Não é falta de aviso
Linoberg Almeida
Tem gente que fala que virei o chato do Plano Diretor, ou das leis urbanísticas, que mais do que definir o que pode ou não pode, mais do que efetivamente cuidar do correto desenvolvimento de cidade, a legislação urbana define equilíbrio de forças, limites de poder numa cidade. E, olha, se você não cuidar, logo vai estar preso num engarrafamento monstro reclamando.
Dias atrás, achei no diário oficial portaria que sinaliza prefeitura se mexendo para dar ar de legalidade e gestão democrática ao possível (re)surgimento de quatro torres de 18 andares de apartamentos no bairro Jóquei Clube, bem na região estrangulada da rua Corcel Negro e da já adensada avenida Centenário. Tá, eu sei que prédios dão aquele ar de modernidade, mas mais 584 carros no horário de pico incomoda muita gente.
Que custa, antes de botar os carros na frente dos bois, ou das leis, refazer o Plano Diretor bem fundamentado, atualizando planejamento, de jeito que permita gerir com responsabilidade recursos públicos e a infraestrutura que vai atender milhares de boa-vistenses por anos? Respeitar leis é primeiro passo para garantir que pessoas tenham moradia de qualidade, bairros estruturados, acesso digno à saúde e educação, água, esgoto, transporte.
Depois que espigões subirem é que vamos tratar de quantas crianças dos 576 apartamentos precisarão de vagas nas creches e escolas da região? Hoje, já não tem disponível. Será que a unidade básica de saúde Arminda Gomes e seus guerreiros profissionais dão conta de mais 1500 pessoas no seu público-alvo? Será que as ruas Galileia, Brucutu, Gávea, Corcel vão continuar rios (quando chove) logo contemplados das janelas das torres? Ouço poderoso dizerem que “atrapalho” por não compactuar com seus “jeitinhos”.
Pra mim, isso é elogio. É urgente nos fazermos presentes nas reuniões de conselhos que definem nosso futuro, saber quem são e a que interesses agem os presentes. É urgente cobrar a revisão do Plano Diretor e encerrar o jogo de empurra que vira do avesso o jeito correto de fazer as coisas. O que foi pactuado há mais de dez anos não foi cumprido e agora esse atropelar é desrespeitar a democracia, a ética, a lei.
A expansão urbana e o adensamento exigem captação adequada de águas da chuva; cuidado com o tamanho de área verde que não condiz com a realidade para uma cidade quente, plana e de drenagem duvidosa. O Estudo de Impacto de Vizinhaça, previsto em lei para esse tipo de empreendimento, mais parece peça publicitária, e não instrumento de planejamento, controle e respaldo à tomada de decisão para aprovação do projeto.
Parece que a cidade e a política urbana se resumem às vontades da Prefeitura, aos desejos de quem ganha com a privatização das áreas e umas belas imagens instantâneas que retratam o presente e aniquilam o futuro. Temos que ser a favor de uma cidade que vise desenvolvimento, segurança e integração de todos e para todos, no Jóquei e em qualquer lugar. Quem avisa cidadão é.
Linoberg Almeida Sociólogo, Professor/ UFRR
Plano de manutenção preventiva: porque toda indústria deve ter
Francisco Carlo Oliver*
Um dos principais benefícios da gestão da manutenção preventiva é a maior eficiência dos profissionais de uma empresa, economia de não ter máquina parada e menos desgaste para os profissionais envolvidos.
Já no ano de 2001, uma pesquisa realizada pela Abraman (Associação Brasileira de Manutenção), sobre “A Situação da Manutenção no Brasil”, mostrava que os custos com manutenção no país representavam 4,2% do PIB, totalizando US$ 28 bilhões de dólares anuais, e que aproximadamente 4% do faturamento bruto das empresas era gasto em ações de manutenção, revelando que parte significativa do lucro poderia estar sendo consumida neste setor.
Nestes custos, estão incorporados gastos com mão-de-obra, peças sobressalentes e contratação de serviços. Estão também incorporados os gastos adicionais com horas extras dos funcionários da manutenção em decorrência das paradas imprevistas causadas por manutenções corretivas e gastos adicionais para compra de materiais e serviços de manutenção em situações de emergência.
A quebra e falha de equipamentos na área de saneamento é algo comum no dia a dia de uma empresa. No entanto, essa situação traz diversos prejuízos para a produção, como a perda de produtividade, gastos com reposição e conserto de peças e até mesmo acidentes de trabalho.
Para impedir que isso aconteça, sempre sugerimos a manutenção preventiva, que atua diretamente na diminuição desses riscos para a obra e para os trabalhadores. Na revisão programada dos equipamentos, a parada na produção é prevista no cronograma, evitando a perda de tempo e dinheiro.
A manutenção preventiva permite trocar peças antigas e evita o desgaste das máquinas. Por isso, cumprir o cronograma de trocas é vital para garantir o bom desempenho dos equipamentos e aumentar o tempo de utilização, garantindo a tranquilidade para que os empresários consigam focar no seu business, sem ter que apagar incêndios fora de hora.
Manutenções preventivas permitem ao gestor prever os investimentos necessários e fugir das surpresas negativas e principalmente em tempos de pandemia de Covid-19, tudo o que não precisamos é problemas decorrentes da falta de manutenção adequada. Para isso, é preciso um sistema de diagnóstico que garanta tranquilidade operacional para os sistemas de água e efluentes, com o planejamento de manutenções preventivas, que evitem os imprevistos.
Para tanto, é necessário criar um cronograma personalizado para as visitas de manutenção conforme a necessidade da planta, com uma lista das peças necessárias para reposição, eliminando do gestor, a preocupação com os custos de reposição de peças.
A eficiência do processo está no acompanhamento das normas da ISO 9001 e as manutenções preventivas baseadas no conceito de Lean Manufacturing (Manufatura Enxuta, em uma tradução livre), o que permite diagnóstico preciso sobre a necessidade de manutenção; planejamento das visitas e da necessidade de manutenção.
*Francisco Carlo Oliver é engenheiro e Diretor Técnico e Comercial da Fluidfeeder.com.br, empresa 100% nacional, que atua no fornecimento de equipamentos para tratamento de água e efluentes, com soluções de alta tecnologia para medição, transferência e dosagem de produtos químicos sólidos, líquidos e gasosos.
Abrindo horizontes
Afonso Rodrigues de Oliveira
“Um Estado de novo tipo se forma quando ouvimos quem nunca foi ouvido” (Ponto de Cultura – Célio Turino)
Ainda não estamos vendo o interesse devido da população em relação às atividades dos Pontos de Cultura em Roraima. A frequência ainda está muito aquém do desejado, esperado e, sobretudo, devido. A cultura no Estado, no seu devido conceito de cultura, anda num atraso de décadas. Nada do que deveria ter sido feito no período de prepa
ração do Território para Estado, foi feito.
O Estado chegou e a cultura continuou no picadeiro do engodo. O poder público ainda não foi capaz de construir um teatro para o aprimoramento social de uma juventude ansiosa de progresso. E nem podemos lhe dizer que não haverá progresso se não houver cultura. Os Pontos de Cultura surgiram com força total para alavancar a cultura dentro das limitações sociais. Espetáculos que só eram apresentados em ambientes próprios, são apresentados em praças públicas e escolas. Isso, no entanto, não deveria ser depreciativo.
Mas é, nas condições atuais por falta de condições que deveriam ser dadas pelo poder público. A arte em todos os seus tentáculos, deve ser levada para o público em público. Mas quando isso é feito por falta de condições onde deveria haver condições, não podemos evitar o pejorativo. A Rede dos Pontos de Cultura de Roraima apresentou um trabalho maravilhoso, no último sábado. O número de expectadores, numericamente falando, foi pequeníssimo. Onde quer que façamos estes espetáculos, o número de expectadores é muito pequeno.
O que está faltando? Tudo. Divulgação adequada, hábito no expectador, e qualidade nos preparativos. O espetáculo foi apresentado na Escola Municipal Professora Glemíria, no Bairro Cidade Satélite. Observei e vi a dificuldade com que a Orquestra Sinfònica Infanto-Juvenil de Boa Vista se apresenta nesses eventos. E isso é um perigo para o estímulo. Uma coisa é você se apresentar em público, outra é você só se apresentar em público.
Vamos levar a música clássica para as praças, jardins, escolas e ambientes populares. É nessa jornada que o clássico passa a sê-lo apenas pela qualidade. Mas ele deve ter e fazer uso de seu ambiente próprio, adequado, para respirar o que ele realmente é e para seus membros se sentirem no que são.
Que tal se começarmos a nos preocupar mais em preparar o público popular para ir às praças em busca do que temos de melhor? A exibição da Orquestra Sinfônica Infanto-Juvenil merecia ser mais apreciada. Vamos ajudar os Pontos de Cultura a nos ajudarem a fazer isso. Pense nisso.
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