SETEMBRO AMARELO:
Inteligência Emocional para Combater o Suicídio
*Dolane Patrícia **Aline Sanz
Para falar de suicídio é necessário usar as palavras certas, no momento certo. A palavra pode ser um recurso valioso em prol da vida, por isso é importante compreender que uma palavra errada para uma pessoa com um comportamento suicida pode colocar fim a vida, assim como fazê-la repensar sobre a morte. Escrever sobre o tema exige cautela, por isso esclarecemos que o objetivo dessa reflexão é trazer vida por meio da inteligência emocional.
Segundo o site www.setembroamarelo.org.br 32 pessoas tiram a vida por dia no Brasil. Para conscientizar a população sobre a importância da prevenção do suicídio, a sociedade se movimenta nessa campanha para promover mais visibilidade a causa, que deveria receber atenção não apenas nesse mês de setembro.
O suicídio é um acontecimento complexo que afeta indivíduos de diferentes culturas, classes sociais, idades, orientações sexuais, políticas e religiosas. Por isso é tão difícil identificar o perfil das pessoas que tem a intenção de tirar a própria vida. Contudo, existe esperança, justamente na capacidade e habilidade de ter um olhar mais apurado quanto às mudanças no padrão comportamental e nas alterações emocionais.
É nesse contexto que entra a inteligência emocional, ou seja, a capacidade de perceber e expressar as emoções, de saber identificar os próprios sentimentos e dos outros, bem como gerir essas emoções para extrair de si mesmo e dos outros uma melhor performance na vida. Conhecer as próprias emoções e das outras pessoas, saber identificar alterações emocionais em si mesmo e nos outros, pode salvar muitas vidas.
Para desenvolver a inteligência emocional o indivíduo precisa passar por um processo de autoconhecimento. Quando uma pessoa se conhece, ela identifica seu perfil comportamental, seus interesses, gostos, preferências, valores, objetivos e sonhos, e entende quais emoções são mais frequentes, o que, consequentemente, promove mais clareza, entendimento e direcionamento na vida.
Nesse processo de combate ao suicídio, identificar sinais é de extrema importância, pois quando uma pessoa revela mudanças comportamentais e emocionais ou passa a ter atitudes opostas as que normalmente adota, é sinal de que está passando por problemas, conflitos ou desafios. Quando mudanças negativas começam a acontecer no comportamento e nas emoções de uma pessoa, deve-se ligar o sinal de alerta.
Se uma pessoa é naturalmente mais extrovertida, influente, persuasiva, comunicativa, se dá valor às conexões e amizades, e passa a se isolar, interiorizar, ficar muito tempo na sua própria companhia e ser mais apática e desinteressada ao meio familiar, social e profissional, algum problema deve estar afetando o seu modo de ser e agir.
Da mesma forma, quando uma pessoa mais introspectiva começa a dar sinais de que precisa de interação social à qualquer custo, se passa a necessitar da companhia de outras pessoas com mais frequência, a cultivar muitos relacionamentos e mostrar alegria apenas quando estar em contato com as pessoas, talvez a sua própria companhia passou a lhe causar dor e sofrimento.
Quanto às emoções, se uma pessoa que é frequentemente alegre passa a expressar uma tristeza profunda, a chorar repetidamente, com ou sem motivo aparente, e isso se torna uma rotina em sua vida, talvez esteja precisando de ajuda. Por outro lado, caso aquela pessoa que antes era corajosa e confiante, passa a ter medo desproporcional e paralisante, sem conseguir tomar decisões e fazer escolhas, é possível que ela esteja com grandes dificuldades. Em outra situação, se uma pessoa calma, pacífica e tolerante começar a ter expressões de raiva intensa e frequente, é indício que está sofrendo algum conflito interno.
Se uma pessoa passa a não confiar nas suas capacidades, a acreditar que nada dará certo para ela, se perde o interesse pelas coisas que antes considerava importante, tem reações desproporcionais aos desafios da vida, demonstra irritabilidade exacerbada, preocupações excessivas, dificuldades de concentração, se deixa de assumir responsabilidades, não consegue mais ter iniciativa, proatividade e desiste de seguir em frente para realizar sonhos e objetivos, isso pode ensejar frustrações, desesperança, desânimo, tristeza, melancolia e depressão, que com o tempo podem desencadear pensamentos e atitudes suicidas.
Quando conhecemos a nós mesmos, temos maior capacidade de reconhecer um sentimento quando ele ocorre e temos mais habilidade de lidar com ele adequando-o a cada situação, assim nos mantemos mais motivados a dirigir esses sentimentos a serviço de um objetivo. Quando conhecemos os outros, sabemos identificar suas emoções e sentimentos, agimos com mais empatia, usamos da influência, liderança e comunicação para desenvolvermos um melhor relacionamento interpessoal e ajudar as pessoas com as quais convivemos.
De uma forma mais simples e clara a inteligência emocional se resume em saber amar a si mesmo e ao próximo. Jesus na sua trajetória na Terra nos ensinou como aprimorar a inteligência emocional por meio de suas parábolas. Ensinou que precisamos dominar a nossa mente, pensamentos e emoções e reagir positivamente para vencer os desafios e as tribulações da vida.
Amar e se sentir amado talvez seja a resposta. Amar é uma decisão, um estilo de vida, é valorizar a vida e sobretudo obedecer as Leis de Deus. Amar é se conectar em amor, ofertar um sorriso, um abraço, dar um bom dia caloroso, demonstrar afeto em atitudes, palavras e ações. Amar é investir tempo de qualidade e em quantidade para fortificar os lações de união, para que as pessoas que amamos sintam que são importantes, valorosas, pertencentes, respeitadas, ouvidas e vistas. Amar é a habilidade de desejar o bem para si mesmo e à todos a sua volta, é a capacidade de realizar ações em prol do bem-estar delas.
O quanto você tem amado a si mesmo? O quanto você tem amado as pessoas a sua volta? Como o seu amor pode impactar e salvar vidas?
É importante investir no desenvolvimento da sua inteligência emocional, especialmente por ser um cuidado preventivo e paliativo para promover a prevenção e o alívio do sofrimento que pode levar a um possível suicídio. Valer-se da inteligência emocional para identificar as mudanças comportamentais e emocionais das pessoas pode salvar a sua vida e a vida de quem você ama.
*Advogada, juíza arbitral, apresentadora de TV, escritora, colunista, Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia, pós graduada em Direito Processual Civil e Direito de Família, pós- graduanda em Direito Empresarial e Neurociência. Personalidade da Amazônia e Brasileira. Acesse o site dolanepatricia.com.br. Baixe o aplicativo Dolane Patrícia, WhatsApp (95) 99111-3740.
**Master Coach, Administradora, MBA em Gestão de Pessoas, escritora e pós-graduanda em Neurociência e Performance Humana. E-mail: [email protected], WhatsApp: (95) 98114-1811 Instagram: @aline_sanz
Brinque com cuidado
Afonso Rodrigues de oliveira
“A alegria é o fogo que mantém aceso o nosso objetivo, e acesa a nossa inteligência”. (Helen Keller)
Dona Salete e eu estamos casados há 63 anos. Já brigamos muito, rimos muito e nos divertimos com as brincadeiras. Mas confesso que às vezes exagero nas brincadeiras. O que fortificou o nosso relacionamento. É que ela aprendeu, bem cedinho, a entender meu jeito grosseiro de brincar. Se você me conhece, sabe que sou zero nas brincadeiras. Só meus bisnetos sabem brincar comigo. Acho que eles pensam que sou um boneco-robô.
Mesmo com a idade já um pouquinho avançada, continuamos brincando. Até dentro do supermercado às vezes os clientes ficam nos olhando quando ela ameaça jogar uma melancia em mim. Se eu fizesse isso, eles mandariam me prender. É melhor assim. Apesar da minha inteligência meio chula, entendi e não grito com ela dentro do mercado. No final tudo não passa de risos. É legal pra dedéu.
Os vizinhos aqui, parece que ainda não pegaram a jogada. Ainda pensam que estamos brigando dentro de casa. Às vezes percebo que o Olímpio, ali na oficina, ao lado, fica me olhando meio desconfiado. Acho que ele deve ter ouvido algum grito meu, quando a Salete me pergunta alguma coisa. E não tenho como explicar para o Olímpio que tudo não passa de velhas brincadeiras.
Cometer gafes é uma especialidade minha. Sou craque nisso. Já lhe falei, recentemente, dos profissionais que estão reformando a casa da vizinha, aqui ao lado. São brasileiros e venezuelanos. Atualmente vem uma senhora venezuelana, à tarde, e fica conversando com um dos profissionais. Acredito que seja esposa dele. Ela vem sempre à tarde. Ontem eu estava no quintal, colocando água para os cachorros, quando a mulher chegou e gritou para o homem:
– Eih… “fulano”…
Distraído, eu confundi a voz da mulher com a da Salete. Não vacilei e gritei:
– O que é, chatonilda? Eu estou ocupado.
E como entre nossas casas há um muro alto, não sabemos quem nem como estão os de lá nem os de cá. Silêncio total. Tanto de um lado quanto do outro. E mesmo como o muro que nos separa tem mais de duas alturas minhas, eu poderia sair empinado, mas saí abaixadinho, entrei em casa e corri para o banheiro, e tranquei a porta. Se você já passou por um vexame desses sabe o que estou passando até agora.
Então tenha cuidado quando brincar. Mas não se apoquente. Apenas seja mais comedido. Mas não deixe de brincar com sua companheira. Só que as brincadeiras devem ser sérias. Mesmo isso parecendo um contraditório, é verdade. Nada de vulgaridade nem palavrões. O respeito, mesmo nas brincadeiras, constrói a solidez na convivência. Pense nisso.
99121-1460