Opinião

Opiniao 11 11 2017 5138

Bloqueio na escrita acadêmica? – Wellington Anselmo Martins*

A seguir, algumas dicas e empurrões. Não espere pela inspiração! Você está escrevendo uma Monografia e não poemas vanguardistas para vencer o próximo Nobel de Literatura. Ok? Escrita acadêmica é trabalho! Só isso.

Por isso, lute contra a preguiça e procrastinação. Comece a escrever já! Agora! Jamais espere “estar bem no corpo e na alma” para começar a digitar… Não deixe para depois, para “quando eu tiver uma ideia original”. Não seja perfeccionista! O idealismo costuma ser sabotador! Mais vale um capítulo de artigo já rascunhado na mão do que uma nova tese de doutorado inteira nos seus sonhos.

E não romantize a ciência do Brasil. Jamais. Poucas pessoas irão ler o seu trabalho acadêmico. (Na verdade, poucas pessoas no Brasil sabem ler de verdade…). Isso é fato. Pouquíssimas. Nem a sua mãe vai querer ler a sua dissertação de mestrado… Mas há uma certeza, olha: o seu orientador, sim, este lerá o seu texto! Por isso, quando escrever, pense no seu orientador. Dê preferência para ter um retrato dele logo acima do seu computador. Isso vai ajudar na sua “inspiração”. Vai ajudar a não se esquecer de quem realmente lerá a sua pesquisa.

Claro, de novo: não romantize a ciência no Brasil. Pois o seu orientador também é alguém muito ferrado. Ou seja, ele, sim, até que lerá o seu trabalho! Mas não é que vai ler, lerá mesmo, entende?! Por isso, não fique triste por nem o seu orientador notar aquela metáfora “genial” que você usou no seu texto. Ou aquele exemplo “inovador” que você criou. Se você ficar muito carente e tiver demasiada certeza de que algum argumento seu merece ser conhecido, apresente-o em comunicações acadêmicas. No Brasil, as pessoas têm mais facilidade para ouvir do que para ler (porque elas não sabem ler, lembra?). Às vezes, é incrível, mas até doutores são assim.

A sua mãe também! Se quiser mostrar para ela ou para seus amigos a sua pesquisa, não dê o texto escrito. Fale para eles! Quando você fala, eles têm mais vergonha de rejeitar cabalmente tudo o que você faz da vida.

E lá vai uma última dica, esta que contraria tudo o que é conselho comum: você pode continuar usando o Facebook e a Netflix enquanto escreve a mais sofisticada redação acadêmica! Pois não é a internet que atrapalha a escrita, é a preguiça! É a enrolação pra começar! E, claro, o idealismo! Enfim, pode deixar o Facebook aberto enquanto estiver escrevendo. Pois é mais produtivo escrever picadinho, de pouco em pouco, a cada 20 ou 30 minutos, e fazendo pausas para o café e redes sociais, do que ficar esperando aquele dia mágico em que você irá sentar na frente do seu pergaminho sagrado, durante um retiro longínquo com os monges beneditinos, e desenhará com penas, ininterruptamente por toda uma semana seguida, de um único fôlego, os novos princípios da pós-Física Quântica, que alargarão o estado da arte da condição humana deste terceiro milênio inteiro…

Não. Poxa, é mais simples que isso: apenas sente a bunda na cadeira, agora e escreva! Só escreva! — Seja lá o que você escrever, mais tarde o seu orientador dirá que está tudo meio ruim mesmo.

*Graduado em Filosofia (USC) e Mestre em Comunicação (Unesp).

Sindicatos e trabalhadores: a hora é de união – Cirlene Luiza Zimmermann*

Temos uma visão equivocada dos sindicatos no Brasil. Grande parte dos trabalhadores não se sente verdadeiramente representada pelas entidades sindicais de sua categoria. Referem-se aos sindicatos como “eles” e não “nós”, como deveria ser. O trabalhador é a essência dos sindicatos profissionais. Entidades sindicais e trabalhadores precisam sempre se lembrar disso.

Com a entrada em vigor da “reforma trabalhista”, no próximo dia 11 de novembro de 2017, precisamos mudar essa percepção de distanciamento. Os trabalhadores sem o apoio forte e incondicional dos sindicatos na defesa dos direitos sociais estarão sujeitos à precarização e os sindicatos sem a confiança e o consequente patrocínio dos seus representados estarão fadados à inanição, quiçá, à extinção.

O fim da contribuição sindical obrigatória somente poderia ser comemorado pela classe trabalhadora se o Brasil tivesse adotado a orientação da Organização Internacional do Trabalho no sentido de conceder ampla liberdade sindical e extinguido a restrição à criação de sindicatos hoje vigente, que permite a existência de uma única entidade representando a categoria em determinada base territorial.

Disputas de representação, comuns nesse cenário, só fragilizam as entidades sindicais. A representatividade ampla e efetiva, imprescindível nesse momento em que mais se precisa de capacidade de mobilização coletiva, praticamente inexiste.

A prevalência do negociado sobre o legislado autorizado pela “reforma trabalhista” não se trata de novidade. Sempre foi possível a negociação coletiva sobrepor-se à legislação para melhorar as condições sociais dos trabalhadores, ou seja, para estabelecer um patamar de direitos superior ao previsto na lei. A inovação está na suposta possibilidade de o instrumento coletivo subtrair direitos mínimos legalmente instituídos e sem necessidade de indicação de contrapartida.

Alguém tem convicção de que as entidades sindicais, os trabalhadores, as empresas e a sociedade foram fortalecidos com essa extravagância legislativa?

Prestigiar a autonomia da vontade coletiva não significa liberar a negociação de direitos mínimos, sob pena de violar a dignidade humana, o valor social do trabalho e a cláusula de não retrocesso social, fundamentos da nossa República. A maioria dos sindicatos sabe disso. Os trabalhadores também precisam saber e cobrar esse posicionamento das entidades. E as empresas igualmente, sob pena de sofrerem com redução de demanda no mercado interno e concorrência desleal.

A “reforma trabalhista” foi aprovada com o propósito deliberado de precarizar as relações e as condições de trabalho. Uma interpretação conforme o ordenamento jurídico vigente em nosso país, praticada por sindicatos, empresas, advogados, Judiciário e Ministério Público, não permitirá que isso aconteça.

Todos nós temos o compromisso e os meios jurídicos de não legitimar o retrocesso social que a “reforma” pretendeu institucionalizar. Pelo bem do país e para garantir a permanente redução das desigualdades sociais e regionais.

*Procuradora do Trabalho no Ministério Público do Trabalho

Um dos velhos caciques de Ricardo Teixeira continua – Ranior Almeida Viana*

Neste mesmo espaço falei semana passada a respeito do Campeonato Roraimense Sub-20 2017, no de hoje continuarei tratando do futebol local, porém será uma análise fora das quatro linhas do campo.

No ano de 1974 o General Ernesto Geisel chegou ao poder e tornou-se Presidente do Brasil. A Copa do Mundo de 1974 foi disputada na Alemanha Ocidental e terminou com os donos da casa campeões, mas a equipe que entrou para a história foi a Holanda a famosa “Laranja Mecânica” (por causa de seu futebol envolvente e ofensivo). O ano de 1974 era o último de Edson Arantes do Nascimento, “O Pelé”, jogando pelo Santos Futebol Clube, no mesmo ano foi inaugurada a ponte Rio-Niterói, em 18/02/1974, o Senhor José Gama Xaud assumiu o comando da Federação Roraimense de Futebol. Esses são alguns acontecimentos do ano de 1974.

Fato mais curioso dos apontados acima é que quem continua até hoje no lugar, além da ponte Rio-Niterói, é o Presidente da Federação Roraimense que é o mesmo até hoje 2017. Com o fim do 12º mandato consecutivo em 2019, poderá ser reeleito para mais um mandato de quatro anos, caso ocorra dará um total de 48 anos de uma pessoa ocupando um cargo elegível que deveria ser rotativo.

Está provado que toda representatividade que se utiliza do continuísmo não deu certo (veja as ditaduras). É essa realidade da Federação de Futebol de Roraima, assim como alguns cargos eletivos em uma democracia não é pra ser encarado como profissão. É uma função em que você tem a sua contribuição dando o seu melhor e quando der o tempo, além do reconhecimento (em caso de um profícuo trabalho) é tchau e benção.

Uma vez o presidente da federação foi perguntado por um jornalista do Portal Terra a respeito da mesada de R$ 15 mil paga pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) aos dirigentes das federações e o aporte de R$ 50 mil mensais à federação, ele respondeu seguinte: “- Meu amigo, quando você trabalha honestamente, tudo é bem-vindo. Essa ajuda chega em boa hora, e foi o Ricardo Teixeira (ex-presidente) que começou com isso.”

Portanto, fica claro que federação “apenas organiza as competições dentro das normas da CBF” e que os presidentes de clubes pelo fato de suas dificuldades financeiras acabam sendo coniventes desta triste realidade que se perpetua, sem data para acabar! *Licenciado em Sociologia – UERR, Bacharel em Ciências Sociais – [email protected]

Será sempre assim – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Enquanto a cor da pele for mais importante do que o brilho dos olhos, haverá guerra.” (Bob Marley)

E a discriminação e o preconceito são uma guerra. Um desmando que vem dos primórdios da chamada civilização, que nunca se civilizará. A extraordinária matéria do Jessé Souza, aqui na Folha, sobre os preconceitos, chamou-me a atenção para o desmando na Educação mundial. Você já deve ter percebido que só me refiro à Educação com “E” maiúsculo. Porque é isso o que ela é: maiúscula. Tão grande que não pode ser alcançada pelos que ainda necessitam dela.

Mas vamos caminhar por nossa vereda simples. Vamos cuidar da nossa própria Educação. E vamos começar construindo-a no ambiente onde nascemos, vivemos e nos formamos. Porque é a Educação que recebemos na nossa infância, que devemos passar para nossos filhos. Mas ela só, não basta. Tem que ser acrescida de novos conhecimentos condizentes com o avanço da racionalidade na imunização. E é por isso que devemos estar aprendendo a todo instante, para repassar aos que educamos.

A tarefa da autoeducação é árdua. Requer muito equilíbrio emocional, cultural e, sobretudo, racional. É o que costumo chamar de Faculdade do Asfalto. Que é onde aprendemos nas observações positivas. E estas só serão positivas quando não dermos atenção ao negativo. Este é um erro, com o qual aprendemos desde que sejamos e estejamos atentos à verdade de que aprendemos com os erros quando os reconhecemos como tal. Preste mais atenção ao que há de positivo no seu cotidiano. Observe os comportamentos à sua volta e aprenda com eles, o que lhe interessa para o seu crescimento como ser humano na evolução racional. Não se aborreça com os inferiores. Eles fazem parte do seu currículo na Faculdade do Asfalto. Mantenha sempre em sua mente, que nesta piroga onde ainda navegamos como primatas somos todos iguais nas diferenças. E por isso devemos respeitar as diferenças em cada um.

Que educação você está dando a seu filho para que ele viva educadamente o futuro dele? Lembre-se de que você está preparando um ser para o mundo dele, e não o seu. Procure tirar da mente do seu filho todos os resquícios trazidos de um mundo que já não lhe pertence. Oriente-o para que ele veja sempre a igualdade respeitada nas diferenças.

Observe o comportamento da garota do caixa no supermercado onde você compra seu pão. Você descobrirá que o que importa não é o que ela faz, mas como ela faz. Analise e aprenda. Os operários não querem saber onde anda, ou está, o dono da empresa; mas ficam super irritados quando a moça que faz o café, falta ao trabalho. Pense nisso.

*[email protected]