Opinião

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Turismo espacial: com os olhos no consumidor e a cabeça no espaço

Éder Santos

O bilionário americano Jeff Bezos disse em entrevista que a única maneira de promover o avanço da civilização, somada à vontade de investir sua fortuna em projeto inovadores, é a promoção de viagens espaciais. Para ele, a sua empresa espacial, Blue Origin, cumpre esta missão civilizatória a longo prazo.

O pensamento do homem mais rico do mundo é resultado da escolha de uma parte da sociedade dita moderna por um mundo de consumismo desenfreado, obsolescência programada e alienação cultural, ambiental e social. A “sociedade do cansaço”, que se expressa na “sociedade do desempenho”, enxerga Bezos como um ídolo, uma vez que investir em um delírio espacial, representa soltar a mão de um planeta exaurido pela própria ganância comercial de que quem almeja o bem-estar e que não suporta viver em um aquário de luxo.

Diante do apelo midiático que projeta o voo supersônico da New Shepard, no qual Bezos promove a ida do ser humano mais jovem e do mais velho ao espaço na mesma data em que o homem pisou na lua, é importante ressaltar que tais fenômenos refletem que o marketing, enquanto narrativa de consumo e alienação, caminha de mãos dadas com a história mundial e o debate social sem profundidade para fazer opinião.

O mundo de Bezos não é o mesmo em que os países mais ricos olham com desprezo para o clima ou para os outros países que não tem comida, empregos ou expectativas de melhores dias. Trata-se de um novo mundo: o das fantasias espaciais.

O bilionário batizou sua empresa com o nome do maior rio do mundo, o Amazonas, por ser exótico e diferente. Dono da Amazon, Bezos possivelmente, desconhece que a Amazônia (incluindo todos os países que a compõe) é um caldeirão cultural capaz de revelar o que a humanidade tem de melhor: a vida “terrana” – que inclui humanos e não-humanos, no enfrentamento ao modo de vida alienante na qual ele tenta fugir. Uma fuga de si mesmo.

A escolha de Bezos, com suas práticas megalomaníacas, pode revelar uma ausência, uma carência de demonstração de poder em uma relação com “o outro” que ele desconhece ou que exista apenas em seu imaginário, como alguém que ele imagina ser seu concorrente ontológico. A sua atitude competitiva demonstra como a sociedade precisaria rever valores, em um mundo de desigualdades sociais, guerras, destruição acelerada do meio natural, migrações intensas, xenofobia e ressurgimento de ideologias totalizadoras.

A proposta revolucionária para o dito avanço civilizatório não vem de Bezos, mas de quem acredita que o “bem viver” na terra está na experiência telúrica afetiva que se dá com a própria mãe-terra – a Pachamama do Andinos, a mãe-África dos africanos, a Magna-mater dos antigos, a Gaia dos contemporâneos ou a Hutukara dos Yanomami. Os bilionários, ao contrário, vivem em função deles mesmos, sendo venerados por muitos que estão na base da pirâmide, lutando para sobreviver em um mundo cada vez mais desigual.

Todos que estão em um mundo de fantasia, que imaginam estar bem informados sobre as condições de suas existências e pensam que o mundo resume-se na compra do próximo celular, permanecem dispersos demais para perceber que são meros consumidores e que estão prontos para lutar não contra quem os explora e destrói seu mundo, mas contra quem quer inverter o jogo e fazer valer a vida na terra.

Falar em turismo espacial em tempos pandêmicos, de sucessivas crises ambientais ocasionadas pela ganância de quem está no topo da pirâmide e vive sob a égide da exploração do trabalho dos outros e da natureza é um nível pesado de alienação contemporânea, que nos ajuda a entender os caminhos que escolhemos enquanto humanidade.

Sem sentimentalismo

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Saudade é a presença da ausência”. (Laudo Natel)

Se você estiver sentindo saudade, dê uma paradinha nos pensamentos, e viva o que não pode ser revivido. Seja qual for o motivo da saudade viva-o intensamente, mas sem sentimentalismo. Ontem resolvi mexer nos meus arquivos no computador. E você nem imagina quanta gente maravilhosa encontrei ali, que mexeu comigo. Velhos tempos que não são velhos. Mesmo porque é a saudade que faz a gente passear pelo passado como se fosse presente.

Cliquei numa matéria importantíssima. Era uma mensagem da amiga queridíssima, lá no Nordeste: a Carla Gisele. O carinho, nas expressões, na mensagem, emocionou-me. Levaram-me aos dias que vivemos numa tarefa importantíssima, no trabalho que fizemos em conjunto, num grupo de amigos queridos. O trabalho foi nos Municípios do interior Sul de Roraima. Um trabalho cultural, para a criação das Secretarias de Cultura. Hoje resolvi mandar esse abração público para minha amiga Carla Gisele.

Foram tantas as amizades que se fortaleceram naquele período importante para a nossa cultura. Tão importantes quanto as amizades feitas e solidificadas com a convivência por um período curto, mas muito importante. Meu abração, hoje, vai para a Carla Gisele. Ela e sua família estão alojados do lado esquerdo do meu peito. E permanecerão aqui e assim, por toda minha vida.

São tantas as amizades criadas e formadas num dos períodos mais importantes de minha vida. A relação dos amigos e amigas é incomensurável. E como andamos tão afastados, tão distantes, dedico a todos, meu amor e respeito, como gratidão pelos momentos que me proporcionaram em nossa convivência. Nada pode ser maior nem mais importante do que nossa amizade, que possa nos afastar. Mesmo à distância, estamos todos unidos no amor e respeito. Nada pode ser mais importante do que amizade. E que por isso ela deve ser mantida no coração, independentemente do afastamento físico. E a saudade é o escudo fortíssimo que preserva esse patrimônio emocional.

Vamos construir amizades para o nosso futuro. As lembranças em forma de saudade, nos trazem o passado que nos fez feliz. E o importante é que não deixemos qu
e os sentimentos nos tragam tristezas nas lembranças. Vamos nos lembrar apenas dos momentos felizes do passado. E a Carla Gisele, ontem, me fez lembrar de todos aqueles amigos com os quais convivi durante um período inesquecível.

Faça isso com você mesmo para que possa relembrar os momentos já vividos, com a felicidade que eles lhe proporcionaram. Sua felicidade está em você, nos seus pensamentos positivos que irão fazer você feliz. Pense nisso.

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