Opinião

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A intolerância em promoção no Brasil

Sebastião Pereira do Nascimento*

Diante de tudo que assistimos sobre as diversas situações de intolerância no mundo, em especial aqui no Brasil, as pessoas mais perceptíveis compreendem cada vez mais que os atos de intolerância são provocados principalmente pela a arrogância humana, pela falta de respeito, pela falta de altruísmo, pela falta de empatia ou pela falta de informação e conhecimento. Sendo tudo isso gerado por absoluta falta de ética e moral, onde contextualmente, a ética se estabelece como um caráter eminentemente singular sustentado por cada pessoa; enquanto a moral se estabelece como um conjunto de entendimentos impostos pela sociedade, visando proporcionar a saudável convivência entre seus membros.

No caso da intolerância, seja por qual razão for apresentada (política, religiosa, orientação sexual, raça, classe social etc.), antes de ser um desvalor humano, tanto fere a essência daquele que é ofendido, como vai contra o que preconiza os tratados dos direitos humanos. Por isso, toda forma de intolerância deve ser veemente combatida para que possamos ter a garantia de uma sociedade justa e igualitária.

De modo geral, a intolerância é um fator que sintetiza a ideologia de quem foi doutrinado por um processo de endoculturação, que dentre outras conceituações, nada mais é do que um meio permanente de aprendizagem dentro de uma cultura que se dá pela assimilação de coisas, imitações, arremedos ou pelo condicionamento do meio social, a começar do nascimento de um indivíduo até a fase final da vida – aqui é importante enfatizar que a endoculturação se remete a uma dicotomia, visto que a aprendizagem a partir dela pode ser atribuída tanto para o bem como para o mal, isto é, pode levar o indivíduo ao vício da intolerância ou pode evitar a prática dela.

Assim, diante das muitas formas de intolerâncias que assistimos na atualidade, temos uma que enfatiza a obediência excessiva que é o caso do fundamentalismo: religioso ou político. No primeiro caso, temos as religiões que militam a favor de seus dogmas em face de uma verdade indiscutível, algo que não tolera a possibilidade de diálogo com outras correntes religiosa ou não, tirando-as do campo do debate e até partindo para confrontos piores. No caso do integrismo político, temos no fascismo e no nazismo, os exemplos mais hostis no que se refere à intolerância. No decorrer da história da humanidade, essas ideologias políticas ganharam corpo e alma espalhando o ódio, a discriminação e a violência nos níveis mais altos de suas vertentes. Onde a humanidade pôde assistir o que o ser humano, movido pela doutrinação extremista, é capaz de fazer. Aqui no Brasil, também há exemplos de fundamentalismo político, onde a repulsa à liberdade e às diferenças humanas sucedem várias atitudes de intolerâncias, ainda que sejam expurgadas por uma parte da sociedade.

Considerando essas questões, o pensador Leonardo Boff explica que o Brasil atual trouxe à luz a intolerância latente no povo brasileiro. A qual é parte daquilo que o antropólogo Sérgio Buarque de Holanda chama de povo “cordial”, onde o preconceito e a descriminação vêm de dentro do “coração”, disfarçados de “hospitalidade” e “afeto”. No entanto, Leonardo Boff prefere dizer que o povo brasileiro é “cordial” e “passional”, dado que se mostra motivado excessivamente pela paixão do preconceito e da discriminação, o que qualifica o brasileiro como um sujeito “cordial-passional”.

Também pode-se dizer que essas aversões humanas se derivam do arquétipo da “casa grande”, introjetado em todas as estratificações sociais, sendo os grupos humanos estigmatizados como “minoria social” (pobres, negros, índios, homoafetivos, refugiados etc.), os mais hostilizados e discriminados, mesmo nos debates oficiais entre agentes públicos que se revelam pessoas intolerantes de modo intoleráveis. Em suma, isso tudo aquece uma ideologia ultrapopulista que vem se irradiando na atualidade, no melhor estilo neofascista, o que implica numa conturbada relação diante da diversidade da população brasileira.

 

Ademais, o que mais assistimos são pessoas que tentam tornar absoluto a sua vontade, ao mesmo tempo em que se condenam intolerantes por não respeitar a vontade ou a opinião do outro. Por exemplo, as diversas formas de intolerâncias provocadas por uma parcela da sociedade brasileira, têm por base a falta de habilidade humana, que é o mesmo entendimento ideológico radicalizado pelo atual presidente brasileiro que, junto com seus ministros e outros lacaios, vem sistematicamente rompendo a barreira do bom senso e entrando no limite da insanidade mental. Onde, suas ideias gerais não são apenas com objetivos de tentar idiotizar as pessoas, mas também convencê-las de que suas provocações estão sendo apregoadas em conformidade com as regras instituídas pela sociedade.

Com base nessas intransigências, é importante ainda procurar evitar a tolerância passiva, aquela que aceita a diferença do outro não porque o indivíduo observa algum valor nisso, mas porque não o consegue evitá-la. Por outro lado, há que se acatar a tolerância ativa, aquela que consiste na aceitação da diferença porque consegue ver nela algo salutar para si e para o outro.

Portanto, a prática de tolerar é antes de tudo uma exigência ética e moral. Ela representa o direito de cada pessoa viver como se achar melhor, sem, contudo, prejudicar ou magoar o outro. Isso deve ser considerado pelo fato de que toda pessoa desfruta do direito de permanecer aqui com sua diferença. Porém, nenhuma pessoa dispõe do direito de odiar quem menos lhe afeta ou quem mais lhe oferece oportunidade de ver um mundo diverso.

* Filósofo, Consultor Ambiental e Escritor. Autor dos livros: Sonhador do Absoluto e Recado aos Humanos. Editora CRV.

A nave da vida

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Por ser tão breve a vida, deveríamos vivê-la com sabedoria para sermos cada vez mais pais, educadores, profissionais inteligentes, jovens mais sábios e amigos mais afetivos”. (José Norberto de Mesquita)

A educação é, com certeza, a nave que nos leva pela vida. Onde ela vai chegar, não sabemos. Ainda não sabemos de tantas coisas que poderiam nos trazer vidas mais saudáveis. Mas não adianta ficar apontando para o buraco-negro da galáxia da vida. O que devemos fazer é ser mais atenciosos para o mundo em que vivemos. E não faz pouco tempo que estamos por aqui. De acordo com a Acultura Racional, estamos aqui, sobre este Planeta, há mais de vinte e uma eternidades. E não procure imaginar como se mede uma eternidade.

Mas vamos pensar no que deveríamos estar pensando. No que seremos daqui para frente. E levar em conta que devemos mudar o rumo do mundo. Ou mudamos ou ficamos parados, presos por cordas inúteis, como elefantes de circo. Vamos refletir sobre o nosso futuro. As mudanças no universo acontecem a cada segundo. Mas não as percebemos. Ainda não somos suficientemente esclarecidos e educados para viver o mundo que deveríamos viver. Então vamos iniciar nossa tarefa para sermos o que já deveríamos ser.

E como não temos tanto tempo enquanto o tempo está correndo, vamos prendermo-nos, por enquanto, a uma única categoria: o profissional. Não só o profissional mais inteligente, mas o mais preparado para a profissão. Sei que estou batendo muito nesta tecla, mas é minha praia. Há décadas adquiri o bom hábito de observar o comportamento de profissionais. E o bom hábito só existe quando formado pela educação e formação profissional. O que nos leva à prática das Relações Humanas no Trabalho e na Família. Formação indispensável ao profissionalismo.

Ontem estive num ambiente da saúde, de altíssima qualidade. No entanto, a qualidade no atendimento, com um número considerável de atendentes, pareceu-me carente de preparo para a profissão. Nada de grosseria, nem desatenção. Refiro-me à postura de certos profissionais, no atendimento. E a postura é um carro-forte na preparação do profissional. Não estou criticando. Apenas apontando detalhes que são muito importantes na apresentação, tanto do profissional, quanto do responsável por ele.

Muitas pessoas ali, assistiram a isso, mas não prestaram atenção. Todos na sala e no balcão de atendimento, enquanto uma das atendentes esticou os braços para cima, e espreguiçou-se como se estivesse num salão de ginástica. Um comportamento absolutamente desigual com o comportamento de um profissional preparado para a profissão. Pense nisso.

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