Só mais um caso no país da bandalheira e da amnésia seletiva; mas e o ouro?
Jessé Souza*
A velha política… ela nem surpreende mais ninguém porque a politacalha está impregnada na vida dos brasileiros, habituados aos mais comezinhos jeitinhos até o mais alto escalão da bandalheira nacional com os recursos públicos. A “nova política” não passou de mais um calote eleitoral aos moldes do “caçador de marajás” de outrora.
Não se pode esperar muito de transformações de cima para baixo enquanto aqui, na base da pirâmide, subsistirem a malandragem, a esperteza, o espírito venal na hora do voto e a ânsia de querer levar vantagem em tudo. Os políticos que estão em todos os cargos são nossa representação de alguma forma, quer queiramos ou não.
A Polícia Federal acaba de realizar mais uma operação que envolve político em Roraima, mais precisamente o ex-deputado federal Abel Galinha (DEM), envolvido na investigação de dois escândalos. Um deles o caso do desvio de R$12 milhões de emenda parlamentar que ele mesmo indicou para obras em municípios do interior.
O outro caso tratam-se de R$14 milhões em contratos irregularidades com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) que estão sendo investigados pela PF e cujos nomes de gente graúda envolvida nunca são divulgados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde da Assembleia Legislativa de Roraima, que faz um malabarismo sem precedentes para isso mesmo: não citar nomes imporantes da política local.
Na busca e apreensão em um de seus postos de combustíveis, foram apreendidos R$200 mil em dinheiro vivo e “uma grande quaidade de ouro”. O dinheiro pode até ser justificável por ele ter uma rede de postos de gasolina. Mas e o ouro? Em tempos de garimpo ilegal em terras indígenas, cabe mais uma investigação aí como desdobramento.
Estão aí duas grandes frentes que alimentaram esquemas em Roraima: direcionamento de emenda parlamentar; e recursos da saúde pública estadual. São vespeiros que não costumam ser mexidos por motivos óbvios. E o atual governador, Antonio Denarium (sem partido), vem se desviando de suas responsabilidades de desratizar a saúde, optando por trocar de secretários e dizer que nada sabia.
Nem a CPI da Saúde parece querer entrar de cabeça nisso. Precisou de uma operação da PF para que a população soubesse do caso do senador Chico Rodrigues (DEM) flagrado com dinheiro na… Ah, todos já sabem do caso, do Caburaí ao Chuí! Essa investigação diz respeito à saúde pública, que segue no caos histórico, muito antes da pandemia e da imigração desordenada.
A propósito dos nomes de envolvidos em operações policiais, eles não foram galgados a um cargo público por ETs que desceram da terra para elegê-los pelo voto direito. São crias nossa, do eleitor que não toma consciência de seu papel e que prefere jogar a responsabilidade para a “velha política”, a aqueles que não querem se dar ao trabalho de fazer sua parte e ficam com delírios golpistas.
O ativismo político nas redes sociais está aí, com gente bradando contra isto e aquilo. Mas, na hora de votar, as pessoas colocam os mesmos corruptos com ficha extensa na polícia e na Justiça. Alguns já estão em campanha eleitoral antecipada. Mas esses mesmos cidadãos que pedem moralização são os primeiros a abraçarem os corruptos quando eles chegam ao seu bairro ou ao seu município.
Não é difícil saber a ficha de cada político. Basta puxar no Google que logo aparece seus envolvimentos com a corrupção. As operações da Polícia Federal não são de hoje, mas parece que, logo em seguida, as pessoas são acometidas por uma amnésia seletiva quando se trata de seu corrupto de estimação. Então, chegamos ao que foi dito na introdução desse artigo. É um ciclo vicioso.
*Colunista