Opinião

Opiniao 11 02 2016 2024

Situação dos incêndios florestais em Roraima: muito fogo e pouca água – Haron Xaud e Maristela R. Xaud*

Terminado o mês de janeiro, já com a estiagem permanecendo como um problema emergencial, o número de focos de calor do satélite referência do INPE (1.754 focos) já ultrapassou o que seria a média do número de focos de calor para um ano (1.596 focos). Outra comparação alarmante: se tomarmos apenas o mês de janeiro, o número de focos deste ano é cerca de 4 vezes o valor recorde de focos de calor monitorados para Roraima no mês de janeiro de 2003, ano em que também houve o efeito do El Niño e o segundo maior incêndio florestal do Estado, após o mega incêndio de 1998.

Isto quer dizer que nos últimos 17 anos de monitoramento contínuo de focos de calor para Roraima, 2016 é sem dúvida o pior ano de todos em relação à quantidade de focos de calor. Tais focos são monitorados diariamente por diversos satélites de observação da Terra e estão diretamente correlacionados a queimadas e incêndios florestais.

Na região entre Roxinho, Campos Novos e Repartimento já há focos de calor em diversas áreas florestais que persistem há mais de 15 dias, configurando em incêndio florestal descontrolado nesta região, principalmente nas serras próximas. O que vale ressaltar é que as áreas afetadas por incêndios terão cada vez menos capacidade de armazenar água, que neste momento está fazendo falta a tantas famílias que habitam as áreas rurais no Estado.

Isto provoca gastos cada vez maiores na distribuição de água potável à população em ação de emergência por estiagem, decretados por municípios e/ou Estado. Há um ciclo de causa e consequência entre o aumento de áreas desmatadas, aumento de temperatura, diminuição da umidade na vegetação e aumento de queimadas e incêndios florestais provocados pelo homem.

As previsões climáticas indicam chuvas abaixo do normal. O rio Branco encontra-se em situação recorde de seca. A Defesa Civil do Estado se desdobra para atender a demanda pela distribuição de água no interior. O órgão ambiental do Estado de Roraima (Femarh) já suspendeu por tempo indeterminado o calendário de queimadas controladas. Mesmo assim, novos focos de calor continuam sendo detectados a cada nova passagem dos satélites de monitoramento.

Os nossos rios e lagos dependem do ciclo hidrológico e da conservação da vegetação e dos solos, que funcionam como “esponjas” para a retenção das  águas das chuvas, importante para a perenização dos rios. As queimadas e os incêndios florestais degradam a vegetação e, dia após dia, estão levando o Estado a sentir cada vez mais “sede”, a ficar cada vez mais seco e tórrido a cada novo período de seca. A agricultura e a pecuária, atividades que são tão importantes para nossa economia e para nossa sociedade, dentro de um desenvolvimento sustentável para o Estado, sofrerão perdas sem precedentes.

Em que pesem a dedicação e o compromisso daqueles profissionais e instituições que combatem o fogo em Roraima, dada a extensão de nossas florestas e da dimensão da ocupação do homem sobre a mesma, juntamente com a situação climática atual, cuja baixa umidade é sentida no campo, nas vilas e cidades, mesmo que tenhamos bons equipamentos e pessoal capacitado e em número inicialmente considerado suficiente para o combate aos incêndios florestais, ainda assim, não haverá como conter a catástrofe ambiental, econômica e social que se configura.

As consequências serão sentidas no próprio campo: pastos completamente carbonizados e gado morrendo de fome, benfeitorias perdidas (queimadas), igarapés, lagos, poços e açudes secos, equipamentos de irrigação paralisados sem água ou destruídos pelo fogo, lavouras perdidas. E nas cidades: hospitais com mais casos de alergias e doenças respiratórias, principalmente em idosos e crianças, muitas vezes seguido de óbito daqueles mais frágeis. Isso sem falar no problema do abastecimento de água para o consumo humano, principalmente no interior, que já vive a escassez de água e a mesma pode atingir as cidades.

Ainda temos cerca de dois a três meses de seca pela frente. Caso a população continue gerando novos focos queimadas e incêndios, desrespeitando todos os avisos e determinações para parar com o fogo, podemos afirmar com alta probabilidade de que o Estado será levado a enfrentar uma tragédia anunciada de dimensões próximas ou até maiores que em 1998.

Porém, duas coisas podem mudar efetivamente o final desta história ainda para este ano de 2016: 1) grandes quantidades de chuva fora de época em todo o Estado; infelizmente, a climatologia e a meteorologia informam condições contrárias, ou seja, de permanência da seca em níveis mais intensos e extensos que o normal; 2) a conscientização dos que ainda estão colocando fogo em suas áreas, para que não o façam diante do atual quadro climático. E se possível, que ajudem a apagar os focos de incêndio existentes dentro ou próximos às suas propriedades, com a devida orientação e treinamento.

Se o atual quadro não se modificar o estado de Roraima terá cada vez menos água e menos recursos florestais a cada novo evento de El Niño, o que trará situações de diminuição da produção florestal, agropecuária, riscos alimentares para grande parte da população, problemas de saúde, sociais, além de diversos outros problemas ambientais.

*Pesquisadores da Embrapa Roraima

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Quem fala e não diz – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Tal e qual uma flor, cheia de colorido, no entanto, sem nenhum perfume. Assim é a palavra vazia de prática. Nada adianta. É uma esterilidade doentia”.

Aqueles dias que passamos na Praia das Cigarras levaram-me a velhos tempos entre amigos. Você sabe o que é bater papo numa praia. Geralmente não se aproveita nada da conversa, a não ser a alegria vã, mas que faz muito bem à saúde. E olha que tenho um grupo de amigos ali, na Praia, com o qual vale a pena jogar papo fora. Ontem estávamos tomando o café da manhã, aqui em Sampa, e a dona Salete começou a falar naquele pessoal. Sorri o tempo todo. Fiquei imaginando como as pessoas jogam conversa fora de maneiras diferentes. Numas, isso só traz prejuízos; noutras só traz alegria. O problema é se sabemos usar a conversa certa no momento e local certos. Procure manter o equilíbrio necessário e indispensável nas suas conversas, para aproveitar a vida.

Alguém já nos disse que o melhor conversador não é o que fala mais, mas o que escuta mais. É no que ouvimos que aprendemos, e não no que dizemos. Sempre que estiver numa conversa, procure limitar sua fala.

Não a tornar limitada, mas dentro do padrão de racionalidade da conversa. Procure sempre falar do que interessa ao ouvinte e não a você. Procure ver se ele está realmente interessado no assunto. Porque é isso que faz a diferença entre o bom professor e o professor regular. O importante é que saibamos levar ao ouvinte o que ele realmente quer ouvir. E isso de maneira agradável e salutar. Não procure se mostrar na sua conversa. Apenas procure ser uma pessoa agradável e que atraia a atenção das outras pessoas com o equilíbrio da conversa. Não tente, nem queira, ser o dono da verdade. Apenas a expresse com palavras sinceras.

“Minha mãe sempre dizia: meu filho tome cuidado…”. A minha mãe sempre nos dizia: “Quem muito fala, muito erra”. Ela sempre nos advertia falando isso, quando estávamos arengando. Éramos seis irmãos e brigávamos pra dedéu. E como sabemos que é importante mantermos, sempre, a criança que há dentro de nós, devemos ter cuidado no nosso comportamento adulto. E é aí que somos obrigados a repetir sempre o Victor Hugo: “Devemos ser o que não somos, mas sem deixar de ser o que somos”. Legal pra dedéu, porque nos mantém o espírito infantil no comportamento adulto. Mas só manteremos isso com maturidade, responsabilidade e muito treinamento. E é precisamente isso que adquirimos na maior Universidade do mundo: A Universidade do Asfalto. Porque é nela que aprendemos a viver, realmente, a vida como ela deve, e pode, ser vivida. Pense nisso.

*[email protected] 99121-1460

—————————————- ESPAÇO DO LEITOR

BLOQUEIOO leitor Jairo Domingos comentou: “Já faz mais de um ano que reclamamos a respeito do bloqueio das operadoras em relação ao pacote de internet que está vinculado ao valor dos créditos que são inseridos no celular, e nada foi resolvido. Continuam limitando o acesso e, quando chega próximo de os créditos acabarem, são enviadas mensagens avisando que será reduzido o acesso e solicitando que sejam inseridos novos valores para continuar com o acesso a todos os pacotes. É praticamente um assalto ao bolso do consumidor. Na ocasião, já deixo minha indignação e o pedido para que algum órgão no Estado se manifeste em relação a este caso”.

ATRASO“Desde o início deste ano os Correios estão atrasando a entrega de correspondências, como boletos bancários e cartas registradas. Já houve casos de o boleto chegar com 10 dias de atraso, dificultando o contato com a financeira para o envio da segunda via. Já fiz a reclamação, mas nada foi feito, pois novamente está chegando a data de vencimento e, pelo visto, vai atrasar novamente”, reclamou um leitor que preferiu anonimato.

FUGARosimeire Magalhães ([email protected]) escreveu que é necessário redobrar o cuidado em razão da grande quantidade de detentos que fugiram sem nenhum esforço em mais uma fuga na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo. “Apesar de convivermos com estas fugas que nunca cessam, desta vez devemos ficar atentos já que nem o próprio governo tem controle da situação. Não sabemos quais crimes cometeram e se pertencem a alguma facção. Enquanto isso, o cidadão de bem fica trancado em casa e os bandidos soltos praticando inúmeros assaltos. É um absurdo”, comentou.

ACIDENTESSobre os acidentes que ocorreram no bloqueio da Avenida Major Williams, o internauta Fábio Oliveira escreveu: “Todos os anos, neste mesmo local, ocorrem inúmeros acidentes em razão da falta de sinalização do local. Acontece que a Prefeitura simplesmente interdita o local e não sinaliza de forma apropriada. Somente no domingo, após os acidentes, é que foram colocados alertas luminosos no local. A falta de sinalização e a rua escura contribuíram para estes acidentes”.