Limpe o seu quintal e o mundo ficará limpo
Marlene de Andrade*
“Tomou, pois, o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e guardar” (Gênesis 2:15).
Fico impressionada com a sujeira das ruas de muitas cidades do Brasil, inclusive Rio de Janeiro, estado onde nasci. As pessoas jogam sacolas de plástico, latas de cerveja e de refrigerantes e tudo que querem na maior tranquilidade, principalmente nas praias. O que tem de pontas de cigarro espalhadas nas calçadas é inadmissível.
Em 1991 passei um mês no Porto e um mês em Lisboa. Ficava maravilhada de ver a organização das ruas e avenidas e a limpeza daquelas cidades. Minha mãe era portuguesa e residiu no Brasil 86 anos. Ela e seus pais moravam numa cidade do interior de Portugal e de lá migraram para Belém do Pará/Brasil. Meu avô era uma pessoa bastante rústica e quando chegou a Lisboa cuspiu em uma rua e por isso teve que pagar, na hora que ocorreu esse fato, uma multa. Que rigor com o meio ambiente extraordinário já naquele tempo!
Por que o brasileiro, em geral, é tão descuidado com as cidades? Ali no 13 de setembro tem um recanto que é cheio de lixo. Não tem prefeito que dê conta dessas imundícies pois, esses ensinamentos vêm de casa. E tem mais: Prefeitos não tem obrigação de educar a população. O que podia ser feito, em todo o Brasil, era multar aqueles que jogassem lixo nas vias públicas.
Os Estados Unidos também é bem limpinho. Já estive naquele país treze vezes e nunca vi sujeira nas ruas e calçadas. É verdade que no Brasil também há cidades limpas como, por exemplo, Brasília e Santa Catarina.
Não posso deixar de me referir a minha terra natal, Rio de Janeiro, como uma das mais sujas do Brasil. Nasci no morro da Conceição, um lugar histórico e tombado pelo Patrimônio Histórico, mas fui criada em São Gonçalo e ali até pouco tempo tinha muita sujeira pelo chão.
Já que muitas pessoas não aprendem ser higiênicas, astros do cinema, da música, artistas de televisão e pessoas ligadas ao esporte podiam participam de campanhas publicitárias que estimulassem o cidadão a não sujar as ruas e ter respeito pelo meio ambiente.
Em Londres um simples chiclete jogado no chão gera multa e em Paris, cuspir na rua é infração tão grave quanto não limpar a sujeira do cachorro. Tóquio? Lá os japoneses aprendem desde cedo recolher todo o lixo que produzem dando-lhe a destinação correta. E aqui no Roraima? Aqui cachorro pode defecar nas calçadas à vontade e isso não é só aqui que ocorre não, pois em Copacabana o que têm de cães fazendo suas necessidades fisiológicas nas ruas daquele bairro, tão visitado por turistas, é incontável.
As prefeituras deveriam começar a multar quem sujasse as cidades, inclusive quando jogassem até mesmo pontas de cigarros por onde passassem. Quando o bolso dói o aprendizado vem mais rápido. Pagamentos de multas, quem sabe fosse a solução? Quem sabe o novo Prefeito de Boa Vista passe a cobrar multas aos anti-higiênicos de plantão. É verdade que a Ex-Prefeita tudo fez para manter Boa Vista limpa, mas acho que agora só mesmo cobrando multa para os “sugimundos”.
*Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT-AMB-CFM
Técnica em Segurança do Trabalho- SENAI/IEL
Última dose
Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Só sente saudade quem foi feliz”.
Não sei se você se lembra de alguma de suas vidas anteriores. Eu quase me lembro. Ando bem perto de me lembrar. Até quando estou arengando com as formigas no quintal. Do jeito que elas olham pra mim acho que elas se lembram. Assim são os limoeiros. Nenhum deles gosta de mim. E ontem, aproveitei a manhã friinha e resolvi podar meu limoeiro. Foi a maior furada. Estou todo furado.
A dona Salete até quis me levar ao pronto-socorro. Não estou conseguindo nem mesmo digitar as teclas. Já estava pedindo a Deus que alguém me tirasse dali. Foi quando a dona Salete me avisou que logo mais teríamos almoço. Agi nos procedimentos: banho, espiada pela cozinha pra sentir se ia demorar muito, e coisa assim. Liguei o computador e fiquei matutando sobre o que falar hoje. Não me ocorria nada. As picadas dos espinhos do limoeiro me deixavam tonto.
Conectei o Media Player e cliquei no CD “Mulher”. Acertei na mosca. Foi um verdadeiro derramamento de saudade. Quanto tempo faz que você não ouve uma música do Dick Farney? Caro, me desmanchei. Quase chorei. Falo sério. E como não era tudo, Dick saiu, e chegou, sem dó nem piedade, o Agnaldo Rayol seguido de Moacir Franco. E olha que só estou tentando poupar você não mencionando as músicas que eles cantaram.
Bem, não vou ficar nadando no mar do já foi. Mas é que sou feliz por ter navegado nele. As mulheres que ouvi nesse CD me levaram ao céu da felicidade. Não vou mencioná-las para não tornar a navegar em águas paradas. Mas se você está pensando que sou um poço de sentimentalismo, corta essa. Não me interessa se você é jovem, mas esperimente ouvir o Dick Farney cantando a música “Marina,” do Caími. Ouça-a e depois me diga o que sentiu.
Nesses momentos, que dependem do momento, fico com os olhos bem molhados. A dona Salete olha pra mim e recorro à minha garganta. Começo a pigarrear para a Salete pensar que minha garganta está irritada. Continuo o mesmo boboca sentimental e sem coragem de me assumir. Nada me emociona mais do que uma boa música num bom momento. E não há melhor momento do que o em que você está sentado à mesa, almoçando com a pessoa que você ama e houvindo uma música deliciosa e que já mexeu com você em outras épocas.
Prometo que não voltarei a incomodar você com esse assunto meio sem rumo. Mas estou feliz e sei que você vai ficar com vontade de ouvir o Dick Farney e a Núbia Lafayette. É só ouvi-los. Vai lhe fazer muito bem. Mas até lá vamos cuidar da vida para viver com intensidade. Só quando vivemos com felicidade é que podemos desfrutar do prazer nas boas e saudáveis lembraças. Pense nisso.
9121-1460