Opinião

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NOVEMBRO AZUL

Dolane Patrícia*

O Novembro azul é um movimento internacional, comemorado inicialmente na Austrália, em 2003 que agora volta-se para a conscientização do público masculino a respeito do câncer de próstata.

Existem combates na vida que podem ser vencidos antes de serem iniciados, por isso, em homenagem aos homens, aderimos à campanha “Novembro Azul”, da mesma forma que fizemos com a campanha “Outubro Rosa” que tratava da prevenção como forma de evitar o câncer de mama.

O câncer de próstata, cercado pelo tabu do toque retal, principal exame para sua detecção, avança a cada ano. É necessário alertar a classe masculina sobre a importância de se prevenir.

Só existe um modo seguro de cura do câncer de próstata: descobrindo-o precocemente, ou seja, submetendo-se ao exame preventivo, afinal, o diagnóstico precoce previne o futuro!

Na verdade, quase todos os tipos de câncer, se diagnosticados precocemente tem grandes chances de cura, o que comprova que a prevenção é o melhor remédio.

O alerta é pra todos, uma vez que esta doença não escolhe cor, classe social, profissão, ela pode atingir qualquer pessoa, entretanto, a prevenção ainda é a melhor forma de combater essa doença tão agressiva.

Falando mais especificamente do câncer de próstata, o que entendo ser mais grave é o fato de que aproximadamente 400 mil homens entre 45 e 75 anos no país possuam a doença, mas ainda não sabem.

O diagnóstico precoce é bastante importante, pois esse é um câncer curável nos estágios iniciais. A população masculina procura somente o serviço especializado para uma possível recuperação da saúde ao invés de procurar antes a atenção básica para obter promoção à saúde e prevenção.

O site www.criasaude.com.br, fala sobre a causa da doença: “as pesquisas sugerem que uma combinação de fatores genéticos, hormonais, hábitos alimentares e condições ambientais desencadeiem a doença. Um dos fatores que os cientistas consideram de risco é o histórico familiar de câncer na próstata.”

A alimentação também é importante, a gordura predispõe ao aparecimento dessa doença, sendo que as fibras diminuem sua incidência.

Vários fatores interferem no momento de optar pela realização do exame preventivo, como o constrangimento, a desinformação, o medo e preconceito em realizar os exames do toque retal e dosagem do PSA sanguíneo.

O Inca – Instituto Nacional do Câncer informa que “muitas vezes o paciente se queixa de dificuldade para parar de urinar. O fluxo de urina nem sempre sai completamente, urinando aos poucos. Outras vezes, pode-se queixar de constante dor na região pélvica, nas costas ou mesmo na parte superior da coxa. Outros pacientes podem apresentar dor ao ejacular”. Esses sintomas servem de alerta para os homens.

“Pesquisa mostra que 87% dos homens ainda têm receio de fazer os exames que detectam precocemente os tumores malignos na próstata.” Dados do site  Saúde.ig, que informa ainda que: “O que a medicina atesta como uma forma de diagnóstico precoce protetora da saúde masculina, os homens ainda enxergam como um mecanismo que fere a masculinidade e causa uma experiência dolorida.”

Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia, feita com os pacientes, atestou que até eles reconhecem os problemas provocados pela resistência em cuidar da saúde: 87% apontam o preconceito com os exames retais como o fator que mais atrapalha a prevenção da doença.

“Ainda há uma visão deturpada de que o toque retal causa dor, desconforto e afeta a masculinidade, o que é um erro. Com isso, uma parte significativa dos pacientes só procura auxílio médico quando os sintomas já indicam situação avançada da doença”, afirma Fernando Maluf, especialista no assunto.

De acordo com os estudos apresentados por Ludmilla Eler, a alimentação pode ser protetora da saúde da próstata. “Existem alimentos protetores que atuam diretamente no controle da dosagem da testosterona – hormônio masculino que, em quantidade elevada, pode aumentar o risco de câncer de próstata”, afirma.

O câncer de próstata é o segundo mais comuns entre os homens brasileiros, atrás apenas  do câncer de pele.

Os tratamentos empregados nos casos de câncer de próstata podem levar à IMPOTÊNCIA MASCULINA e sua incidência é proporcional à idade do paciente. Nos indivíduos com 40 anos, a probabilidade é de 6%; nos de 70, cerca de 70%, é o que afirma o site  www.ibcc.org.br.

Ouvir a história de quem venceu o câncer de próstata é uma forma de se fortalecer durante o tratamento. O ator Ben Stiller, falou sobre a importância da prevenção:

“Se o médico tivesse esperado até eu completar 50 anos, eu não saberia que tinha um tumor em crescimento até dois anos depois de eu ter sido tratado. Eu nunca teria sido examinado, e não saberia que tinha câncer até ser tarde demais para tratá-lo com sucesso.”

Em um texto publicado no Medium, Bem Stiller comparou a notícia de que sofria da doença com uma cena de “Breaking bad”: “Um clássico momento Walter White, exceto pelo fato de que era eu e não tinha ninguém filmando nada”.

*Advogada, Juíza Arbitral, Personalidade da Amazônia e Personalidade Brasileira, Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia, Pós graduada em Direito Processual Civil. Acesse: dolanepatricia.com.br- Twiter @dolanepatricia_

PANDEMIA VAI PROPORCIONAR NOVOS FORMATOS DO QUE CONHECEMOS COMO ESCOLA

Rebeca Barbalat*

Todo o processo pandêmico tem proporcionado, quase que obrigatoriamente, a evolução ou disrupção de vários setores e segmentos, o que traz novos modelos de negócio e formas de consumo. Reconduzir o modo de pensar de alguns mercados é fundamental, sobretudo para aqueles que foram diretamente impactados pelas medidas de distanciamento social e agora olham com muita atenção para critérios de saúde, biossegurança e economia.

O setor da Educação se transformou para superar a pandemia com as aulas remotas, novas ferramentas e soluções tecnológicas, que aceleraram o processo de adoção de um conceito que já se discutia muito, a Educação 4.0. Numa segunda fase do processo do vírus no país, escolas públicas e privadas iniciam discussões sobre a retomada das aulas presenciais, mas o tema de grande debate que emerge é a remodelagem do entendimento da escola como estrutura física, negócio e centro único disseminador do conhecimento.

As escolas ampliaram o próprio alcance, além da estrutura física, com o novo coronavírus. Esta é a realidade no mundo todo. Muitos dizem que se aproxima a Educação 5.0, que vai se concentrar no protagonismo dos atores da comunidade escolar contando com apoio da tecnologia. O fato é que dirigentes de escola não podem garantir a saúde de todos que circulam nas instituições antes da vacina ou de medicamentos que comprovadamente são eficazes contra o vírus, assim como famílias podem não estar seguras de enviar os estudantes para as aulas. O Ministério da Educação já publicou no Diário Oficial da União que é facultativa a retomada de aulas presenciais em 2020, aliás. Isso já amplia as possibilidades de se continuar em ensino remoto o restante do ano letivo para garantir o distanciamento e a redução da transmissibilidade da doença. Muitos entendem essa medida como proteção da comunidade escolar como um todo.

Estes meses de aulas remotas revelaram uma capacidade importante de reciclagem dos professores, adaptação das escolas, aderência às tecnologias até então mais distantes da sala de aula, além de um corpo
estudantil interessado nesse novo modelo. Escolas públicas e privadas se viram demandadas severamente a fim de entregar um serviço de qualidade e não excludente em função de estrutura domiciliar necessária para receber e acompanhar os conteúdos. Os estudantes aceitaram as aulas a distância, mas subiram a régua da exigência. Perceberam que há modos mais flexíveis de aprendizagem e que há mecanismos mais instigantes e engajadores.

Os estudos em casa também revelaram, em definitivo, que a Educação não está restrita às dependências da escola. É possível aprender de outras várias maneiras. Os debates dos dirigentes e profissionais do setor indicam que novas escolas devem surgir nos próximos anos, em novos formatos. Até o termo micro school já é bastante mencionado, que seria um modelo de núcleo educacional com número de alunos bem reduzido e que funciona em outros ambientes, como condomínios e vilas, por exemplo.

Essas novas modelagens do que é uma escola ou um local de aprendizagem também está sendo motivado pela conjuntura econômica. Este é um momento desafiador para a Educação. O novo entendimento proporciona uma revisão de custos e despesas do negócio escolar, passando, inclusive, pelo corpo docente, que pode ser composto por novos perfis e funções pedagógicas de acordo com as habilidades, propostas e modelos de aulas. Os fóruns dão conta de que pode surgir até mesmo uma ampliação do mercado, com mais vagas de trabalho a partir dessas novas ideias. Pode trazer professores-tutores e call-center de dúvidas acadêmicas. Classes on-line, por exemplo, geram a necessidade de professores que cativam e engajam ainda mais os estudantes em aulas-show.

É bastante difícil ter total entendimento da situação quando se está ainda no meio do furacão. Mas, espera-se que até o próximo ano letivo, gestores públicos já terão definido seus protocolos definitivos para aulas presenciais e quais foram as lições aprendidas nesse período no ensino e na gestão da educação pública para aprimoramento e evolução. Da mesma forma, as escolas particulares também estão fazendo as avaliações para retomada física e o reposicionamento das estratégias como empresas. É a primeira vez que os pais têm acesso completo ao serviço que compram. Tal realidade tem exigido uma análise cautelosa das instituições privadas para entregar ensino com qualidade e transparência assim como dos demais profissionais ligados à escola: psicopedagogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais.

Enfim, a partir deste período da covid-19 muitas transformações precisam ou devem acontecer para se adequar às questões inerentes à conjuntura crítica e ou gerada pela crise. A Educação não pode ficar à margem e tem, na verdade, uma grande oportunidade. O setor tem plenas condições de liderar a condução desse processo evolutivo da sociedade baseado em empatia, coletividade e compartilhamento, a partir do legado da pandemia.

*Diretora de produtos da unidade de tecnologias educacionais da Positivo.