ou repassa” em relação as compensações ambientais diante dos impactos gerados na construção da terceira maior usina hidrelétrica do mundo. Diminuir a agressão ao meio ambiente nunca foi o foco. Isso já era perceptível nas audiências públicas realizadas antes da construção, em que as compensações socioambientais para a comunidade de Altamira (PA) pareciam ser maiores que os impactos ambientais. Alguns podem pensar que a avaliação inicial evasiva é uma estratégia, mas a verdade é que os estudos realizados no Brasil não têm profundidade técnica. É o caso do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA), presentes neste megaprojeto. E a falta de informação gera muitas consequências. As mais visíveis atualmente são os impactos ambientais causados pela formação de um lago de 500 km². Não tem como não ver, pois isso tem o tamanho da cidade de Curitiba (PR). Isso, sem mencionar a questão social, em que o atendimento aos atingidos ficou na inércia, entre o poder público de Altamira e a Norte Energia. As famílias estão em assentamentos urbanos em que não existe infraestrutura e as casas têm rachaduras. E existe uma legislação específica em que a relocação das famílias precisa atender as necessidades sociais, culturais e econômicas. Considerando o Dia do Meio Ambiente (05 de junho) é importante avaliar se um projeto desta natureza compensa. Sabemos da necessidade e da importância de gerar energia e a capacidade máxima de Belo Monte deve ser atingida em 2019, gerando energia para 60 milhões de pessoas, ou seja, aproximadamente ¼ da população brasileira atual. Isso altera o nosso potencial energético e torna o Brasil mais forte quando o assunto é atrair negócios para a região Norte que atualmente tem um déficit de geração de energia. Mas entendemos quais são os impactos ambientais e sociais gerados em especial nas comunidades tradicionais e ribeirinhas do Xingu? Esperamos um desfecho que seja positivo para o meio ambiente e as comunidades locais, lembrando o ar não se compra, a água pura esta escasseando e nosso maior desafio neste século é a capacidade de perpetuar.
*PhD em Educação e Ciências Ambientais, Diretor da Escola Superior de Saúde, Meio Ambiente, Sustentabilidade e Humanidade do Centro Universitário Internacional Uninter——————————————–
A única saída para o Brasil é a saída de Temer. Diretas Já! – Jaime Brasil Filho*Quem acreditou que a saída de Dilma acalmaria os ânimos nas ruas do Brasil, enganou-se redondamente. Ao que parece o Governo Temer fez a mesma e equivocada avaliação.
Penso que eles não entenderam que não era porque a pessoa era contra a Dilma que automaticamente seria a favor de Temer. Dilma tinha apoios parciais dentro da própria esquerda e mal se entendia com o próprio PT. Agora, não. Não há cidadão progressista, ou humanista, que seja a favor de Temer.
Outra avaliação errada de Temer é acreditar que aqueles que foram às ruas pelo Fora Dilma eram detentores dos atuais desejos da maioria do povo brasileiro. Não são. À exceção da bandeira contra a corrupção, nenhuma outra encontra lugar no seio do povo. Isso porque uma boa parte daquela gente que foi às ruas contra a Dilma era, e é,xonófoba, racista, misógina, homofóbica, fascista, chauvinista etc. Isso representa uma parcela muito pequena do povo brasileiro.
Essa minoria é a que quer vero liberalismo mais cruento vigorar no Brasil. É gente que quer o fim do Bolsa Família, do Mais Médicos, do Minha Casa Minha Vida, do ProUni etc., que quer privatizar universidades, hospitais, aeroportos, portos, prisões, Petrobrás, Banco do Brasil etc. Esse pessoal é aquele que acha a mais profunda desigualdade algo natural e até desejável, desde que eles estejam por cima, claro. É gente que quer ver prevalecer na sociedade o famoso “quem for fraco que se quebre”. Esse pessoal sempre foi minoria.
Na verdade, a grande massa ainda não se manifestou, não foi às ruas. Mas irá. Se Temer continuar a retirar direitos dos trabalhadores e dos aposentados para conseguir, como ele quer, mais dinheiro para pagar banqueiros e especuladores, em breve teremos as maiores manifestações que este país já viu.
Temer e seus apoiadores se apegam à forma e desprezam o conteúdo. Eles adoram sustentar que o processo que destituiu Dilma foi feito dentro da Constituição, e que o STF chancelou. Usam todo tipo de argumento para justificar a saída de Dilma.
Independentemente da forma e dos argumentos usados para defenestrar Dilma, sempre faltará a Temer o conteúdo principal: o voto de cabeça de chapa.
Temer é uma autoridade formal, sem substância. Além do que, logo nas primeiras horas que se seguiram a destituição definitiva de Dilma, Temer revelou em suas falas a face que mais produz aversão no povo brasileiro: arrogância. Assim foi na primeira reunião com seu Ministério, assim foi ao menosprezar as manifestações populares que se seguiram.
Não é à toa que agora, com a irreversibilidade da queda de Dilma, não aparece quase ninguém nas redes sociais para defender Temer em público. Apenas um ou outro que por incoerência, interesse pessoal, ingenuidade ou má-fé, vê no Governo Temer mais qualidades do que havia no Governo Dilma.
Os poucos simpatizantes do usurpador se expressam acanhadamente, quase que se desculpando, ou com provocações tolas e desrespeitosas, e, no máximo, para “defender” Temer, atacam Dilma novamente, como se fosse uma eterna rivalidade entre dois times.
É simples de entender, gente: Dilma não voltará mais, e Temer não tem legitimidade popular. E nunca terá.
E para que não me venham alguns a comparar Temer a outro Vice, João Goulart, ressalto que naquele tempo o cidadão votava para Presidente, e em seguida para vice-Presidente de forma separada. Portanto, Jânio Quadros e João Goulart sequer pertenciam a mesma chapa.
Temer, além de ter assumido o poder de maneira controversa (para dizer o mínimo), está contaminado por suspeições de toda ordem, com citações em delações premiadas na Lava Jato que agora não podem ser investigadas, pois ocupando o cargo de Presidente ele tem imunidade processual.
Agora, imaginem uma nação inteira pensando, antes de dormir, que talvez tenha um corrupto como Presidente, com possíveis provas testemunhais e documentais para comprovar os atos condenáveis e que só não são de conhecimento público justamente porque ele é Presidente. Isso é insustentável.
Além do mais, o carinho no tratamento que a grande mídia dispensa a Temer em contraste com o tratamento que fora dado a Dilma, deixa no ar a clara sensação de que querem nos enganar e nos impor goela abaixo um presidente que não nos representa, mas que está próximodos interesses do grande capital.
Ninguém acredita que o Governo Temer melhorará a vida da maioria do povo. O PLP257 e a PEC 241 trazem simplesmente o desmonte total dos serviços públicos, além disso há a ameaça de destruição da CLT e da profunda precarização das relações laborais via “terceirização”. Tudo isso mostra claramente que se há alguma conta a pagar, essa será paga pelos pobres, e se há alguma transferência de renda a ser feita, essa será feita dos mais pobres para os bolsos dos muito ricos.
Temer não tem sequer o argumento de que tem apoio popular, em pesquisa recente sua rejeição ficou entre 81% e 92% nas capitais. Está sob suspeição diante de delações da Lava Jato, aponta para políticas públicas impopulares e entreguistas, e está sendo contestado duramente nas ruas. A única coisa que o sustenta é uma base parlamentar utilitarista e fisiológica, que poderá abandoná-lo ao primeiro sinal de que o barco está afundando, ou quando Temer não conseguir dar “aquilo” que eles querem.
A repressão desastrosa, injusta e desproporcional das forças do Estado às manifestações contra o atual Presidente apenas estimula a mobilização e a resistência no sentido de garantir os direitos civis e coletivos duramente conquistados pelo povo brasileiro.
Em breve, se as medidas prometidas por Temer se concretizarem, a grande massa de brasileiros que ainda não foi às ruas nelas estarão e não sairão até que um Governo legítimo esteja ocupando o Palácio do Planalto.
Seria um ato de grandeza se Temer capitaneasse um processo de eleições diretas, já. Aos que se dizem “pacificadores” esse é o único caminho para a pacificação dos ânimos no seio do povo brasileiro. Qualquer outra saída será inútil.
Fora Temer!Eleições diretas já!
*Defensor Público—————————————–Não há luz no fim do túnel – Afonso Rodrigues de Oliveira*“A condição mais substancial do voto é a sua liberdade. Sem liberdade não há voto”. (Rui Barbosa)Foi um papo interessante. Não houve discussão. Mesmo porque discutir não é comigo. Adoro ouvir papos sobre política. Sobretudo quando a conversa vem de quem entende de política. Você acredita que vivemos uma democracia? Eu não acredito. Mesmo porque não há democracia sem liberdade, e não há liberdade com obrigatoriedade. E enquanto eu for obrigado a votar não posso dizer que estou vivendo uma democracia. Simples pra dedéu. E o que mais me intriga é que adoro política e me sinto mal ao vê-la desrespeitada por políticos que deveriam respeitá-la. E só isso.
Enquanto formos obrigados a votar não estaremos votando, mas elegendo os que os políticos querem que elejamos. E estou falando de políticos da cúpula. De lá de onde saem os descontroles na política. Eles sabem, e fingem que não sabem, que enquanto formos obrigados não seremos respeitados. E enquanto não desrespeitados, alimentaremos a desordem, e viraremos bagunceiros da democracia. Que é o que já somos sem saber que somos. Votar nesse ou naquele, tanto faz. São farinha do mesmo saco. Esse absurdo é dito, todos os dias, por aí afora.
Meu amigo não conseguiu conter o riso quando lhe falei que a coisa acontece mais ou menos assim: você me diz pra eu votar nesse, porque ele é igual àquele. Aí eu digo que vou votar neste porque ele é igual a esse que é igual àquele. Tanto faz como tanto fez. Afinal de contas sou obrigado a votar, e não me dão a chance de escolha; e como posso me sentir respeitado? Mas o pior de tudo é que os grandes políticos sabem disso.
Mas não lhes interessa mudar o cenário. As pesquisas que estão aí, na televisão, sobre o afundamento da educação no Brasil, é o indicador mais preciso, de que não vamos mudar tão cedo. Pra que educar o eleitor pra ele ter o direito de escolher o candidato? Quanto mais desinformado o eleitor, mas cômodo para os políticos corruptos. E como os temos.
Reflita sobre isso, mas com maturidade. Não se esquecendo de que a responsabilidade na escolha dos dirigentes políticos é de cada um de nós. Somos nós que lhes pagamos os altos vencimentos, para que cuidem dos nossos destinos. Faça sua parte, não esquecendo que não seremos capazes de manter uma política sadia e respeitável, enquanto não formos realmente educados para a cidadania. Porque só quando preparados teremos liberdade no voto. Comece sua campanha sadia e civilizada para o direito ao voto facultativo. Porque só com ele seremos capazes de eleger políticos realmente capazes. Pense nisso.
*[email protected] 99121-1460