Opinião

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LÁZARO BARBOSA E A BY MONEY

O que esses dois casos tem em comum?

*Dolane Patrícia

O caso Lázaro Barbosa foi o assunto mais comentado dos últimos dias e atravessou fronteiras. Com a repercussão internacional, o caso se tornou objeto da atenção das autoridades em todo País. Nascido na cidade de Barra dos Mendes, na Bahia, onde registrou a primeira passagem policial, aos 20 anos de idade, por assassinato.

Em Roraima, a empresa de investimentos By Money foi alvo da Operação Loki, da Polícia Federal. Investigada pelo suposto crime de pirâmide financeira que movimentou mais de 150 de milhões, cerca de 11 mil pessoas fizeram investimento, venderam tudo que tinha, fizeram empréstimos e a empresa fechou sem dar maiores explicações.

Com sede em Roraima, a By Money, com seus juros de até 20% ao mês atraiu investidores de todo Brasil. Eram abertos escritórios em várias localidades do País e em outras as operações eram feitas por WhatsApp diretamente na Sede em Roraima. Rio de Janeiro, São Paulo, Rondônia, Florianópolis, Amapá, Belém, Rio Grande do Sul, Belo Horizonte, Manaus, Maranhão, etc. estes são apenas alguns dos locais onde um número colossal de pessoas fizeram investimento. Um dos lugares que havia muitos investidores era Guarulhos. Os investidores perderam tudo!

O que há em comum nos dois casos? Nada!!!! Absolutamente nada!

Ao contrário do que aconteceu com Lázaro que roubou os holofotes do País, roubando a cena do atual cenário pandêmico protagonizado pelo Coronavirus, o caso By Money já está caindo no esquecimento e ninguém foi responsabilizado.

No caso Lázaro Barbosa (era só uma pessoa, mas tinha superpoderes, dentre deles o de desaparecer). Houve uma força-tarefa de 270 policiais que atuou por 20 dias nas cidades de Cocalzinho de Goiás, Girassol e Águas Lindas de Goiás, onde ele foi baleado e morto na manhã do dia 28 de junho de 2021, após terem atirado 125 vezes, sendo necessário 38 tiros para matá-lo.

Já no caso By Money ninguém está sendo encontrado nos processos cíveis, os processos tem sido céleres e bem conduzidos, mas não tem ninguém sendo procurado na esfera criminal, ao menos nada perto de uma força tarefa. A polícia Federal tem se esforçado, mas o que é uma andorinha só?

As buscas por Lázaro foram intensificadas por policiais civis, militares e federais. Foram usadas três aeronaves e cinco cães farejadores na caçada. Segundo um site de notícias, estima-se que o custo de uma hora de voo de um helicóptero seja de R$ 5 mil, de acordo com pilotos consultados pela TV Anhanguera. A força-tarefa dispõe de três aeronaves, para se ter uma ideia. Ou seja, nós pagamos toda a operação.

Lázaro foi encontrado pela polícia em uma mata em Águas Lindas de Goiás. O local fica a cerca de 4km da casa da mãe da ex-companheira que chegou a dizer que ele não fez nada demais. Ali foi o ponto de partida das buscas após uma denúncia, de acordo com a imprensa local.

O caso By Money também partiu de uma denúncia, após um empresário não se conformar com os atrasos do pagamento e ter procurado o jornal Folha de Boa Vista que desempenhou um papel fundamental no caso em questão, considerando que é uma das poucas fontes de informação que os investidores possuem, junto com a Rede Globo local, dado o silencio ensurdecedor da empresa.

É normal pensar: Nossa!!! Mas não pode comparar um crime com o outro, será que não?

Não se morre apenas quando se deixa de respirar, se morre quando a depressão chega ao extremo e não existe mais esperança em um futuro, considerando que pessoas trabalharam a vida inteira para adquirir os valores que foram investidos. Se morre quando não existe mais a capacidade de sonhar e o investidor olha para todos os lados sem um centavo para pagar nem mesmo a conta de luz e diz: E agora?

Jiddu Krishnamurti, no livro Liberte-se do passado (p. 27), traduz com leveza a questão de um tipo de violência: “Violência não é meramente assassinar. Há violência no uso de uma palavra áspera, num gesto de desprezo, na obediência motivada pelo medo”.

Há violência quando se tira tudo que uma pessoa levou a vida para construir.

No caso de Lázaro, inicialmente ele fugiu por matas fechadas e cruzou a divisa entre o DF e Goiás. Também teria usado o carro na rodovia BR-070. A polícia encontrou um veículo incendiado na pista no dia 11 de junho. Nesse dia, ele chegou a Cocalzinho de Goiás e entrou no mato usando os córregos da região para não deixar rastros.

Segundo o G1, na semana passada, a polícia prendeu um fazendeiro e um caseiro suspeitos de auxiliarem a fuga de Lázaro dando suporte para ele comer, dormir e descansar. O caseiro recebeu liberdade provisória, mas o fazendeiro segue preso.

Aos 32 anos, Lázaro tinha extensa ficha criminal, fugiu três vezes da prisão e era acusado de diversos crimes desde 2007. Ao todo, ele era suspeito de pelo menos nove crimes: roubo, estupro, sequestro, tentativa de homicídio, homicídio, furto, porte ilegal de arma de fogo, tentativa de latrocínio e invasão.

As leis no Brasil são brandas para determinados crimes, mas todos destroem vidas. O tempo passa e a impunidade grita aos quatro cantos: “Vai acabar caindo no esquecimento!!!!!! E daí? Quem se importa?”

No caso do Lázaro muitos comemoraram e outros acharam exagero terem matado daquela forma, mas na verdade só os policiais sabem o que passaram naquele lugar durante a operação, nem tudo é divulgado! Pelo menos foi feito alguma coisa, com ou sem excessos, os moradores da região já poderão dormir em paz agora.

Quanto ao caso By Money, é bem oportuna a reflexão trazida pelo site https://www.itatiaia.com.br, sobre uma frase de Ruy Barbosa que muitas vezes já ouvimos e reproduzimos:

“Trata de sua desilusão diante da capacidade humana de trair, roubar, fingir e enganar. É impressionante a atualidade do texto, o que nos dá dois consolos: podemos acreditar que a crise passa e, por extensão, dar mais um pouco de crédito aos que atribuem nossas vicissitudes do momento um rearranjo do planeta, com a raspagem do tacho, a faxina geral a fim de preparar o cenário de dias melhores.”

A íntegra do clássico texto de Ruy Barbosa:

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto “

*Advogada, juíza Arbitral, escritora, coache, apresentadora de TV. Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia, pós graduada em Direito Processual Civil e Família. Pós-graduanda em Direito Empresarial e Neurociência. Personalidade Brasileira e Personalidade da Amazônia. Whats (95) 99111-3740. Baixe o aplicativo Dolane Patricia. Se inscreva no canal do youtube Dolane PatriciaRR. Siga também no Instagram Dradolane_patricia.

Como desenvolver?

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Reconhece-se um país subdesenvolvido pelo fato de nele ser a política a maior fonte de riqueza”. (Gaston Bouthoul)

Que somos um País com todas as riquezas e possibilidade de desenvolvimento, sabemos. Só ainda não sabemos como desenvolvê-lo. Nem sabemos quem está interessado nisso. Pelo menos é o que vemos na política. E não estou falando dos que não atuam, mas dos que deveríam atuar. E não conseguimos fazer isso porque não nos educaram. E pelo que vemos, não vão nos educar.

O médico carioca, do século passado, Miguel Couto nos deixou esse recado, do início dos quarentas: “No Brasil só há um problema nacional: a educação do povo”. E fim de papo. Décadas e décadas rolaram enquanto a política nacional jogava a educação para o fundo do poço. Assistindo à entrevista com o Secretário da Cultura, Mário Frias, percebi a dificuldade que estamos encontrando para melhorar a educação e a cultura. O lamaçal está, praticamente, intransponível. Mas iremos conseguir, se nos atentarmos para a necessidade de sairmos da lama da ignorância.

Todos os que participamos do movimento da “Teia-2008” sabemos a decepção que sofremos depois dos eventos. O quanto a politicagem mexeu no baú do engano. As mesmas cabeças dominadoras na política corroída, continuam nos iludindo com blá-blá-blás vazios, na tentativa de manter cheias, as cabeças vazias do cidadão. Acabei de retirar as aspas que colocara na palavra cidadão. É que você poderia ficar chateado. Mas é esse engodo que faz com que ainda não sejamos cidadãos de fato e de direito. E nunca o seremos enquanto não pararmos de ficar gritando, nas ruas, como cabeças-ocas, sem rumo.

Chega de briguinhas comadrescas, e vamos nos educar para que elejamos políticos que realmente mereçam nossos votos. Mas enquanto não formos educados não entenderemos o político. Não entenderemos que ele é eleito para desempenhar seu papel político, e não para fazer o que achamos que ele deveria fazer. E só conseguiremos isso quando nos educarmos. Só quando entendermos que somos nós, os responsáveis pelos políticos que temos. Mesmo quando não votamos no candidato, devemos respeitar a maioria que o elegeu. Vamos fazer o que devemos fazer civilizadamente, para acabarmos com roubalheira e a cretinice que, infelizmente, ainda assola nosso País. “Brasil, esse colosso imenso. Gigante de coração de ouro e músculos de aço, que apoia os pés nas Regiões Antárticas. E que aquece a cabeleira flamejante na fogueira dos Trópicos. Colosso que se estendesse um pouco mais os braços, iria buscar as neves dos Andes, para com elas brincar nas praias do Atlântico”. Pense nisso.

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