OS DESAFIOS PARA A REABERTURA DAS ESCOLAS
Célia Bitencourt*
Do replanejamento acadêmico e medidas de sanitização, ao acolhimento socioemocional, recuperação e aprofundamento da aprendizagem, a hora é de pensar em estratégias para enfrentar o novo desafio da Educação Básica
O enfrentamento à pandemia do novo Coronavírus continua. Enquanto alguns municípios e estados brasileiros estão iniciando análises e programando cronogramas para o retorno do ensino presencial, as escolas iniciam o novo desafio para incluir cuidados para a reabertura, tratar desigualdades no aprendizado e acompanhar a saúde mental de professores e alunos.
Muitos podem imaginar que tudo estará resolvido com a reabertura das escolas, mas a verdade é que essa será mais uma mudança na vida dos estudantes. Depois de meses em casa, eles terão que voltar à rotina de acordar cedo e a se relacionar fisicamente com professores e colegas em um cenário que ainda exigirá cuidados de prevenção ao vírus.
Do ponto de vista do planejamento pedagógico, o primeiro aspecto a ser observado e trabalhado é o acadêmico. É preciso replanejar todo o calendário escolar, repensar as avaliações escolares e criar maneiras de dar continuidade à transição e manutenção em paralelo entre o ensino remoto e o ensino presencial. Todos esses planos devem ser traçados a médio e longo prazos, pois o futuro da reabertura das escolas, infelizmente, ainda é incerto.
Tendo isso em vista, é fundamental pensar em diferentes maneiras de utilizar a estrutura da escola, combinando tecnologias e seleção de conteúdos já existentes (incluindo aqueles trabalhados remotamente durante a pandemia), para que o processo de aprendizagem seja o melhor possível, isso sem esquecer de manter a família engajada nesse novo cenário que também terá suas “novidades”.
Além de cumprir as 800 horas de aulas estabelecidas pelo MEC, o Conselho Nacional de Educação (CNE) recomenda que, no retorno às aulas presenciais, as escolas façam uma avaliação diagnóstica de cada estudante para verificar o que foi, de fato, aprendido no período de isolamento. Isso colocará em evidência os aspectos fortes e fracos de cada aluno, sendo capaz de precisar o ponto adequado de entrada em uma sequência de aprendizagem. A partir daí, será possível determinar o modo de ensino mais adequado e a forma do replanejamento dos conteúdos, sem esquecer o referencial pedagógico no desenvolvimento das habilidades em cada componente curricular.
Considerando que as escolas são feitas por pessoas, é preciso atentar-se ao acolhimento socioemocional dos alunos e como será feito o processo de recuperação e aprofundamento da aprendizagem. Uma das contribuições da escola nesse apoio aos estudantes é promover a reflexão sobre essa crise vivenciada por todos, seja pelos sentimentos que ela pode suscitar, seja porque o desenvolvimento do pensamento crítico é fundamental nessa fase. Quando possível, é válido realizar rodas de conversa sobre assuntos cotidianos, não necessariamente relacionados a conteúdos da escola, mas que possibilitem aos alunos um momento de interação social e de contato com outras questões que não sejam do ambiente doméstico ou relativos à doença.
Outro ponto extremamente importante para a reabertura das escolas pós-pandemia é o de sanitização. Para barrar a proliferação desse agente patológico na escola, o ambiente precisa ter seus espaços reorganizados. Os intervalos precisam passar por adaptações para que sejam evitadas aglomerações, além de haver restrição de visitas e estabelecimento de diretrizes de limpeza e higiene muito rígidas e claras.
O plano publicado pela Federação Nacional das Escolas Particulares listou 17 medidas sanitárias a serem seguidas pelas instituições de ensino da rede particular, mas que podem ser seguidas por qualquer escola e inclusive ser adaptadas para uso em organizações de outros segmentos. Os destaques ficam por conta de organizar todos os espaços para que os estudantes mantenham uma distância mínima de 1 metro de qualquer pessoa, a disponibilização de frascos de álcool em gel em todos os locais, uso obrigatório de máscaras e de troca a cada 3 horas para professores e alunos, e uso de calçados extras em sala de aula.
O fato é que não superamos desafios complicados, ainda vivenciamos tempos difíceis e novos obstáculos ainda surgirão até que tudo se normalize, ou uma nova realidade para a educação seja devidamente estruturada. Em meio a todo esse processo, uma coisa é certa: todos temos conquistado experiências. Esses conhecimentos precisam ser compartilhados para que esse período conturbado seja encarado com o menor desgaste possível.
Para que o processo de adaptação seja realizado da melhor forma possível, é essencial extrair o máximo potencial da sua equipe e dos colegas de trabalho, criando meios pelos quais eles possam trocar as boas práticas aprendidas e dialoguem. Isso sempre foi importante para as instituições de ensino, e em tempos de distanciamento social não deixou de ser e será ainda mais relevante para a reabertura das escolas.
*Assessora Pedagógica do SAE Digital
DEMOCRACIA A SERVIÇO DA IDEOLOGIA
Fernando Rizzolo*
Não há que se questionar que a nossa democracia passou a ser muito mais ideológica do que pluralista. Diriam então os defensores de Bolsonaro que anteriormente ou desde sempre, após o regime militar, fomos “comunistas” ou, como dizem, que os partidos moderados de centro-esquerda ou os social-democratas foram e sempre serão “comunistas disfarçados”.
O que mais me intriga no governo do Presidente Bolsonaro é o caldeirão extremista que transita entre o militarismo e o evangelismo, entre intolerantes e ditatoriais de faixa amarela, detentores do radicalismo antidemocrático que sonham em destruir as instituições e ameaçam sem hesitar membros do Supremo Tribunal Federal. A grande pergunta é: Por que antes esses radicais não se expunham? Ou será que foram induzidos por membros apoiadores do radicalismo com certa anuência subliminar do governo a agirem desta forma perigosa?
Por bem o STF conseguiu minimizar na hora certa, através do inquérito das “Fake News”, os extremistas filhotes da ideologia tacanha de certa ala do governo que insistem em ver no modelo pluralista de ideias um perigo a sua própria ideologia. Para corroborar nesse esteio de pensamento, vemos o esvaziamento de ministérios, como o da Saúde e o da Educação, uma vez que o governo não é capaz de encontrar um ministro que agrade a ala “olavista” conspiratória, os militares cuja mentalidade permanece ainda na caserna e os evangélicos que querem manipular os ministérios a seu favor, e mais, o centrão, que quer apenas o poder pelo poder.
Portanto, vivemos um desgoverno, regado a cloroquina, em que os pobres, os miseráveis, os desalentados são totalmente esquecidos diante de uma pandemia de virulência sanitária e econômica, incapaz de nortear o governo para uma política econômica desenvolvimentista, uma política sanitária baseada na ciência e uma vertente educacional de inclusão aos mais pobres.
A grande verdade é que caímos numa cilada democrática, e a democracia é hoje um instrumento de grupos radicais, pois a imensa população pobre deste país nem sequer é mencionada em breves tweets por membros do governo ou pelo próprio presidente. Perdemos o rumo certeiro de outrora, que havia nos governos social-democratas, pois ali tínhamos um norte, em que o Estado definia os investimentos e propunha
uma proteção às minorias. Hoje o que vemos é a cloroquina à base de olavismo, rodeada de grupos evangélicos e observada por militares que querem seu quinhão. Tudo porque acreditei no “mito”, vivendo hoje uma democracia mitômana, desorganizada, um país esfarelado por ideias estranhas, enfim, o Brasil hoje é um grande Wassef dando explicações de como vamos sair dessa… Acho que deu para entender, não é?
*Advogado, jornalista, mestre em Direitos Fundamentais
INTEGRANTES
Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Todos devemos ser a mudança que desejamos ver no mundo.” (Gandhi)
É só isso. Porque enquanto não mudarmos, nada mudará. E lá vêm os gafanhotos. Segundo a história, eles já fizeram zorra, aqui na Terra, na época em que, por conta deles o mar teve que ser cortado para o povo fugir. E os fugitivos tiveram que ficar quarenta anos caminhando pelos desertos para se acharem novamente. Então vamos ter muito cuidado. Ou mudamos ou continuaremos à mercê dos gafanhotos, que podem muito bem estarem na política, ou nos vírus que estão por aí, há séculos.
Mas vamos falar sério, porque a brincadeira está séria. É claro que depois da crise que estamos vivendo e não deveríamos estar vivendo, tudo ou pouco, vai mudar. Porque nada mudamos depois das crises passadas. Estou pisando sobre o mesmo terreno porque não quero entrar no assunto. Mas não vai dar pra fugir dele. Enquanto ficarmos tremendo e chorando, dentro de casa com medo do vírus, não iremos resolver o problema no futuro. Nada mais ridículo do que os Estados estarem desesperados por falta de condições para o atendimento aos infetados.
São Paulo tem mais de trinta milhões de habitantes. Vexatoriamente está desesperado por não ter condições, na saúde, para atender, emergencialmente, a um por cento da população. Não sei pra você, mas pra mim isso parece ridículo. É uma questão de despreparo administrativo. E não bata palmas nem ria, porque Roraima, como todos os outros Estados, está na mesma gangorra, com uma população de município.
Vamos mudar? Mas não mudaremos enquanto não mudar, nós mesmos. E é simples pra dedéu. É só nos educarmos para podermos entender o que os não educados não entendem. E enquanto isso, continuaremos no mesmo nível deles. Então vamos cuidar de nós, para que apossamos servir de exemplo para os outros. Vamos nos educar politicamente. E isso não quer dizer que devemos ser políticos. O que devemos é sabermos escolher os políticos que irão trabalhar por nós, e para nós. E só quando nos educarmos saberemos que estamos elegendo administradores públicos para trabalharem para nós. Porque somos nós, eleitores, que pagamos os alarmantes salários deles. E só entenderemos isso quando formos realmente cidadãos. E dependemos dos políticos, para alcançarmos o patamar da cidadania. Veja se seu candidato está interessado no voto facultativo. E enquanto formos obrigados a votar não seremos cidadãos. Mas nunca obteremos o voto facultativo enquanto não nos educarmos. Vamos nos educar, para construirmos o mundo que queremos ter. E tudo vai depender de cada um de nós. Vamos fazer nossa parte, fazendo o melhor. Pense nisso.
*Articulista
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