Roraima troca de governador por falta de gestão, agora falta a prefeita
Luis Cláudio de Jesus Silva*
Enquanto o povo reclama e sofre por conta do descaso e da omissão, deixando a todos inebriados com o caos e tentando nos proteger do vírus, a pandemia avança e segue matando. Nesse cenário macabro, eis que a política dá uma reviravolta, as peças do tabuleiro são derrubadas e junto caiu o governador. Se você olhar com atenção as últimas notícias divulgadas pela mídia ou pelas redes sociais, verá nas entrelinhas que Denarium não é mais o governador. Sua deposição se deu sem alardes, sem impeachment. A troca de comando foi assinada, numa folha carbonada, junto com o ato de nomeação do atual secretário de Saúde. O “novo governador” já está comandando o estado e nomeando secretário e adjuntos para várias secretarias, o que é natural quando assume um novo governante.
Mas, porque Denarium caiu? Caiu porque pensou que governar um estado seria o mesmo que comandar uma empresa de empréstimos a juros altos (alguns chamam de agiotagem o que antes já foi crime de usura) ou criar e engordar gado em seus latifúndios rurais. Quebrou a cara. No pouco mais de 18 meses que ocupou o cargo, Denarium se mostrou extremamente incompetente como gestor público, pouco fez, nada construiu: beneficiou os delegados com promessas futuras; enganou os profissionais da enfermagem para terminar uma greve; inaugurou o estádio Canarinho para um único jogo; transformou o estádio em hospital de campanha e depois fechou por conta das goteiras; prometeu abrir o Hospital de Campanha mais de cinco vezes e não o fez, deixou para o “novo governador” fazer; nomeou sete secretário de saúde; perdeu o vice que pulou do barco que afundava, igual os ratos; viu sua incompetência matar mais de duas centenas de roraimenses, levados pela COVID por conta da crise de gestão e excesso de corrupção na saúde; foi contaminado pelo corona e se curou rapidamente, pois, para ele não faltou assistência ou medicamentos; realizou a compra de respiradores, com suspeita de superfaturamento e pagou adiantado, ficamos sem respiradores e sem o dinheiro; por mais que você não acredite, ainda deu tempo de se lançar pré-candidato para reeleição em 2022. Definitivamente, Roraima é um caso raro e deve ser estudado para aprendermos como não fazer e nunca repetirmos o experimento.
Na verdade, vivemos tempos muito difíceis. Essa pandemia tem mostrado o quanto nossa sociedade está à mercê de governantes incompetentes. Talvez esse tenha sido o tema mais debatido nos artigos que publico neste espaço. Mas, quando pensávamos que as coisas iriam mudar, somos surpreendidos por decisões políticas que cada vez mais confirmam e reforçam nossas suspeitas. Não sei o que é pior, a omissão ou as decisões transloucadas. A última surpresa foi o anuncio feito pelo “ex-governador” Denarium de que pretende transferir pacientes acometidos pela COVID-19 para as UTIs dos hospitais de Manaus-AM.
É natural que Estados Federados cooperem entre si, afinal o SUS é universal, e devemos buscar o máximo de eficiência no uso dos recursos da União (equipamentos e pessoal). Também é natural, que se lance mão de qualquer decisão que possa salvar vidas. Porém, Tal decisão é acima de tudo um atestado de incompetência de um governo que já foi destituído e nem percebeu. A marca deixada pelo “ex-governador” foi a completa falta de planejamento das ações o que leva a tomada de decisões impensadas e incapazes de responder as suas consequências. Só isso explica as inúmeras dúvidas: porque não concentrar esforços e recursos para colocar em pleno funcionamento o hospital de campanha? Esses pacientes, ao se recuperarem, como e quando serão trazidos para Roraima? E os pacientes que morrerem, terão seus corpos transladados para Roraima ou serão enterrados nas covas rasas abertas pela prefeitura de Manaus? Os parentes acompanharão os pacientes? Se sim, onde ficarão hospedados, com que recursos se manterão no exílio forçado pela incompetência? O que o governo está fazendo com os 36 milhões que o governo federal mandou para as ações contra a pandemia, vai dividir com Amazonas ou vai torrar por aqui mesmo?
Tudo isso acontecendo e a prefeita Teresa caladinha, com os 7,3 milhões que recebeu para combater a pandemia e o que fez: reduziu o número de postos de saúde que continuam sem profissionais, medicamentos e testes e, assim, se formam as longas filas da humilhação dos boavistenses; 20 anos no poder e as maquiagens das ruas se desmancham. Por falta de drenagem, as ruas viraram rios e submetem os moradores a mais humilhação, sofrimento e prejuízos. Os vereadores sanguessugas sumiram, não cobram e não fiscalizam, não propõem um impeachment, uma substituição, são subservientes, só sugam.
E o povo? Ah o povo! Se não aprender a lição, continuará padecendo.
*Professor universitário, Doutor em Administração. www.professorluisclaudio.com.br
Mais empatia nas diferenças
Izabella de Macedo
Somos todas diferentes, mas manufaturadas. Parece que apesar de nossas diferenças gritantes, de nossas peculiaridades, de nossas identidades tão singularmente construídas, há um elemento comum que nos une. Somos feitas de carne e osso e muita força. É certo que umas nascem ricas e a maioria pobres. Que umas são focadas na estética e adoram um espelho, enquanto outras esquecem um pouco da vaidade e se importam mais com qualquer coisa. Que umas têm ótima relação com os pais, outras não os conhecem, ou cortaram relações. Algumas sonham em casar, outras em divorciar, e tem aquelas que nem estão preocupadas com isso. Tem quem goste de usar vestido, tem que goste de estampas, e algumas de nós que odeiam tudo isso.
Não importa, na verdade, quais seus gostos, sua cor, sua opção sexual, sua profissão, sua classe social. Importa que você é mulher, tem seus dilemas, suas conquistas, seus medos, seus sonhos, suas cicatrizes, suas marcas, seus amores, seus desamores, suas dificuldades. A verdade é que temos que parar de comparar sofrimento. Parar de achar que o meu é pior. E que eu estou sempre certa. E que o seu, o diferente, está errado.
Sempre tive certa pena de quem acredita que no comportamento humano existe certo e errado. Somos frutos de uma cultura, de uma criação, de um tempo, de um território, das nossas relações. Seus dilemas são tão importantes quanto os meus. Seu sofrimento é tão dolorido quanto o meu. Suas mágoas são tão indesejáveis quanto as minhas. Proponho uma nova abordagem. Não vamos mais fingir que não fazemos tudo isso. Vamos tentar ser um pouco mais solidárias, um pouco mais empáticas, um pouco menos violentas. Precisamos nos respeitar. E aí, quem sabe, o mundo fique um pouco mais bonito para todas nós!
*Escritora, advogada e autora do Livro “Mulheres Normais”
Cuidado ao criticar
Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Meu pai sempre me dizia: meu filho tome cuidado; quando penso no futuro não esqueço meu passado.” (Paulinho da Viola)
Não há como construir o futuro não lembrando do passado. Afinal de contas são os bons exemplos do passado que fortificam o presente que já foi futuro. Não vai ser com revoluções de ruas que iremos resolver os problemas presentes e construir o presente dos nossos netos, no futuro. Não
podemos negligenciar, nem ignorar, os problemas que nos afligem no momento que vivemos. Mas não devemos levá-los conosco para o futuro. Vamos levar a vida numa boa.
Faz mais de vinte anos que lhe falei de um dos maiores exemplos de como não devemos nos aventurar sem primeiro analisar as veredas que devemos encarar. Simples pra dedéu. Claro que o exemplo é uma piada de circo. Mas, mesmo assim vale como exemplo. A vida não teria graça se não tivesse momentos engraçados.
Contam que um professor de português resolveu viver suas férias numa cidadezinha do interior. Pela manhã, levantou-se e resolveu dar um giro pela cidade. Na caminhada, passou por uma alfaiataria, com uma placa muito bonita, onde leu “Alfaiataria Aguia de Ouro.” Como professor de português, ele torceu o nariz e saiu incomodado. Passeou, mas não se conteve e voltou à alfaiataria.
Na volta para casa ele entrou na alfaiataria e começou a conversar com o alfaiate proprietário. De repente não se conteve e falou para o proprietário:
– Meu amigo, você me desculpe, mas como professor de português devo alertá-lo: sua placa ali na frente está muito bonita, mas precisa ser corrigida. Está faltando um acento agudo na palavra águia. O certo seria: Águia de Ouro, com acento.”
O alfaiate virou-se e comentou:
– De qui é que ocê tá falando, home? Ondé que ocê tá vendo águia aí? Aí tá iscrito AGÚIA de OURO, home!
E isso me lembrou a do maestro. Ele iniciou o ensaio do dia, com a orquestra. De repente ele gritou para os músicos:
– Terceiro saxtenor… tocar mais baixo!
Voltou a reger e logo gritou novamente:
– Terceiro taxtenor… tocar mais baixo!
Na terceira chamada no grito, alguém levantou o braço e falou:
– Mestre… o terceiro saxtenor ainda não chegou.
Aí, sem se aborrecer. O maestro respondeu:
– Então, quando ele chegar diga pra ele tocar mais baixo!
A vida é isso aí. Por que se aborrecer com coisas que deveriam nos alegrar, ou pelo menos nos deixar na nossa? Que é quando não perdemos tempo com o inútil. O que ouvimos de críticas de quem não tem, nem mesmo consciência do que está criticando não tá no gibi. E o mais desagradável é que as críticas vêm até mesmo de onde saem mascaradas. Ame sempre. Pense nisso.
99121-1460