Opinião

Opiniao 12 08 2016 2832

Como Melhorar o Estágio no Brasil – Por Marcus Garcia* Criado para complementar a formação acadêmica, o estágio no Brasil acabou perdendo seu objetivo educacional com o passar dos anos. Uma cultura secular arraigada em nosso país parece pensar que estagiário é sinônimo de mão-de-obra de baixo custo. Uma espécie de ‘faz tudo’ e ‘pau para toda obra’ que é contratado sob os auspícios de aprendizado, mas que não se mostra efetivo.

Uma explicação para isso pode ser a elevada carga tributária brasileira associada às pesadas contribuições sobre salários, que tornam a operação das empresas muitas vezes um desafio. A Lei 6.494 de 1977, que regulamentava a situação dos estagiários, deixava enormes lacunas, o que permitia às empresas contratar estagiários com isenção dos encargos sobre os salários para cumprirem funções e papéis que não tinham relação com seu curso de formação. A nova lei do Estágio (11.788 de 2008) corrigiu erros da antiga e regulamentou a atividade, mas ainda existe o ‘jeitinho brasileiro’, ou seja, continuar contratando estagiários beneficiando-se das isenções, mas sem o compromisso com o processo de aprendizagem favorável à formação do jovem.

Além disso, também existe a reclamação das empresas que dizem receber estudantes com pouca formação acadêmica. Para resolver esse problema, algumas organizações criaram os Programas de Trainee. Neste modelo, as empresas selecionam profissionais que estejam formados em até, no máximo, 24 meses e os preparam para atuação em posições de gestão. É uma resposta das empresas à fragilidade de formação e modelo de preparação que as instituições de ensino ofertam.

Outra solução seria a chamada Aprendizagem Cooperativa ou CO-OP. Esse modelo vem sendo aplicado com excelentes resultados na Universidade de Waterloo, no Canadá, e adotado em outras Universidades mundo afora. A Aprendizagem Cooperativa é baseada em pesquisas que defendem a necessidade de cooperação como condição de desenvolvimento e progresso. Funciona com a revisão dos programas de ensino e aprendizagem que faz uma intercalação entre períodos letivos e momento com imersão total no mundo do trabalho, realizando avaliações e supervisão permanentes. O estudante consegue alternar estudo com prática, fazer rodízio de funções, explorando opções para carreira e construindo um networking.

Nessa modalidade, as empresas identificam talentos e ganham com as novas ideias e motivação dos estudantes. As instituições de ensino que oferecem essa possibilidade atraem mais estudantes, com aumento da visibilidade e reputação, já que proporcionam enriquecimento da comunidade educacional com graduados bem preparados e projetos colaborativos com os empregadores.

Mas, o que seria ideal no Brasil? É necessário que o sistema de estágio seja adequado a cada realidade social, cultural e local. Quando um sistema é suficientemente flexível para permitir adequações a cada realidade, boas experiências podem ser obtidas e bons resultados conquistados. Para isto, é fundamental que o estudante aplique no mundo do trabalho os conceitos que aprendeu na escola. E para a empresa deve ser visto como um investimento na renovação da organização, com as ideias e entusiasmo do jovem, que trará da escola novas visões de mundo que poderão ser adequadas à realidade corporativa. Para isto ocorrer, a empresa precisa estar aberta ao novo e a escola deve efetivar seu papel formativo e se beneficiar das experiências das organizações para rever permanentemente seus currículos e práticas. *Especialista em inteligência motivacional e gestão de pessoas, e atua como professor do Instituto Superior de Administração e Economia (ISAE), de Curitiba (PR)——————————————-O mercado de trabalho está mudando! – Ronaldo Cavalheri* Nunca ouvimos falar tanto que é possível trabalhar com o que amamos. Sim, é possível. Mas só amor não entrega resultados. Muitas pessoas têm ideias geniais e querem criar, por exemplo, uma startup bilionária ao se levantar da cama, mas esquecem que só a ideia não é suficiente. O momento econômico conturbado tem deixado a vida das pessoas mais difícil. Muita gente está perdendo tempo reclamando, sem enxergar as oportunidades do momento.

Empresas como o Google, AirBnb e Netflix estão nos forçando a um novo comportamento e sinalizando que muitas outras mudanças radicais estão por vir. As pessoas precisam estar atentas a essas mudanças e, também, entender que devem se preparar para elas. Não basta ser usuário de aplicativos ou consumidor de novas soluções. Estou falando de se reinventar como profissional, estando preparado para um mercado de trabalho alternativo e pulsante. Se o mundo está mudando, por que a grande maioria das pessoas continuam desenhando seu perfil profissional da mesma forma?

É impressionante como muita gente só enxerga possibilidade na velha e obsoleta CLT. Até quando o mercado irá conseguir arcar com essa relação trabalhista onerosa de um sistema falido e engessado? O empreendedorismo se coloca como grande opção para um novo desenho de relações de trabalho, onde regras mais flexíveis são aceitas. Não é cumprir horário que importa, mas sim agregar valor e entregar resultados. E também por que não trabalhar em casa em seu home office ou em espaços compartilhados? É preciso pensar em aliviar a estrutura das empresas e deixá-las mais competitivas.

Antigamente, o profissional passava uma vida inteira dentro da mesma empresa. Nos últimos tempos, eles viraram especialistas e tinham vários empregos na mesma área. Agora, viveremos um período de várias profissões na mesma vida. O mercado precisa de profissionais polivalentes e mutantes, que acompanham o movimento da economia. Você pode trabalhar com o que gosta, mas precisa ter um diferencial. Mesmo em tempos de crise, as pessoas têm acesso ao consumo. Com isso a personalização, a exclusividade e o valor agregado tem sido uma solicitação recorrente dos consumidores. É preciso criar identidade profissional, ter uma linguagem própria e entregar o que os outros não entregam. É preciso enxergar vertentes alternativas e criativas na mesma área de atuação.

Planejamento longo pode ser um tiro no pé. Não dá para perder meses ou anos desenhando uma solução que talvez o mercado não queira comprar. Com as redes sociais, nunca estivemos tão próximos dos nossos clientes. É vital entender as necessidades e propor soluções com foco nelas. É preciso se preparar para entregar mais do que se espera, e para isso é preciso formação. Porém, o modelo de ensino deve ser outro, com aprendizado constante e foco prático. Não é aceitável que um o futuro profissional fique anos sentado na cadeira de uma faculdade para chegar ao final e se perguntar como exercer sua profissão. É inadmissível pensar em uma formação teórica no qual o aluno tem papel receptivo. O profissional precisa ser construído agindo ativamente durante sua formação, vivendo a profissão e criando um olhar múltiplo.

As novas tecnologias têm trazido facilidades. Inevitavelmente a robotização substituirá muitas atividades hoje desenvolvidas pelo homem. Precisamos repensar nossos papeis como profissionais. Só aquilo que é prazeroso e que depende do talento caberá ao ser humano. Estamos chegando em um tempo onde a Economia Criativa aparece em destaque, pois o que realmente vale é o intangível proporcionado pelo capital intelectual. Da mesma forma, ganham forças as economias colaborativa e compartilhada que estabelecem uma relação de “ganha-ganha”, abrindo canais para uma nova forma de pensar onde o ser é mais valioso que o ter.

Sim, novos tempos que exigem novos comportamentos. É hora de se reinventar como o profissional e garantir seu espaço no mercado. *Engenheiro Civil e Diretor Geral do Centro Europeu – escola pioneira em Economia Criativa no Brasil———————————————-O uso da Mente – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Não é suficiente ter uma boa mente: o principal é usá-la bem”. (René Descartes)Já sabemos que mais de noventa e cinco por cento dos seres humanos não consegue usar mais do que cinco por cento da sua mente. E não importa em que grupo nós estamos: se nos noventa e cinco ou nos cinco por cento. O importante é que saibamos que ainda não vivemos racionalmente. E os que se consideram mais inteligentes tropeçam mais. O que nos leva a uma análise do que realmente somos. Deu pra sacar? Então vamos maneirar no falar. E o caminho mais curto é nos conhecermos, a nós mesmos. Porque somos o que pensamos, mas nem sempre somos o que pensamos que somos. O que os arrogantes não entendem.

Somos todos iguais, já sabemos. Mas ainda não aprendemos a usar esse pensamento, por ele ser eminentemente racional. Ainda vivemos fora do círculo da racionalidade. Ainda não analisamos por que será que tantos conseguem o que querem, enquanto outros batalham a vida inteira e não conseguem. Simples pra dedéu. Tenho um grande amigo empresário, em Boa Vista. Certa vez ele me disse que tem uma de suas funcionárias que, sozinha, vende mais, por mês do que todos os outros funcionários juntos. Um caso atípico, claro. Mas nada impossível. Talvez a funcionária do meu amigo nem mesmo saiba onde está seu potencial.

O que também é muito comum.

Mas não é só no ramo comercial que dependemos desses valores que nem sempre os conhecemos. Existem alguns técnicos no assunto, aqui em Boa Vista que poderão nos esclarecer. Sou apenas um admirador do sucesso e sinto o valor que temos para consegui-lo. Embora meu conhecimento seja empírico, é bom que prestemos atenção ao recado. Não é só no ramo de vendas que precisamos dar atenção ao uso dos princípios hábeis para o sucesso. O conhecimento que pode muito bem-estar embutido na mente, sobre o valor da percepção sobre a visão, a audição e a cinestesia. São valores indispensáveis ao sucesso em toda e qualquer atividade. E os observadores conhecem muito bem esses princípios, mesmo sem conhecê-los. Que é o que acontece com aquela vendedora extraordinária. E o mais simples é que a simplicidade faz parte deste rol.

Não é suficiente ter boa mente. Nem sempre sabemos usá-la. E quando sabemos, sabemos que estamos em permanente desenvolvimento. É como se estivéssemos, porque estamos sempre caminhando em direção ao horizonte, mesmo sabendo que nunca o alcançaremos. Mas que é na caminhada que nos desenvolvemos. Sempre em busca da perfeição, mesmo sabendo que ela é inatingível. E por isso não vivemos o ontem nem o amanhã, mas o hoje e o agora. Pense nisso.*[email protected]