ELEIÇÃO, ELEITOR E CORRUPCÃO
Wender de Souza Ciricio*
Quem estuda e aprecia a história sabe que o Brasil republicano foi marcado por vários momentos de gritante corrupção. Na política econômica do encilhamento criada no governo de Deodoro da Fonseca, tendo Rui Barbosa como ministro da economia, a casa da moeda fabricou muito dinheiro para favorecer a indústria num Brasil, sob o novo viés republicano, politicamente instável. O dinheiro emprestado serviu apenas para favorecer a prática da corrupção que infelizmente se institucionalizou no Brasil. Surgiram os famosos laranjas, especulação financeira e desvios gigantes. Assim foi o acontecido e assim é o Brasil. Nessa pandemia pessoas morreram nos leitos hospitalares enquanto políticos e empresários desviaram milhões que haviam sido canalizados para o tratamento das vítimas do covit.
Em Roraima a corrupção se generalizou e atingiu um bom contingente da população. Muitos falam de políticos corruptos, o que é verdade, mas ao mesmo tempo se vendem, sobretudo em períodos eleitorais. Em sala de aula lecionando para alunos na faixa etária entre 16 e 17 anos de idade, visto que é o voto facultativo, perguntei se iriam votar. Uma aluna respondeu que iria votar porque sua mãe a mandou tirar o título porque o voto dela já estava negociado com um candidato. Era a estreia no mundo da corrupção.
Nesse Brasil e mais particularmente em Roraima corrupção é abrangente e por trás dela vemos vários motivos para que a mesma se perpetue e se acomode no colo de boa parte da população. No quesito eleitoral ou eleitoreiro várias são as formas de corrupção entre eleitores e políticos. Vou expor algumas.
A primeira combina com a tese de Nicolau Maquiavel que dizia que o homem já nasce com propensão para a prática do mal e com a frase de Mário Amato, ex presidente da FIESP, que afirmava: “todos somos corruptos”. A corrupção é concebida com naturalidade por alguns porque já está impregnada no coração. Não dói a consciência e a alma se vangloria por desfrutar de um dinheiro podre e ilícito.
A segunda forma traduz a ideia de esperteza que a bem da verdade é uma “burrice” desmedida. Alegam os corruptos que vender o voto é mais do que que justo porque o dinheiro que o larápio candidato usa para compra é dele mesmo, o eleitor e do povo. Se é do povo então reparta com o bairro onde mora.
Outra justificativa é que muitos candidatos se aproveitam da miséria alheia. Aliciam e compram voto de pessoas carentes que se rendem a qualquer moeda. A falta de comida e remédios, por exemplo, é que faz alguns se precipitarem ao vender seus votos. O político corrupto sabe tripudiar em cima da miséria do pobre.
Há também o eleitor que se acha mais esperto do que o político. Mente ao político que, mediante a grana, irá votar no mesmo. Ledo engano. O político que compra voto via de regra usa o dinheiro público que foi desviado, é um larápio profissional e não costuma ter prejuízo, além também de estar inserido numa rede de corrupção é claro. O eleitor que faz isso comete vários pecados: mentira, crime eleitoral e roubo ao povo, pois do povo foi tirado o dinheiro usado na perversa negociação.
Um outro motivo para negociar votos é a postura egoísta quando se olha para o próprio umbigo sem ter o tato e sensibilidade de que se deve lutar não só pelo nosso quintal mas pela cidade e coletividade.
Não podemos esquecer aqueles que fazem carreatas, bandeiradas e reuniões políticas para manter seus cargos comissionados custe o custar. Nesse caso a venda do voto dura mais tempo e o sagaz político sabendo disso submete o eleitor a todas formas possíveis em suas inescrupulosas carreiras políticas.
O amargo é que continuaremos com hospitais sucateados, escolas públicas sem papéis higiênicos, esgoto a céu aberto, ruas escuras, poderes oligárquicos e hereditários e uma cidade fendendo podridão.
*Historiador, professor, psicopedagogo e teólogo
NOVA CONFIGURAÇÃO DE FESTAS INFANTIS
Carlos Alberto Holdefer*
O ano de 2020 realmente está diferente dos demais. A nova realidade, nos traz desafios, novidades, medos, incertezas e o tão temido desemprego. Um setor muito prejudicado foi o setor de eventos, e as animações de festas infantis não fugiram a esta regra. Muitos profissionais da área de recreação estão sem fonte de renda, o que compromete a sobrevivência e subsistência de muitas famílias brasileiras.
Esta situação atingiu em cheio outra categoria: os pais. Comemorar o aniversário dos filhos sem a presença dos amigos e familiares, e sem as tão esperadas brincadeiras realizadas pelo animador, pode ser traumático para uma criança, sobretudo se os pais não usarem a criatividade, inovando nessa nova configuração de “festa”. É comum reunir a família e amiguinhos para cantar parabéns pelas ferramentas de chamada de vídeo. Apagar a vela também mudou, e agora, é pertinente deixar de lado o famoso sopro ao fazer os pedidos.
Essa realidade exige um formato inovador para realizar atividades recreativas que até então aconteciam com a criançada correndo em amplos espaços e o contato físico era primordial. A maior alegria dos pais era assistir a essa cena, cheios de orgulho pelas relações de amizade que seus filhos tinham formado.
Com a pandemia, os animadores de festas infantis passaram a oferecer a animação remota. Cada criança de sua casa e o prof
issional dando os comandos das provas que podem ser muito divertidas.
Uma gincana remota é uma excelente opção para este tipo de ação. A elaboração de caça a objetos e desafios que a criança poderá cumprir dentro de casa é uma maneira divertida de passar esses dias angustiantes e monótonos, tudo isso de maneira virtual. Porém, o profissional deve ter alguns cuidados no momento de propor essas atividades para não dificultar a realização das provas, como consultar a família contratante para que não haja constrangimentos e para que todas as crianças estejam em igual condição de cumprir os comandos propostos pelo animador.
Com aquela dose de ânimo, dedicação, inovação e tempo para produzir atividades prazerosas, pais, crianças e toda a família recordarão desses momentos difíceis com mais leveza e as dificuldades que surgiram trarão novas possibilidades de aproximação das famílias e amigos, mesmo pós pandemia.
*Professor dos cursos de bacharelado e licenciatura em Educação Física do Centro Universitário Internacional Uninter
QUESTÃO DE CRER OU NÃO CRER
Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Cantai, agora, ao redor do caldeirão, fazendo roda como os elfos e as fadas, encantando tudo quanto aí colocares”. (William Shakespeare)
A pior coisa que você pode fazer por você é não acreditar em você. Se se considerar que são poucos os que acreditam em si mesmos, são poucos os que conseguem o que pensam que querem. Somos seres de origem racional, mas em fase de retorno ainda em regresso. Recuperar em nós o que já fomos, é muito mais difícil do que nos aceitar no que somos. Geralmente fracassamos em nossos projetos porque acreditamos no que nos ensinam, mas não acreditamos em nós mesmos, na realização. Geralmente ficamos entusiasmados quando nos dizem que podemos fazer, e ser. Até tentamos, mas nunca com o propósito que a tarefa exige. E todo esse desacerto está em não acreditarmos no que somos capazes.
Todas as pessoas que acreditam piamente na sua capacidade de realizar realizam. Não há como falhar. Quando falhamos é porque não somos, suficientemente, confiantes, crentes. Não somos suficientemente fortes nos nossos propósitos. Não sabemos que somos capazes de realizar nossos sonhos, por menores que eles sejam. Mesmo porque não há sonhos maiores nem menores quando sabemos sonhar. Cada sonho é um propósito do espírito. Uma vontade de realização, no âmbito racional. Então, pare de ficar reclamando das pessoas que, segundo você, são culpadas pelas frustrações em que você se encontra, e pense no você que você passou a ser.
Quando acreditamos mais nas outras pessoas do que em nós mesmo, sempre nos frustramos. Estamos sempre querendo fazer o que os outros dizem para fazermos. E nesse enlevo esquecemos de fazer o que devemos realmente fazer; a nosso modo, mas dentro dos padrões de qualidade exigidos pelo sucesso. Sem qualidade não alcançamos o sucesso. E a qualidade está no que você faz, como faz e por que faz. Acredite no Shakespeare e ponha tudo isso no caldeirão. O resultado vai ser o produto de sua capacidade na fusão. Misture tudo sem preocupação e você conseguirá o que quer. E o segredo está em você confiar em você. Acreditar na sua capacidade de fazer o melhor, no que você faz. O que vai fazer de você um vencedor não é o que você faz, mas como você faz. Procure ser sempre o melhor você que você puder ser.
Alexandre, o Grande, cortou o nó górdio, não o desatou. Mas ninguém pode questioná-lo. Qualquer um faria o mesmo, se acreditasse que podia fazer. E isso acontece com você todos os dias. Quando alguém lhe diz que sua tarefa é desatar o nó, você se recusa a cortá-lo. Acredite sempre em você e você realizará seus sonhos. Pense nisso.
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