Reindustrialização em um cenário de incertezas
João Carlos Marchesan
“A riqueza de uma nação se mede pela riqueza do povo e não pela riqueza dos príncipes”, essa frase atribuída ao filósofo escocês Adam Smith, retrata bem a necessidade do Brasil de hoje. Precisamos de empregos de qualidade, erradicar a pobreza de grande parte da população, distribuir melhor a renda e promover o crescimento.
Nesse sentido, e especialmente no contexto atual, a indústria deve ter um papel muito relevante para o desenvolvimento do Brasil. Incentivar a indústria significa incentivar a criação de emprego, melhores salários, crescimento econômico, melhor distribuição de renda, especialmente pela correlação com demais macro-setores, como o agropecuário, o extrativo-mineral e o de serviços. Investir na indústria significa investir nas cadeias produtivas e gerar crescimento como um todo. Historicamente, todos os países que lograram êxito no desenvolvimento tiveram a indústria como um fator chave.
Só quem tem conhecimento do que significa a indústria para o desenvolvimento de um País pode ter a noção precisa de qual prejuízo, sob todos os pontos de vista, a desindustrialização pode causar. Sabemos que o Brasil vem desde meados da década de 80 em processo continuo de deterioração da sua estrutura produtiva. A atual participação da indústria manufatureira no PIB é de apenas 11% enquanto países no mesmo estágio de desenvolvimento em torno de 25%.
O baixo nível de diversidade e sofisticação da atividade produtiva inviabiliza o desenvolvimento de serviços empresariais e consequentemente a ampliação da renda per capita nacional. O país vem registrando nas últimas décadas baixo crescimento econômico e taxa de investimento aquém da necessidade de um país em desenvolvimento.
Para crescer a taxas acima de 3,5% ao ano, sustentadamente é imperativo investimentos da ordem de 25% do PIB ao ano. É preciso um modelo de desenvolvimento que leve em conta o potencial de se construir um novo projeto de nação e, diante disso, ressaltar o papel da indústria. Mundialmente, o Brasil é um dos poucos países que tem todas as condições para esse projeto. Porque é um país que tem forte demanda reprimida na área de infraestrutura, o que pode ser uma grande oportunidade para o crescimento. Apesar da desindustrialização, ainda é o maior pátio produtivo da América Latina, e também possui mercado e economia em escala suficiente para reverter a desindustrialização.
Nós entendemos que os eixos da reindustrialização passam por investimento forte. Estamos hoje abaixo de 15% da formação bruta de capital fixo sobre o PIB e deveríamos estar a pelo menos 25%. Isso nos faz entender que não temos um bom ambiente de negócios, temos insegurança jurídica alta e as reformas estruturais ainda não aconteceram. Reduzir o Custo Brasil é um ponto importante e fundamental para colocarmos a indústria no seu devido lugar, gerando crescimento e desenvolvimento para o País.
João Carlos Marchesan é administrador de empresas, empresário e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ
Preservar, como?
Afonso Rodrigues de Oliveira
“Se as cidades forem destruídas e os campos forem conservados, as cidades ressurgirão, mas se se queimarem os campos e conservarem as cidades estas não sobreviverão”. (Benjamin Franklin)
De nada adianta você tentar abrir a mente dos que têm mente travada. E, por incrível que pareça, o ser humano tem a mente travada. Uma das maiores dificuldades é educar o ser humano. Já lemos por aí, que o ser humano é o único animal sobre a face da terra, que para construir primeiro tem que destruir. O Benjamin Franklin nos mandou esse recado no século dezoito. E olha que ele já estava alertando para as queimadas nos Estados Unidos. Sabemos que como seres humanos não sobreviveremos sem o mundo vegetal.
Mas não adiante ficar martelando em ferro enferrujado. Basta os blá-blá-blás insuportáveis que temos que ouvir, diariamente, pelos meios de comunicação. Continuam, e pelo que vemos continuarão martelando nossas mentes com notícias vazias sobre as queimadas no Brasil. Enquanto o mundo todo está sob chamas de queimadas de todos os tipos. Mas a mais preocupante é a que continua nos martirizando: as queimadas nas florestas.
Vamos amadurecer e fazer nossa parte na defesa dos nossos bens naturais. Há décadas e décadas vimos ouvindo dizerem que a água no Brasil vai acabar. É muito provável. Quando o novo dilúvio chegar, provavelmente não irá encontrar água para jogar para o espaço. Então vamos acordar e cuidar das nossas riquezas naturais. O que tem sido muito difícil colocar na cabeça vazia dos que ganham para cuidar da nossa Natureza.
Mas cada um de nós é responsável pelo nosso futuro. Temos que colocar isso nas nossas cabeças para sermos realmente merecedores da riqueza natural que temos e não preservamos. Se você pensa que não tem nada a ver com isso, acorde e vá à luta. E não se apoquente porque estamos numa luta silenciosa que exige racionalidade. Vamos cuidar das nossas riquezas. Elas estão espalhadas e enterradas nos solos e subsolos. Mas devemos continuar preservando o que temos, para o futuro dos que estarão aqui, daqui a séculos, lendo desesperadamente o bilhete do Franklin.
Acerca de um século depois do Franklin, o Theodore Roosevelt também nos mandou este recado: “É nosso dever proteger o maior patrimônio nacional, porque a nação que destrói o seu solo, destrói a si mesma”. E o que vimos fazendo séculos afora, senão destruir o nosso solo? Somos craques em destruição. Até nossa cultura anda sofrendo o horror dessa guerra aparentemente silenciosa, que explode a todo instante. Vamos nos educar, construir e respeitar o maior patrimônio que temos: nossa Terra. Pense nisso.
99121-1460