Opinião

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ISOLAMENTO SOCIAL: UM FENÔMENO NATURAL

Sebastião Pereira do Nascimento*

As afetações provocadas a partir do surgimento de uma endemia, epidemia ou pandemia fazem parte do universo biológico, e estão sujeitas a afetarem todos os grupos de seres vivos (animais e plantas). Dentre os diversos conceitos dessas anomalias sui generis, grosso modo podemos considerar que a endemia é quando um determinado agente infeccioso incide numa população acima da expectativa normal com propagação limitada a uma área geográfica específica. Epidemia é quando a doença infecciosa se manifesta em um grande número de indivíduos, numa determinada região com rápida disseminação para outras regiões geográficas, inclusive com propagação até pelo país inteiro.

No caso da pandemia é quando um agente infeccioso se prolifera rapidamente por vários países em tempo simultâneo. Nos encartes filosóficos, consta que o termo pandemia foi usado pela primeira pelo filósofo Platão, no sentido genérico de se referir a qualquer acontecimento capaz de atingir toda uma população. Modernamente se aplica o termo a uma epidemia de grandes proporções, quando a doença infecciosa se apropria de vários países e continentes, onde comumente a disseminação se dá a partir dos humanos pela facilidade de ultrapassar barreiras continentais.

Diante dessas injúrias patológicas, temos na história da humanidade diversos episódios pandêmicos como: peste bubônica (século XIV), varíola (maior surto no século XVIII), cólera (século XIX), gripe espanhola (início do século XX), gripe “suína” ou H1N1 (início deste século) e, atualmente, o Covid-19. Esses eventos deletérios que causaram grande mortalidade de pessoas no mundo, levaram a humanidade a pensar em algo que pudesse amortecer a difusão dos agentes infecciosos. E uma das principais medidas adotadas foi o isolamento social – uma prática natural de controle epidêmico adotada por diversos tipos de animais –, a qual se dá a partir do isolamento da pessoa ou do grupo social, com objetivo de não ser infectado por uma determinada doença transmissível. Também pode-se considerar o afastamento social da pessoa infectada, em detrimento dos indivíduos sadios. No tempo atual, essa prática vem sendo uma das mais utilitárias medidas recomendadas por diversos países no intuito de diminuir o contágio do coronavírus – obviamente associadas a outras medidas sanitárias.

Contudo, não é só os seres humanos que manifestam essa natureza de isolamento social perante alguma difusão epidêmica. Esse gesto é observado também nos outros animais não humanos que têm o comportamento de proteger seus pares de alguma moléstia contagiosa. Portanto, o distanciamento social não é uma medida inventada agora, nem tão pouco se restringe apenas aos humanos, a prática é um mecanismo natural de todos os seres vivos.

Estudos de comportamento animal, revelam que igual os seres humanos, algumas espécies de formigas se isolam umas das outras quando enfrentam uma doença contagiosa. Também os antropóides (uma subordem dos primatas que inclui os macacos babuínos), evitam os indivíduos afetados por algum agente infeccioso. Da mesma maneira, a maioria das espécies de morcegos quando contaminados por alguma doença reduzem seus contatos aos parentes mais próximos. Outras estratégias que alguns animais usam para enfrentar as suas próprias epidemias, mostram algumas situações não habituais aos humanos, por exemplo, entre os insetos sociais, pode até ocorrer a expulsão sumária dos infectados. Além do mais, os indivíduos doentes quando sentem a proximidade da morte, se afastam do grupo de forma passiva, a fim de proteger a colônia, o que chega a ser um exemplo radical de altruísmo.

Outros estudos zoológicos, referendados pela Universidade do Texas (EUA), revelam como os animais alteram suas condutas para enfrentar agentes patogênicos que insistem em atacar seus congêneres. Sobre as medidas de restrições, os estudos revelam ainda que outros animais também exibem comportamentos semelhantes aos humanos para conter a propagação das doenças contagiosas, ou seja, os animais doentes desenvolvem padrões de distanciamento que protegem os indivíduos saudáveis dos agentes patogênicos.

Dessa maneira, o isolamento social talvez seja a estratégia mais universal (e natural), incorporada à fisiologia animal. Assim como fazem os seres humanos afetados, por exemplo, por um resfriado, outros indivíduos de diversas espécies animais também entram num estado de letargia que os leva a reduzir a interação com o resto do grupo. Pois, quanto menos contato, menor o contágio.

Do mais, admitindo que essa prática de isolamento social (quando animal é atingido por alguma enfermidade contagiosa), ultrapasse a barreira do instinto natural e se manifeste puramente de forma racional. Então, até quando algumas pessoas que desprezam as medidas de contenção do coronavírus – preconizadas pelas autoridades sanitárias – vão permanecer seres irracionais?

*Filósofo e Zoólogo

De Onde Virá o meu Socorro?

Debhora Gondim

Salmos 121:1 -2

Socorro é a palavra usada quando nos encontramos em perigo. Quando nos deparamos em situações que nos fazem entender que não estamos no controle. Algumas trazem inquietude e desespero. Dão a sensação de que estamos perdidos e desamparados. Afinal, vivemos tempos difíceis e desafiadores. A morte nunca esteve tão perto de cada um de nós. A dor do luto tornou-se um sentimento experimentado por muitos. A humanidade vive a ameaça de um ser invisível, com poder de destruição.

O sofrimento e a morte tem sido manchete nos jornais. Lemos sobre eles nas redes sociais, vemos nas esquinas, na vizinhança, nos hospitais e às vezes entram em nosso lar sem pedir licença. Todo este contexto tem levado muitos ao desespero e ansiedade. Outros estão anestesiados e não sentem mais a dor do outro e tudo não passa de dados científicos e estatísticos. Nada mais é do que, uma oportunidade de lucrar em cima do caos mundial e da dor do outro. Temos tentado lidar com tudo isso sem adoecer mentalmente.

As provações estão cada vez mais constantes (Tiago 1:2 -4). Sejam por crises internas, crises no casamento, fraquezas a serem vencidas, doenças, luto, dificuldade financeira ou um filho problemático. Tem épocas que as provas da vida acontecem simultaneamente ou uma seguida da outra. Assim, como aconteceu com Jó, que tem sua história relatada na Bíblia. Nestes períodos parecem que os problemas vão nos tragar. Que não veremos a luz no fim do túnel. As lágrimas embaçam a visão e clamamos por socorro, sem nos darmos conta de onde virá.

Por diversas vezes não buscamos este auxilio na hora da dor, do sofrimento onde termos o amparo. Muitos buscam assistência no ser humano; na ideologia política; no trabalho árduo; na faculdade; na vacina; no politico
; no concurso que almeja fazer; colocando em si, pelo fato de ter uma vida politicamente correta; no livro de autoajuda que foi escrito por um ser tão caído e cego quanto qualquer outro ser humano. Trazendo assim, a ilusão de que a resposta, o benefício para sua vida está em bens, títulos e em pessoas (Salmos 20:7).

A Bíblia, que é viva e eficaz (Hebreus 4:12), vem responder de onde vem o nosso socorro. Davi ao escrever os Salmos 121 e 124 nos diz que o socorro que tanto buscamos está em Deus, que fez os céus e a Terra. Ele é o nosso auxílio, nossa ajuda, nosso benefício. Ele é onisciente e onipresente, em quem podemos confiar e obter o socorro quando os obstáculos da vida aparecem na caminhada (Salmos 118:8). Nestes momentos nunca passaremos sozinhos. Deus está sempre disponível para estender as mãos e nos levantar.

Em Isaías 41:21 o Senhor nos convida a apresentarmos nossa causa a Ele. Voltando no mesmo capítulo, no versículo 13 e 14 Ele nos diz para não temer, pois Ele é o nosso refúgio, quem nos segura com sua mão e nos ajuda. Ele é o nosso redentor. Confiemos no Senhor. Deus tem propósitos em meio às provações que enfrentamos. Mesmo quando elas nos levam ao deserto, ou a uma fornalha ardente. Jesus quer nos refinar como o ouro, para extrair a imagem de Cristo em nós, que o pecado desfigurou. De forma a ser transformado e venha a refletir o brilho da Glória de Deus.

Por fim, Jesus convida: venham e atendam o meu convite, todos os que estão cansados e sobrecarregados, pois Eu lhe darei descanso. Sejam meus discípulos e aprendam de mim, para encontrarem descanso para a alma. Pois o meu ensino é suave e leve (Mateus 11: 29 1 30).

*Teóloga e Professora

Comecemos pelo começo

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos”. (Pitágoras)

Já tenho citado, inúmeras vezes, grandes vultos da humanidade que vêm nos alertando para o problema da Educação, no Brasil e no mundo. Não me censure, mas vou continuar repetindo-os. Quem sabe, um dia, a política irá melhorar, e os políticos acordarão para o problema que nos tortura. Só quando nos convencermos de que não haverá progresso sem educação, cuidaremos dela. Pitágoras nos deixou este recado numa época em que a educação já apontava deslizes. E olha que faz tempo pra dedéu.

Os tempos passam de acordo com seu tempo. Em tais passagens vem a evolução. Na qual o que foi feito ontem deve ser usado como orientação para hoje. E sempre houve grandes pensadores que pensaram nisso. Napoleão Bonaparte, na sua época também nos alertou: “Devemos construir escolas para não termos que construir presídios”. E de lá para cá, nem construímos presídios nem escolas. Os estudantes vivem no desconforto, e os presidiários num inferno insuportável.

E a passos de tartarugas vamos caminhando por veredas que só beneficiam candidatos a presídios, que passaram por escolas aparentemente boas, mas que não os educaram para o bem. Aí vamos para mais um dos que se preocuparam com a Educação, em tempos já passados; o médico carioca, Miguel Couto, já no final da década dos trintas, do século passado, disse: “No Brasil só há um problema nacional: a educação do povo”. E continuamos com o problema.

As crianças estudando em casa durante a pandemia têm duas variáveis. E as duas nos revelam o positivo e o negativo. Aos poucos vamos descobrindo coisas que deveríamos ter passado para nossos filhos, sem a interferência do mal; mas também vamos descobrindo o quanto não aprendemos sem o preparo para as pandemias. Vá pensando nisso até que o vírus se vá, para depois corrigirmos nossas falhas na educação.

O amor é o esteio mais forte e poderoso para educar. E não é nada fácil levar o amor para as escolas, sem confundi-lo com futilidade. E o professor fica sem saber se usa a palmatória ou se deixa o barco passar. Vamos nos preparar politicamente para podermos nos preparar civilizadamente. Vamos aproveitar o período de “prisão domiciliar” imposta pela pandemia, e refletir sobre o que devemos fazer para melhorar o Brasil e o mundo, com a educação. E cada um de nós tem o poder, em suas mãos, para mudar a história.

Vamos fazer nossa parte, fugindo da futilidade e da má intenção política dos que ficam o tempo todo nos atormentando com assuntos e notícias desastrosos. Busquemos o melhor em nós mesmos. Pense nisso.

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