Opinião

Opiniao 12 09 2015 1435

Esvazie a fossa – Vera Sábio*Já dizia a minha avó: “Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”. Existem pessoas que são verdadeiras fossas ambulantes, no entanto, cobertas com granitos reluzentes e perfumes franceses. Elas assumem cargos de grande escalão, tendo colarinhos limpos e possuindo espíritos imundos.

Transbordando, estas fossas já não conseguem manter o cheiro escondido, acabando por vazarem por qualquer brecha e mostrarem suas verdadeiras essências. Portanto, lhes afirmo não adianta tampar o sol com a peneira, ignorar os fatos, justificar o injustificável e continuar empurrando a realidade com a barriga; onde os umbigos reluzentes revelam marcas e mais marcas da imundice da corrupção.

Partidos, como bem revela a palavra, são rachaduras, frestas pelas quais escorrem o esgoto da corrupção, onde somente aquele que não quer, não enxerga, mas mesmo assim sente seu efeito.

Estamos em total caos, e por isto pergunto: Como a verdadeira justiça vai agir nessas situações?  Como esvaziar a fossa que impede o fluxo do sucesso, honestidade, amor a pátria e solidariedade mútua, para que tenhamos esperança em dias melhores?

“Um caipira rural, ao visitar suas poucas vaquinhas que eram o sustento da família, encontrou um pedaço de chifre no chão, o que lhe deixou bem preocupado, pois era sinal de uma doença que fazia cair o chifre das vacas, até levá-las à morte. Para verificar isto melhor, o caipira colocou o chifre no bolso e continuou seu trabalho.

Logo encontrou o filho que lhe ajudava na lida e começaram a andar pela mata ao redor. Porém, um tempo depois o caipira desassossegado dizia ao filho que ficasse de olhos bem aberto, pois a onça deveria estar por perto. Até seus rastros acharam facilmente e o cheiro de onça era demais.

Já sabiam que onça é bicho esperto e traiçoeiro, seguia às escondidas até atacar, por isto não conseguiam enxergá-la, mas o percurso de meia hora, durou para pai e filho uma eternidade de medo e apreensão.

Ao chegarem à humilde casa, qual não foi a surpresa, quando retirou a camisa e verificou que o cheiro de onça era somente um pedaço de chifre em decomposição…”

Porém, não quero ser eu a dona da verdade e acusar ou inocentar alguém. O que sei, como os demais cidadãos, é que há muito cheiro de onça pelo ar, muita fossa abafada, muita grana desviada e muita sujeira que já não cabe mais debaixo do tapete. O que precisamos é de órgãos fiscalizadores, responsáveis, justos e capazes de esvaziar tantas fossas, retirar tantas camisas e deixar que o bom ar da justiça prevaleça…

Não tem como vivermos desconfiados e com tanto medo. É preciso que a justiça prevaleça, nos dando esperança e nos fazendo acreditar que ainda vale a pena sermos bons…

*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cega CRP: 20/[email protected].: 99168-7731———————————–

Os refugiados da razão – Jaime Brasil Filho*Para quem defende a volta do totalitarismo no Brasil, para aqueles que acreditam que uma sociedade melhor é aquela em que a força é usada para impor uma visão única do existir, para outros tantos, no meio daqueles, que defendem que a moral (e o moralismo) da religião deve ser imposta como leis de Estado, intrometendo-se, assim, nas escolhas da vida privada dos cidadãos. Para aqueles que acreditam que devem ser sempre exemplarmente segregados ou mortos os inadequados, os diferentes, os “bandidos, os “pilantras”, esses que aparecem com os nomes nas páginas sangrentas dos jornais. Para quem acha a homossexualidade uma abominação e o uso de qualquer droga psicoativa um caso de polícia. Para quem defende a redução da maioridade penal sob o desejo dissimulado, ou explícito, da vingança e do castigo aos adolescentes. Para os que defendem a ordem absoluta como maneira de atingirmos a “perfeição” do convívio social. Eu tenho uma sugestão: façam o caminho inverso aos dos refugiados sírios, e experimentem viver sob o domínio do “Estado Islâmico”. Porque o êxodo sírio também é uma fuga diante da tirania, da intolerância e do autoritarismo, do pensamento único, da ordem incontornável, é a fuga daqueles que não se enquadraram no mundo perfeito dos que se acham donos da verdade.

Para aqueles que defendem o desenvolvimentismo a todo custo, e que acreditam que tudo pode ser “coisificado”, água, terra, ar e água, tudo o que há, sendo comprado e vendido. Para os que não ligam para as consequências das mudanças no clima do mundo, fruto do capitalismo concentrador, desenfreado e destruidor. Aí vai uma dica: conversem com os refugiados sírios, e convivam com eles, porque eles também são refugiados ambientais, desde a grande seca que atingiu aquela região a partir de 2006.

Para todos aqueles que acreditam que a culpa da pobreza é do pobre; que as guerras que os países pobres enfrentam são obra de seus próprios povos. Lembrem-se das ações recentes dos membros da OTAN no Iraque, na Líbia e na Síria. Praticamente não há uma guerra no mundo que não tenha sido direta ou indiretamente gerada, produzida, financiada ou estimulada pelos Estados Unidos da América e aliados europeus, que hoje se veem na obrigação de arcar com a mínima parte das consequências de suas ações desastrosas, movidas pela cobiça de mais petróleo: dinheiro e poder.

A cruel realidade criada pelas corporações e bancos que dirigem os países ricos é maior que a capacidade de dissimulação e a desfaçatez dos discursos que tentam estancar os fatos em si mesmos, como se o que tem acontecido em todo o norte e nordeste da África não fosse consequência direta das ações dos poderosos do mundo. E os flagelados, os humilhados, os vilipendiados, os historicamente dominados, chegam às portas de seus humilhadores, dos seus carrascos, dos seus algozes, dos seus exploradores e dizem: vocês destruíram nossa terra, viemos morar com vocês. Ou, como em uma pichação em um muro da periferia de Paris, a resumida explicação para o vem acontecendo: “Nós estamos aqui porque vocês estiveram lá”. A realidade é que a ganância, o egoísmo e a sanha que os capitalistas se utilizaram para gerar o caos ambiental e social no mundo, esse caos, já bate à porta dos endinheirados e abastados. Não existem fronteiras, ou muros, para a dor e o sofrimento dos nossos semelhantes, porque somos seres coletivos e precisamos da coletividade para viver, e o planeta é um só. Não há escapatória. As consequências dos caminhos impostos à humanidade não podem ser colocadas em um foguete e enviadas a outro planeta. Aqui se faz, aqui se sente.

Não podemos, por outro lado, imaginarmos que os processos de desigualdades que levam a situações crônicas ou agudas de crise humanitária são coisas distantes de nós, do estrangeiro. Os sem-terra, os sem-teto, os sem-escola, os sem-hospital, os sem-nada, todos eles estão aqui mesmo no nosso país, na nossa cidade. Temos muitos refugiados do abandono do Estado brasileiro, temos por todos os lados aqueles que desde o tempo da Senzala perambulam, geração após geração, em nossa sociedade procurando um lugar digno para existir. A lógica concentradora, contaminadora e destruidora do capitalismo com seus venenos, sua poluição, seu desamor e seu desamparo, produz aqui mesmo as suas vítimas.

Por mais que vivamos a explicitude da volta de ideias totalitárias, de usurpação dos direitos individuais, de quem acredita que a paz social é construída pela força, de cima para baixo, ainda assim, aqueles que já são vítimas dessas mesmas ideias estão neste momento se adiantando em cobrar justiça, igualdade e liberdade.

Para todos aqueles que dizem “vai pra Cuba” diante de um debate em que não conseguem articular as ideias, isso sem nem mesmo querer saber se o interlocutor apoia, ou não, o regime cubano. Para quem diz “vai pra Cuba” porque alguém defende a solidariedade, a igualdade, a tolerância o combate ao racismo, ao machismo, à homofobia; somente por defender os direitos indígenas e o meio ambiente ou porque reivindicou a liberdade do uso do corpo, e apoiou o auxílio aos mais necessitados. Para todos esses “darwinistas sociais”, neonazistas, neofascistas, amantes de golpes de Estado e da força bruta. Para todos esses tresnoitados cheios de sádico mórbido, desejosos que são do poder absoluto, da autoridade extirpadora da diversidade social. Para todos aqueles que defendem o autoritarismo como forma de organizar a vida e a sociedade, existe um lugar perfeito, e aí vai a sugestão: vai pro “Estado Islâmico”.

*Defensor Público————————————–Nossos hábitos – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Nossos hábitos de pensar, nossas formas de falar constituem forças que moldam nosso modo de vida e, como matrizes interiorizadas, devem ser reavaliados”. (José Silva)É na avaliação dos nossos modos que mudamos. Não devemos, embora possamos, permanecer estáticos nos nossos pensamentos. Até nosso modo de falar faz parte do nosso comportamento em relação aos nossos pensamentos. Todos os passos que damos na vida fazem parte da nossa evolução. Quando caminhamos movimentando exageradamente os braços, para a frente e para trás, não estamos dando importência à importância dos movimentos. Simples pra dedéu. Observe que os movimentos dos seus braços na verdade não são movimentos dos braços. Eles apenas acompanham os movimentos das pernas. Quando sua perna direita avança para frente leva seu braço esquerdo. E nem a perna nem o braço voltam para trás; seu corpo é que avança para que perna e braço deem novo passo à frente. Você não precisa ficar se esforçando para jogar seus braços para frente e para trás. Mas pode continuar fazendo se queiser. Isso não vai lhe trazer prejuízo. Pode fazer, se quiser.

Na medida em que vamos observando nossos hábitos vamos mudando-os. Não importa se eles são maus ou bons. Isso porque é nas mudanças de hábitos que mudamos de vida. Ali na minha estante há um autor, não me lembro qual, que nos diz que sua cultura pode estar no seu timbre de voz. E isso tem muita importância, embora não lhe demos importância. Então vamos mudar nossa maneira de ver as coisas, para podermos vê-las como elas realmente são. Vivemos num mundo em evolução e devemos vivê-lo. E para isso é preciso que evoluamos com ele. A vida é um ir e vir infinito. E não devemos voltar e viver a mesma vida que já vivemos. E as mudanças necessárias só existirão se nós mudarmos nossa maneira de pensar em relação à vida. Quem fica parado esperando que as coisas melhorem não vai melhorar nunca.

Nada melhorará se nós não melhorarmos. E só melhoraremos se mudarmos nossa maneira de pensar em relação à vida. Sei que você sabe disso. Mas não basta saber; temos que pôr em prática o nosso saber. Tudo que acontece em nossas vidas faz parte da vida; até a morte. Logo temos que mudar nosso comportamento em relação a nosso pensamento quanto aos acontecimentos. São os trancos da vida que nos ensinam a viver. E é por isso que devemos encará-los com naturalidade e racionalidade. A racionalidade anula o sofrimento. Vamos mudar o mundo em relação à nossa estada por aqui, para que quando voltarmos ele esteja à altura da nossa evolução. Vivamos o universo das mudanças. Pense nisso.

*[email protected]    99121-1460     —————————————-

ESPAÇO DO LEITORATRASOO internauta Joaquim Moraes Teles comentou que a limitação na entrega das correspondências não está restrita apenas aos bairros da zona Oeste. “O Centro e os bairros de São Pedro e dos Estados, onde tenho familiares, estão passando pelos mesmos problemas. É um problema que requer a intervenção de algum órgão de fiscalização, pois a população não pode ser penalizada. As únicas prioridades são as cartas ou encomendas via sedex. Um absurdo. O que estava ruim vai ficar ainda pior com o anúncio da deflagração de greve”, disse.CONCURSOO leitor Josemary Mendes afirmou que está no quadro de reserva do concurso dos Correios, realizado em 2011, e até agora estão segurando as vagas. “Eles dizem para as pessoas que foram aprovadas no concurso que vão chamar de acordo com a necessidade. São 32 candidatos que esperam ser chamados. É uma injustiça com quem foi aprovado e seguiu todo o cronograma divulgado, esperando ser chamado”, protestou.GUIANASobre a matéria que diz que o Governo do Estado vai combater praga na Guiana, o leitor Carlos Araújo comentou: “Esse problema está no Estado há vários anos, prejudicando todos os produtores de Roraima. Sou morador da região Sul e aqui dezenas de produtores de laranjas e limão estão prejudicados há anos. É uma limitação que traz inúmeros prejuízos aos fruticultores. As ações devem se estender a todas as regiões e não somente combater no país vizinho, mas temos também que ter uma atenção voltada para nossa região”.POLUIÇÃOIzabel Marques enviou o seguinte e-mail: “Contra fatos não existem argumentos. Portanto, a reclamação que estamos relatando há tempos parece que será solucionada mesmo que tardia. O igarapé Caxangá vem sofrendo um processo de poluição tamanho por conta de um esgoto que está sendo lançado direto no local. Após este relato, esperamos que a Caer venha pelo menos realizar uma inspeção neste local que apresenta um odor insuportável”.