Opinião

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Continuidade de uma política ambiental avassaladora

Sebastião Pereira do Nascimento*

Seis por meia dúzia. Essa foi a troca da pasta do Ministério do Meio Ambiente, ou seja, saiu um trapaceiro e redentor dos madeireiros e grileiros e entrou um agronegocista e paladino da tropa ruralista. Portanto, a porteira continua escancarada para passar a boiada e os demônios depredadores da natureza. A pressa do governo em nomear o sucessor de Ricardo Salles, mostra o nível de alinhamento que o novo ministro tem com a política desastrada de Jair Bolsonaro.

Portanto, não é possível comemorar nada com a saída de Salles, um ministro que fazia o trabalho sujo para a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, quebrando regras e flexibilizando normas ambientais. E para a felicidade da ministra, ela continua tendo outro comparsa à altura de Salles, Joaquim Leite, onde juntos seguirão firmes com o propósito de ampliar o desmatamento e o envenenamento da biodiversidade brasileira.

Assim, os mesmos desmontes que o ex-ministro Salles fez de forma mais canalha e corrupta possível – enquanto a população lutava contra a pandemia –, a mesma corja fará ou talvez possa até piorar, visto a relação harmônica do novo ministro com o agronegócio e a bancada ruralista, a qual de forma oportunista, se aproveita do estado de impotência do povo brasileiro, e passa aprovar, em conluio, as propostas avassaladoras de interesses do (des)governo federal.

Desse modo, Joaquim Leite, que já atuava dentro do Ministério do Meio Ambiente, deverá utilizar sua experiência de mais de vinte anos como conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB), e reforçar os reveses do agronegócio – agora mais poder como ministro do Meio Ambiente –, o que deve fluir mais rápido o esfacelamento das normas ambientais. Pois, se antes, o ex-ministro Ricardo Salles tinha que lidar com barreiras impostas por Rodrigo Maia (então presidente da Câmara Federal), hoje o novo ministro tem apoio político da presidência das duas casas, reforçado pela bancada ruralista.

Para se ter uma certeza disso, basta voltarmos no último dia 13 de maio, quando a Câmara dos Deputados aprovou, no momento silencioso da madrugada, um projeto de lei que flexibiliza regras para concessão de licenciamento ambiental. O novo texto prevê, dentre outras alterações, a dispensa de licença para obras de saneamento básico, manutenção de estradas e outros empreendimentos, caso as licenças forem consideradas de porte insignificante pelo órgão licenciador.

Outra demonstração dessas vicissitudes, foi a ardil maneira de como a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara, aprovou o projeto de lei 490/2007, que deprecia os direitos dos povos indígenas, permitindo a implantação de hidrelétricas, mineração, estradas e arrendamentos das TIs, sem a consulta livre prévia e informada às comunidades afetadas. Além disso, dificulta novas demarcações de terras indígenas e permite negar o usufruto exclusivo desses povos originais. Uma ofensa deliberada que já vem sendo praticada pelo governo de Jair Bolsonaro, e cria uma expectativa ainda mais sombria com a pauta de votação no plenário da Câmara, se o projeto lei for aprovado vai para o senado e se de novo aprovado, cria um “marco temporal” para as terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas.

Tão emblemático quanto, é a escalada da mineração no país, particularmente na Amazônia, onde o próprio governo federal vem estimulando de forma ilegal essa atividade. Assim, é de se esperar que com esse novo ministro do Meio Ambiente e a pressão exercida pelos mineradores, madeireiros, pecuaristas e grileiros, as coisas tendem ir mais longe. Ainda mais se for aprovado o “marco temporal” para as TIs, aí mais do que nunca a mineração ganhará fôlego e terá grande cobertura para operacionalizar suas atividades destrutivas.

No caso de Roraima, que abriga diversas TIs com potenciais minerais, segundo os organismos que monitoram requerimentos de mineração em áreas protegidas da Amazônia, dão conta que a TI Yanomami é o território indígena do Brasil com maior área formalmente requisitada para mineração. São cerca de 3,3 milhões de hectares (34,3% da área total da reserva) requeridos para extração mineral em 500 pedidos registrados na Agência Nacional de Mineração(ANM). Até o momento, todos esses requerimentos estão estagnados porque ainda não há no Brasil uma lei que autorize a exploração mineral em terras indígenas. Apesar disso, é lamentável as ameaças e tragédias que estamos assistindo dentro desses territórios tradicionais, imagine como ficará caso o congresso aprove o tal “marco regulador”.

Diante desses percalços ambientais, faço valer o ponto de vista da escritora e documentarista, Eliane Brum, quando cita que: “Hoje, só gente muito estúpida e muito sem escrúpulos ataca a Amazônia [e os povos indígenas]. Infelizmente para o Brasil – e também para o mundo – um dos humanos mais brutais e ignorantes do planeta é presidente do Brasil, em cujo território está 60% da maior floresta tropical, e infelizmente para o Brasil – e também para o mundo – algumas das pessoas mais inescrupulosas e burras do planeta estão no Congresso brasileiro. Faltam palavras para nomear humanos capazes de colocar sua própria espécie em risco”.

* Consultor Ambiental, Filósofo e Escritor

Meditar pra quê?

Gracce Dorta*

Vemos nomes imponentes da mídia meditando: Bill
Gates, Rodrigo Santoro, Gisele Bündchen, Grazi Mazzarefa e poderia citar muitos outros nomes por aqui. O que eles têm em comum? Carreira e vida pessoal bem sucedida podem ser a resposta unânime. Porém, existe um algo a mais que os ajudou a percorrer esse caminho tortuoso que é viver com mais facilidade: a meditação.

Se procurarmos pela internet e redes sociais, percebemos que este parece ser o assunto da vez. A pandemia colocou uma lente de aumento no desequilíbrio mental e emocional de todos. O Brasil é o País mais ansioso do mundo e este é um ranking bem triste de se ostentar, uma vez que poderíamos com a nossa diversidade ocupar rankings muito mais interessantes.

Meditação Transcendental, Vipassana, Deeksha, Tantra, Mindfulness… São muitas as linhas meditativas disponíveis atualmente. Osho, guru indiano líder do movimento Rajneesh, dizia que se você fosse capaz de centrar a sua atenção e respiração conectando-se ao estado total de presença por apenas 1 minuto, já teria meditado.

Só que, atingir essa percepção com a quantidade de elementos que distraem a nossa mente, ainda mais nos grandes centros urbanos, parece uma grande aventura. E a ansiedade nos toma de sobressalto dizendo que não temos todo esse tempo para nos dedicar para essas bobagens de ficar parado por algum tempo na tentativa de esvaziar a mente.

E aí, andamos em círculos tentando dormir melhor, render e ser criativo no trabalho, melhorar a qualidade dos nossos relacionamentos e nada parece fluir. Procrastinamos dores, incômodos e, literalmente, passamos pares de anos engolindo sapos, jogando a sujeira para debaixo do tapete.

Um belo dia explodimos ou tropeçamos. Triste mesmo é quando acontecem ambos na mesma ocasião. O corpo cobra caro a nossa omissão. E o hábito de meditar facilita ver de fora tudo aquilo que nos incomoda. Ajuda a organizar o “quarto da bagunça” interno. E funciona como receber um Mapa da Vida com o seu GPS interno devidamente calibrado.

Sabendo onde dói, com as coisas organizadas em suas devidas caixas, ocupando o lugar exato, fica muito mais leve o seu caminhar. Ser empático também entra em cena. Porque quando sabemos onde nos dói, cuidamos de nos compadecer das dores dos outros mesmo que não saibamos do que se trate inicialmente. Desta forma, nossas relações também melhoram.

A paz que você tanto busca não está escondida em uma caverna no Tibet. Ela está dentro de você mesmo. E, para acessá-la, basta fechar os olhos e abrir o seu coração.

Você pode começar com 5 minutos caso 1 minuto lhe pareça muito rápido. Essa prática pode ser passiva ou ativa. Podem ser utilizados mantras ou músicas de relaxamento. Existem diversos aplicativos com meditações guiadas gravadas com esta finalidade mais individual. Porém, se você é da turma que gosta de companhia, hoje em dia, existem grupos de meditações online para pessoas físicas e jurídicas.

Se você, assim como eu, gosta de calor humano, as salas online ao vivo são excelentes pedidas! É possível interagir na abertura e conclusão das salas. E o tempo médio de prática conduzida é de 15 a 25 minutos. Um tempo bem salutar para quem tá começando ou pra quem já está habituado. Quem medita comigo sabe que não tem rotina. Cada sala é uma nova experiência! Ainda acaba fazendo novas amizades que buscam por assuntos afins.

Além dos exercícios de respiração, relaxamento e atenção plena, utilizo os tradicionais mantras, músicas de elevação, sound healing, música clássica, textos e poesias. E vou mais longe, explorando levemente a reflexologia, dança, conexão com os elementos da natureza e inspirando a recuperação de nossa capacidade natural de sonhar. Sempre de forma ecumênica. De modo que todos os credos possam sentir-se abraçados e cada indivíduo possa potencializar sua fé totalmente isento de julgamentos.

E aí, ficou com vontade de meditar? No início pode parecer estranho, assim como a primeira semana de academia. Porém, à medida em que persiste e isso torna-se um hábito, a vida passa a ter possibilidades que antes você nem considerava porque lhe fugia a clareza mental. Quer tentar? Vem meditar comigo!

*Gracce Dorta é terapeuta integrativa, ativista do amor, desadestradora de padrões e especialista em felicidade e bem-estar corporativos.

Nada de bronca

Afonso Rodrigues de Oliveira

“O método de descobrir o que a outra pessoa quer é perguntando, observando e ouvindo-a”. (Les Giblin)

Faz uns trinta anos que falei isso pra você. Coisas que aconteceram e as vivi, ali na Praça Mauá, no Rio de Janeiro. Onde agora está instalado o extraordinário “Museu do Amanhã”. Aliás, permita-me um parêntese: sempre que você for ao Rio de Janeiro, não deixe de visitar o Museu do Amanhã. É realmente uma obra que nos encanta. Mas, voltemos a assunto inicial. Foi no início da década de mil novecentos e cinquenta. Eu morava em São Paulo, e namorava a dona Salete no Rio de Janeiro. E por isso eu ia lá, a cada quinze dias. Na época não era fácil deslocar-se de São Paulo para o Rio.

Naquela época a Praça Mauá era tomada pela marujada. Os bares antigos estavam sempre lotados de marinheiros. E eu ia tomar o café da manhã, com eles. E conversávamos com muito blá-blá-blá. E aprendi ali, um montão de ditados da época. Sempre que alguém tentava dar uma bronca em alguém,
outro alguém falava, de lá: “Bronca é ferramenta de otário”.

Desde então, mantive no meu comportamento, um hábito que já tinha e não sabia que tinha: nunca dar bronca em ninguém. Mesmo porque, muito antes de conhecer os marujos, eu já tinha assistido à peça de teatro, “Compra-se um marido”, no Teatro Carlos Gomes, em Natal, no Rio Grande do Norte. E foi ali que aprendi, com uma resposta do ator: “Não há bobo mais bobo do que o bobo que pensa que eu sou bobo”.

Voltando aos bares, vemos que o marujo tinha razão. Por que bronquear quando podemos articular? Quando orientamos em vez de protestar ou reprimir, estamos educando. Ninguém vai agradecer por uma bronca, mas vai sempre agradecer por uma orientação. Então, vamos orientar em vez de criticar ou bronquear. Todos nós estamos sujeitos aos erros, sejam eles quais forem. E errar, muitas vezes pode ser uma ajuda. Desde que sejamos racionais e entendamos o valor do erro para quem sabe acertar. Porque aprender com o erro já é um acerto. Simples pra dedéu.

Esteja sempre de bem com você mesmo, ou mesma, e tudo irá dar certo pra você. Mas não fique esperando milagre. O milagre está no poder que você tem em acertar, baseado no positivismo, na sua mente. Então cuidado com o que você pensa, respeitando o pensamento das outras pessoas. Quando seu subordinado profissional errar, oriente-o para o certo e você estará ajudando a melhorar o produto do seu trabalho, feito pelo seu auxiliar. Quando estiver a ponto de explodir, apague o pavio.

Alegre-se com o arco-íris, mas não perca tempo procurando as pontas dele. Elas estão no infinito. Apenas mire-as. Pense nisso.

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