Opinião

Opiniao 12 05 2016 2416

Tenções, perdas e orações – Vera Sábio*Já comentei em alguns textos um ditado bem antigo e certeiro:  “Não tem como fazer omelete sem quebrar os ovos”. Também disse, em outro texto, que precisamos começar a limpar a casa e, por isto, muitos panos sairão sujos, até que a sujeira vá diminuindo, o que não é nada simples. Porém, o que lhes digo agora é que precisamos saber perder. A vitória se consiste diversas vezes em perdas, desapego, simplicidade e coragem de reconhecer que outro direcionamento é melhor e que devemos mudar.

Todavia, a ambição desmedida, o apego doentio e a falta de escrúpulo, de crença em algo além desta vida, de moralidade unida com legalidade e principalmente de aceitação que foi pensado errado, foi decidido errado e precisamos reconhecer nossas falhas de seres humanos. Atrasa o processo e impede as mudanças.

E agora é esta vergonha que verificamos em todo o país. Um país rico que está se tornando miserável. Pessoas cobertas e recobertas de corrupções querendo ser as vítimas e limparem com seu pano sujo o lodo que escorrem das suas mãos.

Portanto, por mais que saia a presidente, que façam a dança das cadeiras, este processo é lento e delicado, e não estamos em momento de alegria, ninguém está ganhando com a situação que estamos; pelo menos os honestos e trabalhadores, os pagadores de impostos e que movimentam o país. Todos estão perdendo, todos somos prejudicados, todos sofreremos.

Principalmente porque há pessoas que ainda não se conscientizaram na imensidade do rombo, do tamanho do buraco em que estamos. Há aqueles com crendices cegas que tiveram ilusões amorosas a respeito da farsa em que vivemos há muitos anos, com cara de progresso e agora querem defender o indefensável.

Oremos, pois a situação é um momento crítico em que só Deus pode nos ajudar. Não queremos uma guerra organizada, mas não enxergamos a guerra na morte presente em tantos desvios de verbas da saúde, da educação, da segurança, da infraestrutura.

Foram distribuídas migalhas destas verbas com bolsas famílias e outros benefícios, todavia não ensinaram o povo a pescar e, na ignorância, essa gente foi dominada e agora atiram em qualquer direção. Pois, sem instrução, não são capazes de saber qual caminho a seguir, brigando as escuras. Afinal, o que é o golpe mesmo?

A semente para dar frutos. É necessário que seja enterrada, que apodreça na terra e depois germine. Não existe vitória sem muito sofrimento. Reflitam sem quaisquer tipo de fanatismo, sem nenhuma impressão de perda, pensem com amor e aos olhos de Deus, o que poderemos fazer para acontecer a verdadeira paz, a partilha, a justiça e a honestidade. Tudo na vida serve de lição para quem quer aprender, não resista às mudanças, aprenda com elas e transforme suas ações em prol de um futuro melhor.

*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cega CRP: 20/[email protected]. (95) 991687731———————————–

A mulher do piolho – Valdir Fachini*Se estou falando que é amarelo é porque é amarelo, não sou daltônico, eu conheço cor, eu sei que é amarelo, girassol não é amarelo? Ouro não é amarelo? O losango da bandeira do Brasil não é amarelo? Outra coisa: essa figura geométrica da bandeira é losango e não triângulo, eu nunca vi triângulo com quatro pontas. Deixa de ser teimosa e para de me contradizer, você sabe que estou certo, mas gosta de me aporrinhar.

Quando o assunto não era cor, era tamanho, marca, raça, religião qualquer coisa, nada conjuminava com os gostos ou ideias da Pafúncia, oh fêmea cricri. E não importava a hora. Quantas vezes eu acordei de madrugada com os berros do Cremilson tentando colocar na cabeça da infeliz o que era certo e ela insistia que estava errado. Quantas vezes ele perdeu as estribeiras e a xingava ….égua velha, energúmena, não sei onde eu estava com a cabeça quando me casei com você e não sei onde está minha cabeça hoje que continuo te amando.

E era verdade. Ele tinha uma paixão alucinante por ela. Era só abaixar a adrenalina, que ele ia pedir desculpas tentando remediar o irremediável, fazia com que fosse certo o que não era certo, só pra ver seus dentes encavalados num sorriso quase infantil.

Assim era a rotina daquele casal que Deus não tinha agraciado com filhos, talvez por isso ela fosse tão revoltada e descontente com tudo.

Todo correto pra ela era incorreto, nunca admitia seu erro e nem dava o braço a torcer. Todo amarelo virava rosa, quem nascia no Japão era grego, era assim que tinha que ser, ela falou estava falado.

Porém, certa manhã, Pafúncia chamou o marido pra ver um sabiá bicando um abacate no pé. Ele já foi preparado pra falar um monte e, pra sua surpresa, era mesmo um sabiá. No outro dia, ela chamou ele de novo …..Crê, tem uma cobra coral espantando as galinhas, de fato era uma coral. Daí em diante, as implicâncias foram diminuindo e Cremilson achou aquilo muito estranho, mas adorou a mudança. Pafúncia estava grávida.

Assim termina a história e agora eu vou lá no quintal fazer uma cerca, não sei por que a Berenice, minha esposa, quer essa cerca, mas se ela falou que quer é porque quer, e quem sou eu pra contrariá-la.

*Escritor————————————Constituindo – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Uma constituição não se faz em clima de divisões, muito menos com confrontos, mas sim em clima de consenso, firmeza e clareza. Governo não se faz com tibieza e indefinições; se faz com a força da maioria e a transparência de planos e programas precisos e objetivos e acima de tudo com responsabilidade”. (victor Faccioni)Não vamos entrar no clima político atual. Mas seria bom que prestássemos atenção à fragilidade política que vivemos, não só no momento atual, mas desde a nossa primeira constituição. Na verdade nunca tivemos competência política para viver politicamente sem mexer, porque é isso que fazemos com frequência, na nossa constituição. O Victor Faccioni publicou esse texto posto aí encima, numa matéria na Folha de São Paulo, em 06 de abril de 1988. Talvez os políticos tenham menosprezado o artigo, por considerá-lo pessimista; ou quem sabe, hirário.

Vamos ver e respeitar mais o movimento político que estamos vivendo, para que possamos amadurecer politicamente, e vivermos respeitosamente nas mudanças que virão por aí. Na verdade pouco ou nada vai mudar se nós não mudarmos como cidadãos. E não mudaremos enquanto formos para as ruas como ruaceiros, defender a cor das nossas camisas em vez de defender as cores da nossa Bandeira. Não é bagunçando que vamos fortalecer nossa política, nossa constituição nem nossa Nação. Precisamos amadurecer como cidadãos para que possamos defender com honra, os nossos direitos constitucionais.

Vamos respeitar nossa constituição elegendo políticos respeitáveis e competentes para que nos protejam com uma política respeitável. Porque essa é nossa obrigação constitucional. Não podemos exigir de maneira grosseira, o repeito que merecemos como cidadãos, enquanto não agirmos como cidadãos. Estamos carentes e necessitados de educação. Mas não a teremos enquanto não formos capaz de a solidificar em nós mesmos. Quando estiver revoltado pelos desmandos na política, vá às urnas e diga o que você realmente quer. Porque só você tem esse poder para com você. Mas tem que saber o que quer; e não fará isso enquanto não se respeitar como cidadão. E enquanto não se respeitar não será respeitado. E não seremos respeitados, elegendo palhaços, e despreparados políticamente, para nos representar na política. Vamos amadurecer para que possamos reclamar pelos nossos direitos, que não estamos respeitando. “No Brasil ainda temos bons políticos, mas não temos mais estadistas”. E cabe a cada um de nós, cidadãos que ainda não somos cidadãos, considerar isso e corrigir nossa falha como responsáveis pelos nossos direitos sagrados. Pense nisso.

*Articulista  [email protected]    99121-1460