Opinião

Opiniao 12487

Chega de corrupção

Marlene de Andrade

“O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir” (João 10:10)

  

As matérias denominadas de OSPB/Organização Social e Política Brasileira e Educação Moral e Cívica/EMC ensinavam, nas escolas, o sistema político de nosso país e assim os alunos podiam aprender  quais eram os deveres e direitos do cidadão brasileiro em relação a pátria, família e o viver em sociedade. É lamentável que tenham retirado essa matéria do currículo escolar, visto que na escola o aluno deve aprender, inclusive qual é o papel dos políticos e o que eles podem e devem fazer para que o povo tenha uma vida digna. Sendo assim, a criança, até mesmo do ensino fundamental, deve começar a compreender que ela possui direitos, mas também tem deveres junto a comunidade onde vive e dentro do seu núcleo familiar.   

É de causar horror saber que existem adolescentes jovens e adultos que não sabem, por exemplo, o que é poder legislativo, executivo e judiciário. Também não sabem quais são as funções desses poderes. Dessa forma, vão se tornando dia pós dia pessoas manobradas por ideologias avessas aos bons costumes e dessa maneira se tornam iscas fácies de serem ludibriados por políticos corruptos e mal intencionados.   

Se um jovem não sabe, por exemplo, quem foi Ernesto Che Guevara vai usar uma camisa com o rosto desse asassino pensando que ele foi um grande herói, quando na verdade ajudou o Castro acabar com Cuba e que para ajudar acabar com esse país, assassinou inúmeros cidadãos de bem.   

Dezenas e até mesmo centenas de pessoas verbalizam com todas as letras que não gostam de política, a qual tem a ver com a organização, direção e administração de nações. Ora, se política é isso, como não vamos gostar de discuti-la e assim nos preparamos para entender quais são os nossos direitos e deveres?   

Vivemos num sistema democrático e a população tem a obrigação de entender que nesse tipo de regime quem manda é o povo e não os políticos e se eles não forem honestos, se vendem com a maior facilidade sem remorso de prejudicar o povo.  Portanto, entender de política se faz necessário sim, pois caso contrário, os políticos corruptos, passam a perceber que eles possuem o direito de decidir os rumos de nosso país, nos tornando um povo idiotizado e refém dos corrutos os quais, para se dar bem, não medem esforços uma vez que os desejos deles são sempre se enriquecerem, custe o que custar. Não fosse tudo isso o bastante, o poder judiciário também se rende em grande parte, aos políticos de má fé, dando-lhes força para continuarem roubando, descaradamente, até colocando dinheiro dentro da cueca.  

Marlene de Andrade 

Médica Especialista em Medicina do Trabalho – ANAMT/AMB/CFM 

CONFISSÕES DO POETA

Walber Aguiar*

Sempre precisei de um pouco de atenção, acho que nem sei quem sou, só sei do que não gosto – Renato Russo

Era o dia 02 de dezembro. Dia de andar por aí sem fazer nada, tentando encontrar alguma coisa que ficou perdida no tempo. Dia de entender o ininteligível e desentender o cartesiano. Tempo de perceber o lado cinza do azul e o lado azul do cinza. Momento de enxergar com os olhos fechados.

Minha vida sempre foi marcada pela simplicidade e pela força do desapego, usando as coisas e amando as pessoas; nunca fiz questão de amealhar o distante, nunca quis possuir o impossível. Tendo aprendido a ler aos quatro anos, entendi que andar pelo labirinto das letras me faria bem. Nunca fui afeito a números, mas persegui a composição, o jogo de palavras, a superposição vocabular. Longe de tudo e de todos, perdido entre a imensidão do Negro e o mistério do Solimões, aprendi que a vida exige mais que páginas frias de um livro. Ela nos lança no caos urbano e no melancólico mundo racional.

Daí ter afirmado Salomão que quem aumenta ciência, aumenta tristeza. Isso porque, quanto mais sei mais sofro, mais entendo que as coisas poderiam ter tomado um rumo diferente. Aprendi com José Barbosa Júnior que o conhecimento tem que servir para alguma coisa, não pode ser apenas elucubração filosófica ou cosmético de intelectual. Carece de dinamicidade pra se transformar em felicidade e experiência.

Em Boa Vista conheci a “caverna de Platão”, em Manaus percebi a sombra que se espreguiçava sobre ela. Descobri que a multidão delira, podendo ser transformada em qualquer coisa moldável, envolvida por esquemas de manipulação política e econômica. Por isso sou um ser a caminho, uma espécie de inteiro metade, de grande pequeno, de alguém que tenta se descobrir sem pressa e sem atropelos. Hoje, depois de muito apanhar, aprendi com os caimbés a recomeçar sempre.

Seu Genésio me ensinou a ler, dona Maria me deu lições de vida. Drummond e outros me ensinaram a fazer a leitura poética do mundo. Dorval Magalhães me mostrou a importância do ouvir e os pastores Josué e Caio Fábio me iniciaram nas sagradas letras, na singularidade do Evangelho de Jesus. A Eliakin coube imergir-me nos igarapés da poesia regional. Aí veio pastor Raimundo, com toda sua ternura filosófica, e preencheu a lacuna que faltava. Lacuna que foi tomada por Jacques Ellul, com a versão revolucionária do evangelho, Kierkegaard, com a subjetividade da fé e o Deus do absurdo, por Stott com sua contracultura cristã, bem como C.S. Lewis e a estética do evangelho puro e simples…

E era 02 de dezembro, meu dia. Dia de acenar para todos os portos da vida, na expectativa de que a felicidade esteja a caminho, não no destino final. Dia de celebrar a vida e esquecer a morte. Dia de chutar o balde e colher as flores vermelhas da poesia. Até que a morte ou o esquecimento nos separe…

*Advogado, poeta, professor de Filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras

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Mude nas atitudes

Afonso Rodrigues de Oliveira

“A maior descoberta de minha geração é a de poderem as criaturas humanas modificar as atitudes do espírito”. (William James)

Não haveria progresso se não houvesse mudanças. E a mudança mais importante é a do espírito. Que é quando nos equilibramos nos pensamentos. O que requer desenvolvimento racional. Então vamos evoluir desenvolvendo o nosso modo de pensar, para que possamos desenvolver nosso espírito. Simples pra dedéu.

Ontem pela manhã, assisti a um dos maiores exemplos de como ainda estamos num processo de desenvolvimento atrasado. Ainda estamos vivendo orientados pelos pensamentos dos que ainda não aprenderam a pensar. E isso está em todos os níveis sociais. Pela manhã, bem cedinho, precisei levar a dona Salete a um Posto de Saúde. Ela precisava ir ao clínico geral, para ele lhe dizer se ela estava doente. Ela entrou para o atendimento e eu fiquei lá fora, esperando-a. E foi aí que observei o melhor.

Fora do Posto estava um número grande de pessoas aguardando a chamada. Entre eles estava um senhor de idade já avançada, e com um problema numa das pernas. De repente ele tirou o chapéu, pegou um livrinho, abriu-o e começou a falar para os presentes. O assunto era religião. O cidadão falou, falou, e ninguém tomou partido. Ele citou um número considerável de capítulos bíblicos. Por fim, uma senhora bem mais moça do oque ele, começou a contestar algumas das citações. E você já sabe como as coisas correm nesses momentos. Mas, a “briga” não foi longa. Logo a senhora foi chamada para o atendimento, e o cidadão continuou fazendo sua pregação, mas sem muita atenção.

Ele falava e eu caminhava lentamente pela calçada, esperando a volta da dona Salete. E enquanto caminhava pensava em quanto ainda temos que evoluir racionalmente, para poder viver dentro de um esquema próprio. Que será logo que começarmos a dirigir nossas vidas com os nossos pensamentos e raciocínio calcados no estado de espírito. A Salete chegou e saímos. Não quisemos chamar nosso filho para nos pegar. Preferimos uma pequena caminhada matutina, e nas conversas fazer o exercício diário. Mas não fui tolo para tocar no assunto sobre o cidadão da bíblia.

Já em casa iniciei uma reflexão sobre o assunto. Observei que o mais importante é observar esses momentos, mas sem se deixar influenciar nem pelo a favor, nem pelo contra. Cada um está agindo e atuando dentro do seu nível de desenvolvimento racional. Porque, em certas ocasiões, o desenvolvimento permanece apenas no racional, mas sem atingir o ser que pensa que o tem. E se você o tem ou não, vai depender de sua atitude diante da provocação. Pense nisso.

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