Opinião

Opiniao 12455

Mãos de Narciso

Walber Aguiar*

É que Narciso acha feio o que não é espelho.

Caetano Veloso

Máquinas fotográficas, celulares e câmeras entravam em ação. Era mais um movimento de doação, de entrega de benefícios. Cestas básicas eram retiradas do carro e entregues aos homens e mulheres absolutamente necessitados. Redes sociais estavam ali, prontas a capturar  o cenário fisiologista da piedade, do verniz devocional, do externalismo farisaico.

Ora, a arte política estava em baixa. A economia enfrentava o caos e a corrupção, como que enterrada nos caixões baratos e nos cemitérios periféricos. Assim, o assistencialismo fazia brotar da aridez existencial e econômica minguados seiscentos reais para a patuléia que gemia e chorava diante do terror da fome, da solidão imposta pela quarentena, do vírus desgraçadamente invisível.

Não era o fim do mundo era apenas o escatológico frente ao delírio dos “evangélicos” sem graça e vazios;  do povo que, espremido nos templos sem vida, fazia contabilidade de terremotos,  mapas estatísticos da fome e da guerra, das pestes e catástrofes naturais. Ainda não era o fim , apenas um prenúncio, o começo do advento apocalíptico, a ponta do iceberg daquilo que estava por vir.

Destarte, no meio do cenário dantesco, alguns irmãos davam com a mão direita e fotogravam com a esquerda. Entregavam com um olhar piedoso, mas filmavam para postar no facebook, no instagram e nas diversas redes sociais.  Aproveitavam o advento da pandemia para espalhar as cestas básicas do alarde e da divulgação . O que era pra ser simples, bom e secreto ganhou contornos de sofisticação,  eloquência farisaica e toque estridente de trombetas, uma banda de música pronta para desfilar diante dos spots e do glamour assistido da miséria humana.

Assim, o sermão do monte, foi esquecido, deixado pra trás, trocado pelo brilho das telinhas, pelas mãos de Narciso, que, com o ego devidamente incensado, quebrava o princípio de Jesus, a ética do secreto e da discrição, entristecendo a Deus e ferindo de morte o espírito do evangelho.

Dar é  uma graça que poucos desejam, um exercício praticado por aqueles que receberam de Deus o privilégio de  derramar-se diante do próximo, de se doar ao outro, numa perspectiva de alteridade, esvaziando-se de todo salto alto e vaidade pessoal. Decerto, que a divulgação cabe nos projetos mais amplos, quando interessa a contribuição para alguém que está doente ou até mesmo para a compra de passagens ou  feijoadas beneficentes. Ainda mais em ano eleitoral, quando a bondade se confunde com a propaganda dos candidatos.

Ora, percebemos mais grandeza e solidariedade humana no samaritano, naquele que não tinha nenhum compromisso com a religião, com a divulgação de um Jesus pálido e descontextualizado da vida. O samaritano pareceu ser o próximo do que fora vitimado pelos ladrões de estrada, pois agiu sem nenhum interesse, sem os condicionamentos legalistas do farisaísmo, sem as trombetas daqueles que estendem tapete diante da dor e da miséria humanas.

Assim, no dia em que você der algo a alguém, mesmo que seja um abraço ou um sorriso, não esqueça de Mateus 6:2-4. As mãos de Narciso carregam vaidade e aridez. O grande jardineiro rega as mãos que plantam a vida…

*Advogado, poeta, historiador, professor de filosofia e membro da Academia Roraimense de Letras [email protected]  tel. 99144-9150

   Comunismo não, democracia sim

Marlene de Andrade 

“…tudo deve ser feito com decência e ordem.”(1ª Coríntios 14:40

João Goulart e Leonel Brizola eram  comunistas e os dois  queriam implantar esse regime aqui no Brasil, porém  o povo não queria que o Brasil se tornasse um país vermelho e sim verde e amarelo. Sendo assim, as Forças Armadas não brincaram em serviço e deram um chega para lá nos comunistas de forma bastante oportuna, pois os brasileiros não aguentavam mais os badernistas comunas, os quais queriam implantar esse regime maldito. 

Dessa forma, em 31 de março de 1964 ocorreu no Brasil à contrarrevolução, quando então os militares tomaram as rédeas do nosso país, o qual estava prestes a se tornar uma ditadura aos moldes de Cuba. Portanto, há que ficar bem claro, que as Forças Armadas vieram àquela altura para acabar com a bagunça generalizada que os comunistas de plantão realizavam em nosso país. 

A Educação, Saúde e Segurança durante o regime militar melhorou de forma profundamente eficaz e só quem viveu, nessa época pode entender bem, como aquele tempo foi excelente para o Brasil. Portanto, graças à intervenção militar de 64, não nos tornamos um país comunista. 

Hoje em dia a esquerda radical, com o apoio da mídia comprada a preço de ouro, tenta mostrar-se como vítima da direita conservadora de forma, escancaradamente, hipócrita e o pior é que tem muita gente que engole esse discurso e ainda vota nesses assassinos em potencial.  

É muito comum escutarmos pessoas dizendo que o governo petista “deu” casas, diga-se de passagem, de péssima qualidade, aos pobres e criou a bolsa família e daí? O que adianta dar tostões e roubar bilhões?  

Quanto às universidades, desde que o PT e seus camaradas, começaram a comandar o Brasil, elas se tornaram uma baderna sem precedente, culminando com o show de nudismo como forma de protesto. Ora, como aceitar essa falta de vergonha na cara, sem que isso seja considerado atentado violento ao pudor? 

Ainda bem que temos um presidente profundamente contrário a todos esses descalabros. Chega de esquerdistas viverem dando uma de coitadinhos e vítima de Bolsonaro e de toda a direita. E tem mais: do mesmo jeito que os venezuelanos estão invadindo aos borbotões nosso país, por que os “petralhas”, os quais odeiam Bolsonaro não vão residir na Venezuela, ou em qualquer país comunista? 

Nosso presidente está tentando, juntamente à sua equipe, organizar o Brasil e tanto isso é verdade, que ele vem asfaltando as rodovias do nosso país de uma forma brilhante, pois sem estradas de qualidade nenhum país prospera economicamente. Temos que apoiar nosso presidente, o qual à duras penas vem colocando nosso querido Brasil nos eixos e não ficar do lado dos esquerdalhas. 

Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT 

E agora, o que farei?

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Nenhuma vida é tão difícil que não possa se tornar mais fácil pelo modo como for conduzida”. (Ellen Glasgow)

Juro que sofro muito com isso. Sou u
m péssimo fisionomista. Acho que até já perdi amizades por conta desse defeito que tento muito, corrigir. Vez por outra, encontro alguém que me cumprimenta e fala: “Sabe quem sou eu”? Digo que sim e a pessoa ri e se apresenta. Fico encabulado, mas não posso evitar.

Atuo aqui, na Folha, há mais de trinta anos. E ainda não pude evitar vexames como este: Certo dia, num sábado à tarde, eu estava no supermercado. Na fila do caixa, virei-me para atrás e uma garota me cumprimentou. Saímos e já na rua perguntei para a Salete:

– Quem é aquela garota que me cumprimentou?

– Não tenho a mínima ideia.

Caminhei pela rua tentando identificar a garota. Já no portão de casa, a ficha caiu. Era a recepcionista da Folha, com quem eu tinha conversado pela manhã, quando fui pegar o jornal. Certo dia a Salete contou isso para a moça. Daí pra frente, cada vez que eu chegava, ela levantava o braço e falava: “Sou eu, seu Afonso”. Claro que ela falava brincando e isso me deixava mais à vontade. Mas a verdade é que sofro com esse defeito, que não posso evitar.

Recentemente, no último dia dezoito, por volta das nove da manhã, eu estava na farmácia, e enquanto o atendente localizava a mercadoria, um casal chegou. A senhora me cumprimentou com um sorriso agradável. Cumprimentamo-nos. O cidadão me cumprimentou de modo muito afetivo e perguntou como eu estava. Percebi que nos conhecíamos. E foi aí que comecei a caminhar pelas prateleiras tentando me lembrar de quem era o cidadão. Até que o atendente me entregou o produto e parti para o caixa. Ao me retirar o cidadão me cumprimentou:

– Tenha um bom dia, seu Afonso.

Quase corri, para voltar e falar com o cidadão, para me desculpar pela falta de atenção. Mas não deu tempo. Ainda estava com no caixa quando o casal saiu da farmácia e eu fiquei realmente muito incomodado. Já estávamos quase no fim do dia e eu ainda não conseguia me livrar do incômodo. Um encontro que poderia ter feito muito bem, tanto para mim quanto para o casal, talvez os tenha incomodado tanto quanto a mim. Uma quarta-feira bem chata, que poderia ter sido melhor, por conta do meu incrível defeito.

Mas segui em frente. Passei o dia todo tentando pedir ajuda a meus filhos, para me corrigir tentando uma saída para esse incômodo. Mas a Ellen Glasgow me deu a dica. Com certeza, o próximo vexame será mais ameno. Pelo menos menor. É com os erros que aprendemos a acertar. Desde que não nos prendamos a eles. Mas já me soltei. Pense nisso.

[email protected]

99121-1460