A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA MATERNA E A CONQUISTA DO MUNDO
Cleyton Bonfim*
Você pode achar bobagem e até exagero meu falar sobre isso, mas pensar e repensar o tema proposto, principalmente, no começo da vida de seu filho, é fundamental para o início do processo adequado de aquisição/desenvolvimento da linguagem. Alguns vão pensar: “Gente, é só um bebê, que ele pode querer aprender?” “Que eu posso ensinar?” Outros vão dizer: “Ah, vai ser tudo natural, de repente meu filho vai falar e se desenvolver bem com a linguagem”. (Essa última fala é fato conhecido há tempos, já explicado por vários trabalhos linguísticos e pesquisas científicas). É bem assim, acredite, em relação à língua materna, há duas etapas: 1. A inata (preestabelecida); 2. A guiada (a ser apreendida e desenvolvida). Sobre a primeira parte, de acordo com Mário Perini, professor na UFMG, na PUC-Minas e na UNICAMP, a língua é “um sistema programado em nosso cérebro que, essencialmente, estabelece uma relação entre os esquemas mentais que formam nossa compreensão do mundo e um código que os representa de maneira perceptível aos sentidos”. A respeito da segunda fase, ele continua: […] parte do sistema, evidentemente, não é inato, e precisa ser aprendido a partir de exemplos observados pela criança”.
E essa é chave transformadora no caso da língua/linguagem, a observação, a percepção, o que conduz a outro fato indubitável: bebês são muito inteligentes, aprendem a todo tempo e entendem muito do que é dito ao seu redor. Então, por que desconsiderar isso? Ora, mesmo nos simples balbucios, chorinhos constantes e risadinhas encantadoras, eles estão produzindo comunicação, por isso cada segundo de atenção, e toda ação afetuosa, todo gesto de carinho, e de cuidado dispensados aos pequenos são estímulos saudáveis que solidificam os caminhos do aprendizado, potencializando a cognição. Ao falar com eles, narrando atividades, ações que os envolvem em suas rotinas, por exemplo, lançam-se “sementinhas” de vocabulário, é o input, a entrada de dados já começou e por aí vai. Além disso, muitos estudos demonstraram que a partir do terceiro mês de gestação, o bebê consegue ouvir sons vibrações produzidas no útero e no intervalo entre a 22ª. e 26ª. semanas, ele já responde aos sons e estímulos externos.
Num estudo altamente aprofundado da ABC – Academia Brasileira de Ciências – APRENDIZAGEM INFANTIL: UMA ABORDAGEM DA NEUROCIÊNCIA, ECONOMIA E PSICOLOGIA COGNITIVA, ressaltou-se que: “De acordo com a neurobiologia, sabe-se que o desenvolvimento mais acentuado da estrutura cerebral (volume e maturação cerebral e, notadamente, sinaptogenese) ocorre nos primeiros anos de vida. Consequentemente, este é um período sensível para o desenvolvimento das habilidades envolvidas no processo de aprendizagem da linguagem. Eventual atraso na estimulação dessa habilidade poderia implicar perda do melhor momento para o desenvolvimento do reconhecimento da relação grafema-fonema, tão importante para a leitura, no futuro, de palavras desconhecidas. Este fato tem sido ignorado na formulação de políticas públicas de educação.” E por nós pais também. A pesquisa ainda verificou que: “dificuldades de linguagem são associadas às de processamento matemático e de lógica. Falhas na alfabetização dificultam a incorporação de conhecimentos importantes para o desenvolvimento profissional.” E como já adiantaram Piaget e Vigostky, o padrão de aprendizagem inicial ocorre e depende de interação social, ora pois, não é a família esse lugar adequado? Que se está esperando? Quanto mais cedo os pais entenderem a importância e a relevância de se estimular o conhecimento linguístico, mais cedo as respostas aos estímulos vão produzir experiências linguísticas adequadas e transformadoras na vida dos filhos.
“Para fechar essa conta e passar a régua”, pense bem: Quando os filhos nascem, a maioria dos pais deseja e se empenha para que tudo dê certo, não é mesmo? Um desejo comum é que eles cresçam (mesmo os que sofrem da síndrome de Peter Pan), que sejam fortes e saudáveis, que sejam inteligentes e aprendam bem, enfim, que se desenvolvam bem, até, quem sabe, que consistem o mundo, pois bem, para tanto, do ponto de vista da ciência da linguagem, o primeiro passo para o sucesso a ser considerado deve ser o de estimular a aprendizagem da língua materna, pois é mediante a apreensão do idioma nativo que se cria a possibilidade de conquista do mundo.
*Professor de Língua Portuguesa – Email: [email protected]
PIB 2020: O QUE ESPERAR DA ECONOMIA EM 2021?
Pollyanna Rodrigues Gondin*
Os dados do PIB 2020 foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e o que era esperado pelo mercado foi confirmado: houve uma queda de 4,1% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Mas o que isso significa? Como impacta nossas vidas? O PIB mede o crescimento econômico. Quando falamos em crescimento, é importante ter em mente que estamos nos referindo à soma do que é produzido internamente em nosso país em termos monetários. Desse modo, esse indicador reflete o tamanho da nossa economia.
Assim, o dado divulgado, nos mostra que em termos monetários, nossa economia sofreu uma queda de 4,1% em relação ao ano de 2019. Essa situação não é uma surpresa, pois, mesmo antes da pandemia, esperava-se que a economia brasileira sofreria uma retração econômica. Entretanto, a pandemia veio para reafirmar e piorar ainda mais a situação da economia brasileira, pois diminuiu o ritmo das atividades econômicas.
Mas, e como se comportaram os três grandes setores da nossa economia? Todos sofreram queda? O setor industrial retraiu 3,5%, o que representa a queda mais intensa nos últimos cinco anos. Em termos industriais, o setor de construção civil e a indústria de transformação, foram as áreas da indústria que tiveram o pior desempenho em 2020.
O setor de serviços, que de modo geral, é o que mais contribui para o crescimento do PIB, foi o que sofreu uma queda maior, retraindo 4,5% em relação ao ano anterior. Com a diminuição da circulação de pessoas, o comércio se viu de portas fechadas, gerando uma queda das vendas, fechamento de estabelecimentos e um maior nível de desemprego nesse setor. Além disso, os serviços prestados às famílias e os transportes, armazenagem e correio foram os serviços mais impactados no ano passado. Aqui, é importante mencionar que, apesar de ser considerado um valor baixo, o auxílio emergencial fornecido para as famílias mais afetadas com a pandemia, corroborou para que o resultado desse setor não fosse ainda pior, o que pode nos mostrar a relevância da continuidade desse auxílio em 2021.
Por outro lado, se o setor de serviços e a indústria sofreram queda em 2020, o desempenho do agronegócio seguiu um caminho oposto, apresentando um aumento de 2,0% no ano de 2020, se comparado com o ano anterior. Tal fato, é reflexo, em grande medida, das nossas exportações. Câmbio altamente desvalorizado em conjunto com o fato de que, mesmo em crises, commodities e produtos de primeira necessidade continuam sendo demandados mundialmente, permitiram um saldo positivo desse setor no ano em que a economia brasileira apresentou uma queda de 4,1% no seu tamanho.
Esses dados nos geram muitas incertezas em relação ao ano de 2021. O que sabemos
é que, o Brasil precisa mudar o rumo e acelerar o processo de vacinação, pois enquanto isso, mortes estão acontecendo, pessoas estão sendo infectadas, demandando leitos hospitalares, nossos hospitais estão lotados e equipe médica sobrecarregada, e o brasileiro vive com dúvidas em relação o que deve ser feito: isolamento ou não? Não há uma unificação do discurso entre políticos do nosso país, o que dificulta ainda mais o estabelecimento de normas a serem seguidas pela população. O que sabemos é que, com esse resultado econômico, não estamos mais entre as 10 economias mundiais, o que não é um resultado favorável. Para além disso, se o leme do nosso barco não mudar e os ventos, digo, a equipe econômica e governo não tomarem medidas mais assertivas quanto à pandemia, aprofundaremos nossa crise entrando em uma recessão econômica profunda.
*Economista e professora da Escola de Negócios do Centro Universitário Internacional Uninter
PREPARE-SE PARA A MUDANÇA
Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Em todas as ocasiões, mantenha a mente aberta para a mudança. Receba-a de braços abertos. Corteja-a. somente através do exame e reexame de suas ações e ideias você poderá evoluir.” (Dale Carnegie)
Ou você mantém sua mente aberta ou continuará nadando no pantanal da ignorância. Vivemos num mundo em evolução. E o ritmo da evolução vai depender do nosso modo de pensar. Ou mudamos com frequência, nossa maneira de pensar, ou continuaremos sentados debaixo da árvore, esperando que a fruta caia. Que é o que fazemos, no nosso dia a dia.
Vamos parar de ficar nos martirizando por conta das pandemias. Elas sempre existiram e sempre existirão. O que devemos é nos prepararmos para a próxima pandemia, mas sem negligenciar, nem baixar a cabeça diante da atual. Temos que nos prepararmos para as mudanças. E nunca estamos preparados para a mudança. Simples pra dedéu. Preferimos nos deixar levar, ingenuamente, pelo que nos dizem comunicadores, em blá-blá-blás que nem sempre nos levam à realidade.
Historiadores nos dizem que a “Gripe espanhola,” a partir de mil novecentos e dezoito, já matou mais de cinquenta milhões de pessoas em todo o mundo. Dados estarrecedores que não nos preocupa, por conta do nosso despreparo para encarar o problema na sua extensão. Vamos nos preparar através da educação. Vamos parar de ficar esperneando e gritando contra administradores, quando, na verdade, não entendemos nada de administração. O Presidente da República, os Governadores, os Prefeitos, atuais, não podem nem devem ser iguais aos seus antecessores. Senão não teríamos mudanças.
Vamos nos preparar para as mudanças e fazer com que elas aconteçam com mais frequência e mais qualidade. Mas só seremos capazes para medir as diferenças quando estivermos preparados para elas. E só conseguiremos isso através da educação. Não há outra saída. E, infelizmente não vemos nem ouvimos os políticos falarem na melhoria da nossa Educação. E até mesmo os que sabem disso fingem não saber, com medo do voto facultativo. E sem o voto facultativo não há democracia. Continuaremos marionete, títeres dos que sabem e fingem que não sabem, que não seremos livres, enquanto votarmos por obrigação, e não por dever.
E para votar por dever temos que ser cidadãos e só o seremos quando formos civilizados. Porque ainda não o somos, por falta de uma educação à altura do cidadão. Vamos fazer nossa parte parando de gritar e protestar, quando deveríamos estar nos preparando para as mudanças. O ser humano é um animal considerado racional, mas que ainda não raciocina. Ainda não aprendeu a obedecer a sua mente. Pense nisso.
*Articulista – Email: [email protected] – Telefone: 95-99121-1460